1 Jo 2.12-17
INTRODUÇÃO
Nesta lição
traremos uma definição de moderação; veremos que o domínio próprio é a
capacidade efetiva que o cristão deve ter de controlar seu corpo e sua mente;
pontuaremos que a dimensão final do fruto do Espírito é a temperança ou
autocontrole, isto é, a autodisciplina; e, por fim mostraremos que o autocontrole
é a capacidade de ser moderado e equilibrado, de dominar o ego e controlar a si
próprio.
I. DEFINIÇÃO
No grego, a
palavra temperança é “enkráteia”, que significa: “moderação,
temperança, equilíbrio, autocontrole, disciplina, domínio próprio”. A
palavra vem do grego cuja raiz significa “pegar”, segurar”, designa uma pessoa
que segura a si mesma, que se mantém no pleno controle de si mesmo sobre os
próprios desejos e paixões (1Co 7.9; Tt 1.8; 2.5; 2Pe 1.6) (LOPES,
2011, p. 250). O crente, que aceita que o Espírito Santo o transforme segundo a
imagem de Jesus, desenvolverá esta virtude em todas as áreas da vida (2Co
3.18). O fruto da temperança, domínio próprio ou autocontrole como é
conhecido, não é simplesmente natural ou aprendido por meios de cursos, mas
somente é concedido através da presença real do Espírito Santo na vida da
pessoa (2Tm 1.7). Paulo afirma que “todo atleta em tudo se
domina” (1Co 9.25) quando está treinando (HORTON, 1996, p. 492).
II. MODERAÇÃO: O DOMÍNIO PRÓPRIO
Em contraste com
as obras da carne, o fruto do Espírito possibilita uma vida digna e honrosa
diante de Deus e da sociedade: “buscai ao Senhor, vós todos os mansos da
terra […] buscai a mansidão [...]” (Sf 2.3; ver Ef 4.2). Vejamos:
2.1 A temperança
implica dominar os desejos e moderar os hábitos diários.
O fruto da
temperança abrange a renúncia aos desejos ou prazeres pecaminosos. O domínio
próprio aplica-se à disciplina que os atletas exercem sobre o próprio corpo (1 Co
9.25) e do domínio cristão do sexo (1Co 7.9). No grego corrente aplica-se à
virtude de um imperador que jamais permite que seus interesses privados influam
no governo do povo. É a virtude que faz ao homem tão dono de si, que é capaz de
ser servo de outros. A moderação baseia-se no autocontrole e nas moderações
encontradas naqueles que vivem para a Glória de Deus (2 Co 5.15; Cl 3.1-3)
(BARCLAY, 1988, p. 56).
2.2 O domínio
próprio é a capacidade de governar nossos próprios desejos.
Diferente da
pessoa que anda na carne, o servo do Senhor deve mostrar o domínio próprio (Gn
4.7; Pv 16.32; 25.28; At 24.25; 1Tm 3.2; Tt 2.2; 2Pd 1.6). “As três últimas
qualidades do fruto do Espírito dizem respeito ao ser interior: a) fidelidade
(confiabilidade); b) mansidão (o uso correto de poder e
autoridade); e, c) domínio próprio (autocontrole). Paulo adverte
que o fruto precisa do ambiente certo para se desenvolver (Gl 5.25, 26). Assim
como determinado fruto na natureza não cresce em todo tipo de clima, também o fruto
do Espírito não pode se desenvolver na vida de todos os cristãos” (WIERSBE,
2007, p. 941).
2.3 A temperança
realiza no cristão o inverso das maquinações e obras iníquas da carne.
A velha natureza
é até capaz de simular algum fruto do Espírito, mas a carne jamais será capaz
de produzir esse fruto. Uma das diferenças é que, quando o Espírito produz
fruto, Deus é glorificado… mas quando é a carne que opera, a pessoa orgulha-se
interiormente e se sente realizada com os elogios de outros. O trabalho do
Espírito é nos tornar mais semelhantes a Cristo para a glória dele, não para o
louvor dos homens (WIERSBE, 2007, p. 941).
2.4 O domínio
próprio é o controle que o cristão exerce sobre sua vida.
É a
autodisciplina sobre suas palavras e atos (Tg 3.2). É a virtude que nos dá as
condições para controlar nossa vida, nos capacitando a negar nossos desejos
carnais. A pessoa que aprende a se autodominar é capaz de vencer os vícios e
maus hábitos que governam suas vidas. O domínio próprio nos induz a refrear a
sensualidade e a usar todas as coisas com moderação (1Co 6.12), e quem tem
domínio próprio se autodomina (1Co 9.25), e não permite que sentimentos e
desejos o controlem; antes, controla-os, não se permitindo dominar por
atitudes, costumes e paixões.
2.5 O domínio
próprio é o controle de si mesmo sob a orientação do Espírito Santo.
Deus anela que o
crente tenha domínio próprio: “Seja a vossa moderação conhecida de todos
os homens [...]” (Fp 4.5), pois este fruto capacita o crente a
renunciar a impiedade (Tt 2.11,12; 1 Pe 4.2; 1 Jo 2.16,17). Ele nos ajuda a
dominar nossas fraquezas, e submetermo-nos à sua vontade (Jo 3.6; Rm 8.5-9).
Sem o auxílio do Espírito de Deus, nossas inclinações naturais cedem facilmente
aos desejos pecaminosos. O propósito divino é que os cristãos tenham uma vida
equilibrada espiritual, físico e emocional.
III. MODERAÇÃO: A TEMPERANÇA SOB
O CONTROLE DO ESPÍRITO
Essa temperança,
autocontrole ou domínio próprio não é algo natural, é uma ação do Espírito
Santo em nossas vidas como um delimitador para nós; é deixar ser controlado
pelo Espírito Santo. Notemos:
3.1 Moderação:
controlando os desejos e paixões.
Todos nós
estamos sujeito aos desejos pecaminosos; a fim de podermos seguir a orientação
do Espírito Santo, devemos, decididamente, enfrentá-los e crucificá-los (Gl
5.24). Esses desejos incluem pecados evidentes como imoralidade sexual,
incluem, também, outros que são menos óbvios, como hostilidade, ciúme e ambição
egoísta. Para se viver de modo que agrade ao Senhor, é preciso crucificar as
paixões que brotam na carne e as concupiscências, e ter a certeza de que Deus
sempre nos dá o êxito (1Co 15.57; Gl.5.24).
3.2. Temperança:
vivendo no equilíbrio do Espírito.
Ser temperante é
ter uma vida equilibrada, é viver com moderação. Isto significa que devemos
evitar os extremos de comportamento ou expressão, conservando os apropriados e
justos limites. O único caminho para nos libertarmos de nossos desejos
pecaminosos é deixar-nos ser guiados por intermédio do poder recebido do
Espirito Santo (Rm 8.9; Ef 4.23,24; Cl 3.3-8).
3.3.
Autocontrole: andando segundo o Espírito.
Andar “segundo
o Espírito” é estar sempre consciente de que estamos na presença de
Deus, e nEle confiarmos para que nos assista e conceda a graça de que
precisamos para que a sua vontade se realize em nós e através de nós. É
impossível obedecer à carne e ao Espírito ao mesmo tempo (Gl 5.17,18). Se
alguém deixa de resistir, pelo poder do Espírito Santo, a seus desejos
pecaminosos e, pelo contrário, passa a viver segundo a carne, torna-se inimigo
de Deus (Tg 4.4).
IV. A MODERAÇÃO E OS DESEJOS DA
CARNE
4.1. O domínio
próprio neutraliza os desejos da carne.
O desejo de Deus
é que todos vivam de modo correto, exercendo o autodomínio, não cedendo as
tentações, procurando ter um coração mais puro e santo. Ter o pensamento
voltado nas coisas de Deus é indispensável para sufocar os desejos da carne.
Pois, são tantos os meios que podem nos distanciar da presença de Deus. Quando
não há domínio próprio nos pensamentos, nas palavras e ações, logo aparecerá o
mau testemunho (Pv 15.1; 1Co 10.31; Fp 4.8).
4.2. O domínio
próprio conduz a santificação.
Para termos
domínio próprio temos que deixar ser primeiramente dominados pelo Espírito
Santo que é agente de santificação na vida do homem. A santificação é uma obra
de Deus, com a cooperação do homem (Fp 2.12,13; 2 Co 7.1). Para cumprir a
vontade de Deus quanto à santificação, o crente deve participar da obra
santificadora do Espírito Santo, ao cessar de praticar o mal (Is 1.16), ao se
purificar “de toda imundícia da carne e
do espírito” (2 Co 7.1; Rm 6.12; Gl 5.16-25) e ao se guardar da corrupção
do mundo (Tg 1.27; Rm 6.13,19; 8.13; Ef 4.31; 5.18; Tg 4.8).
4.3 O domínio
próprio conduz a transformação.
A santificação
requer que o crente mantenha profunda comunhão com Cristo (Jo 15.4), mantenha
comunhão com os crentes (Ef 4.15,16), dedique-se à oração (Mt 6.5-13; Cl 4.2),
obedeça à Palavra de Deus (Jo 17.17), tenha consciência da presença e dos
cuidados de Deus (Mt 6.25-34), ame a justiça e odeie a iniquidade (Hb 1.9),
mortifique o pecado (Rm 6), submeta-se à disciplina de Deus (Hb 12.5-11),
continue em obediência e seja cheio do Espírito Santo (Rm 8.14; Ef 5.18).
V. A MODERAÇÃO EM ÁREAS
ESPECÍFICAS DE NOSSA VIDA
A temperança
pode significar virtude pela qual o homem consegue refrear a sua língua como
também a moderação no comer e no beber. A temperança é uma necessidade para o
bom viver do cristão e uma demonstração de que realmente provamos o novo
nascimento (1 Pe 3.4).
5.1 Controle da
língua.
A temperança
começa com o controle da língua (Sl 34.13; Pv 13.3; Tg 1.26; 3.1-12). O cristão
não deve se envolver em conversação torpe nem em palavras vãs (Ef 4.29; 5.4; 2 Tm
2.25; Tg 1.21; 3.13).
5.2 Controle do
tempo.
O cristão não
deve ocupar-se com atividades inúteis, mas deve ocupar-se com atividades edificantes
(1 Co 10.23). Jesus destacou a importância de usar nosso tempo (Lc
12.15-21,35-48). O crente equilibrado o dividirá entre a família, o trabalho, o
estudo da Bíblia, a igreja, a oração, o descanso e o lazer. O indivíduo que
desperdiça tempo em atividades inúteis, não tem domínio próprio (1 Ts 5.6-8).
5.3 Controle da
mente.
O crente não
deve pensar coisas vãs e infrutíferas, mas pensar tudo que é puro, justo e
verdadeiro (Rm 13.14; Fp 4.8). No mundo de hoje, há muitas atrações e
passatempos aparentemente inofensivos com o objetivo de afastar-nos de nossas
responsabilidades para com Deus (1 Ts 5.22). O que lemos, vimos, ou ouvimos
causa impacto em nossa mente (2 Sm 11.1-4), por isso precisamos da ajuda do
Espírito Santo a fim de conservá-la pura (Sl 101.3).
CONCLUSÃO
O fruto da
temperança suscitado pelo Espírito Santo opõe-se a todas as obras da natureza
pecaminosa carnal e humana. Ao longo da vida terrena, precisamos exercer o
governo disciplinado sobre os desejos da carne. O melhor antídoto contra as
obras da carne é estar cheio do Espírito Santo, porque desta maneira estaremos
sob o seu controle.
REFERÊNCIAS
STAMPS, Donald C.
Bíblia de Estudo Pentecostal. CPAD.
BARCLAY, Willian.
As obras da carne e o fruto do Espírito. Edições Vida Nova.
LOPES, Hernandes
Dias. Gálatas: A carta da liberdade cristã. Hagnos.
WIERSBE, Warren W. Comentario Biblico
Expositivo Mateus a Galátas. Geográfica.
Por Rede Brasil de
Comunicação.
Nenhum comentário:
Postar um comentário