Dn
4.10-18
INTRODUÇÃO
Nesta quinta lição, veremos no
mau exemplo do Rei Nabucodonosor, que a soberba é um grave pecado contra Deus. Estudaremos a definição da
palavra soberba, as características deste sentimento e analisaremos as sérias consequências
que ela (a soberba) proporciona. Também pontuaremos alguns exemplos de pessoas
que foram soberbas na Bíblia.
I. DEFINIÇÃO DA PALAVRA SOBERBA
A soberba é o encurvamento do
homem a si mesmo. Soberbo no grego é “huperephanos” que significa: “mostrar-se a si
mesmo acima dos outros” formada de “huper” que
é “muito acima de” e da expressão “phainomai” que
é “aparecer, ser manifesto”, embora muitas vezes denote “preeminente”, sempre é
usado no NT no mau sentido de “arrogante, desonesto, orgulhoso, altivo,
soberbo” (Lc 1.51; Rm 1.30; 2Tm 3.2; Tg 4.6; 1Pe 5.5) (VINE, 2002, p. 996 –
grifo nosso). Um outro termo equivalente é “arrogância”. O Aurélio define como:
“orgulho que se manifesta por atitudes altivas e desdenhosas” (FERREIRA, 2004,
p. 199). O termo deriva-se do hebraico “zadôn” e significa “altivez”, “orgulho”
ou “soberba” (Ml 3.15; 4.1; Sl 119.51,69,78,122; Jr 43.2). O orgulho é um
pecado abominável diante de Deus (Pv 21.4; 6.16).
II. CARACTERÍSTICAS
DA GRANDEZA DA BABILÔNIA
O império babilônico recebeu na
Bíblia Sagrada o título de "a jóia dos reinos, a glória e orgulho (soberba) dos
caldeus...",
e sua capital foi chamada de "cidade dourada" (Is 13.19; 14.4). Jeremias 51.41,
diz de Babilônia: "A glória de toda terra". A cidade era extravagante;
suntuosa além do que se possa imaginar; era sem rival na história do mundo. “A grandeza
do reino dos caldeus pode ser medida pelas dimensões e riquezas de Babilônia.
Esta cidade ocupou uma área quadrada de 576 Km com avenidas de 45 metros de
largura por 24 km de comprimento, que dividiam luxuosos quarteirões com
exuberantes jardins, suntuosas residências, magníficos palácios e gigantescos
templos. Um desses templos, dedicado a Bel, media 5 km de circunferência, e um
dos palácios reais ocupava uma área superior a 12 km quadrados. Os
historiadores afirmam que os muros de Babilônia eram duplos e alcançavam a
altura de 112 metros, com uma largura de 24 metros […] essa grande metrópole
inventou um alfabeto, resolveu problemas de aritmética, inventou instrumentos
para medição do tempo, descobriu a arte de polir, gravar e perfurar pedras
preciosas; alcançou grande progresso nas artes têxteis, estudou com êxito o
movimento dos astros, concebeu a ideia da gramática como ciência e elaborou um
sistema de leis civis. Em grande parte, a cultura dos gregos provinha de
Babilônia” (ALMEIDA, sd, p. 10 ).
III. CARACTERÍSTICAS DA GRANDEZA DE
NABUCODONOSOR
O profeta Jeremias, contemporâneo
do período do exílio de Israel e Judá na Babilônia, diz que Deus chamou a Nabucodonosor
de “meu servo”, seu significado evidentemente é "meu instrumento" (Jr
25.9; 27.6 e 43.10.). Na verdade, Nabucodonosor foi a vara de Deus de punição
ao seu povo por ter abandonado o Senhor e tomado o caminho da idolatria e dos
costumes pagãos. Ao referir-se a Nabucodonosor, um escritor disse que: "o
Império era ele e ele era o Império. Como supremo e absoluto [...] ele era o
'tudo', a majestade suprema..”.
Além disso, desempenhou uma administração que conservou todas as nações em harmonia,
bem como sob completa segurança e proteção. Jamais a
história registrou um soberano político no trono do mundo maior do que ele. Ele
a todos sobrepujou em glória, grandeza e majestade. Assim, achou por bem Deus que
lhe dera todo o poder e a glória (Dn 2.3738; Jr 25.9), honrá-lo no símbolo da
cabeça de 'ouro fino' da estátua de seu impressionante sonho inspirado... É
surpreendente notar que a interpretação de Daniel ignorou por completo, não
somente os reis que precederam Nabucodonosor no trono de Babilônia como também
os que lhe sucederam. Em toda a Terra e em toda a História não houve outro
potentado que governasse o mundo tão a contento de Deus" (ALMEIDA, sd, pp. 11,12).
IV. CARACTERÍSTICAS DA SOBERBA DE
NABUCODONOSOR
O relato do quarto capítulo de
Daniel demonstra o sutil, mas desastroso, efeito da soberba. Um comportamento excessivamente
orgulhoso, arrogante e presunçoso caracteriza o sentimento da soberba. A ideia
de poder sobre os outros por si só é uma loucura. "A
soberba leva o homem a desprezar os superiores e a desobedecer as leis. Ela
nada mais é que o desejo distorcido de grandeza" e completa: "a
pessoa que manifesta a soberba atribui apenas a si próprio os bens que possui.
Tem ligação direta com a ambição desmedida, a vanglória, a hipocrisia, a
ostentação, a presunção, a arrogância, a altivez, a vaidade, e o orgulho
excessivo, com conceito elevado ou exagerado de si próprio". Nabucodonosor concentrou todas
estas características perdendo-se em si mesmo no mundo obscuro do orgulho. “... Não é
esta a grande Babilônia que eu edifiquei [...] para glória da minha
magnificência? (Dn
4.30) (Revista Ensinador Cristão. Editora CPAD. p. 38).
V. EXEMPLOS NEGATIVOS NA BÍBLIA DE
SOBERBA
A soberba é o orgulho excessivo
que uma pessoa demonstra e não tem nenhum senso de autocrítica. É como uma doença
contagiosa que se aloja no coração do homem e ele perde a capacidade de admitir
que para viver no mundo dos homens precisa lembrar que o outro existe. A falta
do senso de autocrítica o faz agir irracionalmente (Sl 101.5; 2 Cr 26.16). A
soberba nada mais é do que o egoísmo na sua mais alta plenitude. Uma pessoa
soberba é capaz de menosprezar até o poder de DEUS, achando que não precisa
Dele. A Bíblia nos mostra que a soberba torna os olhos altivos, apodrece a alma
(Pv 21.4) e cega a vista (1 Tm 3.6; 6.4). Vejamos:
Ø
A história de Lúcifer infere-se em dois textos
proféticos de Isaías e Ezequiel nos quais, encontramos em linguagem metafórica,
a história literal da queda de Lúcifer, perdendo sua posição na presença de
Deus. Ele é identificado na Bíblia como Diabo, Satanás (Is 14.1316; Ez
28.14,16). Essas duas escrituras revelam que Lúcifer perdeu seu status
celestial na presença de Deus por causa da sua soberba. Por isso, a soberba é
um pecado do espírito humano, que afeta diretamente as relações verticais do
homem com Deus.
Ø
Rei Saul é
outro exemplo negativo do significado da soberba. Saul começou bem o seu
reinado, até que se deixou dominar por inveja, ciúmes e, então, começou a agir
irracionalmente. A presunção de se achar superior a tudo, o levou a agir com
atitudes arbitrárias dentro do Palácio e nos assuntos do reino. Foram atitudes
que feriam princípios morais, políticos e espirituais de Israel. Sua arrogância
o fez praticar ações que não competiam à sua alçada e, por isso, foi lhe tirado
a graça de Deus na sua vida. Então passou a agir irrefletidamente dominado pela
soberba que fez Deus rejeitá-lo, porque sua desobediência era fruto da soberba
(1 Sm 9.26; 10.1; 15.2,3,9; 15.23).
Ø
O Rei Herodes é outro personagem que se destaca na Bíblia por sua
soberba Ele era um homem altivo, presunçoso e teve um fim triste para a sua
história. Em Atos dos Apóstolos está registrado sua arrogância (At 12.1,2; At 12.311;
At 12.21,22). Para que todos entendessem que Deus não aceita que se zombe da
sua soberania e justiça, enviou o seu anjo que “feriuo..., porque
não deu glória a Deus e, comido de bichos, expirou” (At 12.23).
Ø
Nabucodonosor é o grande exemplo do perigo da arrogância. Por esta
causa ele perdeu seu trono e seu reino. A soberba é um dos pecados do espírito
humano que afeta diretamente a soberania de Deus. Por causa da sua arrogância
contra o cetro do Deus Altíssimo, Nabucodonosor, assim como a árvore do sonho,
foi cortado até a raiz (Dn 4.18). A profecia cumpriu-se integralmente na vida
deste rei, e ele, depois de humilhado, perdeu a capacidade moral de pensar e
decidir porque seu coração foi mudado, de “coração de homem”(Dn 4.16) para “um
coração de animal” (Dn 4.25).
VI. ENSINOS SOBRE SOBERBA E A ARROGÂNCIA
Nos dias de Daniel, Nabucodonosor
era o rei do maior império da época de 605 a 562 a.C. Certa ocasião, quando ele
passeava no palácio real de Babilônia, disse: “Não é esta
a grande Babilônia que eu edifiquei para a casa real, com a força do meu poder,
e para glória da minha magnificência?” (Dn 4.30). Quando ele reconheceu que o poder e a soberania
pertencem única e exclusivamente a Deus, foi restabelecido o seu reino e sua
glória foi acrescentada (Dn 4.35,36). Vejamos o que a Bíblia nos diz sobre a
soberba:
Ø
“Vindo a soberba, virá também a afronta...” (Pv 11.2). A soberba conduz a afronta. A
Bíblia está repleta de exemplos: Golias desafiou o exército de Israel (I Sm
17.810); Hamã desejou exterminar Mardoqueu e o povo judeu (Et 3.615); o rei
Belsazar tomou vinho juntamente com seus oficiais, suas mulheres e concubinas
nos utensílios da casa de Deus (Dn 5.23).
Ø
“A soberba precede a ruína, e a altivez do espírito
precede a queda” (Pv
16.18). O fim do
soberbo é sempre trágico. Golias foi morto por Davi, um pastor de ovelhas (I Sm
17.4854) ; Hamã conduziu Mardoqueu pelas ruas da cidade, gritando: “assim se
fará ao homem cuja honra o rei se agrada”, e, depois, foi morto na forca que preparou para
Mardoqueu (Et 6.11; 7.10); e o rei Belsazar foi morto na mesma noite que bebeu
vinho nos utensílios do templo (Dn 5.30).
Ø
“Abominável é para o Senhor todo altivo (soberbo) de
coração” (Pv
16.5). A palavra
abominar deriva-se do hebraico: nã'ats e
significa “desprezar”, “rejeitar”, “abominar”. Também tem
o sentido de “aborrecer”, “detestar” e “odiar”. Deus
abomina o orgulho porque conduz o homem a uma falsa sensação de independência, auto
suficiência e superioridade aos demais; sentimentos estes, condenados na
Palavra de Deus (Pv 6.17; 8.13; Ob 1.3; Lc 14.11; At 17.28; Fp 2.3).
CONCLUSÃO
Vimos que Deus não derrama Seu
juízo antes de chamar o homem ao arrependimento. O Senhor deu doze meses para
Nabucodonosor se arrepender, porém, ele exalta-se em vez de dar glória a Deus
(Dn 4.2930). “Eu edifiquei”; “pela força do meu poder” “para a
glória da minha majestade”. Quando
o homem não escuta a voz da graça, ouve a trombeta do juízo. O orgulho é algo
abominável para Deus, pois Ele resiste ao soberbo (Tg 4.6).
REFERÊNCIAS
· ARRINGTON, French L.; STRONSTAD, Roger. Comentário Bíblico Pentecostal. CPAD.
· CABRAL, Elienai. Integridade Moral e Espiritual: o legado do livro de Daniel para igreja hoje. CPAD
· CHAMPLIN, R. N. Dicionário de Bíblia, Teologia e Filosofia. HAGNOS.
· _______________. O Novo Testamento Interpretado versículo por versículo. HAGNOS.
· STAMPS, Donald C. Bíblia de Estudo Pentecostal. CPAD.
Por Rede Brasil de
Comunicação
Nenhum comentário:
Postar um comentário