quinta-feira, 30 de janeiro de 2025

LIÇÃO 05 - JESUS É DEUS





Jo 1.1-4; 9-14 
 
 

INTRODUÇÃO
Nesta lição veremos o que nos diz a Declaração de Fé das Assembleias de Deus do Brasil sobre os nomes e títulos divinos de Jesus, sobre sua deidade absoluta e sobre o significado da expressão “filho de Deus” aplicado a Jesus; pontuaremos o que a Bíblia diz a respeito da pessoa divina de Jesus; e por fim, analisaremos biblicamente a natureza divina de Jesus.
 
 
I. A DECLARAÇÃO DE FÉ DAS ASSEMBLEIAS DE DEUS NO BRASIL
A Declaração de Fé das Assembleias de Deus no Brasil apresenta o que os assembleianos creem sobre a divindade de Jesus da seguinte forma: “CREMOS, professamos e ensinamos que o Senhor Jesus Cristo é o Filho de Deus (Jo 20.31) e o único mediador entre Deus e os seres humanos (Jo 14.6; 1Tm 2.5), enviado pelo Pai para ser o Salvador do mundo (1Jo 4.14), verdadeiro homem e verdadeiro Deus: “e dos quais é Cristo, segundo a carne, o qual é sobre todos, Deus bendito eternamente. Amém” (Rm 9.5)” (Soares [Org.], 2017, p. 49).
 
1. Nomes e títulos divinos de Jesus.
Há dezenas de nomes e títulos de nosso Senhor Jesus Cristo nas Escrituras Sagradas. O nome “Senhor” fala sobre a divindade de Jesus. A Septuaginta, antiga versão grega do AT, traduziu os nomes divinos hebraicos “Adonay” e “Yahweh” pelo nome grego “Kyrios”, que é “Senhor”. Dizer que Jesus é o Senhor significa reconhecer a sua divindade: “e ninguém pode dizer que Jesus é o Senhor, senão pelo Espírito Santo” (1Co 12.3). O nome Jesus vem do hebraico “Yehoshua” ou “Yeshua” — “Josué”, que significa “Javé é salvação”. A Septuaginta emprega “Iesous” para ambas as formas. A expressão “Iesous” é o nome do Salvador usado no NT grego, que chegou para nossa língua como “Jesus”. O nome Cristo é a forma grega do hebraico “mashiach” que significa “ungido, messias”. Assim, os nomes ou títulos “Messias” e “Cristo” são a mesma coisa: “Achamos o Messias (que, traduzido, é o Cristo)” (Jo 1.41) (Soares [Org.], 2017, p. 50).
 
2. A deidade absoluta de Jesus.
A Bíblia afirma com frequência que Jesus é Deus: “No princípio, era o Verbo, e o Verbo estava com Deus, e o Verbo era Deus” (Jo 1.1); “Porque nele [em Jesus] habita corporalmente toda a plenitude da divindade” (Cl 2.9). As Escrituras Sagradas revelam os atributos divinos na pessoa de Jesus. Ele é eterno: “Porque um menino nos nasceu, um filho se nos deu; e o principado está sobre os seus ombros; e o seu nome será Maravilhoso Conselheiro, Deus Forte, Pai da Eternidade, Príncipe da Paz” (Is 9.6); onipotente: “Eu sou o Alfa e o Ômega, o princípio e o fim, diz o Senhor, que é, e que era, e que há de vir, o Todo-poderoso” (Ap 1.8); onipresente: “Porque onde estiverem dois ou três reunidos em meu nome, aí estou eu no meio deles” (Mt 18.20); e onisciente: “Agora, conhecemos que sabes tudo” (Jo 16.30). As suas obras revelam também a sua divindade. Ele é o absoluto soberano (Ef 1.21) e criador de todas as coisas (Jo 1.3; Cl 1.16; Hb 1.2). [...] Possui títulos divinos, como “Eu Sou” (Jo 8.58), o Alfa e o Ômega, o Princípio e o Fim (Ap 21.6), e o Senhor dos Senhores (Ap 19.16) (Soares [Org.], 2017, p. 51).
 
3. O significado de “Filho de Deus”.
O epíteto “Filho de Deus”, em relação ao Senhor Jesus Cristo, significa que Ele é Deus igual ao Pai (Jo 5.17,18); trata-se de uma questão de substância ou essência (Jo 5.23,26). Isso fica ainda mais claro na expressão “Filho Unigênito”. O significado do termo na língua original revela a divindade de Cristo. O termo usado para “unigênito” no NT grego é “monogenés”, composto por dois vocábulos, “monós”, “único, só, solitário”, e “genós”, “raça, cepo, tipo” [...]. Entendemos que a palavra reflete a ideia de natureza, caráter, tipo. “Unigênito”, pois, significa o “único da espécie”, “único do tipo”. Jesus é singular, o único Filho de Deus que tem a essência do Pai. O adjetivo “unigênito” transmite a ideia de consubstancialidade; Jesus é tudo quanto Deus é. Disse Jesus: “Eu e o Pai somos um” (Jo 10.30) (Soares [Org.], 2017, pp. 52,53).
 
 
II. O QUE A BÍBLIA DIZ A RESPEITO DA PESSOA DIVINA DE JESUS
Diversos títulos são dados a pessoa de Jesus nas Escrituras. Vejamos:
 
1. A expressão “Senhor” aplicada a Jesus.
O adjetivo Senhor do hebraico “Yahweh”, do grego “Kyrios” é “um título de reverência, pertencente a Deus, denotando-lhe o poder e a soberania sobre tudo o que existe. No AT este era o título com que os profetas nomeavam ao Deus de Israel (Jr 18.1; Ez 5.5; 5.23; Os 4.1). Já no NT o título foi conferido ao Senhor Jesus Cristo que, através de sua morte vicária, recebeu do Pai toda a autoridade (Mt 28.18; At 16.31; Rm 5.1; 2Pe 1.16)” (Andrade, 2006, p. 329). “O reconhecimento de que “Jesus Cristo é o Senhor” (Rm 10.9), parece ter se tornado uma das primeiras confissões da fé cristã, servindo para distinguir entre os que creem e os que não creem em Jesus” (Mcgrath, 2010, p. 410). Confira também (1Co 12.3; Fp 2.11).
 
2. A expressão “Cristo” aplicada a Jesus.
O adjetivo Cristo do hebraico “messiah”, do grego “christhos” significa: “ungido” (Andrade, 2006, p. 122). As profecias do AT revelaram, com muitos séculos de antecedência, que Deus enviaria um Redentor, o Ungido de Deus (Sl 2.2; 45.7; 89.20; Is 61.1; Dn 9.25,26). O termo Cristo é um título divino de Jesus, que designa-o como Deus e Salvador do mundo, destacando-lhe em especial a divindade (Mt 16.16). É bom destacar que o título de “Messias” ou “Cristo” dado a Jesus não foi uma invenção dos seus discípulos, senão que foi: a) conferido pelo próprio Pai (Mt 16.16,18; At 2.36); b) revelado pelo Espírito (Lc 2.26); c) respeitado pelos anjos e demônios (Lc 4.41; Hb 1.6); d) declarado por Jesus (Lc 4.16-21; Jo 4.25,26); e, e) pelos apóstolos (At 3.6,18,20; 4.10; Rm 1.4; 1Co 1.23). Paulo, em especial, usava também a expressão “Cristo Jesus” (o título primeiro que o nome) para ressaltar a sua messianidade (Rm 6.23; 8.39; 2Tm 1.2). Na Bíblia, há mais de trezentas profecias a respeito do Messias. Abaixo destacaremos algumas e o seu cumprimento em Jesus:
 
PROFECIA
PROFETIZADO EM:
CUMPRIDO EM:
O Messias filho da mulher
Gn 3.15
Gl 4.4
O Messias descendente de Abraão, Isaque e Jacó
Gn 12.3; 17.19; 28.14
At 3.25; Lc 3.23; Mt 1.1-13
O Messias descenderia da tribo de Judá
Gn 49.10; Sl 2.6-9
Lc 3.33,34; Mt 1.2-3
O Messias descendente de Davi e herdeiro do trono
2Sm 7.12-13; Sl 132.11; Jr 23.5
Mt 1.1,6
O Messias nasceria de uma virgem
Is 7.14
Mt 1.18 Lc 1.26-35
O Messias seria chamado do Egito
Os 11.1
Mt 2.15
O Messias nasceria em Belém
Mq 5.2
Mt 2.1-2
 
 
III. A NATUREZA DIVINA DE JESUS
Durante a história da igreja, diversas heresias surgiram em relação a pessoa de Jesus. Umas negavam a natureza humana, outras a natureza divina. Os gnósticos e os docetistas negavam a humanidade, já os ebionitas e os arianos, negavam a divindade. Vale salientar que o arianismo se perpetua até aos nossos dias, principalmente por meio de um segmento religioso denominado de Testemunhas de Jeová, que afirmam que Jesus não é Deus, mas que é um ser criado e menor que o Pai. Para apoiar tal afirmação, eles usam a Bíblia Tradução do Novo Mundo, onde as passagens que contém afirmações sobre a divindade de Jesus, foram adulteradas. Por exemplo: em João 1.1 onde se lê “e o Verbo era Deus” (ARC), eles corromperam o texto traduzindo como “e o Verbo era um deus” (TNM). A Bíblia deixa claro o ensino de que Jesus tem em si mesmo plenamente as duas naturezas: divina e humana.
 
1. Natureza divina de Jesus.
O Novo Testamento deixa claro que Jesus é o “Filho de Deus”. Isto foi atestado pelo próprio Pai “E eis que uma voz dos céus dizia: Este é o meu Filho amado, em quem me comprazo” (Mt 3.17). No monte da transfiguração houve igual declaração (Mt 17.5). Jesus mesmo declarou ser o Filho de Deus (Jo 9.35-38); o anjo Gabriel disse a Maria: “[...] o Santo, que de ti há de nascer, será chamado Filho de Deus” (Lc 1.35); os apóstolos também asseveraram isso (At 3.13,26; 8.37; 9,20; Rm 1.4,9; 1Co 1.9; 2Co 1.19; Gl 2.20; 4.4; 2Pe 1.17; 1Jo 4.9; Ap 2.18). É bom destacar que “Paulo usa o termo “Filho de Deus” tanto em relação a Jesus como aos cristãos. Entretanto, traça uma distinção entre a filiação dos cristãos, que tem origem na adoção, e a de Jesus, que se origina do fato de ele ser “o Filho do Deus” (Rm 8.32)” (Macgrath, 2010, p. 408). A Bíblia nos mostra que Jesus tem todos os atributos divinos. As Escrituras provam, incontestavelmente, a divindade de Cristo. Vamos mencionar apenas algumas evidências:
 
2. Jesus é chamado Deus.
Ele foi chamado de Emanuel, que significa: “Deus conosco” (Mt 1.23). Pedro testificou: “Tu és o Cristo, o Filho do Deus vivo” (Mt 16.16), e chamou-O de “o Santo” (At 3.14) e de “nosso Deus e salvador Jesus Cristo” (2Pe 1.1). Paulo disse que Jesus era o próprio Filho de Deus (Rm 8.32) e falou da glória do “grande Deus e nosso Senhor Jesus Cristo” (Tt 2.13). João escreveu que Jesus era o Verbo eterno (Jo 1.1), o Unigênito do Pai (Jo 1.14) e verdadeiro Deus (I Jo 5.20).
 
3. Ele mesmo disse que era Deus.
Ele mesmo disse: “Quem me vê a mim vê o Pai...” (Jo 14.9). Quando Ele foi tentado, disse a Satanás: “Ao Senhor teu Deus adorarás, e só a ele servirás” (Mt 4.10). No entanto, Ele recebeu adoração (Mt 28.9-17; 14.33; 15.25; Lc 24.52). Seria uma blasfêmia aceitar adoração, se Ele não fosse verdadeiramente Deus.
 
4. Jesus possui atributos divinos. Ele possui atributos exclusivos da divindade, pois Ele é: Onipotente: (Mt 28.18; Lc 4.35,36,41); Onisciente: (Jo 2.24; 4.16-19; 6.64; Mc 2.8; Lc 22.10.12; 5.4-6); Onipresente: (Mt 28.20; 18.20; 2Co 13.4; Ef 1.23); Imutável: (Hb 1.12; 13.8); e, Eterno: (Mq 5.2; Is 9.6; Mq 5.2; Is 9.6; Cl 1.17; Jo 1.1; Ap 1.11). Deve destacar-se ainda que Jesus tinha também as prerrogativas divinas, tais como: poder para perdoar pecados (Mt 9.2; Lc 7.48); receber adoração (Mt 8.2; 9.18; 15.25; Mc 5.6; 9.38; Ap 5.8; 5.13); autoexistência (Jo 5.26).
 
5. As suas obras provam a sua deidade.
Jesus é descrito nas Escrituras como criador de todas as coisas (Jo 1.3; Cl 1.16; 1Co 8.6; Hb 1.2,10), e por Ele, todas as coisas subsistem (At 17.28; Cl 1.17). Ele mesmo é a ressurreição e a vida (Jo 11.25; 5.25); também perdoou e perdoa pecados (Mt 9.5; Lc 5.20; 7.47-50; At 10.38). Aquele que nega a deidade de Cristo, rejeita o próprio testemunho de Jesus, e mostra, assim, que é inspirado pelo espírito do anticristo (I Jo 2.22,23).
 
 
CONCLUSÃO
As promessas messiânicas feitas no AT tiveram seu cumprimento cabal na pessoa de Jesus de Nazaré. Ele é o Filho de Deus, o Senhor e o Salvador do mundo. Ele é a imagem do Deus invisível, pois tem em si mesmo a natureza divina e humana. Portanto, qualquer outro ensinamento contrário ao que a Bíblia ensina deve ser considerado espúrio.
 
 
 
 
REFERÊNCIAS
Ø  ANDRADE, Claudionor de. Dicionário Teológico. CPAD.
Ø  FERREIRA, Aurélio Buarque de Holanda. Novo Dicionário da Língua Portuguesa. POSITIVO.
Ø  GILBERTO, Antonio, et al. Teologia Sistemática Pentecostal. CPAD.
Ø  MCGRATH, Alister E. Teologia sistemática, Histórica e Filosófica. SHEDD.
Ø  STAMPS, Donald C. Bíblia de Estudo Pentecostal. CPAD.
Ø  SOARES, Esequias [Org.]. Declaração de Fé das Assembleias de Deus. CPAD.
 
 
Por Rede Brasil de Comunicação.

 




quarta-feira, 29 de janeiro de 2025

LIÇÃO 05 - A AUTENTICIDADE CONTRA UMA FÉ MORTA


Vídeo Aula - Pastor Eduardo
 




LIÇÃO 05 - JESUS É DEUS (V.02)


Vídeo Aula - Pastor Esequias
 




LIÇÃO 05 - JESUS É DEUS (V.01)


Vídeo Aula - Pastor Ciro
 




QUESTIONÁRIOS DO 1° TRIMESTRE DE 2025






A Verdadeira Religião –
Um Convite à Autenticidade na Carta de Tiago. 









Lição 04 
Hora da Revisão

A respeito de “A Autenticidade Contra a Parcialidade”, responda:
 
 
1. A que nos exorta o texto de Tiago 2.1?
O texto de Tiago 21 nos exorta a não fazermos distinção entre as pessoas.
 
2. Qual o significado do termo grego para “acepção”?
O termo grego para acepção é prosopolepsia. Esse termo se refere às pessoas que, erroneamente, consideram ser mais importantes aqueles que são ricos, famosos e influentes na sociedade.

3. Segundo a lição, como devemos tratar a todos?
Devemos tratar a todos com respeito e dignidade, independentemente de sua posição social, seja na igreja, no trabalho ou em família.

4. O que significa a “lei real”?
E amar a Deus sobre todas as coisas e ao nosso próximo (Mt 22.37.38).

5. Quais são as consequências de se fazer acepção de pessoas?
Divisão, julgamento e desvalorização do ser humano.




QUESTIONÁRIOS DO 1° TRIMESTRE DE 2025






Em Defesa da Fé Cristã-
Combatendo as Antigas Heresias que
se Apresentam com Nova Aparência.









Lição 04
Revisando o Conteúdo

A respeito de “Deus é Triúno” responda:          
 
 
1. O que indica o termo ‘echad em Deuteronômio 6.4?
O termo ‘echad, em Deuteronômio 6.4, indica que o monoteísmo judaico- -cristão não contradiz a Trindade.
 
2. Cite quatro evidências no Antigo Testamento em favor da Trindade.
“Façamos o homem à nossa imagem” (Gn 1.26); “Eis que o homem é como um de nós” (Gn 3.22); “desçamos e confundamos ali a sua língua…” (Gn 11.6,7, o Espírito Santo aparece alternadamente com Javé e com o “Anjo de sua face” (Is 63.8-14). 
 
3. Quais as passagens do Novo Testamento mais contundentes em favor da Trindade?
A Grande Comissão (Mt 28.19), a distribuição dos dons espirituais (1 Co 12.4-6), a bênção trinitariana (2 Co 13.13), a unidade da igreja (Ef 4.4-6), a obra da salvação (1 Pe 1.2).
 
4. Em que consiste o Unicismo e quais os principais heresiarcas dessa heresia?
A heresia consiste em negar a Trindade. Os principais heresiarcas representantes desse movimento foram Noeto, Práxeas e Sabélio.
 
5. O que João 17.3 mostra em relação à salvação?
Essa passagem mostra que a salvação envolve duas pessoas distintas e que conhecimento não é cognoscível, mas místico, que implica comunhão, fé, obediência, adoração.
 

 

sexta-feira, 24 de janeiro de 2025

LIÇÃO 04 – DEUS É TRIÚNO





 
Mt 3.15-17; 28.19,20
 
 

INTRODUÇÃO
Nesta lição aprenderemos sobre a conhecida doutrina da Trindade; destacaremos também o conceito desse ensino à luz da Bíblia; pontuaremos as bases dessa doutrina a partir do AT e NT; e por fim, ressaltaremos atributos divinos em cada pessoa da Trindade.
 
 
I. DEFININDO O TERMO TRINDADE
A palavra Trindade em si não ocorre na Bíblia, essa expressão é teológica usada para descrever na perspectiva humana a divindade. Sua forma grega trias, parece ter sido usada primeiro por Teófilo de Antioquia (181 d.C.), e sua forma latina trinitas, por Tertuliano (220 d.C.). Entretanto, a crença na Trindade é muito mais antiga que isso como será visto mais à frente (Thiessen, 2006, p. 87 – acréscimo nosso).
 
 
II. O CONCEITO BÍBLICO DA TRINDADE
Segundo Andrade, Trindade é: a doutrina segundo a qual a Divindade, embora una em sua essência, subsiste nas Pessoas do Pai, do Filho e do Espírito Santo. As Três Pessoas são iguais na substância e nos atributos absolutos, metafísicos e morais(2006, p. 349). Sobre esta doutrina podemos ainda fazer algumas considerações:
 
1. Não contradiz a unidade de Deus.
As Escrituras ensinam que Deus é um (Dt 4.35; 6.4; Is 37.16), contudo, a unidade divina é uma unidade composta de três pessoas, que são: Deus Pai, Deus Filho e Deus Espírito Santo (Mt 28.19; 1Co 12.4-6), que cooperam unidos em um mesmo propósito, onde não existe nenhum tipo de hierarquia ou superioridade entre eles; não se tratando também de três deuses (triteísmo) e nem três modos ou máscaras de manifestações divinas (unicismo), antes, são três pessoas, mas um só Deus. Eu e o Pai somos um(Jo 10.30), “[…] se alguém me ama, guardará a minha palavra, e meu Pai o amará, e viremos para ele, e faremos nele morada(Jo 14.23; ver 1Co 6.19).
 
2. Não é invenção humana.
Uma das objeções à doutrina da Trindade é que teria sido produzida pela mente humana, que é de origem pagã e foi imposta por um imperador pagão (Constantino) no Concílio de Nicéia em 325 d.C., que supostamente teria se tornado cristão, estabelecendo o Cristianismo como religião oficial do império. De acordo com Soares: Esses argumentos das organizações contrárias à fé trinitária são falsos. O Concílio de Nicéia não tratou da Trindade; a controvérsia foi em torno da identidade de Jesus de Nazaré”. A Trindade é uma doutrina com sólidos fundamentos bíblicos e, mesmo sem conhecer essa terminologia, os cristãos do período apostólico reconheciam essa verdade (2Co 13.13; Ef 1.1-14; 1Pe 1.2) (2017, pp. 37, 50).
 
3. Não é irracional.
O conceito da unidade composta não é incoerente nas Escrituras, mesmo sendo dito que Deus é único (Dt 6.4). A palavra único nesse texto, vem do hebraico echad, que alude a uma unidade composta (ver Gn 2.24). Se a unidade de Deus fosse absoluta, a palavra correta seria yachid, a mesma usada em Gênesis 22.2. Sobre a possibilidade de entendermos a doutrina da Trindade, Grudem afirma: “[…] não é correto dizer que não podemos de forma alguma entender a doutrina da Trindade. Certamente podemos compreender e saber que Deus é três pessoas, que cada uma delas é plenamente Deus e que há somente um Deus. Podemos saber essas coisas porque a Bíblia as ensina(2007, p. 126 – grifo nosso).
 
 
III. A SANTÍSSIMA TRINDADE NO ANTIGO TESTAMENTO
Embora a doutrina da Trindade não se encontre de forma desenvolvida no AT, acha-se implícita na revelação divina desde o início (Douglas, 2006, p. 1356). Uma boa justificativa para que tal doutrina não seja claramente ensinada no AT, é dada por Pearlman (2009, p. 80) quando afirma: num mundo em que o culto de muitos deuses era comum, tornava-se necessário acentuar para Israel a verdade de que Deus é um e que não havia outro além dele. Se no princípio a doutrina da Trindade fosse ensinada diretamente, ela poderia não ser bem compreendida nem bem interpretada. Ainda que implicitamente no AT pode ser visto indícios dessa doutrina. Vejamos alguns exemplos:
 
1. Na criação do Universo.
Se levarmos em conta que a palavra hebraica Elohim(Gn 1.1) é um substantivo plural, concluiremos: a Santíssima Trindade encontrava-se ativa na criação do universo. Por conseguinte, quando a Bíblia afirma que no princípio Deus criou os céus e a terra, atesta: no ato da criação, estiveram presentes Deus Pai, Deus Filho e Deus Espírito Santo. O Pai criou o universo por intermédio do Filho (Jo 1.3), enquanto o Espírito Santo transmitia vida a tudo quanto era criado (Gn 1.2).
 
2. Na aparição do Anjo do Senhor.
A manifestação do “Anjo do Senhor”, em alguns casos, é uma indicação a respeito da Trindade no AT. Vemos que esse Anjo, dependendo do contexto, não apenas se identifica com o próprio Senhor, como também é assim identificado a quem Ele se revela(Gustavo, 2014, p. 22 – acréscimo nosso). Entre as aparições podemos destacar alguns textos (Gn 16.9,13; 22.11,15,16; 31.11,13; Êx 3.2,4,6; Jz 13.20-22; Ml 3.1). De acordo com Strong: “algumas dessas aparições, pode designar o ‘Logos’ pré-encarnado (Jesus) (Gn 18.2,13; Jz 13.17,18; ver Is 9.6; Dn 3.25,28), cujas manifestações prefiguravam sua vinda final em carne” (2007, p. 559 – acréscimo nosso).
 
3. Na expectativa messiânica.
A expectativa messiânica, que sempre foi um fator de consolação à alma hebreia, também revela a presença da Santíssima Trindade no AT (Sl 110.1,4). Em ambas as passagens, o autor sagrado, inspirado pelo Espírito Santo, mostra o Pai referindo-se ao Filho – Jesus Cristo (Mc 12.36; Hb 5.6). Um trecho que mostra, de maneira explícita e clara, a presença da Santíssima Trindade no AT é Daniel 7.13-14. Podemos ainda pontuar algumas passagens alusivas a referências proféticas sobre o Messias: E, agora o Soberano, o SENHOR, me [o Messias] enviou, com seu Espírito” (Is 48.16). “O Espírito do Soberano, o SENHOR, está sobre mim [o Messias], porque o SENHOR ungiu-me para levar boas notícias aos pobres(Is 61.1 ver Lc 4.18-21). Embora essas passagens não retratem especificamente um Deus em três pessoas, apontam nessa direção (Rodaman, 2011, p. 73).
 
4. Na pluralidade de pessoas na Divindade.
Já no Livro do Gênesis existe a indicação da pluralidade de pessoas no próprio Deus (Gn 1.1; 3.22; 11.7), podemos ainda encontrar uma série de passagens além dessas, que apontam para a mesma verdade (Is 6.8; 63.10), textos em que uma pessoa é chamada “Deus ou Senhor”, e ela se distingue de outra pessoa que também é identificada como “Deus” (Sl 45.6,7). De modo semelhante o salmista registra: Disse o SENHOR ao meu Senhor: Assenta-te à minha mão direita, até que ponha os teus inimigos por escabelo dos teus pés(Sl 110.1). Jesus atesta que Davi está se referindo a duas pessoas separadas chamando-as “Senhor” (Mt 22.41-46), mas quem é o Senhor de Davi se não o próprio Deus? Da perspectiva do NT, podemos parafrasear esse versículo do seguinte modo: Deus Pai disse a Deus Filho: Assenta-te à minha direita. Diante disso, mesmo sem o ensino do Novo Testamento sobre a Trindade, fica claro que Davi estava consciente da pluralidade de pessoas em Deus (Grudem, 2007, p. 110).
 
 
IV. A SANTÍSSIMA TRINDADE NO NOVO TESTAMENTO
É no Novo Testamento que encontramos as mais claras e explícitas manifestações da Santíssima Trindade. Notemos alguns registros onde se evidencia tão importante doutrina:
 
1. No batismo e ministério de Jesus.
Nessa clássica manifestação da Trindade (Mt 3.16,17), vemos uma das Pessoas (o Filho) submeter-se ao batismo, o Espírito Santo descer como pomba sobre Ele, e a Pessoa do Pai declarar o seu amor a Cristo atestando sua filiação. No monte da transfiguração vemos com clareza mais uma vez a pluralidade de pessoas (Mt 17.5; Mc 9.7,8).
 
2. Na ascensão de Jesus.
Já prestes a ser assunto ao céu, o Senhor Jesus Cristo, ao dar últimas instruções aos discípulos, declarou: Portanto, ide, ensinai todas as nações, batizando-as em nome do Pai, e do Filho, e do Espírito Santo(Mt 28.19). Pode ainda restar mais alguma dúvida acerca da Trindade?
 
3. Na vida da Igreja Primitiva.
Nos Atos dos Apóstolos, a Santíssima Trindade aparece operando ativamente, desde os primeiros versículos (At 1.1,2). Nesse livro, encontramos a Trindade na proclamação do Evangelho (At 5.32; At 10.38); no testemunho eficaz da fé cristã (At 7.55); no chamamento de obreiros (At 9.17); no Concílio de Jerusalém (At 15.1-35). Nas epístolas (Rm 14.17; 15.16; 2Co 13.13; Ef 4.30; Hb 2.3,4; 2Pe 1.16-21; 1Jo 5.7) e no livro do Apocalipse (Ap 1.1,2; 2.8,11).
 
 
V. ATRIBUTOS DIVINOS NAS PESSOAS DA TRINDADE
A Bíblia categoricamente específica que todas as pessoas da Trindade possuem a mesma essência possuindo os mesmos atributos incomunicáveis. Vejamos alguns:
 
Atributos Incomunicáveis
Pai
Filho
Espírito Santo
Eternidade
Sl 90.2
Cl 1.17
Hb 9.14
Onipotência
Gn 17.1
Mt 28.18
1Co 12.11
Onipresença
Jr 23.24
Mt 28.20
Sl 139.7
Onisciência
1Jo 5.20
Jo 21.17
1Co 2.10
Criador
Gn 1.1; Sl 33.6; Hb 11.3; 2Pe 3.5
Jo 1.3,10; Rm 11.36; Ap 4.11
Jó 26.13; 33.4; Sl 104.30
 
 
CONCLUSÃO
A doutrina da Santíssima Trindade é puramente bíblica, embora seja um mistério jamais será uma contradição. Como alguém sabiamente disse: “Se tentássemos entender Deus por completo, podemos perder a razão [mente], mas se não acreditarmos sinceramente na Trindade perderemos nossa alma!” (Ravi; Geisler, 2014, p. 28).
 
 
 
 
REFERÊNCIAS
Ø  ANDRADE, Claudionor Correia de. Dicionário Teológico. CPAD.
ØGUSTAVO, Walber; GOMES, Leonardo. Doutrina da Trindade: desenvolvimento bíblico e histórico. BEREIA.
Ø  GRUDEM, Wayne. Manual de Doutrinas Cristãs: Teologia Sistemática ao alcance de todos. VIDA.
Ø  PERLMAN, Myer. Conhecendo as Doutrinas da Bíblia. VIDA.
Ø  RAVI Zacharias; GEISLER, Norman. Quem criou Deus? REFLEXÃO.
Ø  STRONG, Augustus, Hopkins. Teologia Sistemática. |HAGNOS.
Ø  THIESSEN, Henry Clarence. Palestras em Teologia Sistemática. IBR.
 
 
Por Rede Brasil de Comunicação.





LIÇÃO 04 - A AUTENTICIDADE CONTRA A PARCIALIDADE


Vídeo Aula - Pastor Eduardo