Mt 5.20-26
INTRODUÇÃO
Nesta lição
estudaremos sobre a bondade – um dos aspectos do fruto do Espírito;
introduziremos o assunto trazendo uma definição desta virtude; veremos que a
bondade é um atributo que caracteriza o caráter divino e que ele compartilhou
com o homem quando o criou; pontuaremos a ligação que existe entre a bondade e
a generosidade; falaremos sobre a maldade como o contraponto da bondade; e, por
fim, quais as exortações bíblicas quanto a prática deste fruto do Espírito.
I. DEFINIÇÃO DA PALAVRA BONDADE
A sexta virtude
elencada por Paulo em Gálatas 5.22 é a bondade. O Aurélio (2004, p. 315) nos
diz que a palavra bondade significa: “qualidade ou caráter de bom;
benevolência; clemência”. Segundo Gilberto (2004, pp. 92,93) “bondade
como fruto do Espírito é a tradução de uma palavra grega que encontrada apenas
quatro vezes na Bíblia: agathosune (Rm 15.14; Gl 5.22; Ef
5.9; 2 Ts 1.11). A bondade é a prática ou a expressão da benignidade, ou seja,
fazer aquilo que é bom. Bondade, então, fala de serviço ou ministério uns
aos outros, um espírito de generosidade posto em ação; diz respeito a
servir e a dar”.
1.1 Deus é
bondoso.
Segundo Jesus a
bondade era um atributo e um título próprio da divindade “E Jesus lhe
disse: Por que me chamas bom? Ninguém há bom senão um, que é Deus” (Mc
10.18). Campos (2002, p. 256) diz que a bondade de Deus é: a) original:
a bondade que os homens possuem lhes é comunicada, mas em Deus a bondade é
essencialmente infinita; b) imutável: os homens podem ser bons, mas eles
o serão por alguns momentos; mas a bondade do Senhor “dura para sempre” (Sl
52.1); e, c) necessária: Ele é bondoso e tudo quanto faz é cheio de
bondade (Gn 1.31).
II. ATRIBUTO COMUNICÁVEL
Bondade é um dos
atributos comunicáveis de Deus. Campos (2002, p. 256) nos diz que “o termo
comunicáveis indica que podemos encontrar em nossa personalidade traços dos
atributos divinos. Deus nos criou e comunicou esses atributos ao nosso ser,
mesmo que em medida infinitamente menor”.
2.1 A bondade
natural.
O homem foi
criado com bondade natural, quando foi feito a imagem e semelhança de Deus (Gn
1.26). No entanto, o pecado distorceu essa imagem, e, se não houver
arrependimento e consequente transformação, dia a dia o pecado vai tomando o
coração dos homens fazendo com que percam a afeição natural (2 Tm 3.1-3).
2.2 A bondade
como fruto do Espírito.
É natural que o
homem não regenerado seja bondoso com as pessoas que lhe são bondosas (Mt
5.46); mas, somente os que foram regenerados podem ser bondosos como Jesus foi
e também agir com bondade até com os seus inimigos (Lc 6.27,35; Rm 12.14;
20,21). Portanto, somente após o novo nascimento o Espírito Santo passa a
restaurar a imagem moral de Deus no homem, produzindo nele as virtudes de
Cristo (Gl 5.22).
III. CARACTERÍSTICAS DA BONDADE
COMO ASPECTO DO FRUTO DO ESPÍRITO
3.1 Bondade
desinteressada.
A bondade como
fruto do Espírito não é feita em troca de reconhecimento ou de favores. Assim
como o amor, a bondade “não busca os seus interesses” (I Co
13.5b). Ela é altruísta e despretensiosa, ou seja, não faz o bem como moeda de
troca. Segundo Jesus não receberá recompensa diante de Deus aquele que age bondosamente
com o seu próximo para barganhar algo (Mt 6.1-4). O verdadeiro ato de bondade
consiste em fazermos o bem a quem não tem condições de nos recompensar (Lc
14.12-14).
3.2 Bondade
imparcial.
A bondade como
fruto não faz distinção de pessoas, assim como Deus não faz beneficiando até os
ingratos e maus (Mt 5.45; Lc 6.35). Jesus disse que se fizermos o bem apenas
aqueles que nos amam e nos fazem bem nos assemelhamos aos incrédulos (Lc
6.32-35). A bondade como fruto não faz distinção de cor, raça, sexo, religião,
status social. Tiago repreendeu severamente aqueles que davam preferência aos
ricos e subjugavam os pobres (Tg 2.1-4).
3.2 Bondade
decorrente do amor.
Uma pessoa pode
até agir com bondade sem ter amor; mas, ninguém pode ter amor e não agir com
bondade, pois o amor é a virtude de onde flui todas as outras. Gilberto (2004,
p. 46) diz: “o amor vem primeiro, depois o serviço”. Paulo diz que até mesmo
grandes feitos sem amor não tem nenhum proveito “[...] ainda que distribuísse
toda a minha fortuna para sustento dos pobres, e ainda que entregasse o meu corpo
para ser queimado, e não tivesse amor, nada disso me aproveitaria” (I
Co 13.3). O apóstolo exorta aos crentes de Corinto dizendo “todas as vossas
coisas sejam feitas com amor” (I Co 16.14).
IV. A BONDADE E A GENEROSIDADE
A bondade é um
aspecto do fruto do Espírito que envolve ação. Gilberto (2004, p. 97) diz que
“uma característica distintiva da bondade cristã no grego agathosune é a
generosidade ou liberalidade”. O cristão deve ser uma pessoa generosa,
exercendo bondade da seguinte forma:
4.1 Contribuindo
para a obra de Deus.
O apóstolo Paulo
encorajou a igreja de Corinto a prática de generosidade entre os necessitados.
A Judéia enfrentava tempos difíceis como resultado de uma escassez que deixou
muitos santos aflitos (At 11.28-29). Paulo sentiu que as igrejas dos gentios
tinham uma divida de gratidão para com Israel e Jerusalém, a Igreja mãe (Rm
11.13-25; 15.27), por seu papel de trazê-los para a fé em Cristo. Precisamos
entender que os nossos dízimos e ofertas quando trazidos para a Casa do Senhor
também são usados para atender a obra social (Projeto Samuel) e os nossos irmãos
que estão passando por dificuldades. Além disto, podemos também ajudar aqueles
que estão ao nosso alcance.
4.2 Auxíliando o
próximo.
A bondade está
entre as três virtudes que estão conectadas diretamente a nossa relação com o próximo:
“[...] longanimidade, benignidade, bondade [...]” (Gl 5.22).
Auxiliar o próximo é assistí-lo em suas necessidades físicas (Tg 2.15-17; I Jo
3.17,18); mas também visitá-lo nas enfermidades (Rm 12.13); compartilhar sua
dor e alegria (Rm 12.15). Paulo também aconselha “[...] admoesteis os
desordeiros, consoleis os de pouco ânimo, sustenteis os fracos, e sejais
pacientes para com todos” (I Ts 5.14).
V. A MALDADE O OPOSTO DA BONDADE
O Aurélio (2004,
p. 1254) diz que “maldade” significa: “qualidade ou caráter
de mal; perversidade, crueldade, iniquidade”. A maldade está listada
entre as obras da carne de forma implicita e explícita (Gl 5.19-21; Rm 1.29).
Ela tem origem no mau uso do livre arbítrio (Gn 3.22). Desde a Queda do
primeiro casal, que todos os homens foram afetados pela inclinação natural para
a prática do mal (Gn 8.21; Sl 51.5; 14.3; 143.2; Rm 5.18,19). No AT observamos
que foi pela multiplicação da maldade que Deus trouxe o dilúvio como juízo
sobre os homens (Gn 6.5.7). Paulo profetizou que nos últimos dias a maldade
estaria mais presente na sociedade (2 Tm 3.1-9). Vejamos quais áreas a maldade
está atuando:
Nº
|
ÁREA
|
2TM 3.1-9
|
1
|
Moral
|
“... amantes
de si mesmos, avarentos, presunçosos, soberbos, blasfemos, ingratos, profanos,
caluniadores, incontinentes, cruéis, sem amor para com os bons, traidores, obstinados,
orgulhosos...” (2Tm
3.1-3).
|
2
|
Religiosa
|
“...
irreconciliáveis, mais amigos dos deleites, aparência de piedade...” (2Tm 3.3-5).
|
3
|
Familiar
|
“...desobedientes
a pais e mães...” (2Tm 3.2).
|
4
|
Política
|
“... resistem
à verdade, sendo homens corruptos...” (2Tm 3.8).
|
5
|
Sentimental
|
“... sem afeto
natural...” (2Tm
3.3).
|
6
|
Pedagógica
|
“Que aprendem
sempre, e nunca podem chegar ao conhecimento da verdade” (2Tm 3.7).
|
VI. EXORTAÇÕES BÍBLICAS QUANTO A
PRÁTICA DA BONDADE
6.1 Devemos
desejar fazer o bem.
No exercício do
seu livre arbítrio o homem pode ou não fazer o bem. O Espírito impulsiona, no
entanto, precisamos ceder a esta inclinação e não endurecermos a sua voz (Hb
3.8). Jesus ensinou que podemos auxiliar as pessoas se quisermos (Mc 14.7).
Portanto, a questão está mais no querer do que em poder.
6.2 Não podemos
nos cansar de fazer o bem.
Há pessoas que
porque não são reconhecidos pelos atos de bondade que realizam, desanimam.
Todavia, o apóstolo Paulo nos diz “e não nos cansemos de fazer bem,
porque a seu tempo ceifaremos, se não houvermos desfalecido” (Gl 6.9).
Confira também (2 Ts 3.13). Deus tem a recompensa para aqueles que fazem o bem,
tanto nesta vida quanto no porvir (Ap 22.12).
6.3 A omissão em
fazer o bem é pecado.
Aquele que
conhece a vontade de Deus e não obedece torna-se ainda mais transgressor do que
aquele que não conhece (Mt 24.45-51; Lc 12.35-48; II Pe 2.21; Tg 4.17).
CONCLUSÃO
Devemos no uso
do nosso livre arbítrio permitir que o Espírito Santo produza em nós a virtude
da bondade a fim de que possamos como filhos de Deus refletirmos o seu caráter
em palavras e obras beneficiando os nossos semelhantes de forma imparcial e
despretensiosa unicamente motivados por amor.
REFERÊNCIAS
CAMPOS, Heber
Carlos de. O Ser de Deus e seus atributos. CULTURA CRISTÃ.
FERREIRA, Aurélio
Buarque de Holanda. Novo Dicionário da Língua Portuguesa. POSITIVO
GILBERTO,
Antônio. O fruto do Espírito: a plenitude de Cristo na vida do crente.
CPAD.
STAMPS, Donald C.
Bíblia de Estudo Pentecostal. CPAD.
STOTT, John. A Mensagem de Gálatas. ABU.
Por Rede Brasil de Comunicação.
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