Ef 5.22-30
INTRODUÇÃO
Deus
instituiu a família visando o bem estar do homem. O propósito de Deus era que o
homem vivesse em paz e harmonia com a esposa e os filhos. Mas, desde a Queda
(Gn 3.1-7), as famílias passaram a experimentar conflitos, dissabores e
aflições, tais como: violência, divórcio, vícios, infidelidade conjugal,
rebeldia dos filhos, dívidas, dentre outros. Nesta lição, veremos o significado
do termo “conflito”, exemplos de conflitos familiares, suas causas, e, como
podemos superá-los.
I - DEFINIÇÃO E EXEMPLOS DE CONFLITOS
FAMILIARES
O termo
grego para a palavra conflito é agõn que
também pode ser traduzida por “combate” e encontra-se nos
seguintes textos (Fp 1.30; I Ts 2.2; Cl 2.1). Aurélio define conflito como “combate”,
“desavença” ou “discórdia”. Encontramos
na Bíblia, diversos exemplos de conflitos familiares, tais como:
Ø
O
assassinato de Abel, por seu irmão Caim (Gn 4.8,9);
Ø
A crise
conjugal entre Abraão e Sara, por causa de Hagar (Gn 16.5,6; 21.9-21);
Ø
As
desavenças entre Esaú e Jacó, por causa da bênção da primogenitura (Gn
27.1-46);
Ø
Os
conflitos entre Raquel e Jacó, porque ela não gerava filhos (Gn 30.1);
Ø
Discórdias
entre Jacó e seu sogro Labão, por causa dos rebanhos (Gn 31.1-55);
Ø
O
envolvimento de Diná, filha de Jacó, com Hamor e a consequente traição de
Simeão e Levi (Gn 34.1-31);
Ø
O incesto
de Rubem, filho de Jacó, com Bila, concubina de seu pai (Gn 35.22);
Ø
A inveja
dos irmãos de José, a ponto de vendê-lo para os ismaelitas e mentirem para seu
pai (Gn 37.1-36);
Ø
A
rebeldia dos filhos de Eli (I Sm 2.12-17, 22-24);
Ø
O incesto
entre Amnom e Tamar (II Sm 13.1-14), filhos de Davi;
Ø
O plano
de Absalão para matar seu irmão Amnom (II Sm 13.23-29);
Ø A traição de Absalão (II Sm 15.1-37) e Adonias (I
Rs 1.5-9), filhos de Davi; dentre outros.
Estes e
outros exemplos nos ensinam que: (1) os conflitos familiares
existem desde os tempos mais remotos; (2) até mesmo os grandes
homens de Deus enfrentaram crises e problemas familiares; logo, nós também não
estamos isentos; (3) Os conflitos familiares ocorrem, não
apenas por causa dos ataques do inimigo, mas, também, pelo mau procedimento dos
membros da família. Se não fora a inveja de Caim (Gn 4.5); a precipitação de
Sara aconselhando Abraão possuir Hagar (Gn 16.1-4); a preferência de Rebeca por
Jacó (Gn 25.28); a cobiça e ambição dos filhos de Davi (II Sm 13.1-14; II Sm
15.1-37; I Rs 1.5-9), muitos males poderiam ser evitados.
II - CONFLITOS FAMILIARES NA ÁREA
CONJUGAL
2.1 Ira. Casamento é a união de duas pessoas de sexos
opostos, imperfeitas, e, geralmente, de temperamentos diferentes. Por isso, é
comum surgirem os atritos conjugais, inclusive a ira. O apóstolo Paulo
reconheceu que é possível um crente irar-se, quando disse: “Irai-vos,
e não pequeis; não se ponha o sol sobre a vossa ira” (Ef 4.26). O
termo grego para ira é thumos e
significa “raiva” ou “fúria” que
podem acarretar em agressões físicas e verbais. A Palavra de Deus nos adverte
quanto aos perigos da ira e como podemos superá-la (Sl 37.8; Pv 1919; 29.22; Ec
7.9; Ef 4.31; 6.4; Cl 3.8; Tg 1.19).
2.2
Orgulho. Do grego, alazonia ou alazoneia. O
termo é traduzido em (I Jo 2.16) por “soberba”. Uma pessoa
orgulhosa é aquela que possui um amor próprio demasiado, a ponto de pensar
somente em si. O orgulho foi o primeiro sentimento pecaminoso a ser introduzido
no universo (Ez 28.17) e é uma das características dos homens dos últimos
tempos (II Tm 3.1-5). O antídoto contra o orgulho é o amor recíproco e
verdadeiro, que, de acordo com o ensino paulino, não busca os seus interesses
(I Co 13.5).
2.3
Ciúme. Este
termo deriva-se do grego zeloo e do latim zelumen e
significa “zelo por alguma coisa”. Em certo aspecto, o ciúme é um
sentimento positivo, quando se trata de um cuidado com a pessoa amada. A
própria Bíblia diz que o Espírito Santo tem ciúmes (zelo) de nós (Tg 4.5). No
entanto, o ciúme humano, muitas vezes, ultrapassa a barreira do amoroso
cuidado, torna-se possessivo e doentio, e tem sido a causa de muitas tragédias
nos lares. O antídoto contra o ciúme é o amor. O apóstolo Paulo diz que “o
amor não arde em ciúmes” (I Co 13.4 - Almeida Revista e
Atualizada).
III -
CONFLITOS FAMILIARES NA ÁREA FINANCEIRA
3.1
Dívidas. Muitas
famílias encontram-se endividadas, por causa do uso irracional de benefícios
oferecidos pelo mercado, como: cartão de crédito, cheque pré-datado, crediário,
empréstimos, etc. As dívidas podem causar muitos males aos lares, tais como:
desequilíbrio financeiro, inadimplência, intranquilidade; provocando até
doenças psicossomáticas e desavenças no lar; perda de autoridade e mau
testemunho perante os ímpios (Pv 6.1-5; 11.15; 22.7).
3.2
Compulsividade. Compulsividade
é o “consumo exagerado”. É a “tendência a comprar exageradamente”.
O consumismo é um descontrole para adquirir bens, serviços e produtos de forma
indiscriminada, na tentativa de realizar-se emocionalmente. Geralmente, pessoas
fragilizadas por alguma intempérie da vida, são tendenciosas a buscarem no
consumo dos bens materiais a satisfação para o vazio da alma. No entanto, elas
acabam endividadas, frustradas e desesperadas.
3.3
Avareza. É o amor
ao dinheiro, que causa uma verdadeira escravidão e dependência. “Por
que o amor ao dinheiro é a raiz de toda espécie de males; e nessa cobiça alguns
de desviaram da fé e se transpassaram a si mesmos com muitas dores” (I
Tm 6.9,10). Deus não condena o dinheiro em si, mas, a ambição, cobiça,
exploração, e usura. Abraão era homem muito rico; Jó era riquíssimo, antes e
depois de sua provação (Jó 1.3,10; 42.10); Davi, Salomão e outros reis
acumularam bens e nenhum deles foi condenado por isto. O que a Bíblia condena é
a ambição desenfreada pelos bens (Pv 28.20; Dt 8.11; Pv 11.28; Mc 4.19; Pv
23.4,5; Pv 28.11; Pv 5.10).
3.4 Como superar os conflitos na
área financeira.
Ø Sendo dizimistas fiéis (Pv 3.9; Ml 3.10,11);
Ø Contentando-se com o que tem (Fp 4.11);
Ø Respeitando as prioridades (Is 55.2; Ag 1.4-11);
Ø Economizando e fazendo reservas (Gn 41.33-35);
Ø Evitando desperdício (Jo 6.12; Lc 15.13,14);
Ø Planejando os gastos (Lc 14.28-32).
IV - CONFLITOS FAMILIARES NA ÁREA
DA EDUCAÇÃO DOS FILHOS
4.1 A
falta de disciplina no lar. Um dos
principais problemas que atingem os lares é a falta de disciplina. Segundo
Aurélio, disciplina é “um regime de ordem imposta
ou livremente consentida”; “uma ordem que convém ao
funcionamento regular de uma organização, observância de preceitos e normas,
ensino, instrução, educação, correção, discipular” ou “o
treinamento que melhora, molda, fortalece e aperfeiçoa o caráter”. A
disciplina serve para manter o perfeito funcionamento do lugar onde ela é
aplicada, principalmente, no lar. Quando a disciplina cristã é deficiente, ou
não existe, inevitavelmente ocorre a rebeldia dos filhos. Podemos observar isto
nos seguintes exemplos que a Bíblia nos apresenta:
4.1.1
Davi. Um dos
reis mais conhecidos na história de Israel; um guerreiro notável; um homem “segundo
o coração de Deus” (I Sm 13.14). Porém, falhou na aplicação da
disciplina dos seus filhos: (1) Ele não agiu quando
Amnom estuprou a sua meia-irmã, Tamar. Davi “ficou indignado” com
ele, (II Sm. 13. 21), mas, depois do estupro Tamar foi acolhida por seu irmão
Absalão, e não pelo seu pai (II Sm. 13. 20-22); (2) Davi ignorou o
ódio e os planos de Absalão para matar Amnom. Apesar de chorar muito pela perda
de Amnom (II Sm 13.36-37; 18.33-19.8), ele não corrigiu o
seu filho Absalão; (3) Quanto a Adonias, a Bíblia diz que “seu pai
Davi nunca o havia contrariado; nunca lhe perguntava: Por que você age assim?” (I
Rs 1.6).
4.1.2
Eli. Apesar de
ser sacerdote em Israel, e ter conhecimento dos pecados que seus filhos cometiam
nunca os corrigiu (I Sm 2.28,29). Eli é um exemplo de pai: (1)Ausente. Ele
sempre esteve muito ocupado com os filhos dos outros, e esqueceu-se dos seus (I
Sm 1.9); (2) Omisso. Ele não abriu seus olhos para os sinais
de perigo dentro do seu lar (I Sm 2.22-24); (3) Conivente. Eli
sabia o que seus filhos faziam, mas não os corrigiu (I Sm 2.22). Estes males
podem ser evitados quando os pais educam seus filhos no caminho do Senhor, como
Eunice (I Tm 4.5,6; II Tm 3.15); instruem seus filhos, como recomendou Salomão
(Pv 22.6); ensinam as Sagradas Escrituras (Dt 4.9; 6.5-8); disciplina (Pv
19.18; 29.17; 22.15; 23.13,14; 29.15); intercede (Jó 1.5); e, acima de tudo,
ama-os.
CONCLUSÃO
Como
pudemos ver, os conflitos familiares existem desde os tempos antigos, e
estiveram presentes, inclusive, nos lares dos servos de Deus, como Abraão,
Jacó, Davi e outros. Eles ocorrem, não apenas por causa dos ataques do inimigo,
mas, também, pelo mau procedimento dos membros da família; por causa das obras
da carne, tais como: ira, orgulho, ciúmes e avareza; e pela falta de disciplina
nos lares. Por isso, devemos estar vigilantes quanto as investidas do maligno,
que tenta destruir os lares; mas, também, firmar o propósito de obedecer os
mandamentos bíblicos para a família.
REFERÊNCIAS
*
ANDRADE, Claudionor de. Dicionário Teológico. CPAD.
* STAMPS,
Donald C.Bíblia de Estudo Pentecostal. CPAD.
*
RENOVATO, A Família Cristã e os ataques do inimigo. CPAD.
* OLSON,
N. Laurence. O Lar Ideal. CPAD.
Por Rede Brasil de Comunicação
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