Mt 5.21-26
INTRODUÇÃO
Nesta lição, destacaremos definições de palavras que são
essenciais para a compreensão da temática abordada por Jesus, no texto em
apreço; ressaltaremos também, os perigos dos maus sentimentos e suas
implicações na vida cristã; e por fim, elencaremos quais a principais atitudes
que o cristão deve ter, para corrigir e se prevenir dos sentimentos ruins.
I. DEFININDO OS
TERMOS RESGUARDAR E SENTIMENTOS
1. Definindo o termo resguardar.
Segundo o dicionarista (HOUAISS, 2001, p. 2437) o termo
resguardar é: “abrigar, cobrir, livrar, defender, guardar com cuidado:
resguardar um procedimento”.
2. Definindo o
termo sentimentos.
O termo
sentimentos significa: “ação de sentir, de perceber através dos sentidos, de
ser sensível. capacidade de se deixar impressionar, de se comover; emoção.
expressão de afeição, de amizade, de amor, de carinho, de admiração sensação de
pesar; expressão de mágoa; tristeza” (HOUAISS, 2001, p. 2548). Os
sentimentos são um estado de ânimo que surge em relação a estímulos externos,
sendo considerada a expressão mental da emoção.
II. O PERIGO DOS SENTIMENTOS RUINS
1.
Definição de cólera.
A palavra grega traduzida por encolerizar, é: “orgidzõ”
que indica: “provocar ou enfurecer, exasperar-se, estar irado,
furioso”. Em sentido prático, Jesus ensinou que seus seguidores não
deveriam nem pensar em se encolerizar a ponto de cometer um assassinato, pois
já teriam então cometido um assassinato no coração. Aqui, a palavra “cólera” se
refere a um desespero planejado e revoltado que sempre ameaça fugir do
controle, levando à violência, aflição emocional, maior tensão mental, prejuízo
espiritual e, sim, até a morte. A cólera nos impede de desenvolver um espírito
agradável a Deus. A ira pecaminosa é insensata, pois nos faz destruir em vez de
edificar. Tira nossa liberdade e nos faz prisioneiros. Odiar alguém é cometer
homicídio no coração (1Jo 3.15).
2. O perigo
da ira na vida do crente.
Existe uma ira santa contra o pecado (Ef 4.26), mas Jesus
refere-se aqui a uma ira pecaminosa contra as pessoas. A palavra que usa em
Mateus 5.22 indica: “ira cultivada, malignidade alimentada no interior”. A
cólera não fica apenas interiorizada, mas, se revela através de palavras e
ações extremamente violentas (Gn 4.6,8). Trazendo algumas consequências, como
segue:
- Interfere na comunhão (Mt 5.24). Jesus descreve uma experiência pecaminosa constituída de vários estágios, como é próprio de todo pecado (Tg 14,15). Notemos: a) sentimento de ira sem motivo: “[...] se encolerizar contra seu irmão [...]; b) a manifestação da ira em palavras: chamar seu irmão de raca [...], chamar de louco [...]”, que põe mais lenha na fogueira e, c) por fim, leva à condenação: “[...] será réu do fogo do inferno” (Mt 5.22). Tal sentimento e comportamento é algo que não deve encontrar espaço na vida do autêntico servo de Cristo: “Mas, agora, despojai-vos também de tudo: da ira, da cólera, da malícia, da maledicência, das palavras torpes da vossa boca” (Cl 3.8), nem muito menos na relação interpessoal entre os súditos do Reino: “Toda amargura, e ira, e cólera, e gritaria, e blasfêmias, e toda malícia seja tirada de entre vós” (Ef 4.31).
- Interfere na devoção (Mt 5.23,24). Desenvolver uma convivência sem
ressentimentos ou raiz de amargura é tão vital para a vida cristã que o Senhor
condiciona a entrega de nossa oferta no altar de Deus a buscarmos primeiro a
reconciliação com o ofendido. Tal oferta não será aceita se não tomarmos a
iniciativa de reparar a nossa falta. O altar é o lugar perfeito para o Espírito
Santo trazer à nossa memória todos os pecados cometidos, inclusive contra o
próximo. E ele sempre o faz quando somos sensíveis à sua presença (cf. Rm
8.26,27). A partir daí, se queremos ser sinceros com Deus, não nos aquietaremos
enquanto não buscarmos fazer as pazes com a pessoa a quem ferimos. Isto
significa que, se estamos em Cristo, a qualidade do nosso relacionamento
pessoal indica como está o nível de nossa comunhão com Deus.
III. CORRIGINDO OS SENTIMENTOS RUINS
1. Reparando as
ofensas.
Fica claro no
ensinamento do Mestre é que problemas de comportamento precisam ser resolvido
no nascedouro (Mt 5.23,24), antes que alcance proporções trágicas no
relacionamento pessoal e chegue a um ponto sem retorno (cf. Ef 4.26). E buscar
sempre reparar o erro cometido. Por conseguinte, reparar a ofensa impõe-se
pelas seguintes razões:
a) a ofensa não reparada é o ponto de partida
para uma série de outras situações prejudiciais aos envolvidos, entre elas as
chamadas doenças psicossomáticas que muitas vezes têm origem em mágoas não
resolvidas (ver Hb 12.14,15);
b) a ofensa é também a causa de
ressentimentos que amargam o espírito, destroem o prazer do companheirismo e
resultam em atitudes rancorosas contra o próximo, e,
c) se a ofensa não
for reparada na origem poderá ter consequências imprevisíveis, além da perda da
espiritualidade. Isto também implica em que só quando houver disposição para
reparar a ofensa o crente estará apto para trazer livremente a sua oferta e ser
aceito na presença de Deus. Se desejamos o seu perdão, devemos então
desenvolver a capacidade de perdoar os que nos ofendem e sermos perdoados por
aqueles a quem temos ofendido (Mt 6.12; 18.23-35).
2. Preservando o companheirismo.
Esta é a melhor maneira de se evitar incidentes no
relacionamento com o próximo. Se inexiste causa — a ofensa — inexistirão os
efeitos. O Senhor ensina sobre a extrema necessidade da preservação do
companheirismo nos seguintes termos:
- Urgente: “Concilia-te depressa” (Mt 5.25). É algo que jamais deve ser adiado, se queremos desfrutar uma melhor qualidade de vida. O apóstolo Paulo interpretou a questão nos seguintes termos: “Irai-vos e não pequeis; não se ponha o sol sobre a vossa ira” (Ef 4.26).
- Enquanto há tempo: “enquanto estás no caminho” (Mt 5.25). Significa agir enquanto há tempo, antes de chegar ao tribunal. Esta é uma área em que quanto mais os dias passam, torna-se maior a possibilidade de se aprofundarem os ressentimentos, causando graves transtornos aos envolvidos. Em outras palavras, é imprescindível restaurar os relacionamentos antes que seja tarde demais e se chegue a situações irreversíveis.
- Antes que não tenha mais volta: “antes que te encerrem na prisão” (Mt 5.25). O Senhor recorreu à linguagem dos procedimentos jurídicos para determinar que, nesta fase diante do juiz, provada a culpa, só resta a aplicação da sentença configurada na prisão do condenado. É o ponto sem retorno onde o réu tem de arcar com todas as penas previstas em lei, isto é, pagar até o último ceitil (Mt 5.26). A proposta de Jesus, portanto, foi evitar chegar a esta situação de onde não há mais volta. Isto revela, por outro lado, que se Deus leva tão a sério os relacionamentos humanos, ensinando sobre como restaurá-los, com mais intensidade deseja que aprofundemos a nossa comunhão com Ele. A resposta para ambas as situações é andar na luz como Deus está (1Jo 1.7).
3. Exercendo o perdão.
O reino dos céus tem valores essencialmente diferentes dos
que caracterizam as instituições terrenas e as organizações seculares. A
sociedade dos perdoados fica sem sentido, se os que são perdoados não perdoam.
O verbo “perdoar” significa: “renunciar a punir; desculpar; poupar; ver com
bons olhos” (HOUAISS, 2001 p. 2185). Sobre o perdão, Jesus nos ensinou que:
- O perdão não deve ser limitado (Mt 18.21,22). A resposta de Jesus a pergunta de Pedro quantas vezes se devia perdoar o irmão ofensor com a sugestão de “até sete” (Mt 18.21-c), teve como resposta do Mestre “até setenta vezes sete” (Mt 18.22), o que significa dizer: de forma ilimitada. Assim como Deus amou o mundo de maneira ilimitada (Jo 3.16), devemos reproduzir este amor nos nossos relacionamentos (1 Jo 3.16).
- O perdão não deve ser negado (Mt 18.35a). Jesus ensinou que não podemos negar o perdão aquele que arrependido nos rogar, tendo como base o caráter generoso do próprio Deus, que sempre nos perdoa quando sinceramente lhe pedimos. A Bíblia diz que Ele “está pronto a perdoar” (Sl 86.5); e, que é “grandioso em perdoar” (Is 55.7). Veja ainda: (2Cr 7.14; Pv 28.13; 55.7; 1Jo 2.1). Portanto, quando perdoamos nos assemelhamos a Deus (Lc 6.36; Ef 4.32 Cl 2.13; 1 Jo 1.9; 2.12).
- O perdão não deve ser superficial (Mt 18.35b). Perdoar é mais que palavras (1Jo 3.18). Jesus ensinou que é preciso que o perdão brote do coração, ou seja, do íntimo do nosso ser (Mt 18.35-b). A Bíblia diz que não podemos guardar ira no coração (Ef 4.26; Tg 3.14), nem permitir que nele brote raiz de amargura (Ef 4.31; Hb 12.15). Como é nele que pode se formar o ódio, é nele que o perdão deve nascer a fim de curar o mal em sua nascente. Ainda sobre o perdão é preciso destacar que: a) é uma condição para permanecermos em comunhão Deus (Mt 6.12,14-15; 18.35; Mc 11.25,26); b) ele revela se somos autênticos cristãos (Mt 3.8; 7.20; 12.33; Lc 6.44; Gl 5.22); e, (c) ele é condição para Deus receber a nossa oferta (Mt 5.23,24).
CONCLUSÃO
A cólera é o primeiro
passo para a prática do homicídio, é um mal que precisa ser evitado e
combatido. É pelo amor ao próximo e o exercício do perdão genuíno, que somos
conhecidos como discípulos de Cristo, demonstramos que somos nascidos de Deus e
súditos de seu Reino.
REFERÊNCIAS
Ø ALMEIDA,
Abraão de. O Sábado, a Lei e a Graça.
CPAD.
Ø ANDRADE,
Claudionor Correia de. Dicionário
Teológico. CPAD.
Ø COMENTÁRIO
DO NOVO TESTAMENTO APLICAÇÃO PESSOAL. Vol. 1. CPAD.
Ø LAHAYE,
Tim F. Temperamentos transformados.
MUNDO CRISTÃO.
Ø HENDRIKSEN,
William. Comentário do Novo Testamento.
CULTURA CRISTÃ.
Ø HOUAISS,
Antônio. Dicionário da Língua
Portuguesa. OBJETIVA
Ø STAMPS,
Donald C. Bíblia de Estudo
Pentecostal. RJ: CPAD.
Por
Rede Brasil de Comunicação.
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