Hb 10.35-39
INTRODUÇÃO
Nessa lição veremos o significado bíblico de fé
como fruto do Espírito; notaremos sua importância em contraste com a natureza
pecaminosa; ainda destacaremos que a fidelidade deve ser demonstrada; bem como
também lembrar do principio da retribuição divina para os que são fiéis.
I. A
FIDELIDADE E O SEU SIGNIFICADO
1.1 Definição do termo.
O Aurélio diz que fidelidade significa: “lealdade,
perseverança. Observância rigorosa da verdade; exatidão” (FERREIRA,
2004, p. 894). Do hebraico “emunah”, que quer dizer: “firmeza,
fidelidade, verdade, honestidade, obrigação oficial”, desses
significados o sentido mais frequente é “lealdade, fidelidade” (1Sm 26.23).
No grego a palavra é “pistis”, que indica “persuasão
firme”, sendo também usada com referência à confiança (Rm 3.25; 1Co
2.5; 15.14,17; 2Co 1.24; Gl 3.23; Fp 1.25; 2.17; 1Ts 3.2; 2Ts 1.3; 3.2); à
fidedignidade, fidelidade, lealdade (Mt 23.23; Rm 3.3; Gl. 5.22; Tt 2.10)
(VINE, 2002, p.648). Em seu uso mais amplo, a palavra fé aponta ainda
para alguns significados: a) A fé
salvadora (Rm 5.1,2; 10.17; Ef 2.8); b)
A fé como conjunto de crença, ou seja, aquilo em que se acredita (At 6.7;
14.22; Rm 1.5; 1Co 16.13; Cl 1.23); c)
A fé como fidelidade (Lc 12.42; 1Co 4.2), o que subentende que o crente é fiel
para com Deus e também para com o próximo. Essa é uma característica insuflada
por Deus, pois aparece como uma das nove virtudes que, juntas, compõem o fruto
do Espirito (Gl 5.22,23) (CHAMPLIN, 2007, p.696 – acréscimo nosso).
1.2 Como atributo Divino.
Fidelidade é um dos atributos da Trindade, Deus Pai
é fiel (Dt 7.9); o Senhor Jesus é chamado de fiel e verdadeiro (Ap 19.11); e
também o Espírito Santo é fiel (Gl 5.22) (GILBERTO, 2004, p.110). A fidelidade
de Deus refere-se à Sua lealdade a si mesmo e a toda a Sua criação (Is 25.1;
1Co 1.9). Ele jamais mudará o Seu caráter (Sl 119.90; Is 11.5; Ml 3.6; 2 Tm
2.13; Tg 1.17); nem deixará de cumprir o que prometeu (1Ts 5.24; Hb 10.23). A
fidelidade de Deus é claramente demonstrada na Bíblia: a) Na natureza (Gn 8.22; SI 119.90; Cl 1.17); b) No cumprimento das suas promessas a Adão (compare Gn 3.15 com G1
4.4); a Abraão (compare Gn 15.4; 18.14 com 21.1,2); a Moisés (compare Êx
3.21,22 com Êx 12.35,36); a Davi (compare 2Sm 7.12,13 com Lc 1.31-33); etc. c) Em momentos de tentação (1Co 10.13);
d) Na maneira como disciplina Seus
filhos (Sl 119.75; Hb 12.6); e) No
perdão dos nossos pecados (1Jo 1.9) (WILLMINGTON, 2015, p.37).
1.3 Como fruto do Espírito.
A palavra fé refere-se normalmente à confiança em
alguém ou algo. No entanto, a palavra pode também referir-se ao que produz a
confiança e a fé, a saber, a fidelidade e a confiabilidade. Ambos os
significados estão no uso da palavra aqui como outra evidência da vida
controlada pelo Espírito (TYNDALE, 2010, p.703). De acordo com Gilberto (2004,
p.106), “Há quem prefira traduzir fé em
vez de fidelidade como fruto do Espírito em Gálatas 5.22, mas, como veremos, a
palavra fidelidade é mais precisa. Em seu sentido mais amplo, fé é nossa crença
inabalável em Deus e no evangelho, e, portanto, é o tronco, não o fruto. O
fruto do Espírito é dado como qualidade ou atributo; fidelidade é o atributo de
quem tem fé”. Por essa razão a versão da Bíblia ARA (Almeida Revista e
Atualizada), traduz “fé” por “fidelidade”. A fidelidade
é a primeira das três características do fruto do Espírito que estão
relacionadas ao seu portador, ou seja, consigo mesmo. “Quando a fé como virtude do fruto
do Espírito habita no crente o que realmente marca sua vida é a fidelidade, ou
seja, ele é uma pessoa confiável, leal” (GOMES, 2016, p.110). A fé,
como fruto do Espírito, opera permanentemente na vida do salvo e é
caracterizada pela firmeza de propósito, e por uma atitude e devoção de alguém
que está disposto a ser “fiel até a morte” (Ap 2.10).
II. INFIDELIDADE
OBRA DA VELHA NATUREZA
Podemos afirmar que a infidelidade é uma das obras
da carne. Paulo na lista aos Gálatas lembra: “[...] e coisas semelhantes a estas
[...]” (Gl 5.21); mostrando que as obras da carne não se limitam às que são
mencionadas diretamente. Segundo Aurélio (2004, p.1102) Infidelidade é: “Qualidade
ou caráter de infiel. Procedimento de infiel; deslealdade, traição, perfídia. O
infiel é aquele que não cumpre aquilo a que se obrigou ou se obriga, inexato,
inverídico”. Conforme anunciou o apóstolo Paulo, homens infiéis são uma
das marcas dos últimos tempos (1 Tm 3.1-4). Encontramos por diversas vezes Deus
revelando seu pesar pela infidelidade dos homens em várias áreas:
2.1 Social.
No período de Isaías, a injustiça social imperava,
ocorria infidelidade no trato com a causa alheia, não havia sinceridade, nem
interesse pela verdade, a vida humana era desconsiderada, e isso com vistas ao
lucro pessoal (Is 1.21-23). Paulo informa que esse e outros tipos de
comportamentos semelhantes, tem como origem a “concupiscência do coração,
paixões infames, sentimento perverso” (Rm 1.24,26,28); sendo estes “néscios,
infiéis nos contratos, sem afeição natural, irreconciliáveis, sem
misericórdia” (Rm 1.31).
2.2 Religiosa.
A idolatria, heresias, modismos doutrinários etc,
são expressões da infidelidade na área religiosa (Js 22.16; 1 Cr 10.13; Rm
1.18-23). A palavra idolatria fala de prestar culto a um ídolo e abrange tudo
aquilo que usurpa o lugar de Deus. O Senhor abomina qualquer tipo de idolatria
sendo destacado que é abominável para Deus (Dt 7.25); tola e sem sentido (Sl
115.4,8). Por esse motivo é que logo no segundo mandamento, por meio de Moisés,
O Senhor proíbe qualquer tipo de idolatria (Êx 20.3-5).
2.3 Moral.
No aspecto moral a infidelidade é vista por meio da
quebra dos preceitos divinos, nos quais se é visto o propósito de Deus na
preservação da família, por meio da fidelidade conjugal (1 Co 7.10,11,27)
conservando o padrão monogâmico de casamento (1Co 7.1-3, 39; 1Tm 3.2, 11,12). A
infidelidade é abominável aos olhos de Deus (Ml 2.14-16).
III. FIDELIDADE
DEMONSTRADA
A fé como fruto do Espírito não é subjetiva, antes,
é verificável. Há pessoas que dizem possuí-la, mas negam com suas obras (Tt
1.16). Tiago ensina que: “a fé, se não tiver as obras é morta em si
mesma” (Tg 2.17). A fidelidade é de uma importância vital para a vida
cristã em três aspectos, vejamos:
3.1 Fidelidade a Deus.
Para ilustrar a importância da fé e a sua
praticidade, o escritor da epístola aos Hebreus reúne na conhecida “galeria
dos heróis da fé”, exemplos de personagens que marcaram sua geração;
podemos perceber essa ênfase pela expressão repetidamente usada “pela fé”.
Destacar que essa fé não é estática, ou seja, não ficou no campo da crença, da
reflexão, de forma teórica, pois a expressão “pela fé” sempre é seguida
de verbos (Hb 11.3,4,5,7,8,9,11,18,20,21,22,23,24,27,28,30,31,33-37,39);
indicando ações que os homens e mulheres de Deus tomaram, para demostrarem sua
fidelidade a Deus.
3.2 Fidelidade ao próximo.
Como possuidores dessa virtude do fruto do
Espírito, nos tornamos pessoas dignas de confiança, daí a sua importância para
o relacionamento interpessoal. O crente deve inspirar confiança aos que estão à
sua volta, tendo algumas atitudes, tais como: a) mantendo sempre sua palavra (Mt 5.37;1Tm 3.8); b) assumindo as responsabilidades no
lar (Ef 5.22-28; 6.1-4; 1Tm 5.8); c)
cooperando na obra de Deus (1Co 4.1,17; 6.21); d) sendo fiel com o que é alheio (Mt 24.45,46; Lc 16.1-12); como
empregado (Ef 6.5-8; Cl 3.22-25); ou como empregador (Ef 6.9; Cl 4.1).
3.3
Fidelidade a si mesmo.
Nesse aspecto a fidelidade é vista quando somos
aquilo que dizemos ser. Davi em um de seus Salmos afirma: “Aborreço a duplicidade, porém amo
a tua lei” (Sl 119.113). Quem vive uma vida dúbia, é inconstante, não
há firmeza nem resistência (Tg 1.8). Deus quer que sejamos o que dizemos que somos
não mostrando duplicidade ou falsidade quanto a nossa devoção a ele (1 Sm
12.24).
IV. FIDELIDADE
RECOMPENSADA
Para os que são fiéis, Cristo fez uma promessa (Ap
22.12). Vejamos alguns exemplos de fidelidade e sua respectiva recompensa:
4.1 Moisés.
Era um homem fiel, e, por isso, foi escolhido para
libertar o povo de Deus do Egito (Êx 3.1-10; Hb 3.5). Em Hb 11.24-27
encontramos três atitudes que demonstram claramente sua fidelidade a Deus: a) Ele recusou ser chamado filho da
filha de Faraó, uma posição elevadíssima, para um escravo hebreu; b) ele escolheu ser maltratado junto
com o povo de Deus, mesmo podendo desfrutar de todo conforto do palácio; c) ele deixou o Egito, não temendo a
ira do rei. Somente a fé (fidelidade) poderia fazê-lo tomar tais atitudes e
como recompensa foi usado nas mãos de Deus, desfrutando de intima comunhão com
Ele (Nm 12.7,8).
4.2 Daniel e seus companheiros.
Demonstraram sua fidelidade a Deus na corte em Babilônia
em diversas ocasiões: a) quando lhe
foi determinado que ele comesse do manjar do rei, que o levaria a desobedecer a
palavra de Deus, Daniel intentou no seu coração não se contaminar (Dn 1.8); b) ao serem obrigados a se prostrar
diante da estátua do rei Nabucodonosor, não se curvaram para a adorar a imagem
(Dn 3.1-30); c) diante do decreto
real e sua sentença, Daniel perseverou em oração (Dn 6.10). Ele preferiu ser
jogado na cova dos leões, e como recompensa foram honrados nas mais
diversas áreas (Dn 1.17-21; 3.28-30; 6.21-28).
CONCLUSÃO
Por ocasião da Queda, o pecado afetou o relacionamento
do homem com Deus, consigo mesmo e com o próximo. Mas, a partir da conversão, o
Espírito Santo passa a habitar no crente e a produzir o fruto do Espírito, com
suas virtudes morais e espirituais, dando-lhe condições de viver em novidade de
vida e de obter o caráter e a natureza de Cristo, que é fiel e verdadeiro.
REFERÊNCIAS
CHAMPLIN, Norman. Enciclopédia de Bíblia Teologia e Filosofia. HAGNOS.
GILBERTO, Antônio. O Fruto do Espírito. CPAD.
GOMES, Oziel. As
Obras da Carne e o Fruto do Espírito Santo. CPAD.
STAMPS, Donald C. Bíblia de Estudo Pentecostal. CPAD.
TYNDALE, Dicionário
Bíblico. GEOGRÁFICA.
VINE, W.E et al. Dicionário Vine. CPAD.
WILLMINGTON, Harold L. Guia de Willmington para a Bíblia-Vol.2. ACADÊMICO.
Por Rede Brasil de
Comunicação.
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