Mt 5.27-32
INTRODUÇÃO
Na
lição desta semana, estudaremos sobre o casamento, a primeira instituição
criada por Deus. Traremos as definições etimológica e teológica do termo,
abordaremos sobre sua indissolubilidade. Refletiremos sobre o discurso de Jesus
em Mt 5.27-32, abordaremos sobre o princípio da santidade do matrimônio, e por
fim, refletindo sobre os perigos da cobiça e adultério.
I. DEFINIÇÃO DE CASAMENTO
1. Definição etimológica.
“Ato ou efeito de casar; vínculo conjugal
entre um homem e uma mulher; união voluntária de um homem e uma mulher, nas
condições sancionadas pelo direito, de
modo que se estabeleça uma família legítima” (HOUAISS, 2001, p. 641 –
grifo nosso). O artigo 226, parágrafo 3º da Constituição Federal diz que para
efeito da proteção do Estado, é reconhecida a união estável entre o homem
e a mulher como entidade familiar, devendo a lei facilitar sua
conversão em casamento. Como podemos ver, tanto o dicionário como a
Constituição Federal, conceituam o casamento como “união entre duas pessoas de sexos
diferentes”, o que deixa claro que a união homossexual não pode ser
caracterizada como casamento. É importante ressaltar aqui que a união
estável não é casamento, mas, poderá ser transformada em casamento. O código
civil no Artigo 1514 diz que: “O casamento se realiza no momento em
que o homem e a mulher manifestam, perante o juiz, a sua vontade
de estabelecer vínculo conjugal, e o juiz os declara casados”.
2. Definição teológica.
“Instituição
que tem por objetivo legalizar a união entre um homem e uma mulher”
(CLAUDIONOR, 2006, p. 91). Ainda pode-se dizer que o casamento é uma instituição
social de origem divina, fundada no princípio da raça humana, para dar origem e
sustentação à família (Gn 2.22-24; Mt 19.4-6). O casamento é um
concerto, ou aliança entre pessoas de sexos opostos diante de Deus, da família,
da igreja, de serem marido e mulher enquanto viverem (Mt 19.6; Mc 10.9; Rm 7.2;
1Co 7.39).
3. Definição da Declaração de fé das
Assembleias de Deus.
Casamento
ou união matrimonial - Instituição criada por Deus, que tem por princípios
reguladores e estruturantes a monogamia: “Portanto, deixará o varão o seu pai e a sua
mãe e apegar-se-á à sua mulher, e serão ambos uma só carne” (Gn 2.24) e
a heterossexualidade: “Ele, porém, respondendo, disse-lhes: Não
tendes lido que, no princípio, o Criador os fez macho e fêmea” (Mt
19.4). Pelo casamento, um homem e uma mulher, por livre consentimento, decidem
unir-se mediante um pacto solene, do qual o Senhor Deus é a principal
testemunha (Ml 2.14,15), e, na condição de cônjuges sob os aspectos legal,
formal, moral e espiritual, prometem viver em fidelidade mútua, até que a morte
os separe (Mt 19.6) (SOARES, 2017, p. 204).
II. CASAMENTO: UMA UNIÃO INDISSOLÚVEL À LUZ DA BÍBLIA
1. O casamento é indissolúvel à luz do
AT.
A
Bíblia nos revela que Deus, ao criar o casamento, o fez para que fosse
indissolúvel “e apegar-se-á à sua mulher” (Gn 2.24b). A expressão “apegar-se”
no hebraico dãbaq significa: “apegar-se, grudar-se, esconder-se”.
Usado no hebraico moderno no sentido de “colar, aderir”, dabaq traduz a forma
substancial de “cola” e também as ideias mais abstratas de “lealdade
e devoção”. O uso no texto de (Gn 2.24) reflete o significado de um
objeto (pessoa) ser único a outro (VINE, 2002, p. 42). Três termos na Bíblia
nos atestam a indissolubilidade do casamento. Deus diz: “e apegar-se-á à sua mulher”
(Gn 2.24- b); Jesus diz: “Deus ajuntou” (Mt 19.6); e, Paulo diz:
“Porque a mulher... enquanto ele viver,
está-lhe ligada pela lei” (Rm
7.2).
2. O casamento é indissolúvel à luz do
NT.
Está
claro em toda a Escritura que o casamento deve ser para toda a vida. No Antigo
Testamento, por exemplo, o profeta Malaquias repreende os judeus por tratarem
de forma leviana o matrimônio. O Senhor deixa claro que DETESTA o divórcio (Ml
2.16), pois do marido e da mulher fez um só (Ml 2.15). No Novo Testamento, o
Senhor Jesus, falou explicitamente contra o divórcio (Mt 19.6). A perspectiva
paulina segue o mesmo padrão (Rm 7.2,3; 1Co 7.10,11,39). Portanto, a
vontade de Deus para o casamento é que cada cônjuge seja único até que a
morte os separe (Mc 10.7-9). A única exceção se dá em caso de
traição (Mt 19.9), entretanto, ainda assim, tal situação não se constitui em um
mandamento. Haverá sempre um espaço para o perdão e a reconciliação.
III. COMPREENDENDO MATEUS 5.27-32
1. Cobiça: um ato interior (Mt.
5.27-30).
Os
mestres religiosos da época de Jesus, acreditavam que evitando o adultério
formal, estariam cumprindo perfeitamente o mandamento de “Não adulterarás”. Com
isso, estavam limitando o alcance da aplicação do mandamento, que deveria ser
interpretado a luz do décimo mandamento: “[...] não cobiçarás a mulher de teu
próximo[...]” (Êx. 20.17; Dt 5.18). Para os fariseus e escribas,
enquanto o homem não cometia adultério, estava cumprindo o mandamento. Não
obstante, Jesus esclarecia: “Qualquer que olhar para uma mulher com
intenção impura, no coração, já adulterou”, pois do coração do homem é
que provém os maus desígnios (Mt 15.19-20). A concupiscência começa do lado de
dentro (Rm 3.10-18; 7.7), entendimento contrário ao que pensava os mestres
religiosos que defendiam uma interpretação mecanicista (STOTT, 2018, p. 43).
A) Como evitar a cobiça.
Como súditos do
reino, agora em Cristo podemos evitar a cobiça: a) possuímos uma nova natureza (2Co 5.17); b) tendo uma nova mente (1Co 2.16); c) permitindo que a Palavra domine nosso entendimento (2Co 10.5); d) renovando continuamente (Rm 12.2); e) priorizando os valores do Reino de
Deus (Fl 4.8); f) permitindo que o
Espirito domine nossa vida por inteiro (Gl 5.16); e, g) revestindo-nos do novo homem, para ser semelhante a Deus (Ef
4.24-32).
2. Adultério: um ato exterior (Mt 5.31-32).
Enquanto os
fariseus e escribas estavam preocupados com as razões do divórcio, o Senhor
Jesus se concentrava em estabelecer a natureza permanente do casamento (Mt
19.4-6) (STOTT, 2018, p. 48). O adultério ocorre quando um dos cônjuges se
torna infiel ao outro (Mt 19.9; Mc 10.11). Esta ação é chamada de adultério, e
este por sua vez, é a “relação sexual entre uma pessoa casada e
outra que não é o seu cônjuge” (WYCLIFFE, 2012, p. 35). No AT o
adultério é estritamente proibido: “Não adulterarás” é o sétimo
mandamento do Decálogo (Êx 20.14; Dt 5.18). Esta prática era punível sob a Lei
com morte por apedrejamento (Lv 20.10; Dt 22.22). No NT Os ensinamentos seguem
o mesmo padrão veterotestamentário quanto a reprovação da prática do adultério
(Rm 13.9; Gl 5.19; Tg 2.11). O Senhor Jesus estendeu a culpa pelo adultério da
mesma forma como fez para outros mandamentos, incluindo até o desejo de
cometê-lo ao próprio ato em si (Mt 5.28). O adultério é uma obra da
carne e os que praticam são passíveis de morte e não herdarão o Reino dos céus
(Rm 1.29-32; Gl 5.21).
A) Como evitar o adultério.
Vigilância, oração
e meditação na Palavra de Deus são os recursos mais importantes para quem
deseja vencer toda e qualquer tentação (Mt 26.41; Sl 119.9,11). Mas, no que diz
respeito a sedução do adultério, existe outros cuidados que o casal deve tomar.
Como: a) evitando as más
conversações (1Co 15.33); b)
guardando o coração e mente (Pv 4.23; Mt 15.19; Fp 4.8; Cl 3.1-3); c) afastando dos olhos aquilo que pode
levar a pessoa ao pecado (Jó 31.1; Sl 101.3; Mt 6.22,23); d) mantendo-se longe do conselho dos ímpios (Sl 1.1-3; 1Co 5.11); e) mortificando a carne e andando em
Espírito (Cl 3.5; Gl 5.16-18); f)
abstendo-se do ato sexual com o cônjuge apenas por consentimento mútuo e por
tempo determinado (1Co 7.5); g)
mantendo o cônjuge satisfeito (Pv 5.15; 1Co 7.3); h) observando a Palavra de Deus (Sl 119.11; Pv 4.20); e, i) orando e vigiando (Mt 26.41).
IV. O PLANO ORIGINAL
DO CASAMENTO SEGUNDO A BÍBLIA
1. O casamento é uma instituição divina.
Ele antecede toda
a cultura, tradição, povo ou nação. A história do primeiro casal, Adão e Eva, é
apresentada no AT como a gênese do casamento (Gn 2.18-25). O texto bíblico
deixa claro que Deus “formou uma mulher, e trouxe-a a Adão”
(Gn 2.22b). Logo, o casamento é uma instituição divina (Mt 19.5,6).
2. O casamento é um dom de Deus.
A palavra “dom”
no grego “charisma” significa: “presente”
dando a entender que o homem é presenteado por Deus com o matrimônio (Pv 18.22;
19.14). Paulo diz: “mas cada um tem de Deus o seu próprio dom, um de uma maneira e outro de
outra” (1Co 7.7). O apóstolo Paulo não coloca o celibato como regra,
mas como exceção, pois, esta abstinência deve ser voluntária (1Co 7.8,9). Logo,
quem casa não é menos santo que o que não deseja casar (1Tm 4.2,3). Afinal de
contas, tanto é dom de Deus desejar permanecer solteiro tanto quanto estar
casado.
3. O casamento é um estado honroso.
Está explícito que
o casamento é uma condição de honra, pois nele o sexo é desfrutado de forma
legal. O escritor aos hebreus nos diz: “Venerado seja entre todos o matrimônio e o
leito sem mácula” (Hb 13.4a). O dicionário Houaiss define a palavra
veneração como: “reverência, respeito, admiração, consideração”.
4. O casamento é uma complementariedade.
O relato bíblico
nos mostra que o homem estava só, pois faltava-lhe uma companheira (Gn 2.20).
Deus viu a necessidade de Adão e providenciou-lhe a mulher para suprir sua
carência “Não é bom que o homem esteja só; far-lhe-ei uma adjutora que
esteja como diante dele” (Gn 2.18). A mulher foi criada para ser a
amável companheira do homem e sua ajudadora para cooperar no plano de Deus para
a vida dele e da família por meio do casamento.
5. O casamento é uma identificação entre os gêneros.
Deus criou uma
pessoa para Adão com quem ele se identificasse: “E da costela que o Senhor
Deus tomou do homem, formou uma mulher, e trouxe-a a Adão”
(Gn 2.22). Deus estava criando não apenas um outro indivíduo, mas um indivíduo
novo, totalmente diferente, com outro sexo. Adão identificou-se de tal maneira
com a mulher que expressou a respeito dela da seguinte maneira: “Esta
é agora osso dos meus ossos, e carne da minha carne; esta será
chamada mulher, porquanto do homem foi tomada” (Gn 2.23).
6. O casamento é um estado de relacionamento.
Outro propósito
pelo qual Deus instituiu o casamento foi para que o homem tivesse com quem se
relacionar plenamente (Pv 5.18). O texto sagrado nos mostra que através do
matrimônio Deus tinha em mente proporcionar ao homem e a mulher um
relacionamento de forma: a) física:
“e
apegar-se-á à sua mulher”; b)
sexual: “e serão ambos uma carne”; e c) emocional: o homem que “estava só” (Gn 2.1) agora
tinha alguém para dirigir seu afeto (Gn 2.23).
CONCLUSÃO
Como observamos, o
casamento é uma instituição de origem divina. Seu padrão se encontra revelado
nas Escrituras Sagradas, sendo indissolúvel. Como súditos do reino, precisamos
viver a cada dia, sua ética, evitando que a cobiça e a prostituição e demais obras
da carne, venham fazer parte de nossa vida. Que sejamos sempre um louvor para
Sua glória.
REFERÊNCIAS
Ø ANDRADE,
Claudionor
de. Dicionário Teológico. CPAD.
Ø LOPES,
Hernandes Dias. Casamento, divórcio e novo casamento. HAGNOS.
Ø PFEIFFER,
Charles F. et al. Dicionário Bíblico Wyclliffe. CPAD.
Ø GOMES.
Osiel. Os Valores do Reino de Deus: A relevância do Sermão do Monte para a Igreja de Cristo. CPAD.
Ø STAMPS,
Donald C. Bíblia de Estudo Pentecostal. CPAD.
Ø STOTT,
Jonh. Lendo o Sermão do Monte com Jonh Stott. ULTIMATO.
Ø REIFLER,
Hans Ulrich. A Ética dos Dez Mandamentos. VIDA NOVA.
Por
Rede Brasil de Comunicação.