Mt
4.1-11
INTRODUÇÃO
Nesta lição introduziremos o assunto definindo a palavra
“tentação”; destacaremos que a caminhada cristã é repleta de tentações que são
obstáculos rumo ao céu; pontuaremos também quais os agentes da tentação e como
deve ser a postura do cristão diante deles; e, por fim, falaremos sobre como
vencer as tentações.
I. DEFINIÇÃO DO TERMO TENTAÇÃO
Exegeticamente os termos empregados na Bíblia para tentação e
provação são os mesmos. No hebraico “massah” e no grego “peirasmos”
significam respectivamente: “prova, provação, teste da fé,
juízo”. Já o verbo correspondente, “peirazein” é
traduzido por “tentação dirigida para um fim proveitoso”, em
alusão as tentações com propósitos e efeitos benéficos (Lc 4.1-11). A expressão
pode estar também relacionada ao conflito moral, isto é, a uma incitação aos
desejos da carne, ou seja, o ato de pecar (VINE, 2002, p.1014 – grifo e
acréscimo nosso). Assim, a palavra “peirasmos” tem dois
significados em Tiago que são: a) “adversidades externas, provações,
processo de testar, provar", no versículo 2. b) nos versículos 13 e
14 ela significa "impulso íntimo para o mal, tentação” (Moody, sd, p. 5). Logo,
a palavra pode ter conotação tanto positiva quanto negativa, dependendo do seu
contexto (Sl 95.8; Mt 6.13; Lc 8.13; Gl 4.14; Ap. 3.10).
II. OS PERIGOS NA CAMINHADA CRISTÃ
Assim como existia a modalidade das corridas nos jogos
olímpicos da antiguidade, os escritores bíblicos apresentam a corrida que todo
cristão deve percorrer, e lembra seus leitores que a vida cristã é semelhante a
uma competição (At 13.25; 20.24; 2 Tm 4.7; Hb 12.1). A palavra “carreira”
aqui usada em Hebreus 12.1, denota, na língua original, a ideia de “luta”,
“conflito” (Fp 1.30; 1Ts 2.2). A ideia de uma disputa intensa
associada ao verbo correr informa-nos que a figura usada para descrever a vida
cristã é uma corrida, mais especificamente, a uma maratona de longa distância.
Nessa caminhada temos que vencer os obstáculos. O escritor diz o que são: “deixemos
todo embaraço e o pecado que tão de perto nos rodeia” (Hb 12.1). A
palavra grega é “ogkon”, sendo aqui usada no sentido de “embaraço”
ou “estorvo”. Seu significado primordial é de “volume”,
seja em tamanho, seja em “peso” (ARA). Já a palavra “pecado”
no grego “hamartia”, literalmente “errar o alvo”,
e que o escritor é enfático ao dizer que o pecado “que tão de perto nos
rodeia”. A expressão grega dá a ideia de algo que “incomoda
continuamente”, e isto acontece, por meio das tentações que enfrentamos
em nossa trajetória. Na corrida da fé o pecado é o maior obstáculo a ser
vencido (Wiley, 2013, p. 504).
III. OS AGENTES DA TENTAÇÃO
Em Tiago nos versos 12 e 13 o apóstolo fala sobre as
provações internas, isto é, as tentações. A palavra tentação na versão Almeida
e Corrigida carrega a ideia de seduzir ao pecado. Tiago provavelmente tinha em
mente a doutrina judia do “Yetzer ha ra'”, que é o “impulso
do mal”. “Alguns judeus arrazoavam que tendo Deus criado tudo, devia
também ter criado o impulso do mal, e considerando que é o impulso do mal que
tenta o homem ao pecado. Em última análise é Deus que o criou, e por isso é o
autor e responsável pelo mal” (Barclay, sd. p. 52). Tiago aqui REFUTA essa
ideia afirmando que “Deus não pode ser tentado pelo mal, e ele mesmo a
ninguém tenta”. Em vez de acusar Deus pelo mal, o homem deve
assumir a responsabilidade pessoal dos seus pecados. É a sua própria cobiça que
o atrai e o seduz (Tg 1.14,15). Vejamos os agentes da tentação e como devemos
agir diante deles:
1. O Diabo.
Do grego “diablos”, é o principal agente da
tentação (Mt 4.3; Lc 4.13; 1Ts 3.5). Sobre esse inimigo, Pedro afirmou: “[…]
porque o diabo, vosso adversário […]” (1Pe 5.8; ver Tt 2.8), adversário
do grego: “antidikos” de “anti”, “contra” e
“dike”, uma causa ou demanda legal, traz a ideia de um opositor
um inimigo (Lc 18.3). Cujo propósito básico é separar o homem de Deus (2Co
11.3). Engana-se quem pensa que o diabo age de forma desordenada. Ele é um ser
calculista, ou seja, que age de forma planejada para alcançar os seus objetivos
malignos (2Co 2.11; 1Tm 3.7-b). O apóstolo Paulo asseverou que: “precisamos
ficar firmes contra as astutas ciladas do diabo” (Ef 6.11). A palavra “ciladas”
vem do grego “metodeia”, que significa: “métodos,
estratagemas, armadilhas”. O diabo tem um grande arsenal de armadilhas,
ele pesquisa meticulosamente (Jó 1.7; 2.2) em busca de nossos pontos
vulneráveis (Zc 3.1,3), e não hesita em buscar brechas em nossa vida espiritual
(1Pd 5.8), ele age insistentemente para nos levar a pecar contra Deus (Gn
39.10; Ne 6.4,5,13), não desistindo facilmente (Mt 4.1-11; ver Lc 4.13). Muitas
vezes as ciladas perigosas surgem com ares de inocência, mas que são preparadas
para pegar de surpresa o crente, tanto na esfera física, como moral, e
espiritual.
2. A carne.
Do grego “sarx”, refere-se a natureza caída, as
paixões, os desejos e apetites desordenados que estão presentes em nossa
natureza (1Co 10.13; Tg 1.14,15). Podemos dizer que a carne é o mais perigoso
de todos os inimigos. Pois, enquanto os demais são externos, este inimigo
reside em nós mesmos. “Cada um, porém, é tentado pelo PRÓPRIO MAU desejo,
sendo por esse iludido e arrastado. Em seguida, esse desejo, tendo concebido,
faz nascer o pecado, e o pecado, após ter se consumado, gera a morte” (Tg
1.14,15 – Bíblia King James). Sabendo disto o diabo nos tenta nas nossas
concupiscências. A cerca dessa “natureza” a Bíblia nos orienta a: não
andarmos segundo seus impulsos (Rm 8.1-a); nos despojarmos dela
(Ef 4.22); e, fazermos morrer seus desejos (Cl 3.5).
3. O mundo.
O mundo aqui do grego: “kosmos” não é o planeta
Terra onde vivemos, mas, é o presente século mau, o grande sistema do mal ao
redor de nós (Gl 1.4; 6.14), que é governado por um príncipe (Jo 14.30; 2Co
4.4). É o governo mundial de rebelião contra Deus, e que se opõe ao Senhor
Jesus e satisfaz: “a concupiscência da carne, a concupiscência dos olhos
e a soberba da vida” (1Jo 2.15-17). A Bíblia oriente o cristão quanto à
postura correta em relação ao mundo:
POSTURA DO CRISTÃO
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REFERÊNCIAS
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Não ganhar o mundo em troca
da alma
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Mt 4.8-10; Mt 16.26
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Não ser do mundo
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Jo 15.19; 17.14,16
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Ser crucificado para o mundo
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Gl 5.24; 6.14
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Brilhar como a luz no mundo
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Mt 5.13-16; Fp 2.15
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Negar os desejos mundanos e
viver justamente
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Tt 2.12; Tg 1.27
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Não ser amigo do mundo
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Tg 4.4
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Escapar da poluição e
corrupção do mundo
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2Pe 1.4; 2.20
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Não amar o mundo nem as
coisas que há nele
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1Jo 2.15-17
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Ser como Cristo no mundo
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1Jo 4.17
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Vencer o mundo com a fé
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1Jo 5.4-5
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Não se conformar com o mundo
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Rm 12.1,2
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IV. COMO VENCER AS TENTAÇÕES
Todo servo de Deus deve saber que não há tentação invencível.
Por duas razões dizemos isto: A primeira é que Jesus venceu todos os nossos
inimigos e nos garante a vitória (Jo 16.33; Cl 2.15). A segunda é que quando
somos tentados, Deus sempre nos dá um escape “Não veio sobre vós
tentação, senão humana; mas fiel é Deus, que não vos deixará tentar acima do
que podeis, antes, com a tentação dará também o escape, para que a possais
suportar” (1Co 10.13). Deus não ignora nossa estrutura, mas se lembra
que somos pó (Sl 103.14), por isto o nosso socorro é garantido pela compaixão
do nosso Deus (Hb 4.15; 2.18).
MEIOS PARA VENCER AS TENTAÇÕES
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Orando e vigiando (Mt
26.41)
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Renunciando a si mesmo (Gn
39.7-12)
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Tomando toda a armadura de Deus (Ef 6.10-18)
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Refugiando-se em Jesus (Hb
2.18)
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Evitando a ociosidade (2Sm
11.1,2; 2Pe 1.8-10)
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Sujeitando-se a Deus (Tg
4.7a)
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Evitando tudo que possa levar a tentação (Pv 27.12; 1Ts 5.22)
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Resistindo ao Diabo (Tg
4.7b)
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Lendo e meditando na Palavra de Deus (Js 1.7,8)
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Estando cheio do Espírito Santo (Ef 5.18)
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Andar em Espírito (Gl
5.16); e ocupar a mente com o que é santo (Fp 4.8; Cl 3.2)
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Viver uma vida de santidade (Ef 4.22-5.1; 1Ts 5.23; 1Pe 1.16;)
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Amando a Deus e ao próximo (1Co 13; Cl 3; 12-17; 1Jo 4:7,8)
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Manifestando o fruto do Espírito (Jo 15.1-5,16; Gl 5.22,23; Ef 2.10)
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CONCLUSÃO
As tentações são uma realidade na vida cristã. Todo crente as
enfrentará, durante toda a sua caminhada rumo ao céu. Diante disso, devemos
buscar a Deus e utilizarmos as armas da oração, vigilância, jejum a fim de não
sermos enredados pelos ataques do mal.
REFERÊNCIAS
ü BARCLAY, William. Comentário
Bíblico de Tiago. PDF
ü GONÇALVES, José. A
supremacia de Cristo Fé. CPAD.
ü HENRY, Matthew. Comentário
Bíblico de Tiago. PDF
ü MOODY, D. L. Comentário
Bíblico de Tiago. PDF
ü STAMPS, Donald C. Bíblia
de Estudo Pentecostal. CPAD.
ü VINE, W.E, et al. Dicionário
Vine. CPAD.
ü WILEY, Orton. A
excelência da nova aliança em Cristo. Central Gospel.
Por
Rede Brasil de Comunicação.