I Tm 1.3-10
INTRODUÇÃO
Veremos nesta lição,
a definição do termo graça; a diferença entre graça comum e graça especial ou
salvadora. Também analisaremos quais as advertências quanto aos inimigos da fé
que o apóstolo Paulo trás ao jovem Ministro Timóteo; e, por fim, estudaremos
quais as características dos falsos mestres e as consequências de seus falsos
ensinos.
I.
DEFINIÇÃO DO TERMO GRAÇA
A graça de Deus é
a qualidade pela qual Ele dá favor aos que não o merecem. A palavra graça vem
do grego “charis” e tem vários significados: ( a) aquilo
que dá deleite; ( b) disposição da qual procede de um ato benevolente especialmente
com referência ao favor divino (VINE, 2002, pp. 679,680). A graça de Deus é o
dom da salvação em Cristo, como dádiva de Deus ao pecador, indigno e merecedor
do justo juízo de Deus (Tt 2.11). A graça do Senhor é a dádiva das bênçãos diárias
que recebemos dEle, sem merecê-las (Jo 1.16). E, ainda, a dádiva da capacitação
divina no crente, para este realizar a obra de Deus (I Co 15.10; Hb 12.28; 1 Co 3.10) (GILBERTO, et al, 2008, p. 352).
II.
A GRAÇA COMUM E A GRAÇA ESPECIAL OU SALVADORA
2.1 A graça
comum ou universal (alcança todos indiscriminadamente) (Sl 104.1030).
É extensiva a
todos os homens: “Abres a mão e satisfazes os desejos de todos os viventes”
(Sl
145.16). Diz respeito ao favor de Deus dispensado bondosamente aos seres
humanos, no sentido de prover os meios de subsistência a todos, sem distinção “Porque faz que o seu sol se levante sobre maus e bons, e a chuva desça
sobre justos e injustos" (Mt 5.45) (GILBERTO, et al, 2008, p. 351
– acréscimo nosso). A graça comum de Deus e sua longanimidade são evidentes no
fato dEle dá ampla oportunidade para todos os homens busca-lo, dando-lhes as bênçãos
da vida, apesar de serem rebeldes contra Ele (At 14.1617; Rm 9.22) (FERREIRA,
2002, p. 86).
2.2 A graça
salvadora ou especial (alcança alguns através do seu livre arbítrio) (Tt 2.11,
3.4,5). Esta
graça está diretamente relacionada com a salvação (Ef 2.8,9). É a atitude (ou
provisão) graciosa do Senhor para com o indigno transgressor da sua lei (Rm
3.926). Ela resulta da parte de Deus para com o pecador em: misericórdia (1
Tm 1.2; 2 Tm 1.2; Tt 1.4; 2
Jo v.3; Jd v.2I); benevolência (Lc 2.14b); paz (resultado
da misericórdia de Deus no coração do homem); gozo (que é mais interior), bem
como alegria, beleza e adorno espirituais que são mais externos (Rm 12.6). A
provisão divina para com o indigno transgressor da lei existia desde o AT (Êx
33.13; Jr 3.12; 31.2). A passagem de Atos 15.10,11 não deixa dúvidas quanto a
isso. No NT, a graça de Deus para salvar o pecador é mencionada de maneira mais
direta (Ef 2.7,8; 1 Tm 1.13,16; Rm 5.20; Jo 1.16,17) (GILBERTO, et al, 2008,
pp. 351352).
III.
CARACTERÍSTICAS DOS HEREGES
Paulo lembra Timóteo
do propósito do seu trabalho como evangelista em Éfeso: a correção do erro. “Certas
pessoas” estavam deixando de ensinar a doutrina de Cristo em favor de “outra
doutrina” e “fábulas e genealogias sem fim”. Por causa destas coisas, alguns não
estavam crescendo no “serviço de Deus”, mas estavam se perdendo em discussões
inúteis (1 Tm 1.34). Timóteo precisava exortar a igreja acerca de “amor... de coração puro, e de consciência boa, e de fé sem hipocrisia” (1 Tm 1.5). Onde
não há amor pela verdade de Deus e pelas pessoas que precisam da salvação, a
consciência se engana, e ao seguir e ensinar com fervor as doutrinas de homens,
a fé e as obras se tornam vãs e hipócritas (1 Tm 1.6-7; veja 2 Ts 2.9-12; 1 Tm
4.1-2; 2 Tm 4.1-4; Mt 15.7-20). Vejamos algumas advertências:
3.1 Falsos
mestres contradizem a sã doutrina (1 Tm 6.3). Um falso mestre é
qualquer um de dentro da igreja que se oponha ao que a Bíblia ensina (2 Jo 9). “Guardai-vos dos cães” (Fp 3.2a). O s cães eram considerados
animais imundos na sociedade oriental. Eles não eram domesticados como hoje,
pois eram selvagens e viviam soltos como os lobos. Paulo faz uso dessa comparação,
para dizer que a igreja deveria ter cuidado com os judaizantes a fim de que
suas doutrinas e práticas não viessem macular a pureza da igreja.
Semelhantemente, a Igreja necessita estar vigilante quanto às heresias, ou seja,
falsos ensinos e doutrinas, que podem surgir, inclusive, no meio do povo de
Deus (Gl 5.20; 1 Tm 4.1; 2 Pe 2.13).
3.2 Falsos
mestres promovem imoralidade (2 Tm 3.5,6). Paulo se referiu aos falsos
obreiros, como em (2 Co 11.13) onde ele chama de obreiros fraudulentos. Pedro
diz que tais mestres negam o Senhor Jesus ao perseguirem “suas práticas libertinas” (2 Pe 2.2). Com certeza, estes eram
homens que não tinham o chamado divino para o ministério e nem as qualidades,
tais como: fidelidade e zelo pela doutrina, como Timóteo e Epafrodito (Fp 2.19,
25). Tal qual nos dias de Paulo, muitos falsos mestres têm se levantado no meio
do povo de Deus, principalmente na mídia televisiva, pregando um evangelho
distorcido, sem cruz e sem renúncia (Mc 8.34; Lc 9.23), conduzindo as massas a
uma falsa espiritualidade, onde os valores monetários são mais importantes do
que as virtudes da vida cristã (2 Pe 2.3; 1 Co 13.13).
3.3 Falsos
mestres diminuem a gravidade do pecado e do juízo (2 Tm 4.34).
Os falsos
mestres se desviaram daquilo que Paulo chama de “a fé” (1
Tm 1.2,19; 3.9; 4.1,6,21); “ a verdade” (1Tm 2.4,7; 3.15;
4.3; 6.3,5); “ a sã doutrina” (1 Tm 1.10; 6.3) e “ o que te foi confiado” (1 Tm 6.20). A preocupação de Paulo era
manter a sã doutrina livre das contaminações de doutrinas falsas, deixando
claro que existe uma doutrina que é a correta, enquanto as demais são falsas. A
palavra “heterodidaskaleô” (1 Tm 1.3; 6.3) enfatiza o caráter
objetivo da fé cristã, que não pode ser misturado ou igualado a outras
doutrinas religiosas ou filosóficas de nosso tempo e que dela os falsos mestres
haviam se desviado.
3.4 Falsos
mestres são motivados por ganância e ganho egoísta (1 Tm 6.5). Paulo diz que os
falsos mestres supõem “que a piedade é fonte de lucro”
(1
Tm 6.5). São mercenários, não seguindo o chamado de Deus. Transformam o ministério
em fonte de lucro, motivados por ganância. Da mesma forma Pedro diz que, em sua
“avareza”, falsos mestres se aproveitam do povo de Deus com “ palavras fictícias” (2Pd 2.3). De fato, o coração deles é “exercitado na avareza” (2 Pe 2.14).
3.5 Falsos
mestres causam divisão (1 Tm 1.18,19).
Timóteo precisava
ficar firme na luta contra falsa doutrina. Falsos mestres irão tentar convencer
o rebanho que a sã doutrina causa divisão. Mas isso é uma mentira (Jd 3,4; 18-21).
Esse é, na verdade, o falso ensinamento que busca dividir e conquistar o povo
de Deus. Hoje há muitos que têm “rejeitado a boa consciência”
e
ensinam como doutrina coisas que não fazem parte do evangelho do Senhor (1 Tm
1.19; 4.13; 2 Jo 8-9). Devemos manter a fé assim como Timóteo, pregando
fielmente a Palavra do Senhor para corrigir os que “blasfemam” com
doutrinas falsas (1 Tm 1.20).
3.6 Falsos
mestres enganam o rebanho (2 Tm 3.5). O falso mestre nunca aparece com uma
placa pendurada no pescoço onde se lê “sou um falso mestre”. O pseudo mestre
aparece disfarçado de cristã. Ele possui a forma da piedade, mas nega seu poder
(Mt 7.15,16). Paulo sabia que Timóteo precisava da Palavra de Deus para fazer o
trabalho. Ele não ordenava que Timóteo se apoiasse na sua “experiência”. Em vez
disso Paulo mandou: “tem cuidado de ti mesmo e da
doutrina... porque, fazendo assim, salvarás tanto a ti mesmo como aos teus
ouvintes" (1
Tm 4.16).
IV – ADVERTÊNCIAS PAULINAS QUANTO
AOS INIMIGOS DA FÉ
Uma das marcas
de identificação de um falso mestre é que eles se recusam a aderir ao ensino
religioso bíblico (1 Tm 6.3). A tarefa de Timóteo na cidade de Éfeso não era
pequena. Paulo o havia deixado com o cargo de corrigir “certas pessoas” que estavam promovendo erro doutrinário (1 Tm 1.3).
Na primeira carta, para ajuda-lo a combater estes falsos mestres, Paulo ensina
a Timóteo “como se deve proceder na casa de Deus” (1 Tm 3.15).
Embora que Timóteo fosse ainda jovem (1 Tm 4.12), ele teria que ensinar e
ordenar estes mandamentos de Deus aos irmãos de Éfeso (1 Tm 4.6,11,16).Vejamos:
4.1 Paulo
iniciou esta carta a Timóteo com alertas sobre falsos mestres (1 Tm 1.3). Ele também
refutou alguns dos ensinamentos perigosos (1 Tm 4.1; Fp 3.18a). Segundo Paulo,
eram muitos aqueles que procuravam perverter o evangelho.
Deve-se ressaltar também que esses “inimigos da cruz” eram crentes professos
que viviam no seio da igreja. A Bíblia na versão ARA (Almeida Revista e
Atualizada) traduz (Fp 3.18a) da seguinte forma: “Pois muitos andam entre nós”. Pelas palavras
do apóstolo, percebemos que ele já havia advertido os crentes a respeito desses
homens que propagavam heresias “dos quais muitas
vezes vos disse” (Fp
3.18b).
4.2 “Que são
inimigos da cruz de Cristo” (Fp 3.18). Dois grupos de
pessoas se destacam aqui como os “inimigos da cruz
de Cristo”:
os gnósticos e os judaizantes. Paulo encorajou Timóteo a continuar pregando a
palavra, corrigindo e repreendendo “com toda a
longanimidade e doutrina” (2 Tm 4.2), mesmo no meio de muitas
perseguições pelas mãos dos infiéis (2 Tm 1.8; 2.3; 3.12-13; 4.5). A ênfase de
Paulo nestas duas cartas está sempre voltada à Palavra de Deus. Tudo o que Timóteo
precisava, tanto para corrigir erros doutrinários como para ficar firme no meio
de tribulação, ele poderia achar na Palavra do Senhor (1 Tm 4.13; 2 Tm 2.15).
CONCLUSÃO
Ao término desta
lição, podemos concluir que Deus, o autor da nossa salvação, nos providenciou
sua maravilhosa graça, tanto a comum como a salvadora, a fim de nos garantir a
vida eterna. No entanto, devemos ter muito cuidado, pois, o inimigo de nossa fé,
tem levantado muitos falsos mestres, para nos desviar do plano redentor e nos
conduzir a perdição eterna.
REFERÊNCIAS
Ø ARRINGTON, French L.;
STRONSTAD, Roger. Comentário Bíblico Pentecostal. CPAD.
Ø BOYER, Orlando. Espada Cortante. CPAD.
Ø CHAMPLIN, R. N. Dicionário de Bíblia, Teologia e Filosofia. HAGNOS.
Ø HENDRIKSEN, William. Comentário do Novo Testamento. CULTURA CRISTÃ.
Ø STAMPS, Donald C. Bíblia de Estudo Pentecostal. CPAD
Por
Rede Brasil de Comunicação
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