Rm
1.18-20, 25-27; 2.1, 17-21
INTRODUÇÃO
Dentre tantas
promessas descritas nas Escrituras, a promessa da salvação é, sem dúvidas, uma
das mais gloriosas. Isto porque, ela não está restrita ou predestinadas à
algumas pessoas, mas sim, para toda a humanidade (Jo 3.16; 1Tm 1.15; 2.3,4; Tt
2.11). Nesta lição, veremos o que significa o termo salvação; estudaremos a
universalidade do pecado fazendo uma comparação entre o pecado original e o
pessoal; apontaremos esta doutrina quanto ao tempo, ao espaço e as barreiras culturais;
debruçaremos sobre os três aspectos da salvação; verificaremos a promessa da
salvação tanto no AT como NT; e, finalizaremos observando as suas etapas tanto
no lado divino quanto no humano.
I. A UNIVERSALIDADE DO PECADO
Há inequívocas
declarações nas Escrituras que indicam a pecaminosidade universal do homem (1Rs
8.46; Sl 14.3; 143.2; Ec 7.20; Rm 3.1-12, 19, 20, 23; Gl 3.22; Tg 3.2; 1Jo 1.8,
10). Várias passagens ensinam que o pecado é uma “herança” do homem desde a
hora do seu nascimento, e, portanto, está presente na natureza humana. A Bíblia
é muito explícita relativamente à extensão (universalidade) do pecado (Sl 51.5;
Jó 14.4; Jo 3.6; Rm 5.12). Em Ef 2.3 diz o apóstolo Paulo que os efésios eram “por
natureza” filhos da ira, como também os demais”. Nesta passagem a
expressão “por natureza” indica uma coisa inata e original, em
distinção daquilo que é adquirido (Is 53.6). Então, o pecado é uma coisa da própria
natureza humana, da qual participam todos os homens e que os fazem culpados
diante de Deus (Rm 5.12-14), por isso, que todos os homens se acham sob
condenação do pecado e necessitam da redenção (BERKHOF, 2000, p. 235).
1.1 O pecado
original ou universal.
Pecado original
não é uma expressão que vamos encontrar na Bíblia, mas é uma expressão
teológica (Rm 3.10, 23). Originou-se num ato totalmente livre de Adão como o “representante
da raça humana” numa transgressão da Lei de Deus e numa corrupção da
natureza humana, tornando-se sujeito à punição de Deus (Rm 5.14-19). A raça
humana fazia parte de Adão em forma de semente; portanto, quando Adão pecou,
pecamos nele, pois,“todos os homens nascem por natureza” (Ec
7.20; Sl 51.5; 143.2). O pecado não ficou restrito somente a Adão e Eva, mas
estendeuse a toda a raça humana, é o que chamamos de “culpa herdada” (Rm
5.12). Sendo assim, toda a raça humana passou a ser pecadora por natureza a
partir de Adão. Aos olhos de Deus, o pecado de Adão foi o pecado de todos os
seus descendentes, de modo que eles nascem como pecadores (Rm 3.23; 7.23; Ef
2.1-2; Mt 15.18-19; Hb 6.1; 9.14). Devemos estar vigilantes contra o erro
de pensar que Deus criou o homem já na condição de pecador e culpar a Deus do
mal. Esta ideia é claramente excluída pela Escritura (Jó 34.10; Dt 32.4; Sl
92.16; Tg 1.13), ou como alguns afirmam, que os homens não nascem pecadores,
mas sim, apenas com a tendência ao pecado (isso é uma heresia chamada de
pelagianismo). O único ser cuja natureza humana não se mostrou
corruptível (pecadora) desde a sua concepção e nascimento foi o Senhor Jesus Cristo
(Hb 4.15; 7.26).
1.2 O pecado
pessoal ou factual.
Com respeito à
origem do pecado na história da humanidade, a Bíblia ensina que ele teve início
com a transgressão de Adão no paraíso, e, portanto, com um ato perfeitamente
voluntário da parte do homem. A expressão “pecados fatuais” ou “culpa
pessoal” não indica apenas as ações externas praticadas por meio do
corpo, mas também todos os pensamentos e volições conscientes que decorrem do
pecado original, ou seja, da natureza pecaminosa (Ec 7.20; Rm 7.18). São os
pecados individuais expressos em atidudes da natureza e inclinação herdada (Rm
5.18,19). O pecado original é somente um, o de Adão; já o pecado factual é
múltiplo, que são os pessoais, e são por estes pecados que prestaremos contas
diante de Deus, ou seja, não somos responsáveis pelo pecado de Adão, apenas
pelos nossos (1Rs 8.46; Pv 20.9; Gl 5.19-21; Ef 2.3).
II. O QUE SIGNIFICA SALVAÇÃO?
A palavra
“salvação” do grego “soteria” significa: “libertação, ser
tirado de um perigo, livrar-se, escapar”. A salvação é o livramento
espiritual eterno concedido imediatamente por Deus aos que aceitam as condições
estabelecidas por Ele referentes ao arrependimento e fé no Senhor Jesus e sob
confissão dEle como Senhor. “segundo a sua misericórdia nos salvou” (Tt
3.5, ver também At 4.12; Rm 10.10). A Salvação é uma milagrosa transformação
espiritual, operada na alma, na vida e no caráter de toda a pessoa que, pela
fé, recebe Jesus Cristo como seu único Salvador pessoal (Ef 2.8,9; 2 Co 5.17;
Jo 1.12; 3.5) (VINE, 2002, p. 967). Trata-se da redenção do ser humano do poder
do pecado (1Pe 1.18,19), da libertação do cativeiro espiritual (Rm 8.2), e a saída
do pecador dentre o poder das trevas do pecado (Cl 1.13). E, finalmente, é o
retorno do exílio espiritual do pecador para Deus (Ef 2.13) (CABRAL, 2009, p.
338).
III. OS TRÊS ASPECTOS DA SALVAÇÃO
3.1
Justificação.
É
a mudança de posição externa e legal do pecador diante de Deus de condenado
para justificado. Pela justificação passamos a pertencer aos justos.
Justificação é o tempo passado da nossa salvação, mas sempre presente em nossa
vida espiritual (1Co 6.11; Rm 8.30,33b; 5.1; 3.24; G1 2.16).
3.2 Regeneração.
É
a mudança de condição do pecador de servo do pecado para filho de Deus. A
regeneração é tão séria diante de Deus, que a Bíblia chama-a de “batismo em
Jesus” (1Co 12.13; G1 3.27; Rm 6.3). Trata-se de um ato interior, dentro do
indivíduo, abrangendo também todo o seu ser. É um termo ligado a família,
filhos: “gerar”; é o novo nascimento (Jo 3.5). Mediante a regeneração somos
chamados “filhos de Deus” (Gn 2.7; Jo 20.22; 15.5).
3.3
Santificação.
É
a mudança de caráter (mudança subjetiva); é a mudança de serviço (mudança
objetiva), “em Cristo” (posicional), como lemos em João 15.4 e 17.26.
IV. AS ETAPAS DA SALVAÇÃO
A salvação nos é
concedida mediante a graça de Deus manifesta em Cristo Jesus (Rm 3.24,25;
5.8,10, Hb 7.25). Ela é recebida de graça, e mediante a fé em Cristo (Rm 3.22,
24, 25, 28). Isto é, ela resulta da graça de Deus (Jo 1.16), mas, há a resposta
humana também (At 16.31; Rm 1.17; Ef 1.15; 2.8). A salvação é manifesta pelo
menos tem três etapas: passado, presente e futuro. Vejamos cada uma delas:
4.1 A etapa
passada da salvação.
É o que Deus fez
por nós livrando-nos da pena do pecado (1 Co 6.11; Rm 5.1; 8.30,33). Ela é
referida na Bíblia como ocorrida no passado e inclui a experiência pessoal
mediante a qual nós, como crentes, recebemos o perdão dos pecados (At 10.43; Rm
4.6-8) e passamos da morte espiritual para a vida espiritual (1Jo 3.14); do poder
do pecado para o poder do Senhor (Rm 6.17-23), do domínio de Satanás para o
domínio de Deus (At 26.18).
4.2 A etapa
presente da salvação.
É aquilo que
Deus faz em nós agora livrado-nos do domínio do pecado (2 Co 7.1; 1 Ts 5.23; Fp
2.12; 1 Jo 2.6). É a santificação em conduta, diante do mundo e a salvação do
poder do pecado. É aquilo que Deus faz em nós agora. Ela abrange: (a) o privilégio
de um relacionamento pessoal com Deus e com Jesus como nosso Senhor e Salvador
(Mt 6.9; Jo 14.18-23; Gl 4.6); (b) a conclamação para nos considerarmos
mortos para o pecado (Rm 6.1-14); (c) o convite para sermos cheios do
Espírito Santo (At 2.33-39; Ef 5.18); (e) a exigência para nos
separarmos do pecado (Rm 6.1-14; At 2.40; 2Co 6.17); e (f) a chamada
para travar uma batalha constante em prol do reino de Deus contra Satanás e
suas hostes demoníacas (2Co 10.4,5; Ef 6.11,16; 1Pe 5.8).
4.3 A etapa futura
da salvação.
É o que Deus
fará conosco na glória celestial (1 Pe 1.5; 1 Jo 3.2; Rm 8.23; 13.11). Abrange:
(a) nosso livramento da ira vindoura de Deus (Rm 5.9; 1 Co 3.15; 5.5; 1 Ts
1.10; 5.9); (b) nossa participação da glória divina (Rm 8.29; 2 Ts 2.13,14)
e nosso recebimento de um corpo ressurreto, transformado (1 Co 15.49-52); e (c)
os galardões que receberemos como vencedores fiéis (Ap 2.7; 1 Co 9.24-27;
Fp 3.8-14).
V. O LADO DIVINO E HUMANO DA
SALVAÇÃO
A salvação tem
um lado objetivo (o lado divino), e um, subjetivo (o humano). O primeiro
refere-se a Deus como o doador da salvação; e o segundo refere-se ao homem como
o recebedor. (CABRAL, 2009, p. 335). Vejamos a salvação quanto ao tempo:
O
LADO DIVINO DA SALVAÇÃO
|
O
LADO HUMANO DA SALVAÇÃO
|
A salvação é
eterna (Jo
6.37; 15,16; Rm 9.11-13; Ef 1.4; Mt 25.34; Ef 1.4; Ap 13.8)
|
A salvação é
preciso que o homem queira (Mt 16.24-25).
|
A salvação é
livre e gratuita (Ef
2.8-9; Jo 3.16; Mc 16.15; Mt 28.18-20; Lc 9.23).
|
A salvação é
responsiva (Dt
30.15,17,19; Is 55.7; Jo 5.40; 8.24; Ap 3.20; 22.17; Rm 14.12; 2 Co 5.10)
|
A salvação é
soberana (Mt
20.1-16; Rm 9.14,29).
|
A salvação
exige esforço (Mt
11.12; Lc 13.24; 16.16).
|
A salvação é
completa e instantânea (Lc 23.39-43; 19.9; Fp 2.13).
|
A salvação é
progressiva (Fp
2.13; 2 Pe 1.10; 1 Pd 1.14-16;).
|
A salvação é
para todos. (Jo
3.16; 12:.32; 17.21; 1 Jo 2.2; 1 Co 15.22; 1 Tm 2.3-4; Hb 2.9; 2 Pe 3.9; 1Jo
2.2).
|
A salvação é
santificante (Mt
18.3; Rm 6.4; 1 Pd 2.2).
|
CONCLUSÃO
Jesus é o autor
da salvação (Lc 2.11; 2Tm 1.10; Lc 2.30; Hb 5.9), e como Salvador, Ele têm
poder de perdoar os nosso pecados (Mc 2.10), a todos quanto O receberam, Ele
deu o poder para serem filhos de Deus, aos que creem em seu nome (Jo 1.11-12).
Porque Ele recebeu todo o poder nos céus e na terra (Mt 28.18). Porque isto é
bom e agradável diante de Deus, nosso Salvador, que quer que todos os homens se
salvem e venham ao conhecimento da verdade (1 Tm 2.3-5).
REFERÊNCIAS
Ø GILBERTO,
et al. Teologia Sistemática Pentecostal. CPAD.
Ø CHAFER,
Lewis Sperry. Teologia Sistemática. CPAD.
Ø STAMPS,
Donald C. Bíblia de Estudo Pentecostal. CPAD.
Ø BERKHOF,
Louis. Teologia Sistemática. Editora Cultura Cristã.
Por Rede Brasil
de Comunicação.
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