Pv 6.1-5
INTRODUÇÃO
O sábio Salomão tinha propriedade
para falar sobre dinheiro, pois ele soube dar continuidade ao florescente reino
de seu pai Davi, e o fez prosperar ainda mais. Nesta lição, veremos,
principalmente à luz do livro de Provérbios, quais os cuidados que o crente
deve ter no seu manuseio com o dinheiro, bem como traremos uma série de
recomendações que o ajudará a gastar da forma correta todos os recursos que lhe
chegam às mãos.
I – O CUIDADO
COM AS FIANÇAS, EMPRÉSTIMOS E SUBORNOS
Para que possamos atentar ainda
mais para a seriedade de se tornar um fiador de outrem, vejamos como o texto de
Pv 6.1,2 está traduzido na Bíblia Viva: “Meu filho, se você se ofereceu
como fiador do seu próximo, por meio de um aperto de mão, dando a sua palavra,
você agora está preso nessa armadilha”. Percebemos que o ser fiador de
alguém representa uma verdadeira armadilha. É interessante, porém, notar que o
próprio fiador é quem se predispõe a sê-lo “...se você se ofereceu...”. Logo,
não devemos dá o nosso nome em garantia para pagar a dívida de alguém, salvo
raras exceções. Há ainda outros textos que trabalham essa questão.
1.1 Ser Fiador. Em Pv 11.15 está escrito: “Decerto
sofrerá severamente aquele que fica por fiador do estranho, mas o que aborrece
a fiança estará seguro”.
O fiador é aquele que dá garantias de que o
devedor irá cumprir sua palavra e pagar suas dívidas, caso contrário, ele mesmo
arcará com esse ônus. O fiador empenha sua palavra, sua honra e seus bens,
garantindo ao credor que o devedor saldará seus compromissos a tempo e a hora.
O problema é que são muitos os exemplos daqueles que sofreram grandes prejuízos
por serem fiadores. Há pessoas que perdem tudo o que adquiriram ao longo da
vida para pagar dívidas alheias. Não podemos comprometer o sustento e a
estabilidade de nossa família para assegurar os negócios arriscados de outra
pessoa. Ser fiador é andar num caminho escorregadio cujo final é o desgosto. A
Bíblia nos adverte a fugirmos dele (Pv 22.26,27).
1.2 Empréstimos. Não é pecado emprestar ou tomar
emprestado, mas é preciso avaliar bem a situação para que não haja prejuízos de
ambas as partes. Quem empresta, não pode fazê-lo com usura, ou seja, cobrando
juros exorbitantes (Dt 23.19,20; Sl 15.5). Deus reprova severamente essa prática.
Podemos verificar isso em diversas passagens bíblicas (Ex 22.25; Lv 25.37; Ez
18.13). Numa linguagem mais brasileira, a usura é conhecida como agiotagem, que
é uma prática criminosa prevista na Constituição Federal e no Código Penal
Brasileiro. Na realidade, o ideal para o cristão não é emprestar, e, sim, dar
(Sl 37.21b; Lc 6.34); e quem toma emprestado, não pode desonrar o seu
compromisso, pois se assim o faz, será tido como desonesto e ainda colocará o
seu próximo em apuros. Quem toma emprestado e não paga é considerado ímpio,
alguém que tem um desvio de caráter que precisa ser corrigido (Sl 37.1a).
1.3 Suborno. Em Pv 17.23 está escrito: “O
perverso aceita o suborno às escondidas para perverter os caminhos da justiça” (Bíblia
Viva). Infelizmente, boa parte da sociedade brasileira vive a cultura do
suborno. Vemos constantemente autoridades dos três poderes, recebendo vultosas
quantias para favorecerem ricos desonestos ou amigos e familiares seus. Vemos
também corrupção em menor escala como, por exemplo, no meio policial, no
ambiente hospitalar, num estabelecimento comercial que está sendo submetido a
uma auditoria, até mesmo dentro de um transporte coletivo na hora de se pagar a
passagem. Oferecer e receber suborno é pecado, pois está escrito em Dt 16.19 “Não
torcerás o juízo, não farás acepção de pessoas, nem tomarás suborno, porquanto
o suborno cega os olhos dos sábios e perverte as palavras dos justos”(cf.
Ex 23.8; Sl 15.5; 26.9,10; Ec 7.7).
II – O USO
CORRETO DO DINHEIRO
É bom lembrarmos que o dinheiro
em si não representa pecado algum, pois todas as coisas pertencem a Deus,
inclusive as riquezas (Ag 2.8). Ele mesmo pode enriquecer alguém (I Sm 2.7; Pv
10.22). A questão é uso que se faz do dinheiro ou a perspectiva que o crente
tem em relação a ele.
2.1 O mau exemplo de Judas. A ambição desse discípulo foi tão grande que ele
aceitou suborno contra o mais inocente de todos os seres humanos, Jesus. De
fato, como foi visto anteriormente, o suborno cega o indivíduo. O caráter
perverso de Judas estava mais voltado para o dinheiro do que para o direito (Dt
16.19; Mt 26.15). O final, porém, daquele homem foi trágico (Mt 27.3-5).
2.2 Uma advertência paulina. O apóstolo Paulo é muito
enfático no que diz respeito à questão financeira. Os que desejam ardentemente
ser ricos naufragam na fé e se tornam escravos deste sentimento (I Tm 6.9; cf.
Mt 6.19-24). O amor ao dinheiro é a raiz de todos os males e torna tais pessoas
avarentas, isto é, adoradoras das riquezas (Cl 3.5). O coração do crente não
deve estar nas coisas desta vida, mas nas coisas espirituais. O bem maior do
cristão deve ser a presença de Deus (Sl 51.10-12; Sl 73; II Co 4.18; I Tm
6.10,17-19).
2.3 Recomendações quanto ao uso
do dinheiro.
Podemos enumerar algumas recomendações que o crente deve levar em consideração
quando estiver utilizando o seu dinheiro. Vejamos:
· Reconhecer
que tudo é de Deus, e devolver-Lhe principalmente o dízimo (Gn 14.18-20; Ag 1;
Ml 3.8-11). As primícias da nossa fazenda devem ser trazidas ao Senhor (Pv
3.9);
·
O
dinheiro serve, em segundo lugar, para prover o sustento familiar (I Tm 5.8);
·
O
dinheiro deve ser adquirido mediante trabalho e ganho honestos (Pv 6.6-11, 2 Ts
3.10-12);
·
Não
entrar em dívidas (Pv 22.7; Rm 13.8);
· Não
colocar o coração no dinheiro ou nas coisas materiais (Pv 23.1-5; 28.22, Mt
6.19-21; I Tm 6.9,10);
· Não
viver ansioso ou preocupado com questões financeiras (Mt 6.25-33; Fl 4.6-7, 1
Pe 5.7);
· Não
ser avarento (Ec 5.10; Lc 12.15; Cl 3.5);
· Planeje
os gastos. Faça um orçamento e evite gastar desnecessariamente. Cuidado com
financiamentos, cartões de crédito, cheque especial e ofertas de agiotas, que
cobram juros muito maiores do que os das próprias instituições financeiras (Pv
24.27; Lc 14.28-30);
· Economizar
é preciso. Evite desperdícios (Pv 18.9; 21.20). Devemos guardar dinheiro para
eventuais emergências (Pv 27.18);
· Ser
sensível em relação às necessidades dos outros (Lc 3.11, Rm 12.13; II Co 8; I
Tm 6.17,18; Tg 2.14-17). Mas é bom sondar antes de ajudar, para não corrermos o
risco de alimentarmos o preguiçoso (Pv 6.6-11; 2 Ts 3.6-16).
III – A BÍBLIA
NÃO CONDENA A RIQUEZA, MAS, ADVERTE QUANTO AO SEU PERIGO
Como já estudamos em lições
anteriores, a verdadeira prosperidade não consiste em riqueza ou posse de bens terrenos.
A prosperidade, à luz da Bíblia, está baseada, principalmente na comunhão com
Deus. No entanto, a Bíblia descreve diversos servos de Deus que foram
prósperos, tanto espiritual como materialmente, tais como: Abraão (Gn 13.2); Jó
(Jó 1.1-3); Salomão (I Rs 10.14-29); José de Arimateia (Mt 27.57); e outros.
Isto demonstra claramente que não é pecado ser rico, nem possuir muitos bens.
Mas, a Palavra de Deus adverte quanto ao perigo das riquezas e do amor ao
dinheiro. Vejamos:
3.1. Advertências sobre os
perigos que envolvem as riquezas
·
Jesus
disse que dificilmente um rico entrará no céu (Lc 18.24);
·
A
riqueza pode conduzir a avareza, excluindo-o do reino dos céus (I Co 5.11;
6.10; Ef 5.5; Cl 3.5);
·
Não
devemos colocar a nossa confiança nas riquezas (Sl 49.6,7; 52.7; 62.10; Pv
11.28; I Tm 6.17).
3.2. Os males do amor ao dinheiro
·
Leva
o homem a esquecer-se de Deus (Dt 8.10,11; Pv 30.9);
·
Sufoca
a Palavra de Deus no coração (Mt 13.22; Mc 4.19);
·
O
apóstolo Paulo disse os que querem ser ricos, caem em tentação e em muitas
concupiscências; e que o amor ao dinheiro é a raiz de toda a espécie de males
(I Tm 6.9,10).
Devemos entender que tudo quanto
possuímos pertence a Deus, pois, todas as coisas são dEle (Sl 24; Rm 11.36), inclusive
a prata e o ouro (Ag 2.8). Por isso, devemos servir a Deus, e não ao dinheiro
(Mt 6.19-24); não devemos amar ao dinheiro (I Tm 6.9,10), nem dar lugar a
avareza, que é idolatria (Cl 3.5).
CONCLUSÃO
Concluímos, portanto, afirmando
que o dinheiro em si não representa pecado algum. Deus, porém, observa a
intenção com que nós lidamos com ele. Se priorizarmos o Senhor com nossas
finanças, depois sustentarmos nossa família e por fim ajudarmos os
necessitados, estaremos observando as prioridades bíblicas acerca do usufruto
do dinheiro e experimentaremos a bênção de Deus em nossas vidas.
REFERÊNCIAS
STAMPS, Donald C. Bíblia de Estudo
Pentecostal. CPAD.
MEARS, Henrieta. Estudo Panorâmico da
Bíblia. VIDA.
CHAMPLIN, R. N. Enciclopédia de
Bíblia, Teologia e Filosofia
Por Rede Brasil de Comunicação
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