Dt
9.9-11; 10.1-5
INTRODUÇÃO
Veremos nesta lição que a Lei que
foi dada por Deus tinha os seguintes propósitos: (a) prescrever a conduta de Israel;
(b) definir o que era pecado; (c) revelar aos israelitas a sua tendência
inerente de transgredir a vontade de Deus e de praticar o mal; e (d) despertar
neles o sentimento da necessidade da misericórdia, graça e redenção divinas (Rm
3.20; 5.20; 8.2). Ainda estudaremos o que é a “Lei Moral de Deus”, quais os
atributos divinos que estão inerentes nela, bem como a natureza e a função
desta no AT e, por fim, concluiremos falando sobre Jesus e os Dez Mandamentos.
I
- A LEI MORAL DE DEUS
Os Dez Mandamentos foi fruto de
uma aliança ou pacto com Deus. O termo “pacto” ou “aliança” em hebraico é de “berit”, e “berit karat” que
significa “fazer uma aliança”. Uma aliança é um acordo feito entre duas ou mais
pessoas. Por isso, após ouvir os detalhes do pacto, o povo de Israel respondeu
com entusiasmo positivo (Êx 19.7,8). Esses mandamentos, dados por Deus a
Moisés, no monte Sinai, tornaram-se a base da legislação levítica. “Podemos
dizer que as leis morais de Deus são aquelas que são baseadas em sua própria
natureza”. O próprio Deus é o padrão absoluto de justiça. Visto que as
leis morais refletem sua natureza e caráter, elas são “imutáveis e
irrevogáveis”. Visto que a natureza moral do Senhor é permanente e não pode
mudar (Nm 23.19; Is 41.4; Ml 3.6; Hb 1.11,12; Tg 1.17), as leis que são baseadas
nessa natureza são absolutas. Elas são perfeitas e eternas.
II
- ATRIBUTOS DIVINOS APLICADOS A LEI MORAL
A lei moral de Deus é resumida
nos Dez Mandamentos (o Decálogo). O número dez nas Escrituras indica plenitude ou
completude. Assim, os Dez Mandamentos representam o padrão ético INTEIRO dado
à humanidade por toda a Bíblia. Sabemos que a Lei moral de Deus é baseada em
seu caráter moral, pois os atributos de Deus são aplicados a essa Lei. Vejamos:
CARÁTER MORAL DE
DEUS
|
CARÁTER MORAL DA
LEI
|
A Bíblia diz que Deus é
perfeito (Dt 32.4; Mt 5.48).
|
As Escrituras declaram que “a
Lei do SENHOR é perfeita” (Sl 19.7).
|
Jesus disse que “ninguém há bom
senão um, que é Deus” (Mc 10.18).
|
Paulo disse, “sabemos que a Lei
é boa” (Rm 7.12).
|
As Escrituras ensinam que Deus
“somente é santo” (Ap 7.12).
|
Paulo declara em Romanos que “a
Lei é santa” (Rm 7.12).
|
“A lei é espiritual” (Rm 7.14).
|
A Lei é procedente do Espírito
de Deus (Jo 4.24).
|
III
– A LEI MORAL COMO PARADIGMA DA LEI CIVIL
Há uma importante distinção entre
leis morais e leis civis na Lei de Deus. As morais refletem o padrão da criação
e vigorariam mesmo que não houvesse queda ou pecado. Por outro lado, as civís
existem por causa da queda. Se não existisse o pecado não haveria necessidade
de uma lei civíl para punir assassinos, ladrões, malfeitores e etc; haveria somente
as leis morais sendo obedecidas perfeitamente por todos os homens, mas não as
leis civís, pois não haveria transgressões para se punir. Neste contexto, as
leis civís devem ser entendidas como instrumentos instituídos por Deus para que
os homens possam, com justiça, lidar com os problemas da transgressão das leis
morais (Is 1.23-26; 10.1-2). O Apóstolo João explicou que a exigência do sexto
mandamento “Não matarás” (Êx. 20.13) não é somente externa, mas também
interna: “Todo o que odeia a seu irmão é homicida”. (I Jo 3.15).
Jesus explicou o mesmo em relação ao sétimo mandamento, “não adulterarás”
(Êx 20.14), dizendo que: “Todo aquele que olhar para uma mulher
para a cobiçar, já em seu coração cometeu adultério com ela” (Mt 5.28).
Enquanto as leis morais exigem absoluta retidão, interna e externa, diante de
Deus, as leis civis somente estabelecem a obediência externa a alguns aspectos
das leis morais.
IV
- A NATUREZA E A FUNÇÃO DA LEI NO AT
Notemos os seguintes fatos no tocante a natureza e a
função da lei no AT (STAMPS, 1995, pp. 146,147):
ü
A
lei foi dada por Deus em virtude do concerto que Ele fez com o seu povo. Ela
expunha as condições do concerto a que o povo devia obedecer por lealdade ao
Senhor Deus, a quem eles pertenciam (Êx 24.1-8).
ü
A
obediência de Israel à Lei devia fundamentar-se na misericórdia redentora de
Deus e na sua libertação do povo (Êx 19.4).
ü
A
lei revelava a vontade de Deus quanto a conduta do seu povo (Êx 19.4-6;
20.1-17; 21.1—24.8). A lei não foi dada como um meio de salvação para os
perdidos. Ela foi destinada aos que já tinham um relacionamento de salvação com
Deus (Êx 20.2; Dt 28.1,2; 30.15-20).
ü
Tanto
no AT quanto no NT, a total confiança em Deus e na sua Palavra (Gn 15.6), e o
amor sincero a Ele (Dt 6.5), formaram o fundamento para a guarda dos seus
mandamentos. Paulo declara que Israel não alcançou a justiça que a lei previa,
porque “não foi pela fé” que a buscavam (Rm 9.32).
ü
A
lei ressaltava a verdade eterna que a obediência a Deus, partindo de um coração
cheio de amor (Gn 2.9; Dt 6.5) levaria a uma vida feliz e rica de bênçãos da
parte do Senhor (Gn 2.16; Dt 4.1,40; 5.33; 8.1; Sl 119.45; Rm 8.13;1Jo 1.7).
ü
A
lei expressava a natureza de Deus, seu amor, bondade, justiça e repúdio ao mal.
Os fiéis israelitas deviam guardar a Lei moral de Deus, pois foram criados à
sua imagem (Lv 19.2).
ü
A
lei funcionava como um tutor temporário para o povo de Deus até que Cristo
viesse (Gl 3.22-26). O antigo concerto agora foi substituído pelo novo
concerto, no qual Deus revelou plenamente o seu plano de salvação mediante
Jesus Cristo (Rm 3.24-26; Gl 3.19).
V
- JESUS E OS DEZ MANDAMENTOS
Segundo Donald Stamps, a Lei
Mosaica admite DIDATICAMENTE uma tríplice divisão: (a) a lei moral, que
trata das regras determinadas por Deus para um santo viver (Êx 20.1-17); (b) a
lei civil, que trata da vida jurídica e social de Israel como nação (Êx 21.1 —
23.33); e (c) a lei cerimonial, que trata da forma e do ritual da adoração ao
Senhor por Israel, inclusive o sistema sacrificial (Êx. 24.12 — 31.18) (STAMPS,
1995, p. 146 – acréscimo nosso). Vejamos uma comparação ao que a Lei dizia e o
que Jesus disse:
OS DEZ
MANDAMENTO DIZIAM:
|
JESUS DISSE:
|
“Não terás outros deuses diante
de mim”. Êx
20.3
|
[...] Ao Senhor teu Deus
adorarás, e só a ele servirás. Mt 4.10
|
“Não farás para ti imagem de
escultura [...]”.
Êx 20.4
|
Nenhum servo pode servir dois
senhores; porque, ou há de odiar um e amar o outro[...] Lc 16.13
|
“Não tomarás o nome do SENHOR
teu Deus em vão[...]”.
Êx 20.7
|
Eu, porém, vos digo que de maneira
nenhuma jureis; nem pelo céu, porque é o trono de Deus. Mt 5.34
|
“Lembra-te do dia do sábado,
para o santificar”.
Êx 20.8
|
E disse-lhes: O sábado foi feito
por causa do homem, e não o homem por causa do sábado [...] Mc 2.27,28
|
“Honra a teu pai e a tua mãe
[...]”. Êx
20.12
|
Quem ama o pai ou a mãe mais do
que a mim não é digno de mim... Mt 10.37
|
“Não matarás”. Êx 20.13
|
Eu, porém, vos digo que
qualquer que, sem motivo, se encolerizar contra seu irmão, será réu de juízo
[...]. Mt 5.22
|
“Não adulterarás”. Êx 20.14
|
Eu, porém, vos digo, que qualquer
que atentar numa mulher para a cobiçar, já em seu coração cometeu adultério
com ela. Mt 5.28
|
“Não furtarás”. Êx 20.15
|
E, ao que quiser pleitear
contigo, e tirar-te a túnica, larga-lhe também a capa. Mt 5.40
|
“Não dirás falso testemunho
contra o teu próximo”.
Êx 20.16
|
Mas eu vos digo que de toda a
palavra ociosa que os homens disserem hão de dar conta no dia do juízo. Mt
12.36
|
“Não cobiçarás [...]”. Êx 20.17
|
[…] Acautelai-vos e guardai-vos
da avareza; porque a vida de qualquer não consiste na abundância do que
possui. Lc 12.15
|
CONCLUSÃO
Concluímos que a “Lei Moral de
Deus” é completa, perfeita, boa, santa e serve para nos conduzir como “aio” ao caminho
que nos leva a sermos obedientes e fiéis ao nosso Senhor, e também aprendemos
que o próprio Deus é o padrão absoluto de justiça visto que as leis morais
refletem sua natureza e caráter e por isso são “imutáveis e irrevogáveis”.
REFERÊNCIAS
Ø ELISSEN,
Stanley. Conheça melhor o Antigo Testamento. VIDA.
Ø STAMPS,
Donald C. Bíblia de Estudo Pentecostal. CPAD.
Ø SOARES,
Esequias. Visão Panorâmica do Antigo Testamento. CPAD.
Por Rede Brasil de
Comunicação.
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