Rm 6.1-12
INTRODUÇÃO
Nesta lição,
veremos que a situação espiritual do homem, quer seja judeu ou gentio,
destacada por Paulo na epístola aos Romanos é de pecado generalizado. Todavia,
Deus soberanamente decidiu, por sua graça, manifestar a salvação através de
Cristo Jesus. Pontuaremos as duas principais deturpações e as devidas
refutações quanto a compreensão da graça que surgiu na história da igreja; e,
por fim, destacaremos ainda que, somente pela graça o homem pode ser salvo.
I. A SITUAÇÃO DO HOMEM E A
MANIFESTAÇÃO DA GRAÇA DE DEUS
1.1 A condição
pecaminosa dos judeus e gentios.
Na epístola aos
Romanos, o apóstolo Paulo apresenta a situação geral do gênero humano: “Ninguém
é justo diante de Deus” (Rm 3.10-18). Portanto, os judeus não são
melhores que os gentios, pois ambos “estão debaixo do pecado” (Rm
3.9). Diversas passagens do AT mostram essa triste realidade (Is 59.4-8; Ec
7.20; Sl 14.2-3; 53.2-3), pois todos estão corrompidos e precisam de um
Salvador (Rm 3.13-18; Sl 5.9; 10.2-8; 36.1; Is 59:7-8). Em Adão todos pecaram
(Rm 5.12), e consequentemente, estão destituídos da glória de Deus (Rm 3.23); condenados (Rm
5.16); e, mortos (Rm 6.23a).
1.2 A perfeição
da Lei e a imperfeição do homem.
ser salvos (Rm
3.20; Gl 3.24,25).
1.3 A
manifestação da salvação pela graça.
Se o gentio e o
judeu são igualmente culpados diante de Deus e não podem por si mesmos serem
justos, como poderá o homem ser salvo? Paulo nos responde: “Porque o
salário do pecado é a morte, mas o dom gratuito de Deus é a vida eterna, por
Cristo Jesus nosso Senhor” (Rm 6.23). Embora o homem merecesse a separação
eterna de Deus por causa de sua rebeldia deliberada, por sua graça, ou seja
favor imerecido, Deus revolveu conceder gratuitamente a vida eterna aqueles que
não merecem. Portanto “a graça divina é, então, Deus mesmo renunciando ao
exercício do justo castigo por sua livre e soberana decisão” (ALMEIDA, 1996, p.
28).
II. A GRAÇA DE DEUS E AS
DETURPAÇÕES
Desde o primeiro
século da igreja até os dias atuais o ensino sobre a graça de Deus tem sofrido
deturpações (Rm 1.25; 2 Pe 3.15,16). Há aqueles que acham que o homem não pode
ser salvo apenas pela graça, fazendo-se necessário a guarda da Lei (At 15.1,5);
e a outros que acreditam que, já que somos salvos pela graça, independente das
obras, nada que façamos de mal depois de salvos poderá nos fazer perder esta
salvação (Rm 6.1). Abaixo destacaremos pelos menos dois principais grupos que
deturparam este precioso ensino. Vejamos:
2.1 O Legalismo
defendido pelos judaizantes.
2.2 O
Antinomismo defendido pelos gentios.
Em Romanos 6.1 o
apóstolo Paulo faz a seguinte pergunta: “Que diremos pois? Permaneceremos
no pecado, para que a graça abunde?”. Em seguida ele responde: “De
modo nenhum” (Rm 6.2a). “Paulo destrói a aparente lógica desse
argumento apontando que o desejo de continuar pecando (uma vez que o perdão de
Deus esta garantido) mostra que o indivíduo não entendeu o significado da graça
ou a gravidade do pecado” (TOKUMBOH, 2010, p. 1395). Alguns intérpretes da
Bíblia alegam que esta pergunta de Paulo foi formulada porque certos grupos
libertinos, levaram seus ensinamentos ao extremo, por exemplo o da justificação
pela fé independente das obras (Rm 3.28). Estes afirmavam que, desde que uma
pessoa tivesse fé em Cristo (isto é, cresse nas coisas certas a respeito de sua
divindade e em sua obra realizada para conceder perdão), não importaria se os
atos dela fossem bons ou maus. Aqueles que pensam dessa forma são chamado de
antinomistas. A palavra Antinomismo “Do grego “anti” que
significa: “contra”, e “nomos”, “lei”.
Alegam os antinomistas que, salvos pela fé em Cristo Jesus, já estamos livres
da tutela de Moisés. Ignoram, porém, serem as ordenanças morais do Antigo
Testamento pertencentes ao elenco do direito natural que o Criador incrustara
na alma de Adão. Todo crente piedoso os observa; pois o Cristo não veio ab
rogá-los; veio cumpri-los e sublimá-los” (ANDRADE, 2006, p. 51 – acréscimo
nosso).
III. SOMENTE PELA GRAÇA O SER
HUMANO PODE SER SALVO
3.1 A graça é um
ato soberano (Rm 1.7; 5.15; Tt 2.11).
Nos referidos
textos, Paulo nos diz que a graça procede soberanamente de Deus. Isto porque o
favor lhe pertence e vem dEle, como sua fonte originária (I Co 15.10; I Pe
5.10). Segundo a Bíblia Deus manifestou a sua graça em toda a sua plenitude na
Pessoa de Seu Filho, Jesus Cristo (II Co 8.9; 13.13; Gl 1.6; 6.18; Ef 2.7; Fp
4.23; Ap 22.21). “A expressão 'manifestar' no original se relaciona ao
substantivo 'epifania', ou seja, 'aparecimento' ou
'manifestação' (por exemplo, do sol ao amanhecer). A graça de
Deus surgiu repentinamente sobre os que estavam nas trevas e na sombra da morte
(Ml 4.2; Lc 1.79; At 27.20; Tt 3.4)” (HENDRIKSEN, 2001, p. 453).
3.2 A graça é
imerecida (Rm 3.24; 11.6; Ef 2.5.7-8).
A palavra
traduzida como graça significa “favor imerecido”. Para falar
sobre este favor imerecido ao pecador, Paulo usa a seguinte argumentação: “Ora,
àquele que faz qualquer obra não lhe é imputado o galardão segundo a graça, mas
segundo a dívida. Mas, àquele que não pratica, mas crê naquele que justifica o
ímpio, a sua fé lhe é imputada como justiça” (Rm 4.4,5). Nestes
versículos, o apóstolo deixa claro que a salvação é concedida ao homem sem ele
merecer. Não há nada que o homem faça para o tornar digno de ser salvo, pois a graça
aniquila qualquer obra que visa receber a salvação por mérito “Não vem
das obras, para que ninguém se glorie” (Ef 2.9). Segundo Soares (p. 76)
“A graça é o favor imerecido de Deus para com o pecador; é a bondade para quem
apenas merece o castigo”.
3.3 A graça é
suficiente (Rm 3.24; Ef 2.8).
Paulo nos mostra
que a Lei não é suficiente para salvar o homem. Até porque seu propósito é
revelar o pecado e não extirpá-lo (Rm 7.7). Todavia, a graça de Cristo faz por
nós aquilo que a Lei nunca poderia. Um dos pontos da Reforma Protestante é o “sola
gratia” que diz que embora a fé seja o caminho dado por Deus para a
salvação, não é ela quem nos salva, mas a graça “Porque pela graça sois
salvos” (Ef 2.8a). Lutero refutou o ensino católico romano da salvação
pelas obras, alegando com base no que diz a Bíblia, que é pela graça, o favor
imerecido de Deus, que ele nos concede a bênção da salvação (At 15.11; Rm
11.6).
3.4 A graça não
faz acepção (Rm 1.16; 3.29; 9.24).
Desde o início,
a proposta divina sempre foi estender a bênção da salvação a todos os homens
indiscriminadamente (Gn 12.3; Gl 3.8). É errôneo pensar embora “todos
pecaram” (Rm 3.23), somente os eleitos serão salvos. Em Tito 2.11 Paulo
diz “[...] a graça de Deus se há manifestado, trazendo salvação a todos
os homens”. A vinda do Messias mostra claramente que, Deus não faz
acepção de pessoas (At 10.34; Rm 2.11; Ef 6.9; I Pe 1.17). Portanto, a graça de
Deus que nos é oferecida mediante o evangelho, é derramada sobre todos em pé de
igualdade, ou seja, ela alcança tanto judeus como gentios (Gl 3.14; Ef 3.6).
3.5 A graça pode
ser resistida (At 18.5,6).
A ideia de que a
graça é irresistível está ligada a Agostinho. “De acordo com ele, a graça de
Deus atua incondicional e irresistivelmente nos eleitos, garantindo a salvação
deles, produzindo a reação favorável dos homens para com o evangelho e
garantindo que essa reação seja absolutamente completa e eficaz” (CHAMPLIN,
2004, p. 957). A Bíblia, no entanto, nos mostra que o homem pode por seu livre
arbítrio aceitar ou rejeitar o plano divino para a sua salvação (At 4.4; 9.42;
17.4; Hb 3.15; 4.7). O povo de Israel é a maior prova de que a graça não é irresistível,
pois o apóstolo João diz: “Veio para o que era seu, e os seus não o
receberam” (Jo 1.11). Jesus quando estava em frente ao Monte das
Oliveiras declarou: “Jerusalém, Jerusalém, [...] quantas vezes QUIS EU
ajuntar os teus filhos, [...] e TU NÃO QUISESTE!” (Mt 23.37). Confira
ainda: (At 7.51; 18.6).
CONCLUSÃO
Apesar da queda
da raça humana, Deus, por sua maravilhosa graça decidiu soberanamente salvar o
homem caído em pecado, por meio de Jesus Cristo. Esta graça alcança a todos os
homens indistintamente e apesar de nos salvar independente das obras, nos
impele a uma vida de santificação que é a evidência visível da salvação.
REFERÊNCIAS
Ø ALMEIDA,
Abraão de. O Sábado, a Lei e a Graça. CPAD.
Ø ANDRADE,
Claudionor Corrêa de. Dicionário Teológico. CPAD.
Ø CHAMPLIN,
R. N. Dicionário de Bíblia, Teologia e Filosofia. HAGNOS.
Ø HOFF,
Paul. O Pentateuco. VIDA.
Ø TOKUMBOH,
Adeyemo. Comentário Bíblico Africano. MUNDO CRISTÃO.
Por Rede Brasil
de Comunicação.
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