sexta-feira, 9 de novembro de 2012

LIVRO DO PROFETA JONAS

Jonas, cujo nome significa “pombo”, pode muito bem ser chamado de o “profeta patriota” do Antigo Testamento. Seu livro é um dos livros mais ricos do Antigo Testamento em termos de ensinamento objetivo de lições espirituais. Deus se mostra profundamente interessado no bem-estar dos povos de todas as nações, não apenas de Israel. Por isso, a graça de Deus para Nínive servira como uma lição clara e objetiva para Israel, o Seu povo. Se Israel se arrependesse, também poderia ser salvo. Desconhecida para Jonas, sua missão a Nínive foi, de fato, uma missão igualmente para Israel. A esse respeito escreve o pastor Myer Pearlman: “O livro de Jonas é diferente das outras profecias, por não conter uma mensagem direta para Israel, sendo a mensagem do profeta dirigida aos ninivitas. Embora não mencionada diretamente, há uma grande lição neste livro para a nação judaica, a saber, que Deus é Deus não só dos judeus, mas também dos gentios, e que é dever do seu povo escolhido levar-lhes a luz da revelação divina. Assim, o livro de Jonas é uma repreensão contra o exclusivismo dos judeus que se conservavam a certa distância dos gentios e consideravam-se superiores a eles. Devido à descrição de Jonas como um profeta que prega aos gentios, é considerado o livro missionário do Antigo Testamento”. 

Autoria: Jonas (1.1)                                          

Data: 790 a.C.

Tema: A Magnitude da Misericórdia Salvífica de Deus.  

Contexto Histórico:
Natural de Gate-Hefer, localizada a 3 km de Nazaré, Jonas pertencia provavelmente a tribo de Zebulom. Ele exerceu o ministério durante o próspero reinado de Jeroboão II (793-753 a.C.). O poder assírio era mais fraco durante o tempo de Jonas, e Jeroboão II foi capaz de reivindicar áreas da Palestina desde Hamate localizada em direção ao sul, até o mar Morto, como havia sido profetizado por Jonas. O autor do segundo livro dos Reis presta-nos este testemunho sobre o desempenho profético de Jonas: “Restabeleceu ele (Jeroboão II) os termos de Israel, desde a entrada de Hamate até ao mar da planície, segundo a palavra do Senhor, Deus de Israel, a qual falara por intermédio de seu servo Jonas, filho de Amitai o profeta, o qual era de Gate-Hefer” (2 Rs 14.25). Assim, o ministério de Jonas teve lugar pouco depois do de Eliseu (2 Reis 13.14-19), coincidiu parcialmente com o de Amós (Amós 1.1) e foi seguido pelo de Oséias (Oséias 1.1). 


Nínive, Capital Assíria
 
Os assírios, inimigos de Israel de longa data, eram uma força dominante entre os antigos de aproximadamente 885 a 665 a.C. Relatos do Antigo Testamento descrevem seus saques contra Israel e Judá, onde eles destruíram a zona rural e levaram cativos (2 Rs 15.19; 18.14-16). Nínive era uma das maiores cidades do mundo, situada à margem do rio Tigre, cerca de seiscentos quilômetros do mar Mediterrâneo. Era a capital da Assíria. A fortaleza da cidade media mais ou menos cinquenta quilômetros de extensão por dezesseis de largura. Tinha um aspecto admirável. Possuía grandes e belos palácios. Quinze portas, guardadas por colossais leões e touros, davam acesso à cidade. O templo da cidade tinha a forma de uma grande pirâmide que reluzia ao sol. Nínive era tão grande em iniquidade quanto em riqueza e poder. Suas realizações intelectuais eram quase inacreditáveis. Todavia, o arrependimento de Nínive, diante da pregação de Jonas, ocorreu no reinado do monarca assírio Adade-Nirari III (808—783 a.C.), cujo governo foi marcado por uma tendência para o monoteísmo. Nínive ficava cerca de 800 km a nordeste da Galiléia, enquanto Társis ficava 4.000 km a noroeste da Galiléia.
 
 
 
Mensagem:
Deus ordenou a Jonas a entregar uma mensagem aos ninivitas. Ele teria que proclamar o juízo divino contra esta cidade, e levá-los ao arrependimento pelos seus pecados. Jonas pode ser considerado como um evangelista. Mas, Deus também falava à Israel através deste profeta. Ele deveria lembrar ao Israel apóstata que Deus, em seu amor e misericórdia, enviara muitos profetas para entregar a mensagem de arrependimento a fim de evitar o castigo que fatalmente ocorreria. Entretanto, diferentemente de Nínive, Israel rejeitara os profetas de Deus.
 

Conteúdo:
O livro de Jonas, embora tenha sido colocado entre os profetas no cânon, é diferente do outros livros proféticos, pois ele não tem uma profecia que não contenha uma mensagem; a história é a mensagem. A história recorda um dos mais profundo conceitos teológicos encontrados no Antigo Teestamento. Deus ama todas as pessoas e deseja compartilhar seu perdão e misericórdia com elas. Israel havia sido encarregado de entregar aquela mensagem, mas, de algum modo, eles não compreenderam a importância dela. Essa falha conseqüentemente levou-os a um orgulho religioso extremo. No Livro de Jonas, pode ser encontrada a semente do farisaísmo no NT. Deus pediu a Jonas, o profeta, para levantar-se e ir pra o oriente, a Nínive, uma cidade dos temidos e odiados assírios. Sua mensagem é pra ser um chamado ao arrependimento e uma promessa de misericórdia, caso eles responda positivamente. Jonas sabe que, se Deus poupar Nínive, então aquela cidade estará livre para saquear e roubar Israel novamente. Esse patriotismo nacionalista e seu desdém a que a misericórdia seja oferecida para pessoas que não fazem parte do concerto induzem Jonas a decidir deixar Israel e “fugir de diante da face do Senhor”. Sem dúvida, ele esperava que uma viagem para Társis iria livrá-lo da responsabilidade que Deus colocou sobre ele. Porém, Jonas não sabia que seu plano fracassaria.
 

Propósito
Depreende-se neste livro um tríplice propósito: (1) demonstrar a Israel e às nações a magnitude e a ampliação da misericórdia divina, e a atividade de Deus através da pregação do arrependimento; (2) demonstrar, através da experiência de Jonas, até que ponto Israel decaíra de sua vocação missionária original, de ser luz e redenção aos que habitam nas trevas (Gn 12.1-3; Is 42.6,7; 49.6); e (3) lembrar ao Israel apóstata que Deus, em seu amor e misericórdia, enviara à nação, não um único profeta, mas muitos profetas fiéis, que entregaram sua mensagem de arrependimento a fim de evitar o castigo que o pecado fatalmente acarretaria. Diferentemente de Nínive, no entanto, Israel rejeitara os profetas de Deus e a oportunidade que Ele lhe oferecia para que se arrependesse de suas iniquidades, e recebesse os frutos da misericórdia.
 

Fidedignidade Histórica
Os teólogos liberais e os incrédulos consideram este livro uma ficção proveniente do período que vai do século V ao III a.C., escrita para combater o estreito nacionalismo do judaísmo pós-exílico. Segundo tal opinião, o livro de Jonas não representa eventos históricos reais. O AT, no entanto, menciona Jonas noutro trecho como um profeta acreditado no século VII a.C. (2 Rs 14.25). No NT, o próprio Jesus refere-se a Jonas: (1) como o sinal profético mais importante do AT quanto aos seus três dias no túmulo, e posterior ressurreição (Mt 12.39,40; Lc 11.29); (2) como o profeta que, historicamente, pregou o arrependimento aos ninivitas (Mt 12.41; Lc 11.30-32); e (3) como quem é parte tão real da história do AT quanto Salomão, e a visita que este recebeu da rainha de Sabá (Mt 12.42; Lc 11.31). Jesus considerava este livro fidedignamente histórico. Considerar o livro de Jonas sob outro prisma é ter a Bíblia como falível, e, consequentemente, o Salvador também será tido como falível.
 
 
Esboços 

Teológico de Jonas

I. DESOBEDIÊNCIA, cap. 1
II. SUBMISSÃO, cap. 2
III. MISSÃO, cap. 3
IV. MOTIVOS, cap. 4 

Geral de Jonas

I. Recusa da missão (1.1-2.10)
A. Desobediência de Jonas (1.-3)
B. Deus envia uma tempestade (1.4,5)
C. A confissão de Jonas (1.6-10)
D. Jonas é lançado ao mar (1.11-16)
E. Jonas é engolido por grande peixe (1.17)
F. Jonas ora e se submete a Deus (2.1-9)
G. Jonas é lançado em terra seca (2.10) 

II. O cumprimento da missão (3.1-4.11)
A. Jonas prega em Nínive (3.1-4)
B. Os ninivitas crêem e se arrependem (3.5-9)
C. O arrependimento de Deus (3.10)
D. A ira de Jonas (4.1-4)
E. Jonas sente-se e aguarda (4.5-8)
F. Jonas é censurado por sua falta de compaixão (4.9-11)
 

Referências:
Ø  BOYER, Orlando. Pequena Enciclopédia Bíblica. CPAD.
Ø  RICHARDS, Lawrence O. Guia do Leitor da Bíblia. CPAD.
Ø  GILBERTO, Antônio. A Bíblia Através dos séculos. CPAD.

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