Mt 5.17-20
INTRODUÇÃO
Na lição de hoje
estudaremos o relacionamento de Jesus e os seus discípulos com a Lei prescrita
no Antigo Testamento. Veremos que o nosso Salvador não veio para destruir a
Lei, e sim para cumpri-la. E, por fim, notaremos que o padrão ético moral dos
discípulos deveria exceder aos dos escribas e fariseus.
I. JESUS RATIFICOU A LEI
1. O Senhor Jesus ratificou a inviolabilidade da lei.
Isto significa que
ao afirmar o seu compromisso de não “destruir a lei e os profetas”; pois o
texto Bíblico registra: “Não penseis que vim revogar a lei ou os
profetas: não vim para revogar, vim para cumprir” (Mt 5.17). Cristo
ratificou todo o Antigo Testamento, considerando-o como a revelação conhecida
de Deus. O Mestre chegou, inclusive, a citar a divisão comumente empregada
pelos estudiosos da época, como aparece em Lucas 24.44: “Lei, Salmos e Profetas”.
Sob este aspecto, o Antigo Testamento introduziu no mundo o projeto de Deus em
Cristo que se realizou no Novo Testamento, mediante a proclamação da chegada do
Reino de Deus (Mc 1.14,15).
2. O Senhor Jesus ratificou a lei moral.
Jesus não invalida
as exigências da lei moral, como ensinadas por Moisés. Ele não coloca em seu
lugar uma nova lei moral. Jesus, antes, enfatiza a compreensão correta da lei,
e, visando isto, expõe com seriedade o seu conteúdo espiritual. Ele quer
cumprir, expor inteiramente o verdadeiro significado da lei, para contrapor-se
à influência da exposição rasa e superficial, então em voga, e apresentar uma
obediência perfeita da lei. (LOPES, 2019, p. 36).
3. O Senhor Jesus ratificou a infalibilidade da lei.
Os opositores de
Jesus insinuavam que ele estava sabotando a revelação de Deus dada a Moisés.
Porém, longe disso, Jesus afirmou categoricamente que nem um “i” ou um “til” da
lei jamais passarão até que tudo se cumpra (Mt 5.18). A Palavra de Deus é
inerrante e infalível. A mente que a produziu não é humana, mas divina. A
verdade nela contida não caduca com o tempo, mas é eterna (Mt 24.35). A lei
apontava para Cristo. Os profetas falaram de Cristo. A lei cerimonial era uma
sombra da realidade que é Cristo. Ele é o fim da lei (Rm 10.4). Os profetas
anunciaram o nascimento, a vida, o ministério, as obras, a morte, a
ressurreição e o senhorio de Cristo. Tudo isso, rigorosamente, se cumpriu nele
(LOPES, 2019, p. 193).
II. O RELACIONAMENTO DOS JUDEUS COM A LEI
1. O relacionamento dos fariseus com a Lei.
Os fariseus. Essa
palavra provém do grego: “farisaios”, vem do adjetivo aramaico
que significa: “separado, dividido”. Talvez seus inimigos
tenham cunhado esse nome, pois os fariseus viviam separados do povo temendo a
imundície. Eles gostavam de chamar-se “haberin”, “companheiros”, ou “qedosim”,
“santos”. Ao lado da “lei oral”, os fariseus acrescentaram certos corolários,
para explicar a lei, que se tornaram acréscimos insuportáveis aos judeus. Jesus
os condenou por guardarem “preceitos e doutrinas de homens” em detrimento da
verdadeira Lei do Senhor. Além da Lei, os fariseus guardavam preceitos de
homens, que Jesus chamou de vã tradição (Mc 7.8,9). Esses mandamentos da
tradição foram registrados e catalogados no Talmude. Eles colocavam essa “tradição”
de homem acima da Lei de Deus (Mc 7.1-23) (TOGNINI, 2009, p.67).
2. O relacionamento dos saduceus com a Lei.
Seita pequena de
sacerdotes ricos e de influência, que antes de Cristo ganhou o domínio sobre o
sacerdócio. Os saduceus não eram propriamente uma seita, nem um partido
político e nem uma escola de filosofia; mas tinham características de todos os
três (BOYER, 2002, p. 675). Surpreendentemente, os saduceus eram considerados
conservadores quanto a doutrinas antigas, e consideravam o Templo e seu sistema
sacrificial como supremos. Eles opunham-se aos fariseus, e o principal ponto de
divisão era o entendimento da lei. Os dois partidos reconheciam a supremacia da
Torá, mas os saduceus só aceitavam a lei escrita, enquanto os fariseus
obedeciam ao amplo conjunto de tradições junto com a lei escrita (WYCLIFFE,
2007, p. 1727).
3. O relacionamento de Cristo com a Lei.
A. O padrão moral para os discípulos tem que ser
justo.
Jesus chama seus
discípulos para um tipo e qualidade de justiça diferentes dos escribas e
fariseus: “Porque vos digo que, se a vossa justiça não exceder a dos escribas e
fariseus, de modo nenhum entrareis no Reino dos céus” (Mt 5.20). Eles
se orgulham da sua obediência exterior a muitos regulamentos extra bíblicos, mas
ainda possuem coração impuro. Contudo, a justiça do Reino trabalha de dentro
para fora, pois primeiro produz coração transformado e novas motivações (Rm
617; 2Co 5.17; Gl 5.22-23; Fp 2.12; Hb 8.10) a fim de que o comportamento
efetivo dos seguidores de Jesus realmente “[exceda] em muito a justiça] dos
escribas e fariseus (BÍBLIA DE ESTUDO NAA, 2018, p. 1707).
B. O padrão moral para os discípulos tem quer ser
santo.
Uma marca
claríssima do Reino de Deus é a santidade. Desde o Antigo Testamento, o Senhor
estabeleceu a santificação como premissa maior para sua dominação (Êx 19.5,6;
Lv 11.44). A Bíblia mostra claramente a necessidade de vivermos uma vida santa
por meio de várias exortações (Rm 13.13,14; Ef 4.17-24; Fp 4.8,9; Cl 3.5-10). A
responsabilidade do crente quanto à santificação, é destacada pelo escritor aos
Hebreus (Hb 12.14a) (CHAMPLIN, 2002, p. 647). Sobretudo, a necessidade de uma
vida santa é vista ao afirmar que: “[…] sem a santificação ninguém verá
ao Senhor” (Hb 12.14b). A vontade de Deus tem sido sempre de que seus
filhos reflitam seu caráter (Tt 2.14).
C. O padrão moral da Lei para os discípulos foi
ampliado.
Interessante
assinalar que no Novo Testamento, os padrões ético-morais são ampliados pelo
nosso Senhor Jesus Cristo. É possível, à luz do Sermão da Montanha, traçarmos
um rápido paralelo entre os ditames dados por meio de Moisés e por meio de
Cristo. Notemos:
PENTATEUCO |
SERMÃO DA MONTANHA |
Os homicidas seriam punidos (Êx 20.13) |
Aqueles que tão somente se irritarem sem causa contra o irmão será réu de juízo (Mt 5.22) |
Os que praticassem o adultério seriam punidos (Êx 20.14) |
Aqueles que tão somente desejarem o próximo já cometeram adultério (Mt 5.28) |
Olho por olho e dente por dente (Êx 21.23...) |
Pagar o mal com o bem (Mt 5.39-42) |
Amar o amigo e aborrecer o inimigo (Mt 5.43) |
Amar os inimigos, bendizer os maledicentes, fazer o bem aos odientos e fazer o bem aos maus e perseguidores (Mt 5.44). |
V.
COMO DEVE SER OS VERDADEIROS DISCÍPLOS DO JESUS
Discípulos fiéis
se caracterizam por qualidades como: a) permanecer na Palavra de Jesus, b)
demonstrar fé inabalável e lealdade a ele, c) ter amor uns pelos outros, e)
andar na luz, f) produzir frutos e g) prestar serviço humilde uns aos outros
(Jo 8.31-36; 13.34-35). O discipulado exige também obediência (Lc 6.46)
(ADEYEMO, 2010, p. 1252). Vejamos algumas características do verdadeiro
discípulo:
1. O verdadeiro discípulo ama seu mestre (Mc 3.14; Lc
6 12.13).
Jesus cumpriu as
palavras da Antiga Aliança que nos ensinam a amar a Deus acima de tudo (Dt 6.5;
Mc 12.30,31). Isso não significa deixar de amar a todos e a tudo, mas sim amar
mais a Jesus. Na medida em que o meu amor por Jesus cresce, cresce também o meu
amor pelas vidas ao meu redor, pela minha família e por mim mesmo (Jo 21.14; Lc
14.26). Marcos 3.14 nos diz que: “os escolheu para que estivessem com ele”.
Isto quer dizer que Jesus os chamou para que fossem seus amigos (Jo 15.15).
2. O verdadeiro discípulo é submisso (Mc 10.42-45).
No Dicionário
submisso quer dizer: “dócil e servo”; o verdadeiro
discípulo reconhece que Deus não aceita menos que um espírito quebrantado e
contrito (Sl 51.17). A falta de submissão é como um câncer que cresce dentro de
alguém, às vezes a pessoa nem percebe que tem essa doença, mas ele fica quieto,
não dá sinais visíveis, mas num determinado instante estoura e destrói tudo que
está por perto (1Sm. 15.24). Existem três áreas que mais claramente é
manifestada a rebeldia do homem: Em palavras, obras e pensamentos.
CONCLUSÃO
Os fariseus,
saduceus e escribas relacionavam-se com a Lei de Deus de modo legalista, além
disso acrescentaram muitos preceitos humanos. O Senhor Jesus, por sua vez,
cumpriu a Lei e ressaltou o principal moral e santo da Lei que deve nortear a
vida de todo cristão.
REFERÊNCIAS
Ø ADEYEMO,
Tokunboh et al. Comentário bíblico
africano. Mundo Cristão.
Ø BOYER,
Orlando. Enciclopédia Bíblica. São
Paulo: CPAD.
Ø CHAMPLIN,
R. N. Dicionário de Bíblia, Teologia e
Filosofia. HAGNOS.
Ø PFEIFFER,
Charles F.; VOS, Howard F.; REA, John (Org.). Dicionário Bíblico Wicliffe. CPAD.
Ø TOGNINI,
Eneas. Período Inter bíblico. São
Paulo: HAGNOS.
Ø Bíblia de Estudo NAA.
Sociedade Bíblica do Brasil, SBB.
Por
Rede Brasil de Comunicação.
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