Êx
20.4-6; Dt 4.15-19
INTRODUÇÃO
O Segundo Mandamento do Decálogo
é muito parecido com o primeiro. Nele Deus proíbe fazer imagem de escultura de
alguma figura no céu, na terra e debaixo da terra (Êx 20.4). Nesta lição,
veremos que neste mandamento Deus proíbe também que se faça imagem dele mesmo,
pois fazer uma escultura sua, seria limitá-lo. Nada na terra pode ser comparado
com Deus, pois Ele é transcendente, ou seja, está acima da criação. A razão
para esta ordenança baseia-se no zelo de Deus que exige exclusividade de seus
adoradores (Êx 20.5). Ele é Espírito e, portanto, deve ser adorado em espírito e
em verdade (Jo 4.24).
I
– O SEGUNDO MANDAMENTO
1.1 Deus não admite ser
representado por nenhuma imagem (Êx 20.4-a). “Todas as vezes em que os patriarcas ou Moisés
falaram “face a face” com Deus, nem por uma vez deram qualquer
pista daquilo que viram ou de sua aparência. Ter acesso a uma imagem de Deus
sugere, de certa forma, que ele pode ser controlado e manipulado. Talvez a
melhor definição de idolatria pertença a Agostinho: “Idolatria é adorar algo
que deve ser usado, ou usar algo que deve ser adorado” (HAMILTON, 2007, pp.
220,221 – acréscimo nosso). O fato de Deus se apresentar ao povo na coluna de
nuvem e de fogo demonstra claramente a intenção de não aparecer em nenhuma
forma que pudesse ser reproduzida (Êx 13.21). Moisés deixa bem claro isso
quando disse: “Então o SENHOR vos falou do meio do fogo; a voz das
palavras ouvistes; porém, além da voz, não vistes figura alguma” (Dt
4.12). A adoração segundo a Bíblia requer que seja espiritual, adequado à natureza
de Deus, sem qualquer imaginação carnal, ou representações externas da glória
Dele (Jo 4.23,24; Fp 3.3). As partes do culto divino são: oração, louvor,
pregação da Palavra e administração das ordenanças. Isso deve ser observado tal
como foram entregues, ou seja, sem qualquer adição, corrupção e alteração deles
(Dt 4.2; 1 Co 11.2).
1.2 Deus não é a criação, Ele é o
Criador (Êx 20.4-b).
O registro do livro do Êxodo capítulo 32 nos mostra que com menos de quarenta
dias depois de haver prometido solenemente que guardariam a Lei, os israelitas
quebraram a aliança com o Senhor. Enquanto Moisés estava no monte, o povo
israelita cansou-se de esperar seu líder e pediu a Aarão que lhe fizesse uma
representação visível da divindade. Nesta ocasião “manifestou-se a tendência
idólatra do coração humano, que não se contenta com um Deus invisível; quer ter
sempre um deus a quem se possa ver e apalpar. Israel queria servir a Deus por
meio de uma imagem e a fez provavelmente na forma do deus egípcio, o boi Apis.
Não se sabe se Israel queria prestar culto ao deus egípcio ou meramente
representar o Senhor em forma de um bezerro. Todavia, em Êxodo 32.4,5, vemos
uma clara indicação que a segunda afirmativa é a mais coerente (HOFF, 1995, p.
63 – acréscimo nosso). A Bíblia nos mostra que: (1) Deus é incriado (Gn
1.1; Is 43.13); (2) com nada pode ser comparado (Is 40.18-23); e (3) Ele
é transcendente, ou seja, está acima da criação (At 17.24-29).
II
– FILOSOFIAS ERRÔNEAS ACERCA DE DEUS
Após o pecado o homem destituído
da glória de Deus (Rm 3.23), passou a ter uma noção errada da divindade. Há vários
sistemas de crenças em Deus que divergem dos ensinos bíblicos e inúmeras
tentativas de explicar o relacionamento dEle com Universo e o homem. Essas
teorias equivocadas levam o homem a se distanciar do Criador. Abaixo destacaremos
algumas destas perspectivas, o que creem e a refutação bíblica a elas:
FILOSOFIAS
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EM
QUE CRÊEM
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O
QUE A BÍBLIA DIZ
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Panteísmo
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Teoria filosófica segundo a
qual Deus é tudo e tudo é Deus. Segundo o panteísmo, a natureza é o próprio
Deus. Nesse sistema, não se faz distinção entre o Criador e criatura.
|
Não obstante Deus se revelar na
ordem da natureza, não deve ser identificado com o Universo criado (Rm
1.19,20). A terra e o Universo não são Deus, nem deuses (Gn 1.14; Dt 4.19; Jr
19.13). Se o fossem, sua destruição implicaria na destruição de Deus (II Pe
3.7). Por outro lado, Deus está envolvido nos acontecimentos do Universo que
Ele criou, e no qual se revela de muitas maneiras (Jó 38.39-41; Mt 6.26).
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Deísmo
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Doutrina que, apesar de admitir
a existência do Supremo Ser, ensina não estar Ele interessado no curso que a
história toma, ou venha a tomar. De acordo com o deísmo, Deus limitou-se tão somente
a criar-nos, abandonando-nos a seguir à própria sorte.
|
A teologia natural e a teologia
revelada, admite a existência de um Deus pessoal, Criador e Preservador de
quanto existe, e que, em sua inquestionável sabedoria, intervém nos negócios
humanos (Gn 1.1; Mt 6.26; 11.17; 21.1).
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Triteísmo
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Doutrina herética segundo a
qual há em Deus não somente três Pessoas, mas também três essências, três
substância e três deuses.
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Ao contrário do Triteísmo e
Unicismo, a Trindade é uma doutrina bíblica segundo a qual a divindade,
embora una em sua essência, subsiste nas Pessoas do Pai, do Filho e do Espírito
Santo (Gn 1.26; 3.22; 11.7; Mt 28.19; II Co 13.13). As Três Pessoas são
iguais na substância e nos atributos absolutos, metafísicos e morais (Sl
45.6-7; Jo 1.1; 5.18; 10.30; At 5.3-4; 1Co 6.19).
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Unicismo
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Doutrina que, embasada no
monoteísmo radical, rejeita a realidade bíblica da Santíssima
Trindade.
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Henoteísmo
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Este termo (do adjetivo numeral
grego hen, “um”, e de theos) foi empregado por Max
Muller, historiador das
religiões alemão, a fim de indicar o sistema de adoração a um só Deus, admitindo,
todavia, a existência de outros deuses. É, pois, um sistema que se situa, paradoxalmente,
entre o monoteísmo e o politeísmo.
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A Bíblia admite a crença na
existência de um único Deus, Criador dos céus e da terra e do ser humano (Gn
1.1). O monoteísmo contrapõe-se ao politeísmo que defende a existência de
muitos deuses (Dt 6.4; Is 44.8; Jo 17.3; Rm 16.27; Jd 1.4,25).
|
III
– DEUS É ESPÍRITO
“Os samaritanos eram considerados
sectários pelos judeus do primeiro século, e inimigos a serem evitados. Forçados
a abandonar a idolatria, os samaritanos elaboraram uma interpretação própria do
Pentateuco, consagrando o monte Gerizim como o seu local de adoração. Além
disso, rejeitavam o restante do Antigo Testamento. Jesus, na sua conversa com a
mulher samaritana, desfez esse grave erro: “Deus é Espírito, e importa
que os que o adoram o adorem em espírito e em verdade” (Jo 4.24). De
acordo com essa declaração, a adoração não está limitada a nenhum local específico,
posto que tal, fato refletiria um conceito falso da natureza divina. A adoração
teria de estar em conformidade com a natureza espiritual de Deus. Deus, como
espírito, é imortal, invisível e eterno, digno de nossa honra e glória para sempre
(I Tm 1.17). Como espírito, Ele habita na luz, da qual os seres humanos são
incapazes de aproximar-se (I Tm 6.16). Sua natureza espiritual é-nos de difícil
entendimento, pois ainda não o temos visto conforme Ele é. E, à parte da fé, somos
incapazes de compreender o que não experimentamos. Nossa percepção sensorial
não nos oferece nenhuma ajuda para discernirmos a natureza espiritual de Deus.
Ele não está preso à matéria” (HORTON, 2006, p. 68).
CONCLUSÃO
Confessar ou crer que existe um
Deus não é suficiente. É preciso crer e adorar de forma correta. A proibição no
segundo mandamento de não fazer imagem de escultura não só reprova a idolatria
e o politeísmo, como também outras formas de crença em Deus que não se coadunam
com o que a sua Palavra, nossa única regra de fé e prática ensina.
REFERÊNCIAS
• CHAMPLIN, R. N.
Dicionário de Bíblia, Teologia e Filosofia. HAGNOS.
• HAMILTON,
Victor P. Manual do Pentateuco. CPAD.
• HOFF, Paul. O
Pentateuco. VIDA.
• HORTON,
Stanley. Teologia Sistemática. CPAD
• STAMPS, Donald
C. Bíblia de Estudo Pentecostal. CPAD.
• WIERSBE, Warren
W. Comentário Bíblico Expositivo. Geográfica.
Por Rede Brasil de
Comunicação
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