Jo 1.1-4; 9-14
INTRODUÇÃO
Nesta
lição veremos o que nos diz a Declaração de Fé das Assembleias de Deus do
Brasil sobre os nomes e títulos divinos de Jesus, sobre sua deidade absoluta e
sobre o significado da expressão “filho de Deus” aplicado a Jesus; pontuaremos
o que a Bíblia diz a respeito da pessoa divina de Jesus; e por fim,
analisaremos biblicamente a natureza divina de Jesus.
I. A DECLARAÇÃO DE FÉ DAS ASSEMBLEIAS
DE DEUS NO BRASIL
A
Declaração de Fé das Assembleias de Deus no Brasil apresenta o que os
assembleianos creem sobre a divindade de Jesus da seguinte forma: “CREMOS,
professamos e ensinamos que o Senhor Jesus Cristo é o Filho de Deus (Jo 20.31)
e o único mediador entre Deus e os seres humanos (Jo 14.6; 1Tm 2.5), enviado
pelo Pai para ser o Salvador do mundo (1Jo 4.14), verdadeiro homem e verdadeiro
Deus: “e dos quais é Cristo, segundo a carne, o qual é sobre todos, Deus
bendito eternamente. Amém” (Rm 9.5)” (Soares [Org.], 2017, p. 49).
1.
Nomes e títulos divinos de Jesus.
Há
dezenas de nomes e títulos de nosso Senhor Jesus Cristo nas Escrituras
Sagradas. O nome “Senhor” fala sobre a divindade de Jesus. A Septuaginta,
antiga versão grega do AT, traduziu os nomes divinos hebraicos “Adonay” e
“Yahweh” pelo nome grego “Kyrios”, que é “Senhor”.
Dizer que Jesus é o Senhor significa reconhecer a sua divindade: “e
ninguém pode dizer que Jesus é o Senhor, senão pelo Espírito Santo” (1Co
12.3). O nome Jesus vem do hebraico “Yehoshua” ou “Yeshua” —
“Josué”, que significa “Javé é salvação”. A Septuaginta emprega “Iesous”
para ambas as formas. A expressão “Iesous” é o nome do
Salvador usado no NT grego, que chegou para nossa língua como “Jesus”.
O nome Cristo é a forma grega do hebraico “mashiach” que
significa “ungido, messias”. Assim, os nomes ou títulos “Messias”
e “Cristo” são a mesma coisa: “Achamos o Messias (que, traduzido, é o
Cristo)” (Jo 1.41) (Soares [Org.], 2017, p. 50).
2.
A deidade absoluta de Jesus.
A
Bíblia afirma com frequência que Jesus é Deus: “No princípio, era o
Verbo, e o Verbo estava com Deus, e o Verbo era Deus” (Jo 1.1); “Porque
nele [em Jesus] habita corporalmente toda a plenitude da
divindade” (Cl 2.9). As Escrituras Sagradas revelam os atributos
divinos na pessoa de Jesus. Ele é eterno: “Porque um menino nos nasceu,
um filho se nos deu; e o principado está sobre os seus ombros; e o seu nome
será Maravilhoso Conselheiro, Deus Forte, Pai da Eternidade, Príncipe da Paz” (Is
9.6); onipotente: “Eu sou o Alfa e o Ômega, o princípio e o fim, diz o
Senhor, que é, e que era, e que há de vir, o Todo-poderoso” (Ap 1.8);
onipresente: “Porque onde estiverem dois ou três reunidos em meu nome, aí
estou eu no meio deles” (Mt 18.20); e onisciente: “Agora,
conhecemos que sabes tudo” (Jo 16.30). As suas obras revelam também a
sua divindade. Ele é o absoluto soberano (Ef 1.21) e criador de todas as coisas
(Jo 1.3; Cl 1.16; Hb 1.2). [...] Possui títulos divinos, como “Eu Sou” (Jo
8.58), o Alfa e o Ômega, o Princípio e o Fim (Ap 21.6), e o Senhor dos Senhores
(Ap 19.16) (Soares [Org.], 2017, p. 51).
3.
O significado de “Filho de Deus”.
O
epíteto “Filho de Deus”, em relação ao Senhor Jesus Cristo, significa que Ele é
Deus igual ao Pai (Jo 5.17,18); trata-se de uma questão de substância ou
essência (Jo 5.23,26). Isso fica ainda mais claro na expressão “Filho
Unigênito”. O significado do termo na língua original revela a divindade de
Cristo. O termo usado para “unigênito” no NT grego é “monogenés”,
composto por dois vocábulos, “monós”, “único, só, solitário”, e “genós”,
“raça, cepo, tipo” [...]. Entendemos que a palavra reflete a ideia de natureza,
caráter, tipo. “Unigênito”, pois, significa o “único da espécie”, “único do
tipo”. Jesus é singular, o único Filho de Deus que tem a essência do Pai. O
adjetivo “unigênito” transmite a ideia de consubstancialidade; Jesus é tudo
quanto Deus é. Disse Jesus: “Eu e o Pai somos um” (Jo 10.30)
(Soares [Org.], 2017, pp. 52,53).
II. O QUE A BÍBLIA DIZ A RESPEITO DA
PESSOA DIVINA DE JESUS
Diversos
títulos são dados a pessoa de Jesus nas Escrituras. Vejamos:
1.
A expressão “Senhor” aplicada a Jesus.
O
adjetivo Senhor do hebraico “Yahweh”, do grego “Kyrios” é
“um título de reverência, pertencente a Deus, denotando-lhe o poder e a
soberania sobre tudo o que existe. No AT este era o título com que os profetas
nomeavam ao Deus de Israel (Jr 18.1; Ez 5.5; 5.23; Os 4.1). Já no NT o título
foi conferido ao Senhor Jesus Cristo que, através de sua morte vicária, recebeu
do Pai toda a autoridade (Mt 28.18; At 16.31; Rm 5.1; 2Pe 1.16)” (Andrade,
2006, p. 329). “O reconhecimento de que “Jesus Cristo é o Senhor” (Rm
10.9), parece ter se tornado uma das primeiras confissões da fé cristã,
servindo para distinguir entre os que creem e os que não creem em Jesus”
(Mcgrath, 2010, p. 410). Confira também (1Co 12.3; Fp 2.11).
2.
A expressão “Cristo” aplicada a Jesus.
O
adjetivo Cristo do hebraico “messiah”, do grego “christhos”
significa: “ungido” (Andrade, 2006, p. 122). As profecias
do AT revelaram, com muitos séculos de antecedência, que Deus enviaria um
Redentor, o Ungido de Deus (Sl 2.2; 45.7; 89.20; Is 61.1; Dn 9.25,26). O termo
Cristo é um título divino de Jesus, que designa-o como Deus e Salvador do
mundo, destacando-lhe em especial a divindade (Mt 16.16). É bom destacar que o
título de “Messias” ou “Cristo” dado a Jesus não
foi uma invenção dos seus discípulos, senão que foi: a) conferido pelo
próprio Pai (Mt 16.16,18; At 2.36); b) revelado pelo Espírito (Lc 2.26);
c) respeitado pelos anjos e demônios (Lc 4.41; Hb 1.6); d) declarado
por Jesus (Lc 4.16-21; Jo 4.25,26); e, e) pelos apóstolos (At 3.6,18,20;
4.10; Rm 1.4; 1Co 1.23). Paulo, em especial, usava também a expressão “Cristo
Jesus” (o título primeiro que o nome) para ressaltar a sua messianidade
(Rm 6.23; 8.39; 2Tm 1.2). Na Bíblia, há mais de trezentas profecias a respeito
do Messias. Abaixo destacaremos algumas e o seu cumprimento em Jesus:
PROFECIA
|
PROFETIZADO EM:
|
CUMPRIDO EM:
|
O Messias filho da mulher
|
Gn 3.15
|
Gl 4.4
|
O Messias descendente de Abraão,
Isaque e Jacó
|
Gn 12.3; 17.19; 28.14
|
At 3.25; Lc 3.23; Mt 1.1-13
|
O Messias descenderia da tribo de
Judá
|
Gn 49.10; Sl 2.6-9
|
Lc 3.33,34; Mt 1.2-3
|
O Messias descendente de Davi e
herdeiro do trono
|
2Sm 7.12-13; Sl 132.11; Jr 23.5
|
Mt 1.1,6
|
O Messias nasceria de uma virgem
|
Is 7.14
|
Mt 1.18 Lc 1.26-35
|
O Messias seria chamado do Egito
|
Os 11.1
|
Mt 2.15
|
O Messias nasceria em Belém
|
Mq 5.2
|
Mt 2.1-2
|
III. A NATUREZA DIVINA DE JESUS
Durante
a história da igreja, diversas heresias surgiram em relação a pessoa de Jesus.
Umas negavam a natureza humana, outras a natureza divina. Os gnósticos e os
docetistas negavam a humanidade, já os ebionitas e os arianos, negavam
a divindade. Vale salientar que o arianismo se perpetua até aos nossos
dias, principalmente por meio de um segmento religioso denominado de
Testemunhas de Jeová, que afirmam que Jesus não é Deus, mas que é um ser criado
e menor que o Pai. Para apoiar tal afirmação, eles usam a Bíblia Tradução do
Novo Mundo, onde as passagens que contém afirmações sobre a divindade de Jesus,
foram adulteradas. Por exemplo: em João 1.1 onde se lê “e o Verbo era
Deus” (ARC), eles corromperam o texto traduzindo como “e o Verbo
era um deus” (TNM). A Bíblia deixa claro o ensino de que Jesus tem em
si mesmo plenamente as duas naturezas: divina e humana.
1.
Natureza divina de Jesus.
O
Novo Testamento deixa claro que Jesus é o “Filho de Deus”. Isto
foi atestado pelo próprio Pai “E eis que uma voz dos céus dizia: Este é o
meu Filho amado, em quem me comprazo” (Mt 3.17). No monte da
transfiguração houve igual declaração (Mt 17.5). Jesus mesmo declarou ser o
Filho de Deus (Jo 9.35-38); o anjo Gabriel disse a Maria: “[...] o Santo,
que de ti há de nascer, será chamado Filho de Deus” (Lc 1.35); os
apóstolos também asseveraram isso (At 3.13,26; 8.37; 9,20; Rm 1.4,9; 1Co 1.9;
2Co 1.19; Gl 2.20; 4.4; 2Pe 1.17; 1Jo 4.9; Ap 2.18). É bom destacar que “Paulo
usa o termo “Filho de Deus” tanto em relação a Jesus como aos
cristãos. Entretanto, traça uma distinção entre a filiação dos cristãos, que
tem origem na adoção, e a de Jesus, que se origina do fato de ele ser “o
Filho do Deus” (Rm 8.32)” (Macgrath, 2010, p. 408). A Bíblia nos mostra
que Jesus tem todos os atributos divinos. As Escrituras provam,
incontestavelmente, a divindade de Cristo. Vamos mencionar apenas algumas
evidências:
2.
Jesus é chamado Deus.
Ele
foi chamado de Emanuel, que significa: “Deus conosco” (Mt 1.23). Pedro
testificou: “Tu és o Cristo, o Filho do Deus vivo” (Mt 16.16), e chamou-O de “o
Santo” (At 3.14) e de “nosso Deus e salvador Jesus Cristo” (2Pe 1.1). Paulo
disse que Jesus era o próprio Filho de Deus (Rm 8.32) e falou da glória do
“grande Deus e nosso Senhor Jesus Cristo” (Tt 2.13). João escreveu que Jesus
era o Verbo eterno (Jo 1.1), o Unigênito do Pai (Jo 1.14) e verdadeiro Deus (I
Jo 5.20).
3.
Ele mesmo disse que era Deus.
Ele
mesmo disse: “Quem me vê a mim vê o Pai...” (Jo 14.9). Quando Ele foi tentado,
disse a Satanás: “Ao Senhor teu Deus adorarás, e só a ele servirás” (Mt 4.10).
No entanto, Ele recebeu adoração (Mt 28.9-17; 14.33; 15.25; Lc 24.52). Seria
uma blasfêmia aceitar adoração, se Ele não fosse verdadeiramente Deus.
4.
Jesus possui atributos divinos. Ele
possui atributos exclusivos da divindade, pois Ele é: Onipotente:
(Mt 28.18; Lc 4.35,36,41); Onisciente: (Jo 2.24; 4.16-19; 6.64;
Mc 2.8; Lc 22.10.12; 5.4-6); Onipresente: (Mt 28.20; 18.20; 2Co
13.4; Ef 1.23); Imutável: (Hb 1.12; 13.8); e, Eterno:
(Mq 5.2; Is 9.6; Mq 5.2; Is 9.6; Cl 1.17; Jo 1.1; Ap 1.11). Deve destacar-se
ainda que Jesus tinha também as prerrogativas divinas, tais como: poder para
perdoar pecados (Mt 9.2; Lc 7.48); receber adoração (Mt 8.2; 9.18; 15.25; Mc
5.6; 9.38; Ap 5.8; 5.13); autoexistência (Jo 5.26).
5.
As suas obras provam a sua deidade.
Jesus
é descrito nas Escrituras como criador de todas as coisas (Jo 1.3; Cl 1.16; 1Co
8.6; Hb 1.2,10), e por Ele, todas as coisas subsistem (At 17.28; Cl 1.17). Ele
mesmo é a ressurreição e a vida (Jo 11.25; 5.25); também perdoou e perdoa
pecados (Mt 9.5; Lc 5.20; 7.47-50; At 10.38). Aquele que nega a deidade de
Cristo, rejeita o próprio testemunho de Jesus, e mostra, assim, que é inspirado
pelo espírito do anticristo (I Jo 2.22,23).
CONCLUSÃO
As
promessas messiânicas feitas no AT tiveram seu cumprimento cabal na pessoa de
Jesus de Nazaré. Ele é o Filho de Deus, o Senhor e o Salvador do mundo. Ele é a
imagem do Deus invisível, pois tem em si mesmo a natureza divina e humana.
Portanto, qualquer outro ensinamento contrário ao que a Bíblia ensina deve ser
considerado espúrio.
REFERÊNCIAS
Ø ANDRADE, Claudionor de. Dicionário
Teológico. CPAD.
Ø FERREIRA, Aurélio Buarque de Holanda.
Novo Dicionário da Língua Portuguesa. POSITIVO.
Ø GILBERTO, Antonio, et al. Teologia
Sistemática Pentecostal. CPAD.
Ø MCGRATH, Alister E. Teologia
sistemática, Histórica e Filosófica. SHEDD.
Ø STAMPS, Donald C. Bíblia de
Estudo Pentecostal. CPAD.
Ø SOARES, Esequias [Org.]. Declaração
de Fé das Assembleias de Deus. CPAD.
Por
Rede Brasil de Comunicação.