sexta-feira, 3 de julho de 2015

LIÇÃO 01 – UMA MENSAGEM A IGREJA LOCAL E A LIDERANÇA






I Tm 1.1,2; Tt 1.14



INTRODUÇÃO
A lição do terceiro trimestre de 2015 tem como título: A Igreja e o seu Testemunho – As ordenanças de Cristo nas cartas pastorais, onde teremos a oportunidade de estudar treze lições baseadas nas epístolas de I e II Timóteo e Tito, que foram denominadas de Epístolas Pastorais. Nesta primeira lição traremos informações introdutórias acerca estas três epístolas paulinas; veremos o recorte apologético do apóstolo Paulo contido nelas; e, por fim, destacaremos ainda exortações paulinas acerca dos futuros ataques contra a Igreja de Cristo na terra.


I – INFORMAÇÃO SOBRE AS EPÍSTOLAS PASTORAIS
“As cartas de I, II a Timóteo e a Tito formam um grupo distinto na coletânea paulina, declaram ser comunicações do apóstolo enviadas a dois dos seus cooperadores da maior confiança. Receberam o título de “Pastorais” desde o início do século XVIII porque estão endereçadas a pastores e/ou líderes e, em grande medida, dizem respeito aos deveres deles” (KELLY, 1983, p. 09 acréscimo nosso).

1.1 Autoria. “As epístolas pastorais reivindicam a autoria paulina, fato declarado abertamente na saudação de cada carta (I Tm 1.1; II Tm 1.1; Tt 1.1) e as observações autobiográficas se encaixam na vida de Paulo conforme registradas em outros lugares, como por exemplo (I Tm 1.12,13; II Tm 3.10,11; 4.1011,1920). No lado da autenticidade destas epístolas está o fato de que, desde os dias mais antigos da igreja, elas são reputadas obra de Paulo. Apesar dos ataques a autoria paulina, evidências internas nos mostram que o autor é um Paulo idoso e que enfrenta perigo mortal, inteiramente convicto de que o seu ministério se aproxima do fim e de que a tocha deve ser passada para mãos mais jovens e mais robustas. Mas a sua visão da meta do cristianismo não está de forma alguma obscurecida e o seu compromisso com a tarefa cristã não diminuiu” (BEACON, 2006, pp. 440,444 – acréscimo nosso).

1.2 Data. “Estas epístolas foram escritas depois da libertação de Paulo da primeira prisão em Roma, libertação que provavelmente se deu em 61 ou 62 d.C. A tradição afirma que o apóstolo foi martirizado em 67 ou 68 d.C. As datas terminais desse período final na vida de Paulo são, assim, estabelecidas com um grau justo de certeza. Durante este período foram escritas as Epístolas Pastorais nesta ordem: 1 Timóteo, Tito e 2 Timóteo. A despeito de certa discordância entre os peritos, esta é a sequência provável” (BEACON, 2006, pp. 444,445). Abaixo destacaremos as possíveis datas em que foram escritas estas epístolas:

EPÍSTOLAS PASTORAIS
DATA EM QUE FORAM PROVAVELMENTE ESCRITA
I Timóteo
64 d.C.
Tito
65 d.C.
II Timóteo
67 d.C.

1.3 Destinatários. As epístolas pastorais foram endereçadas a dois importantes cooperadores do apóstolo Paulo, a saber: Timóteo e Tito (I Tm 1.12; II Tm 1.12; Tt 1.14). Estes foram comissionados a servir na função de pastores, um em Éfeso (I Tm 1.3) e o outro em Creta (Tt 1.5). Vejamos mais detalhadamente quem eram estes obreiros: 

OBREIROS
INFORMAÇÕES



Timóteo

Nenhum outro líder cristão, dentre os companheiros de trabalho de Paulo, foi tão recomendado por ele como Timóteo, especialmente em face de sua lealdade (I Co 16.10; Fl 2.19; II Tm 3.10). A cerca de Timóteo, o apóstolo destaca ainda que ele era: ( 1) um estudante zeloso e obediente a Palavra de Deus (II Tm 3.15); ( 2) um servo perseverante (I Ts 3.2); ( 3) um homem de boa reputação (At 16.2); (4) amado e fiel (I Co 4.17); e (5) companheiro dedicado a Paulo e ao evangelho (Rm 16.21; 2 Tm 4.9,2122).






Tito

Tito aparece no NT como um excelente líder. Ele é descrito por Paulo como “... verdadeiro filho, segundo a fé comum...” (Tt 1.4). O apóstolo deixou transparecer a devoção genuína e a preocupação pastoral deste cooperador (II Co 8.16,17). A alegria cristã e a dedicação de Tito serviam de inspiração para Paulo (II Co 7.1315). Ele chegou a embasar sua devoção e amizade aos crentes de Corinto argumentando que ele tinha a mesma atitude mental de Tito (II Co 12.18). Ora, todas essas alusões nas epístolas de Paulo, sobre o caráter de Tito, indicam seu íntimo relacionamento com Paulo, e suas excelentes qualidades de líder.


1.4 Propósitos. P aulo escreveu estas cartas para seus companheiros, Timóteo e Tito, a fim de encorajá-los a permanecer firmes no evangelho em face dos desafios heréticos. “Todas as três epístolas enfatizam que estes cooperadores precisavam silenciar as heresias ameaçadoras, apontar lideres qualificados nas respectivas igrejas, manter a integridade do evangelho da graça e treinar pessoas para que vivam de modo piedoso em suas comunidades” (ZUCK, 2008, p. 370).


II – HERESIAS QUE PAULO COMBATEU NAS EPÍSTOLAS PASTORAIS
“Timóteo e Tito eram jovens cooperadores que mantinham lugar de extrema comunhão e ternura na confiança e sentimento do apóstolo (I Co 4.17; II Co 8.23). Paulo os colocara, respectivamente, em Éfeso e Creta, onde estavam assumindo a pesada responsabilidade de dirigir estas igrejas cristãs. Em ambas as situações, a igreja era uma pequena ilha de cristãos transformados cercada por vasto oceano de paganismo e corrupção moral. Manter a integridade do movimento cristão no meio desses ambientes era grande tarefa. Havia falsos ensinos que ameaçam a unidade da fé, e o apóstolo se empenha em fazer o que puder para manter a visão dos seus jovens assistentes em foco nítido (BEACON, 2006, p. 444 – acréscimo nosso). Na tabela a seguir, abordaremos as duas heresias que estavam perturbando os servos do Senhor:

HERESIAS
QUEM SÃO
O QUE PENSAM E AS REFUTAÇÕES






Judaizantes
Movimento surgido nas primeiras décadas da Igreja Cristã, cujo objetivo era forçar os crentes gentios a observar a Lei de Moisés, principalmente a Lei cerimonial.
Os judaizantes ensinavam que os cristãos para serem salvos deveriam observar as práticas judaicas, tais como: a circuncisão (At 15.1; Fp 3.2; Tt 1.10), a abstinência de alguns alimentos (Cl 2.16a; I Tm 4.3) e a guarda do sábado e dias tidos como especiais (Cl 2.1623).
Na verdade, esse movimento pretendia reduzir o Cristianismo a uma mera seita judaica. Contra esta perspectiva errônea, Paulo se interpôs veementemente em suas cartas (Rm 3.28; Gl 2.16; 3.11; 3.24).









Gnósticos
Uma heresia dos primórdios do cristianismo. O termo “gnose” do grego gnôsis, significa: “conhecimento”. Portanto, diz respeito a um “pretenso conhecimento da divindade que, esotericamente, se transmite através da tradição e mediante vários ritos de iniciação”. O gnosticismo uniu a filosofia pagã com as doutrinas apostólicas do cristianismo, tornando-se uma forte influência na igreja.

Dentro dessa heresia havia duas cosmovisões opostas. A primeira inclinava-se ao ascetismo. Os hereges ensinavam que p or ser o corpo essencialmente mau, deveria ser tratado com severidade, regras rígidas, flagelamento, privações, isolamento, jejuns forçados, desprezo pelo casamento e pelo mundo material (I Tm 4.45;Tt 1.15); a segunda inclinava-se a imoralidade. Os hereges até invadiam as casas e induziam a mulheres fracas a concupiscência (II Tm 3.6). Caracterizavam-se pela luxúria (II Tm 4.3), e eram inclinados a avareza (I Tm 6.58). Professavam conhecer a Deus, mas eram abomináveis (Tt 1.16). Em relação a estas heresias, a refutação paulina está presente em suas epístolas ( Rm 8.8; I Co 6.19,20; II Co 7.1; I Ts 5.23).

   
III – OS ATAQUES CONTEMPORÂNEOS A FÉ CRISTÃ
Escrevendo ao jovem obreiro Timóteo, Paulo fala profeticamente que os últimos dias da Igreja nas terras serão de grandes dificuldades “Sabe, porém, isto: que nos últimos dias sobrevirão tempos trabalhosos” (II Tm 4.1). Será um tempo caracterizado sobretudo por intensos ataques a fé cristã como veremos a seguir:

3.1 Ataques a teologia ortodoxa (II Tm 4.3,4; Tt 1.916).
Paulo prevê pelo Espírito Santo que os últimos dias seriam marcados pelo surgimento de ensinamentos errôneos contra as doutrinas basilares da fé cristã. Estes seriam disseminados no meio do povo de Deus (At 20.29,30; II Tm 2.18). Os demais apóstolos também anunciaram isto (II Pe 2.1; I Jo 2.18,19). Precisamos como servos de Deus conservarmos aquilo que aprendemos (I Tm 1.19; II Tm 1.13; Tt 1.9; 2.1).

3.2 Ataques ao elevado compromisso moral que o evangelho exige (II Tm 3.17; Tt 2.7).
O Evangelho exige um elevado compromisso moral daqueles que aceitam a Cristo (II Tm 2.19,21; Tt 2.12; 3.8). Todavia, com o passar do tempo, muitos que se dizem cristãos irão aderir a outros evangelhos que não sejam tão exigentes quanto a pureza na área moral e espiritual (II Tm 4.3). Tenhamos cuidado com os inimigos da cruz de Cristo (Fp 3.18).

3.3 Ataques aos líderes comprometidos com Deus (I Tm 6.20; Tt 1.10,11).
Paulo aconselha tanto a Timóteo quanto a Tito que estejam preparados a sofrerem ataques por parte dos hereges. Um líder comprometido com Deus sempre padecerá perseguições (II Tm 3.11,12), porque não se molda aos padrões do mundo, mas mantém-se incontaminado, bem como a doutrina que ensina (I Tm 4.16; Tt 2.1).


CONCLUSÃO
A vida de um homem chamado por Deus, é cercada de perigos que podem comprometer sua vida moral e espiritual. Sabendo disto, Paulo escreveu estas epístolas aos jovens obreiros Timóteo e Tito com o intuito de lhes proporcionar ânimo e apoio espiritual a fim de que pudessem realizar a obra de Deus com êxito.



REFERÊNCIAS
Ø  CHAMPLIN, R. N. Dicionário de Bíblia, Teologia e Filosofia. HAGNOS.
Ø  KELLY, J.N.D. Introdução e Comentário . MUNDO CRISTÃO.
Ø  STAMPS, Donald C. Bíblia de Estudo Pentecostal. CPAD.
Ø  ZUCK, Roy B. Teologia do Novo Testamento . CPAD.
Ø  HOWARD, R.E et al. Comentário Bíblico. CPAD. 


Por Rede Brasil de Comunicação

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