Dn
3.1-7,14
INTRODUÇÃO
No capítulo 3 do livro de Daniel,
Misael, Hananias e Azarias, se depararam com um culto idólatra promovido pelo
rei que, por meio de um decreto, obrigou a todos que se curvassem diante de um
ídolo. Contudo, eles demonstraram sua fidelidade mantendo-se de pé mesmo sob
sentença de morte. Nesta lição, destacaremos algumas virtudes destes servos do
Senhor e o que Deus pode realizar quando alguém se compromete com a sua
Palavra, custe o que custar.
I – A PROPOSTA ARDILOSA DO REI
NABUCODONOSOR
1.1 A promoção da idolatria (Dn
3.1). O
paganismo fazia parte da cultura babilônica. Deuses como Aku, Bel, Nebo dentre
outros eram adorados em Babilônia (Dn 1.7; 2.11; 3.12,14,18;5.4,23). A
narrativa do capítulo 3 de Daniel elucida bem esta verdade, pois narra a
construção de um ídolo (Dn 3). A descrição de quem a erigiu: Nabucodonosor; o
material com que foi feito: ouro; o seu tamanho 30 metros de altura por 3 de
largura; e as pessoas convidadas para prestigiar o evento nos mostra quão
significativa era esta reunião e quão imponente era a estátua (Dn 3.1,2). Há
três opiniões principais entre os estudiosos da Bíblia sobre que tipo de ídolo
era esse que foi construído por Nabucodonosor:
(1ª) Talvez ele estivesse tentando
reproduzir a estátua que vira em sonho (Dn 2.31-49);
(2ª) podia estar homenageando seu
padroeiro, Nebo, ou alguma outra divindade; e,
(3ª) poderia ser uma
imagem de si mesmo na tentativa de auto deificar-se, o que era uma prática pagã
comum aos grandes conquistadores (Jz 8.27; II Sm 18.18; Dn 4.29,30). A Bíblia condena
veemente a prática da idolatria (Êx 20.2-4,23; Lv 19.4; 26.1; Dt 7.5,25; 12.3;
I Rs 14.9; Is 2.8,9; 57.5; Jr 1.16; At 15.28,29; I Co 10.14; Cl 3.5; I Pe 4.3;
I Jo 5.21).
1.2 A unificação da religião. A política de Nabucodonosor após
conquistar cidades era de torná-las colônias de exploração exigindo o pagamento
de tributo (II Rs 24.1; 36.10), e conduzir cativos à elite do reino para que
estes pudessem auxiliá-lo na administração do seu império (Dn 1.3-5; 3.4,5).
Sabedor de que os seus conquistados eram de outras religiões, Nabucodonosor,
intentou na construção dessa grande imagem de escultura fazer com que seu
governo fosse supremo em tudo, tanto no aspecto civil quanto religioso,
promovendo um grande culto ecumênico (Dn 3.3-5). “Inicialmente, o ecumenismo
era a concretização do ideal apostólico de agregação de todos os que professam
o nome de Cristo. Com o passar dos tempos, porém, a palavra foi sendo
desvirtuada até ser tomada como um perfeito sinônimo para o sincretismo
religioso. Os que buscam semelhante universalidade pregam a união indistinta
entre protestantes, católicos, judeus, espíritas, budistas etc. Tal união é
contrária ao espírito das Escrituras; tanto o Antigo quanto o Novo Testamento são
exclusivistas em matéria de fé e prática” (Lv 20.23-27; II Co 6.14-18)
(ANDRADE, 2006, pp. 156,157).
1.4 A pena capital (Dn 3.6,11). Nabucodonosor parecia prever
que alguns daqueles líderes que foram convidados para a cerimônia de consagração
da estátua se opusesse a prostrar-se perante ela, por isso providenciou uma
penalidade, um castigo severo para o que procedesse assim “E qualquer que
não se prostrar e não a adorar, será na mesma hora lançado dentro da fornalha
de fogo ardente” (Dn 3.6). A fornalha de que se refere o texto
“trata-se de um forno grande, com abertura no alto, usado para moldar coisas
(Dn 3.22,23). Ao nível do chão havia uma porta, por onde o metal era extraído
(Dn 3.26). Esse tipo de forno recebia o combustível pelo alto, ao passo que era
fechado por tijolos nos quadro lados. Ele era usado para infligir punição
capital por parte dos persas (Jr 29.22; Os 7.7). Usualmente tinha forma de cúpula”
(CHAMPLIN, p. 808, 2004 – acréscimo nosso). Como podemos ver, o verdadeiro servo
de Deus está disposto a sofrer o pior dos castigos que contrariar a vontade do
Senhor (Dn 6.10-17; Hb 11.34-38).
II – A POSTURA
FIRME DOS SERVOS DE DEUS
2.1 Coragem (Dn 3.16-18). O texto bíblico nos mostra que
era necessário muita coragem por parte destes homens judeus de se contrapor a
vontade do seu patrão Nabucodonosor, estando cientes de que não ficariam
impunes por isso. O Aurélio define coragem como: “bravura em face do perigo.
Intrepidez, ousadia” (FERREIRA, 2004, p. 549). “Um homem corajoso é aquele que
não recua diante de consequências adversas, na realização do seu dever. A
coragem é uma qualidade mental que leva o homem a enfrentar perigos ou oposição
com intrepidez, calma, firmeza e propósito” (CHAMPLIN, p. 899, 2004). A Bíblia
exorta-nos a sermos corajosos (Sl 31.24; Pv 24.10; Lc 12.4,5; I Pe 3.14).
2.2 Fidelidade (Dn 3.12,18). A expressão “fidelidade” advém da
palavra “fiel” que significa: “que cumpre aquilo a que se obriga; leal”
(FERREIRA, 2004, p. 894). Esta virtude é fruto do Espírito (Gl 5.22), que por
sua vez é característica fundamental na vida de todo aquele que serve a Deus
(Nm 12.7; I Sm 12.24; Pv 12.22; I Tm 4.10,12; Ap 2.10). “Os três homens
poderiam ter transigido com o rei e defendido sua desobediência com argumentos
como: 'todos estão fazendo isso', ou 'é uma das obrigações de nosso cargo', ou
ainda 'dobraremos nossos joelhos, mas não o nosso coração'. Poderiam ter dito:
'podemos ser mais úteis para nosso povo como oficiais à serviço do rei do que
como cinzas na fornalha do rei'. Contudo, a verdadeira fé não procura brechas
para escapar; simplesmente obedece a Deus e sabe que ele fará aquilo que for
melhor. A fé baseia-se em ordens e em promessas, não em argumentos e
explicações” (WIERSBE, 2008, p. 324).
Determinado é alguém “decidido, resolvido” (FERREIRA, 2004, p. 667). É o que estes homens de Deus mostraram ser diante da proposta de Nabucodonosor de se curvarem diante da imagem e pouparem suas vidas da morte “não serviremos a teus deuses nem adoraremos a estátua de ouro que levantaste” (Dn 3.18-b). Aquele que é determinado em agradar a Deus ele o faz em todo tempo. Estes homens assim que chegaram a Babilônia juntos com Daniel assentaram no seu coração de não se contaminar (Dn 1.8). Passado um tempo, eles serviam ao Senhor mantendo a mesma fidelidade. Essa virtude foi reconhecida pelo próprio Nabucodonosor (Dn 3.8).
2.4 Capacidade de renunciar (Dn
3.18-20). Do que
poderemos abrir mão a fim de comprovarmos nossa fidelidade a Deus e aos homens?
Misael, Hananias e Azarias mostraram que estavam dispostos a renunciar a
própria vida, se preciso fosse. O martírio é preferível à apostasia. O texto
deixa claro que eles não sabiam se Deus iria livrá-los, mas mesmo assim permaneceriam
fiéis até a morte (Dn 3.17,18). O verdadeiro servo do Senhor está disposto a
abrir mão de qualquer coisa por amor ao seu Deus (Gn 12.1-3; 22; Fp 3.5-8; Hb
11.24-27).
III – A PROVIDÊNCIA DIVINA NA
FIDELIDADE HUMANA
Tanto os hebreus como o Deus
deles foi afrontado por Nabucodonosor (Dn 3.15). Contudo, nesta ocasião o Senhor
resolveu intervir trazendo três benefícios aos seus servos, a fim de mostrar a
Nabucodonosor, aquela multidão, aos três judeus e a todos aqueles que lhe
obedecem, que para Ele nada é impossível (Gn 18.14; Lc 1.37).
3.1 Livramento. O rei furioso mandou lançar os
judeus amarrados dentro de fornalha. Todavia, algo extraordinário aconteceu,
aqueles hebreus não sofreram queimadura alguma, porque Deus estava com eles
dentro do forno aniquilando o poder do fogo, livrando-os da morte conforme
asseverou e viu o próprio Nabucodonosor (Dn 3.25).
3.2 Honra. A Bíblia ensina que aquele que honra
a Deus por ele será honrado (I Sm 2.30; Jo 12.26). “Diante do grandioso milagre
operado por Deus, o monarca babilônico firma em seu coração um propósito pelo
qual a soberania do verdadeiro Deus fosse reconhecida e aceita por todos os
povos sob seu governo. Nabucodonosor reconhece isso e declara: “porquanto
não ha outro Deus que possa livrar como este” (Dn 3.29-b)” (SILVA,
1986, p. 69).
3.3 Prosperidade. Após o ocorrido, aqueles homens
de Deus foram promovidos por Nabucodonosor “Então o rei fez prosperar a
Sadraque, Mesaque e Abednego, na província de Babilônia” (Dn.3.30).
Deus recompensa tanto nesta vida quanto no porvir aqueles que lhe servem de
forma agradável (Dn 12.13; II Tm 4.8).
CONCLUSÃO
Como pudemos ver, Deus glorificou
o seu nome proporcionando livramento aos três judeus que se propuseram honrá-lo
mesmo correndo risco de morte. Devemos agir de forma semelhante diante das
atuais propostas do inimigo. Não devemos jamais abrir mãos de valores
inegociáveis.
REFERÊNCIAS
ü ADEYEMO,
Tokunboh. Comentário Bíblico Africano. MUNDO CRISTÃO.
ü CHAMPLIN, R. N. Dicionário
de Bíblia, Teologia e Filosofia. HAGNOS.
ü SILVA, Severino
Pedro da. Daniel versículo por versículo. CPAD.
ü STAMPS,
Donald C. Bíblia de Estudo Pentecostal. CPAD.
Por Rede Brasil de Comunicação
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