sábado, 23 de abril de 2022

LIÇÃO 04 – RESGUARDANDO-SE DE SENTIMENTOS RUINS


 
 
 
 
Mt 5.21-26
 
 
 
INTRODUÇÃO
Nesta lição, destacaremos definições de palavras que são essenciais para a compreensão da temática abordada por Jesus, no texto em apreço; ressaltaremos também, os perigos dos maus sentimentos e suas implicações na vida cristã; e por fim, elencaremos quais a principais atitudes que o cristão deve ter, para corrigir e se prevenir dos sentimentos ruins.
 
 
I. DEFININDO OS TERMOS RESGUARDAR E SENTIMENTOS
1. Definindo o termo resguardar.
Segundo o dicionarista (HOUAISS, 2001, p. 2437) o termo resguardar é: “abrigar, cobrir, livrar, defender, guardar com cuidado: resguardar um procedimento”.
 
2. Definindo o termo sentimentos.
O termo sentimentos significa: “ação de sentir, de perceber através dos sentidos, de ser sensível. capacidade de se deixar impressionar, de se comover; emoção. expressão de afeição, de amizade, de amor, de carinho, de admiração sensação de pesar; expressão de mágoa; tristeza” (HOUAISS, 2001, p. 2548). Os sentimentos são um estado de ânimo que surge em relação a estímulos externos, sendo considerada a expressão mental da emoção.


II. O PERIGO DOS SENTIMENTOS RUINS
1. Definição de cólera.
A palavra grega traduzida por encolerizar, é: “orgidzõ” que indica: “provocar ou enfurecer, exasperar-se, estar irado, furioso”. Em sentido prático, Jesus ensinou que seus seguidores não deveriam nem pensar em se encolerizar a ponto de cometer um assassinato, pois já teriam então cometido um assassinato no coração. Aqui, a palavra “cólera” se refere a um desespero planejado e revoltado que sempre ameaça fugir do controle, levando à violência, aflição emocional, maior tensão mental, prejuízo espiritual e, sim, até a morte. A cólera nos impede de desenvolver um espírito agradável a Deus. A ira pecaminosa é insensata, pois nos faz destruir em vez de edificar. Tira nossa liberdade e nos faz prisioneiros. Odiar alguém é cometer homicídio no coração (1Jo 3.15).
 
2. O perigo da ira na vida do crente.
Existe uma ira santa contra o pecado (Ef 4.26), mas Jesus refere-se aqui a uma ira pecaminosa contra as pessoas. A palavra que usa em Mateus 5.22 indica: “ira cultivada, malignidade alimentada no interior”. A cólera não fica apenas interiorizada, mas, se revela através de palavras e ações extremamente violentas (Gn 4.6,8). Trazendo algumas consequências, como segue:
  • Interfere na comunhão (Mt 5.24). Jesus descreve uma experiência pecaminosa constituída de vários estágios, como é próprio de todo pecado (Tg 14,15). Notemos: a) sentimento de ira sem motivo: “[...] se encolerizar contra seu irmão [...]; b) a manifestação da ira em palavras: chamar seu irmão de raca [...], chamar de louco [...]”, que põe mais lenha na fogueira e, c) por fim, leva à condenação: “[...] será réu do fogo do inferno” (Mt 5.22). Tal sentimento e comportamento é algo que não deve encontrar espaço na vida do autêntico servo de Cristo: “Mas, agora, despojai-vos também de tudo: da ira, da cólera, da malícia, da maledicência, das palavras torpes da vossa boca” (Cl 3.8), nem muito menos na relação interpessoal entre os súditos do Reino: “Toda amargura, e ira, e cólera, e gritaria, e blasfêmias, e toda malícia seja tirada de entre vós” (Ef 4.31). 
  • Interfere na devoção (Mt 5.23,24). Desenvolver uma convivência sem ressentimentos ou raiz de amargura é tão vital para a vida cristã que o Senhor condiciona a entrega de nossa oferta no altar de Deus a buscarmos primeiro a reconciliação com o ofendido. Tal oferta não será aceita se não tomarmos a iniciativa de reparar a nossa falta. O altar é o lugar perfeito para o Espírito Santo trazer à nossa memória todos os pecados cometidos, inclusive contra o próximo. E ele sempre o faz quando somos sensíveis à sua presença (cf. Rm 8.26,27). A partir daí, se queremos ser sinceros com Deus, não nos aquietaremos enquanto não buscarmos fazer as pazes com a pessoa a quem ferimos. Isto significa que, se estamos em Cristo, a qualidade do nosso relacionamento pessoal indica como está o nível de nossa comunhão com Deus. 


III. CORRIGINDO OS SENTIMENTOS RUINS
1. Reparando as ofensas.
Fica claro no ensinamento do Mestre é que problemas de comportamento precisam ser resolvido no nascedouro (Mt 5.23,24), antes que alcance proporções trágicas no relacionamento pessoal e chegue a um ponto sem retorno (cf. Ef 4.26). E buscar sempre reparar o erro cometido. Por conseguinte, reparar a ofensa impõe-se pelas seguintes razões: 
a) a ofensa não reparada é o ponto de partida para uma série de outras situações prejudiciais aos envolvidos, entre elas as chamadas doenças psicossomáticas que muitas vezes têm origem em mágoas não resolvidas (ver Hb 12.14,15); 
b) a ofensa é também a causa de ressentimentos que amargam o espírito, destroem o prazer do companheirismo e resultam em atitudes rancorosas contra o próximo, e, 
c) se a ofensa não for reparada na origem poderá ter consequências imprevisíveis, além da perda da espiritualidade. Isto também implica em que só quando houver disposição para reparar a ofensa o crente estará apto para trazer livremente a sua oferta e ser aceito na presença de Deus. Se desejamos o seu perdão, devemos então desenvolver a capacidade de perdoar os que nos ofendem e sermos perdoados por aqueles a quem temos ofendido (Mt 6.12; 18.23-35).
 
2. Preservando o companheirismo.
Esta é a melhor maneira de se evitar incidentes no relacionamento com o próximo. Se inexiste causa — a ofensa — inexistirão os efeitos. O Senhor ensina sobre a extrema necessidade da preservação do companheirismo nos seguintes termos:

  • Urgente: “Concilia-te depressa” (Mt 5.25). É algo que jamais deve ser adiado, se queremos desfrutar uma melhor qualidade de vida. O apóstolo Paulo interpretou a questão nos seguintes termos: “Irai-vos e não pequeis; não se ponha o sol sobre a vossa ira” (Ef 4.26). 
  • Enquanto há tempo: “enquanto estás no caminho” (Mt 5.25). Significa agir enquanto há tempo, antes de chegar ao tribunal. Esta é uma área em que quanto mais os dias passam, torna-se maior a possibilidade de se aprofundarem os ressentimentos, causando graves transtornos aos envolvidos. Em outras palavras, é imprescindível restaurar os relacionamentos antes que seja tarde demais e se chegue a situações irreversíveis. 
  • Antes que não tenha mais volta: “antes que te encerrem na prisão” (Mt 5.25). O Senhor recorreu à linguagem dos procedimentos jurídicos para determinar que, nesta fase diante do juiz, provada a culpa, só resta a aplicação da sentença configurada na prisão do condenado. É o ponto sem retorno onde o réu tem de arcar com todas as penas previstas em lei, isto é, pagar até o último ceitil (Mt 5.26). A proposta de Jesus, portanto, foi evitar chegar a esta situação de onde não há mais volta. Isto revela, por outro lado, que se Deus leva tão a sério os relacionamentos humanos, ensinando sobre como restaurá-los, com mais intensidade deseja que aprofundemos a nossa comunhão com Ele. A resposta para ambas as situações é andar na luz como Deus está (1Jo 1.7).

3. Exercendo o perdão.
O reino dos céus tem valores essencialmente diferentes dos que caracterizam as instituições terrenas e as organizações seculares. A sociedade dos perdoados fica sem sentido, se os que são perdoados não perdoam. O verbo “perdoar” significa: “renunciar a punir; desculpar; poupar; ver com bons olhos” (HOUAISS, 2001 p. 2185). Sobre o perdão, Jesus nos ensinou que: 
  • O perdão não deve ser limitado (Mt 18.21,22). A resposta de Jesus a pergunta de Pedro quantas vezes se devia perdoar o irmão ofensor com a sugestão de “até sete” (Mt 18.21-c), teve como resposta do Mestre “até setenta vezes sete” (Mt 18.22), o que significa dizer: de forma ilimitada. Assim como Deus amou o mundo de maneira ilimitada (Jo 3.16), devemos reproduzir este amor nos nossos relacionamentos (1 Jo 3.16). 
  • O perdão não deve ser negado (Mt 18.35a). Jesus ensinou que não podemos negar o perdão aquele que arrependido nos rogar, tendo como base o caráter generoso do próprio Deus, que sempre nos perdoa quando sinceramente lhe pedimos. A Bíblia diz que Ele “está pronto a perdoar” (Sl 86.5); e, que é “grandioso em perdoar” (Is 55.7). Veja ainda: (2Cr 7.14; Pv 28.13; 55.7; 1Jo 2.1). Portanto, quando perdoamos nos assemelhamos a Deus (Lc 6.36; Ef 4.32 Cl 2.13; 1 Jo 1.9; 2.12). 
  • O perdão não deve ser superficial (Mt 18.35b). Perdoar é mais que palavras (1Jo 3.18). Jesus ensinou que é preciso que o perdão brote do coração, ou seja, do íntimo do nosso ser (Mt 18.35-b). A Bíblia diz que não podemos guardar ira no coração (Ef 4.26; Tg 3.14), nem permitir que nele brote raiz de amargura (Ef 4.31; Hb 12.15). Como é nele que pode se formar o ódio, é nele que o perdão deve nascer a fim de curar o mal em sua nascente. Ainda sobre o perdão é preciso destacar que: a) é uma condição para permanecermos em comunhão Deus (Mt 6.12,14-15; 18.35; Mc 11.25,26); b) ele revela se somos autênticos cristãos (Mt 3.8; 7.20; 12.33; Lc 6.44; Gl 5.22); e, (c) ele é condição para Deus receber a nossa oferta (Mt 5.23,24).


CONCLUSÃO
A cólera é o primeiro passo para a prática do homicídio, é um mal que precisa ser evitado e combatido. É pelo amor ao próximo e o exercício do perdão genuíno, que somos conhecidos como discípulos de Cristo, demonstramos que somos nascidos de Deus e súditos de seu Reino. 
 
 

REFERÊNCIAS
Ø  ALMEIDA, Abraão de. O Sábado, a Lei e a Graça. CPAD.
Ø  ANDRADE, Claudionor Correia de. Dicionário Teológico. CPAD.
Ø  COMENTÁRIO DO NOVO TESTAMENTO APLICAÇÃO PESSOAL. Vol. 1. CPAD.
Ø  LAHAYE, Tim F. Temperamentos transformados. MUNDO CRISTÃO.
Ø  HENDRIKSEN, William. Comentário do Novo Testamento. CULTURA CRISTÃ.
Ø  HOUAISS, Antônio. Dicionário da Língua Portuguesa. OBJETIVA
Ø  STAMPS, Donald C. Bíblia de Estudo Pentecostal. RJ: CPAD.

 

 Por Rede Brasil de Comunicação.


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