Dn
6.3-5,10,11,15,16,20
INTRODUÇÃO
O profeta Daniel foi um homem de
Deus íntegro e um funcionário excelente e fiel. Sua dedicação e capacidade despertavam
inveja por parte daqueles que trabalhavam com ele, mas que não suportavam sua
prosperidade. Esses tais, tramaram a morte do homem de Deus, incitando o rei a
criar um decreto que lhe proibisse orar ao Deus do céu. Para Daniel, era
preferível morrer que viver sem orar. Logo, por não obedecer ao decreto real, o
profeta judeu foi lançado numa cova com leões para ser morto, todavia, o seu
Deus, proporcionou-lhe um grande livramento.
I
– DEFINIÇÃO DA PALAVRA INTEGRIDADE
O dicionário Aurélio diz que esta
palavra significa: “qualidade de íntegro; inteireza. Retidão,
imparcialidade. Inocência, pureza, castidade” (FERREIRA, 2004, p.
1116). “A integridade refere-se a higidez (saúde) moral, a condição daqueles
que são possuidores de um autêntico caráter moral, em contraste com aqueles
cuja natureza inclui o engodo, a astúcia e a malícia. O trecho de Gn 25.27 faz
a comparação entre Jacó e Esaú. Jacó aparece ali como um homem integro; mas
Esaú descrito como um homem dotado de habilidades violentas. Em Tito 2.7, a
palavra grega aphthoria (palavra que só se acha por uma vez em todo o
Novo Testamento), que nossa versão portuguesa traduz por “integridade”, em
algumas outras versões aparece como “incorruptibilidade” ou “sanidade”. Ali,
essa virtude aparece como uma das qualidades que os líderes das igrejas cristãs
devem possuir. Com toda a razão, podemos pensar que temos aí um aspecto do
fruto do Espírito Santo em nossas vidas, embora, tal virtude não seja
especificamente mencionada na lista de Gálatas 5.22,23. Mas Jesus ensinou
claramente esse principio, conforme se vê em Mt 6.1-6. Para nós, povo de Deus,
a integridade envolve a honestidade a retidão, a higidez de caráter e uma
espiritualidade da mais pura qualidade que evita e foge da corrupção” (CHAMPLIN,
p. 347, 2004 – acréscimo nosso).
II
– DANIEL, UM FUNCIONÁRIO ÍNTEGRO
Uma das primeiras
responsabilidades de Dario foi reorganizar o reino da Babilônia recentemente
conquistado (Dn 6.1-2). A Bíblia diz que Ele nomeou 120 sátrapas para governar
o reino e colocou-os sob as ordens de três administradores, um dos quais era
Daniel (Dn 3.2). “Os sátrapas eram responsáveis diante destes três presidentes
ou administradores, talvez 40 sátrapas para cada presidente” (CHAMPLIN, 2001,
p. 3398).
2.1 A competência de Daniel (Dn
6.3). Desde a
sua chegada a Babilônia até os últimos dias da sua vida, Daniel se mostrou um
servo competente (Dn 1.20,21). “Neste tempo, ele contava mais ou menos 88 anos
de idade. O jovem esforçado, fiel e corajoso do primeiro capítulo é o idoso
esforçado, fiel e corajoso deste capítulo” (BOYER, 2009, p. 52). Ele conseguiu
crescer profissionalmente devido a graça de Deus e a sua presteza aos seus
patrões (Dn 1.17,20; 2.48,49; 5.29; 6.3,28). “Durante um período de quase
setenta anos, Daniel serviu a seis governadores babilônios e a dois persas. No
governo de três deles (Nabucodonosor, Belsazar e Dario) foi elevado a
primeiro-ministro. Ocupou essa função durante o cativeiro final de Judá e o
regresso dos cativos” (ELLISEN, 2012, p. 258).
2.2 A excelência de Daniel (Dn
6.3-a). O texto
bíblico deixa claro que Daniel era preterido pelo rei Dario em relação aos outros
funcionários “porque nele havia um espírito excelente” (Dn 6.3).
A palavra “espírito” no hebraico “ruah” tem vários significados e
nesse contexto “é usado para aludir àquilo que habilita o homem a fazer determinado
trabalho ou que representa a essência de uma qualidade humana” (VINE, 2002, p.
114). Por sua vez, a expressão subsequente “excelente” segundo o Aurélio quer
dizer “que é muito bom” (FERREIRA, 2004, p. 850). Esta virtude destaca-se na
vida desse nobre servo de Deus (Dn 1.17; 4.8; 5.12,14).
2.3 A fidelidade de Daniel (Dn
6.3,4). A forma
com a qual Daniel se comportava na função que lhe foi confiada, rendeu-lhe grande
admiração e confiança por parte do rei Dario, que pensava colocá-lo sobre todo
o reino (Dn 6.3). Sua fidelidade era uma virtude extremamente destacável na
função que exercia (Dn 6.4). Segundo o Aurélio a palavra “fiel” significa: “que
cumpre aquilo a que se obriga; leal; honrado; íntegro” (FERREIRA, 2004, p.
894). “O homem pode se mostrar “fiel” em suas relações com os membros da raça
humana (I Sm 26.23). Mas, geralmente, a Pessoa a quem se é “fiel” é o próprio
Senhor (II Cr 19.9)” (VINE, 2002, p. 128). Biblicamente, podemos destacar quais
as testemunhas que atestam a integridade de Daniel: (1) Os funcionários
que com ele trabalhavam (Dn 6.4); (2) o rei Dario (Dn 6.3,4; 16-20); (3)
o próprio Daniel sabia que servia a Deus com fidelidade (Dn 6.22); e, (4)
o Deus de Daniel atestou isso dando-lhe livramento (Dn 6.22,23). Daniel era
fiel em tudo que fazia, tanto para o rei como para Deus. Por isso, foi
perseguido, mas triunfou. A Bíblia nos orienta a procedermos de igual modo (Ef
6.5,6; Cl 3.22; I Tm 6.1; Tt 2.9; I Pe 2.18).
III
– CAUSAS DO ÓDIO DOS FUNCIONÁRIOS A DANIEL
3.1 Porque era um judeu assumindo
um cargo na Babilônia (Dn 6.1-3).
Para aqueles que exerciam funções na Babilônia, ver um judeu sendo
benquisto, prosperando e recebendo altos cargos era inadmissível (Dn 1.19,20;
Dn 3.12). “Tratava-se de mais um caso de antissemitismo (sentimento contrário
ao povo judeu), um pecado terrível encontrado nas Escrituras desde os dias do
Faraó até o fim dos tempos (Ap 12). Ao que parece, esses oficiais não sabiam da
aliança entre Deus e Abraão, que prometia abençoar quem abençoasse os judeus e
amaldiçoar quem os amaldiçoasse (Gn 12.1-3). Quando esses homens começaram a
atacar Daniel, estavam atraindo sobre si o juízo de Deus” (WIERSBE, 2004, p.
342).
3.2 Porque lhe tinham inveja (Dn
6.3). Enquanto
Daniel estava entre os três presidentes que monitoravam os cento e vinte
sátrapas tudo estava em paz. Todavia, quando o rei Dario vendo que Daniel
destacava-se entre eles, e, com isso, intentou colocá-lo acima dos outros
presidentes o ódio aflorou (Dn 6.3-5). A inveja podia corroer-lhes os ossos (Pv 14.30). Este sentimento é a
tendência de observar com desprazer o bem alheio. Inveja é um misto de ódio,
desgosto e pesar pelo bem e felicidade de outrem; é o desejo violento de
possuir o bem do próximo (Jó 5.2; Pv 14.30; Ec 4.4; Is 11.13; Ez 35.11). É o que
sentiam aqueles homens em relação a Daniel (Dn 6.4).
3.3 Porque era um administrador
fiel (Dn 6.4). Nada
pior para servos infíéis que serem liderados por um servo fiel. A expressão “para
que o rei não sofresse dano” (Dn 6.2-b), dá a entender que Dario estava
desconfiando de corrupção entre os seus funcionários. Por isso, nomeou Daniel
acima deles, porque esse era fiel. “Os outros líderes ficaram exasperados
quando souberam desse plano e tentaram, sem sucesso, encontrar alguma falha no
trabalho de Daniel. Tinham vários motivos para opor-se a Daniel, inclusive a
mais pura inveja, mas sua principal preocupação era financeira. Sabiam que com
Daniel no comando não teriam oportunidade de usar seus cargos em beneficio
próprio e perderiam aquilo que ganhavam pela corrupção” (WIERSBE, 2004, p.
342).
IV
– O DECRETO REAL E A POSTURA FIRME DE DANIEL
Os funcionários tramaram uma
conspiração com base na fidelidade de Daniel à lei do seu Deus. A estratégia
foi convencer o rei Dario a baixar um decreto que proibisse qualquer pessoa a
fazer uma petição a qualquer deus, que não fosse o próprio rei (Dn 6.5-8). “A
sugestão, tomada de maneira falsa, tinha como objetivo envaidecer o ego do rei
e dar uma expressão a sua nova autoridade. Tal mostra de lealdade da parte dos
seus funcionários civis seria muito bem-vinda, sem dúvida, para aquele que
durante sua vida vivia da própria glória. Os antigos césares arrogavam também
para si adoração divina e sob pena de morte que sofreria aquele que se recusasse
a adorá-los” (SILVA, 1986, p. 106).
4.1 O edito real e a pena capital
promulgada por Dario (Dn 6.9,10). O
Aurélio diz que um decreto é uma “determinação escrita, emanada do
chefe do Estado, ou de outra autoridade superior” (FERREIRA, 2004, p. 608).
Diante disto, orar a Deus e não ao rei era estar em desobediência civil a
autoridade constituída. É necessário entender que é uma recomendação bíblica de
que o servo de Deus esteja sujeito a autoridade (Dn 3.12; 6.10,11; Lc 20.22-25;
Rm 13.1-7; I Tm 2.1,2; I Pe 2.17). Contudo, quando a autoridade cria leis e
decretos que se confrontam com a Palavra de Deus, devemos preferir a vontade
soberana do Senhor, tal qual fez Daniel (Dn 6.9,10). Influenciado pelos seus
funcionários Dario acrescentou junto ao edito uma punição, que quem
desobedecesse seria lançado na cova dos leões. “Tem sido interpretado que, a
“cova dos leões” onde Daniel foi lançado, tinha duas entradas: a primeira era
uma especie de “ rampa” pela qual os animais entravam e a segunda uma especie
de “buraco”, na extremidade superior, pelo qual os animais eram alimentados.
Para que a entrada da cova não fosse violada, o rei mandou que trouxessem o
selo real (o anel) e o selo de seus grandes, selando assim a pedra (Js 10.16;
Dn 6.17; Mt 27.66)” (SILVA, 1986, pp. 117,118 – acréscimo nosso) .
4.2 A postura de Daniel e o
livramento de Deus (Dn 6.10,21-23). Ao
ficar sabendo do edito real e da proibição, Daniel agiu com firmeza, não se
intimidando com a sentença. A coragem deste homem é um desafio para todos nós.
Ele estava pronto a colocar os interesses de Deus em primeiro lugar e a sua
própria segurança em segundo. Por amor do seu testemunho, estava pronto a
enfrentar a cova dos leões famintos. Ou seja, ele preferiu morrer que perder o
contato com o seu Deus por meio da oração. “Daniel, o grande servo de Deus, foi
inspirado na oração de Salomão (1 Rs 8.46-49a), a exemplo do salmista, orava de
manhã, ao meio-dia e a tarde. Isto é, 9h, 12h, 15h,
respectivamente (Sl 55.17)” (SILVA, 1986, p. 114). Seus colegas de trabalho o
entregaram a Dario como um transgressor do edito real, induzindo o rei a
cumprir com a pena determinada, o que Dario fez com muito pesar (Dn 6.12-18; At
5.29). Daniel foi lançado na cova dos leões para ser morto, contudo, Deus viu a
sua inocência e lhe proporcionou um grande livramento (Dn 6.12-23). Dario,
percebeu a maldade dos que lhe influenciaram contra Daniel, sentenciou-lhes a
morte na cova dos leões (Dn 6.24).
CONCLUSÃO
Daniel não somente nos deixa um
legado espiritual por ser um fiel servo de Deus, como também nos dá o exemplo
de um profissional capaz, excelente e exato. Ele sofreu inveja por parte
daqueles que com ele trabalhavam, que por causa do seu êxito e compromisso
tramaram a sua morte. Todavia, este servo de Deus manteve-se firme e leal, experimentando
assim do livramento, da honra e da prosperidade divina em todas as áreas da sua
vida (Dn 6.26-28).
REFERÊNCIAS
Ø CHAMPLIN, R. N. Dicionário
de Bíblia, Teologia e Filosofia. HAGNOS.
Ø SILVA, Severino
Pedro da. Daniel versículo por versículo. CPAD.
Ø STAMPS,
Donald C. Bíblia de Estudo Pentecostal. CPAD.
Por Rede Brasil de
Comunicação
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