sábado, 9 de abril de 2022

LIÇÃO 02 – SAL DA TERRA, LUZ DO MUNDO


 
 
 
 
Mt 5.13-16

 
 
 
INTRODUÇÃO
Nesta lição estudaremos sobre uma das principais metáforas utilizadas por Cristo, para ilustrar o caráter e o testemunho do autêntico cristão; veremos também as principais características do sal e da luz, de acordo com as Escrituras e a sua aplicação à vida cristã; e, por fim, qual deve ser a conduta do discípulo de Cristo no mundo.
 
 
I. CONSIDERAÇÕES SOBRE O SAL À LUZ DAS ESCRITURAS
1. Definição do termo.
Do hebraico a palavra sal é: “melach”, procedente de: “malach”, que significa: “rasgar, dissipar, ser dispersado, ser dissipado, salgar, temperar”. A palavra sal aparece pela primeira vez em Gênesis 14.3, e até chegar ao profeta Sofonias (Sf 2.9) surge aproximadamente trinta vezes no Antigo Testamento (GOMES, 2022, pp. 37,38). No grego, sal “hálas”, que aparece aproximadamente doze vezes no Novo Testamento.
 
2. Suas ocorrências no Antigo Testamento.
O sal, encontrado em grande quantidade na área do Mar Morto e comprado dos comerciantes no Norte pelos judeus tinha muitas utilidades. Era usado como: a) condimento para temperar alimentos para o homem (Jó 6.6), para o animal (Is 30.24 - ARA), b) para preservar os alimentos da putrefação (Êx 30.35); c) acompanhamento obrigatório de alguns dos sacrifícios, particularmente da oferta de manjares (Lv 2.13), e dos holocaustos (Ez 43.24); d) valor medicinal, os recém-nascidos eram banhados nele e esfregados com ele (Ez 16.4). O uso figurado também é comum. Por um lado, montes e minas de sal expressavam a figura de aridez e esterilidade (Dt 29.23; Sf 2.9). Por outro lado, o sal simbolizava o valioso e o virtuoso. Um pacto de amizade era selado com um presente de sal (ainda observado pelos árabes hoje), e o acordo entre Deus e seu povo foi chamado de uma “aliança perpétua de sal” (Nm 18.19; 2Cr 13.5), sendo o sal símbolo de lealdade e perpetuidade (TENNEY, vol. 5, 2008, p. 348).
 
3. Suas ocorrências no Novo Testamento.
Na antiguidade o sal possuía um valor muito grande. Os romanos, em uma frase que em latim era algo como uma das rimas comerciais da atualidade, diziam: “Nada é mais útil que o sol e o sal” (BARCLAY, sd, p.129). Entre outras formas de uso, destacava-se a sua função monetária nas transações comerciais. É tanto que o termo salário deriva do latim: “salarium”, que significa: “dinheiro de sal”, como parte do pagamento aos soldados romanos. A ideia de purificação é proeminente em Marcos 9.49, onde o Senhor diz que, no julgamento final, “cada um será salgado com fogo”. O apóstolo Paulo recomenda sabedoria, prudência e salubridade na conversação cristã quando ele diz: “a vossa palavra seja sempre agradável, temperada com sal, para saberdes como deveis responder a cada um” (Cl 4.6). Para ilustrar a importância do testemunho cristão, o Senhor Jesus utilizou-se de dois elementos comuns entre eles o sal; Jesus, portanto, contextualiza a sua mensagem, utilizando um símbolo comum aos discípulos para que eles compreendessem a importância de sua vida de retidão em meio à sociedade corrupta (Mt 5.13-15).
 
 
II. O CRISTÃO COMO SAL DA TERRA
1. Se contrapõe à corrupção do mundo.
O sal é valorizado por dois atributos principais: gosto e conservação. Por isso, Jesus se utilizou do mesmo para tipificar o papel dos seus discípulos. A ilustração do sal fala do nosso caráter; a luz fala do nosso testemunho. Note-se que, como Cristo falou primeiro no sal da terra e depois na luz do mundo, assim o caráter precede o testemunho. Enquanto o mundo é caracterizado pela corrupção e pela degeneração da moral e de bons hábitos (Gn 6.5; Êx 32.7-9; Jz 2.10-15; 2Rs 17.7-23; 23.25,26), o cristão como sal da terra, evita a deterioração. O autêntico servo de Deus, onde quer que se encontre, precisa ser um instrumento da resistência do Espírito Santo contra a corrupção, contra a degeneração total da sociedade sem Deus; a igreja não é o sal do saleiro e sim, sal da terra. Desse modo, a igreja é o freio moral do mundo (2Ts 2.7).  
 
2. Não deve perder a sua essência.
A mais evidente marca do sal é que ele é essencialmente diferente do meio em que é posto. Sua eficácia está precisamente em preservar essa diferença; eis a razão da advertência do Senhor: “[...] e, se o sal for insípido, com que se há de salgar? [...] (Mt 5.13b). A salinidade do crente é o seu caráter, é o seu bom testemunho, de acordo com as bem-aventuranças. De modo que, se os cristãos forem influenciados pelo mundo no lugar de influenciar, perderão completamente a sua utilidade: “[...] para nada mais presta [...]” (Mt 5.13). A igreja só pode ser relevante se for diferente do mundo (Rm 12.2; Tg 4.4; 1Jo 2.15-17), caso contrário, será um desastre e uma vergonha: “[...] senão para se lançar fora e ser pisado pelos homens” (Mt 5.13). “felizes, afortunado, bem-aventurado”. Essa expressão trata das qualidades presentes na vida dos que dependem de Deus, que estão sob seu domínio e soberania e seguem a Jesus com sinceridade [...]. O Sermão do Monte, Jesus ensina que a verdadeira felicidade nada tem a ver com o que o homem deseja, mas sim, com o que ele precisa (GOMES, 2022, p. 27).
 
3. Se conduz com discrição.
O sal, antes de ser aplicado é visível, mas ao começar a agir, temperando, preservando, se torna invisível. O sal age invisivelmente, mas sua ação é claramente sentida. Ser “sal da terra” é, muitas vezes, manter-se anônimo, invisível e imperceptível aos olhos. Semelhantemente, o verdadeiro e genuíno cristão também não aparece, mas deixa que os efeitos da sua presença se apresentem, até porque não quer jamais a glória para si, mas, sim, para o Senhor (Jo 3.30).
 
4. Produz sede por Deus aos que estão à sua volta.
O sal tem a propriedade de provocar sede. O crente, como sal, portanto, produz sede espiritual nos outros, conduzindo as pessoas àquele que é a fonte da salvação (Jo 1.40-,42, 44-46 4.28-30,42). É a multidão perguntando aos apóstolos: “Que faremos varões irmãos?” (At 2.37). É o carcereiro de Filipos clamando: Senhores! Que é necessário que eu faça para me salvar?” (At 16.31). São as multidões à procura de Jesus (Mt 4.25; 8.1; 12.15; 14.14).
 
 
III. O CRISTÃO COMO LUZ DO MUNDO
1. Transmite luz para todos.
Todos os cristãos são luz no Senhor: “Porque, noutro tempo, éreis trevas, mas, agora, sois luz no Senhor; andai como filhos da luz” (Ef 5.8), e devem resplandecer como astros no mundo: “para que sejais irrepreensíveis e sinceros, filhos de Deus inculpáveis no meio duma geração corrompida e perversa, entre a qual resplandeceis como astros no mundo” (Fp 2.15). Diferente do sal, que não é visto em ação, a luz só tem valor quando é percebida. A ausência da luz permite que a escuridão prevaleça. Mas, quando a luz chega, as trevas desaparecem (Mt 4.13-16; Jo 1.5). Ela tanto brilha sobre um criminoso como sobre uma criança inocente. Ela tanto brilha sobre um lamaçal, como sobre uma imaculada flor. Assim deve ser o crente no desempenho de sua missão de luz no mundo, espargindo a luz do Evangelho de Cristo: “nem se acende a candeia e se coloca debaixo do alqueire, mas, no velador, e dá luz a todos que estão na casa” (Mt 5.15), sobre todos os povos, raças, culturas e indivíduos, independente de idade, sexo, cor, religião, profissão e posição (Mt 28.18-20).
 
2. Sua luz precisa ser mantida.
Se a luz estiver apagada ou escondida, nenhum benefício trará ao ambiente: “Vós sois a luz do mundo; não se pode esconder uma cidade edificada sobre um monte” (Mt 5.14). A luz que iluminava as casas nos tempos de Jesus era de lamparina, alimentada através de um pavio mergulhado em azeite. O tipo de material da lâmpada variava, mas o combustível era um só: o azeite (Mt 25.4). O mesmo ocorre ao verdadeiro cristão. Ele depende sempre do óleo do Espírito Santo para difundir a luz de Cristo e a luz do Evangelho (Ec 9.8; 1Jo 2.20,27).
 
3. Não se mistura com as trevas.
Quando Jesus diz que somos a luz do mundo, está afirmando que a luz se opõe ao mundo, que está em trevas (Is 9.2; 59.9; Jo 1.5; 3.19; Rm 13.12; 2Co 6.14). Ser luz do mundo, significa praticar as boas obras (Jo 3.20,21). Mesmo que ela ilumine lixo, sujeira, lamaçal, etc., a luz não se contamina. Assim deve ser o crente: viver neste mundo tenebroso a difundir a luz de Cristo, sem se contaminar com o pecado (Dn 1.8), e as obras infrutuosas das trevas: “E não comuniqueis com as obras infrutuosas das trevas, mas, antes, condenai-as" (Ef 5.11).
 
4. Glorifica o nome do Senhor.
A glória de Deus é o bem supremo que devemos procurar em tudo o que fizermos na vida cristã: “[...] para que em tudo Deus seja glorificado por Jesus Cristo, a quem pertence a glória e o poder para todo o sempre. Amém!” (1Pe 4.11). Devemos não somente nos empenharmos para glorificar, nós mesmos, a Deus, mas também devemos fazer tudo o que pudermos para motivar os outros a glorificá-lo. A visão das nossas boas obras fará isto: “Assim resplandeça a vossa luz diante dos homens, para que vejam as vossas boas obras e glorifiquem o vosso Pai, que está nos céus” (Mt 5.16). Fica evidente, portanto, que o comportamento regular, santo e exemplar dos servos de Deus, podem fazer muita coisa com relação à conversão dos pecadores (1Pe 3.1).
 
 
CONCLUSÃO
O sal e a luz são relevantes pelo efeito que exercem. Sem eles não haveria qualidade de vida. Portanto, cada cristão deve ser relevante, isto é, brilhar o máximo por Jesus, primar pela excelência espiritual, realçar a distinção entre o verdadeiro crente e o mundo.
 
 
 
REFERÊNCIAS
Ø  BARCLAY, William. Comentário do Evangelho de Mateus.
Ø  GOMES. Osiel. Os Valores do Reino de Deus: A relevância do Sermão do Monte para a Igreja de Cristo. CPAD.
Ø  Lições Bíblicas Jovens e Adultos. 2º Trimestre 2001. CPAD.
Ø  TENNEY, C. Merryl. Enciclopédia da Bíblia. Vol. 5. CULTURA CRISTÃ.
 
 
Por Rede Brasil de Comunicação.

 

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