Êx
20.18-22,24; 24.4,6-8
INTRODUÇÃO
I
– O DECÁLOGO: OS DEZ MANDAMENTOS
II
– CARACTERÍSTICAS DA LEI
2.1 Origem divina (Êx 20.1). Embora muitas vezes a Lei do
Senhor dada através de Moisés seja chamada de Lei de Moisés (Js 8.31; I Rs 2.3; Ed
7.6; Lc 2.22;24.44; I Co 9.9); o registro do capítulo 20 do livro do Êxodo nos
mostra que Deus é a origem da Lei. “Durante todas as negociações entre
israelitas e egípcios, quando os primeiros eram escravos dos últimos, o papel
de Moisés era, antes de mais nada, o de mediador. Deus não falou com Faraó, mas
mandou Moisés lhe falar. Ele continuou nesse papel durante a Páscoa “Falai
a toda a congregação de Israel” (Êx 12.3) e o êxodo “Fala aos filhos
de Israel” (Êx 14.2). No Sinai, sua função continuava sendo a de
transmitir a palavra de Deus ao povo “Estas são as palavras que falarás
aos filhos de Israel” (Êx 19.6). Por outro lado, na revelação do
Decálogo esse aspecto foi omitido. Moisés ouviu juntamente com o povo, ao qual
Deus falou de modo direto (Êx 20.1). Essa é uma forma de a Bíblia nos dizer
que, quando lemos o Decálogo, estamos frente a frente com a excelência da
vontade de Deus para seus seguidores, no que diz respeito a estilo de vida e
compromisso moral. Observe a sequência aos Dez Mandamentos: “eu falei
convosco desde os céus” (Êx 20.22), não do Sinai (HAMILTON, 2007, p.
215 – acréscimo e grifo nosso).
2.2 Princípios imutáveis (Êx
24.12). A Lei
foi escrita em tábuas de pedra pelo próprio Deus. “Nos países orientais, a pedra
simbolizava a perpetuidade da lei, ali contida. As tábuas de pedra estavam
escritas em ambas as faces, indicando quão completa era aquela legislação.
Subsequentemente, as tábuas de pedra foram guardadas no lugar sagrado do tabernáculo,
salientando o ato e a importância da revelação divina” (CHAMPLIN, 2004, p.
125).
2.3 Objetivos definidos. Todo o povo precisa ter leis, e
até as tribos mais primitivas contam com sua legislação, formal ou informal.
Com o povo de Israel não podia ser diferente. Deus revelou sua Lei para os
israelitas no Sinai (Êx 20.1,2). A Lei era necessária por pelos menos três
motivos:
2.3.1 Proporcionar uma norma
moral para os redimidos. A
Lei revelava a vontade de Deus quanto a conduta do seu povo (Êx 19.4-6;
20.1-17) e prescrevia os sacrifícios de sangue para a expiação pelos seus
pecados (Lv 1.5; 16.33). A Lei não foi dada como um meio de salvação para os
perdidos. Ela foi destinada aos que já tinham um relacionamento de salvação com
Deus (Êx 19.4; 20.2) a fim de instruí-lo na vontade do Senhor, para que pudesse
realizar o propósito de Deus (Êx 19.6). Logo, a revelação foi dada “não
para dar, mas para orientar a vida” (Lv 20.22,23).
2.3.2 Demonstrar a natureza e o
caráter de Deus. A
Lei expressava a natureza e o caráter de Deus, isto é, seu amor, bondade,
justiça e repúdio ao mal, e sobretudo que o Deus de Israel é Santo (Lv
11.44,45; 19.2; 20.7,26; 21.8). A Bíblia denomina Deus de “santo” (Sl 99.3).
Ele é chamado de o “Santo de Israel” no (Sl 89.18); e, no livro
do profeta Isaías, aproximadamente trinta vezes (Is 1.4; 57.15). A santidade é
uma característica da própria natureza de Deus, e não somente expressão de um
procedimento santo. Ele mesmo diz: “Eu sou santo” (Lv 19.2; Sl
99.6,9; I Pe 1.16).
2.3.3 Mostrar à humanidade seu
estado pecaminoso e revelar que só pela graça podemos ser salvos. O apóstolo
Paulo disse que “nenhuma
carne será justificada diante dele pelas obras da lei, porque pela lei vem o
conhecimento do pecado” (Rm 3.20). Ela não fôra dada como um meio de se
alcançar a salvação, mas “nos serviu de aio, para nos conduzir a Cristo,
para que pela fé fôssemos justificados” (Gl 3.24). A palavra grega
traduzida por “aio” é “paidagõgos” que significa “instrutor”,
“professor” e indica um escravo, cuja tarefa era cuidar de uma criança até que
ela chegasse a idade adulta. A Lei serviu de aio para mostrar os nossos pecados
e nos conduzir a Cristo (Gl 3.25).
III
– OS DEZ MANDAMENTOS E SUA INTERPRETAÇÃO
Constituindo-se na essência do Pentateuco,
o Decálogo é a mais perfeita das leis escritas. Vejamos na tabela abaixo quais os princípios morais
dos Dez Mandamentos ensinados no AT e reafirmados no NT:
Nº
|
MANDAMENTO E EXPLICAÇÃO
|
PRINCÍPIO
|
AFIRMAÇÃO
NO A.T.
|
REAFIRMAÇÃO
NO N.T.
|
I
|
“Não terás
outros deuses diante de mim”. Há um só Deus e só a ele havemos de
oferecer culto. A adoração a anjos, a santos ou qualquer outra coisa é
violação do primeiro mandamento.
|
A
unicidade
de
Deus
|
Êx 20.3
|
At 14.15
|
II
|
“Não farás
para ti imagem de escultura [...]”. Proíbe-se não somente a adoração de
imagens ou de deuses falsos, mas também prestar culto ao verdadeiro Deus em
forma errada. Ele é espírito e não tem forma (Jo 4.24).
|
A Espirituali
-dade
de Deus
|
Êx 20.4
|
I Jo 5.21
|
III
|
“Não tomarás o
nome do SENHOR teu Deus em vão [...]”. Originalmente este mandamento
se referia a não jurar pelo nome de Deus se o juramento fosse falso (Lv
19.12), mas se permitia jurar pelo seu nome se fosse verdadeiro (Dt 10.20).
Contudo, Jesus proibiu terminantemente jurar pelas coisas sagradas (Mt
5.34-37). A simples palavra de um filho de Deus deve ser verdadeira, sem
recorrer a juramentos (Tg 5.12).
|
A
santidade
de
Deus
|
Êx 20.7
|
Tg 5.12
|
IV
|
“Lembra-te do
dia do sábado, para o santificar”. Um dia da semana
pertence a
Deus. Reconhece-se a soberania de Deus guardando o dia de
repouso, visto
que esse dia nos lembra que Deus é o Criador a quem
devemos culto
e serviço. Todavia, o sábado judaico não é obrigatório para
os cristãos,
pois já não estamos sob o jugo da Lei (Rm 6.14).
|
A
soberania
de
Deus
|
Êx 20.8
|
Não reafirmado
(At 15.28,29)
|
V
|
“Honra a teu
pai e a tua mãe [...]”. O homem que não honra a seus pais
tampouco
honrará a Deus, pois esta é a base do respeito a toda a autoridade.
|
Respeito
aos
representantes
de
Deus
|
Êx 20.12
|
Ef 6.1
|
VI
|
“Não matarás”. Este
mandamento proíbe o homicídio mas não a pena
capital, visto
que a própria lei estipulava a pena de morte. Também se
permitia a
guerra, visto como o soldado atua como agente do estado.
|
A
vida
humana
é
sagrada
|
Êx 20.13
|
I Jo 3.15
|
VII
|
“Não
adulterarás”.
Este mandamento protege o matrimônio por ser uma
instituição
sagrada instituída por Deus. Isto vigora tanto para o homem
como para a
mulher (Lv 20.10).
|
A
família é
sagrada
|
Êx 20.14
|
I Co 6.9-10
|
VIII
|
“Não furtarás”. Este
mandamento diz respeito a roubo de bens e,
provavelmente,
a sequestros. O direito de propriedade é confirmado, e
condena-se
qualquer tentativa de se conseguir algo de forma ilícita.
|
Respeito
a
propriedade
alheia
|
Êx 20.15
|
Ef 4.28
|
IX
|
“Não dirás
falso testemunho contra o teu próximo”. Este mandamento
compreende
qualquer conversa mal-intencionada, proposital ou não,
que levante
dúvidas sobre a integridade do caráter de alguém.
|
A
justiça
|
Êx 20.16
|
Cl 3.9-10
|
X
|
“Não cobiçarás
[...]”.
A cobiça é o ponto de partida de muitos dos
pecados contra
Deus e contra os homens.
|
O
controle dos
desejos
|
Êx 20.17
|
Ef 5.3
|
CONCLUSÃO
Após a saída do Egito o povo de
Israel recebeu no Sinai a Lei do Senhor a fim de andar de forma agradável aos
seus olhos. Assim como Israel, Deus nos resgatou do cativeiro do pecado e nos
presentou com a Sua Palavra a fim de guiarmos a nossa vida segundo a sua
perspectiva. Os princípios morais do Decálogo são imutáveis, e, portanto servem
tanto para Israel como para a Igreja.
REFERÊNCIAS
Ø CHAMPLIN, R. N. Dicionário
de Bíblia, Teologia e Filosofia. HAGNOS.
Ø HAMILTON, Victor
P. Manual do Pentateuco. CPAD.
Ø HOFF, Paul. O
Pentateuco. VIDA.
Ø STAMPS,
Donald C. Bíblia de Estudo Pentecostal. CPAD.
Rede Brasil de
Comunicação
Nenhum comentário:
Postar um comentário