Rm 9.1-5; 10.1-8;
11.1-5
INTRODUÇÃO
Veremos nesta
lição que Romanos 9-11 é uma trilogia do povo de Israel e dos gentios, onde, o
capítulo 9 olha para o passado e mostra a soberana eleição divina
sobre Israel; o capítulo 10 vê o presente e aborda a
responsabilidade humana; já o capítulo 11 vislumbra o futuro e
trata da bênção universal. Assim, falaremos sobre Israel no plano divino para a
salvação; estudaremos sobre sua eleição; pontuaremos sobre o sentimento de
tristeza de Paulo em relação aos judeus, e concluiremos falando sobre os
privilégios de Israel como nação escolhida por Deus.
I. ISRAEL NO PLANO DIVINO PARA A
SALVAÇÃO
1.1 A eleição de
Israel no passado (Rm 9.6-29).
Em Romanos
9.6-13, Paulo afirma que a promessa de Deus a Israel não falhou, pois a
promessa era só para os fiéis da nação e visava somente o verdadeiro Israel,
aqueles que eram fiéis à promessa (Gn 12.1-3; 17.19), pois “sempre há um
Israel dentro de Israel, que tem recebido a promessa” (Rm 9.6). Nos
versículos 14-29, Paulo chama a nossa atenção para o fato de que Deus tem o
direito de rejeitar a Israel, se desobedecerem a Ele e o direito de usar de misericórdia
para com os gentios, oferecendo-lhes a salvação (STAMPS, 1995, p. 1715 – grifo
nosso).
1.2 A rejeição
presente do evangelho por Israel (Rm 9.30 a Rm 10.21).
O erro de Israel
de não voltar-se para Cristo, não se deve a um decreto incondicional de Deus,
mas à sua própria incredulidade e desobediência (At 4.11; Rm 10.3). O estado espiritual
de perdido, da maioria dos israelitas, não fora determinado por um decreto
arbitrário de Deus, mas, resultado da sua própria recusa de se submeterem ao
plano divino da salvação mediante a fé em Cristo (Rm 10.3; 11.20). Inúmeros
gentios, porém, aceitaram o caminho de Deus, e se tornaram “filhos do
Deus vivo” (Rm 9.25,26).
1.3 A rejeição
de Israel é apenas parcial e temporária (Rm 11.1-36).
As Escrituras
estão repletas de promessas de uma futura restauração de Israel ao aceitarem o
Messias. Tal restauração terá lugar ao findar-se a Grande Tribulação, na
iminência da volta pessoal de Cristo (Is 11.10-12; 24.17-23; 49.22,23; Jr
31.31-34; Ez 37.12-14; Rm 11.26; Ap 12.6). O apóstolo Paulo deixa claro que
Israel por fim aceitará a salvação divina em Cristo por algumas razões: a) Deus
não rejeitou o Israel verdadeiro (Rm 11.1-6); b) Deus transformou a
transgressão de Israel numa oportunidade de proclamar a salvação a todo o mundo
(Rm 11.11,12, 15), e por fim, c) O propósito sincero de Deus é ter
misericórdia de todos, tanto dos judeus como dos gentios, e incluir no seu
reino todas as pessoas que creem em Cristo (Rm 11.30-36; Rm 10.12,13; 11.20-24)
(STAMPS, 1995, p. 1715 – grifo nosso).
II. ISRAEL E SUA ELEIÇÃO
2.1 A eleição de
Israel não é superior a dos gentios (Rm 9.24).
Havia na igreja
de Roma dois grupos distintos, um formado por judeus, e outro por gentios (Rm
1.13; 7.1). Os judeus não aceitavam o ensino de Paulo quanto à salvação pelo
fato do apóstolo apresentar o novo pacto (a graça), como capaz e
superior ao velho pacto (a Lei) para salvar o homem. O judeu cria
que Deus havia eleito seu povo e, por isso, a sua salvação estava pré-ordenada
e pré-determinada. No entanto, Deus jamais escolhe alguém com parcialidade,
pois Ele não faz acepção de pessoas (At 10.34; Rm 2.11; Ef. 6.9; 1 Pe 1.17).
2.2 A eleição de
Israel não é genética, mas espiritual (Rm 9.6-9).
Nem todos os
descendentes físicos de Abraão são filhos espirituais de Abraão (Rm 9.6). Os
verdadeiros filhos de Abraão não são os que têm o sangue de Abraão correndo nas
veias (filiação carnal), mas os que têm a fé de Abraão em seu
coração (filiação espiritual). Se a fé de Abraão não estiver nos
corações, de nada lhes adiantará ter o sangue de Abraão em suas veias, pois, a
descendência natural de Abraão não é garantia de um parentesco espiritual com
Abraão. Deus não se deixa enquadrar como um Deus nacionalista, assim, não são
judeus todos os que são judeus, nem são circuncisos todos os que são da
circuncisão (Rm 2.28,29). Os verdadeiros filhos de Abraão são aqueles que “também
andam nas pisadas da fé que teve Abraão” (Rm 4.12) (MURRAY apud LOPES,
2010, p. 328).
2.3 A eleição de
Israel não é meritória, mas graciosa (Rm 9.10-13).
A graça não é
concedida por critério étnico, cultural ou religioso, pois Deus chama dentre os
judeus, mas também dentre os gentios (Rm 9.24). Portanto, a salvação não é
endereçada apenas aos filhos de sangue de Abraão, mas também aos que se tornam
filhos de Abraão pela fé (Gl 3.7).
2.4 A eleição de
Israel não é uma predestinação fatalista (Rm 9.26,27).
Paulo está
tratando do modo como Deus lida com nações e povos do ponto de vista histórico,
a partir do seu direito de usar povos e nações conforme Ele quer. Por exemplo,
sua escolha de Jacó em lugar de seu irmão Esaú (Rm 9.11) teve como propósito
fundar e usar as nações de Israel e de Edom, oriundas dos dois. Nada tinha que
ver com seu destino eterno quanto a sua salvação ou condenação
como indivíduos como ensinam alguns teólogos fatalistas (STAMPS, 1995, p.
1715).
III. ISRAEL E O SENTIMENTO DE
TRISTEZA DE PAULO
Paulo declara
seu amor por sua gente, os judeus (Rm 9.12-3). Visto que era conhecido como
judeu zeloso, sua conversão a Cristo o tornou antipático para os judeus, que o
viam como “um traidor de sua gente”. Entretanto, Paulo garante
que seus sentimentos são sinceros e que sua consciência tinha o testemunho do
Espírito Santo (Rm 9.1).
3.1 A
incredulidade dos judeus e a tristeza de Paulo (Rm 9.1,2).
Paulo passa da
exultação do final do capítulo 8 para a profunda tristeza do começo do capítulo
9. A confissão de amor de Paulo por seus compatrícios não é uma retórica vazia
nem uma declaração hipócrita, dissimulada e fingida, mas uma realidade. Os
judeus, irmãos e compatriotas de Paulo segundo a carne, ainda estavam aferrados
à sua tradição religiosa, sem Cristo e sem salvação, e isso provocou no
apóstolo grande tristeza e dor (Rm 9.2) (LOPES, 2010, pp. 323,324).
3.2 A profunda dor
do apóstolo em relação aos judeus (Rm 9.3).
Paulo desejou
ser apartado de Cristo para que seus irmãos fossem reconciliados com Cristo,
desejou ser maldito para que seus compatriotas fossem benditos, desejou ir ao
inferno para que os seus irmãos fossem ao céu. Paulo se mostrou disposto
a ficar fora do céu por amor aos salvos e a ir ao inferno por amor aos perdidos.
Paulo estava pronto a ir às últimas consequências para ver seus
compatrícios salvos. O sentimento de Paulo nos lembra de Judá que, como substituto
de seu irmão Benjamim (Gn 44.33), recorda-nos as palavras emocionantes de
Moisés ao interceder pelo povo (Êx 32.32), e o agonizante clamor de Davi por
seu filho (2 Sm 18.33). Porém, acima de tudo, ele fixa nossa atenção naquele
que realmente se fez o substituto de seu povo (Rm 3.24,25; 8.32). “Parece
inacreditável que um homem se disponha a ser amaldiçoado a fim de que os
malditos possam se salvar” (STOTT apud LOPES, 2010, p. 324).
IV. OS PRIVILÉGIOS DE ISRAEL
4.1 A descendência “Que são israelitas...” (Rm 9.4).
Como promessa
divina, visto que foram feitos filhos ou povo peculiar de Deus, tirado do meio
das nações (Êx 4.22; Os 11.1).
4.2 A adoção
“.... dos quais é a adoção de filhos” (Rm 9.4).
A “adoção” se
refere à sua eleição teocrática, pela qual eles foram separados das nações
pagãs para se tomarem os primogênitos de Deus (Êx 4.22), sua possessão
particular (Êx 19.5), seu filho (Os 11.1), seu povo escolhido (Is 43.20).
4.3 A glória
“.... e a glória” (Rm 9.4).
4.4 As alianças
“... e as alianças” (Rm 9.4).
As “alianças”
estão no plural porque o pacto de Deus foi progressivamente revelado. Devemos
considerar o plural como denotação das alianças abraâmica (Gn 15.18; 17.4),
mosaica (Êx 24.8; 34.10; Dt 29.1); nos dias de Josué, o sucessor de Moisés (Dt
27.2; Js 8.30; 24.25); e davídica (2 Sm 23.5; Sl 89.28).
4.5 A legislação
“... e a lei” (Rm 9.4).
4.6 O culto “...
e o culto” (Rm 9.4).
4.7 Os
patriarcas “... dos quais são os pais” (Rm 9.5).
4.8 A
descendência de Cristo “... e dos quais é Cristo segundo a carne”. (Rm 9.5). Paulo completa
a sua lista dos privilégios do povo judaico mencionando o Messias demonstrando
uma honra que nunca pode ser-lhe arrebatada. Paulo deixou por último “a
Cristo” por ser o mais eminente dos privilégios dos judeus. É
indiscutível o fato de que o Cristo, o Ungido, é o “Verbo divino que se
fez carne” (Jo 1.1,14) e “habitou entre nós”. Como Deus
bendito, Cristo nasceu como homem, “segundo a carne”, descendendo
dos judeus e sua humanização não afetou em nada a sua divindade. Paulo faz um
tributo à divindade de Cristo, quando diz que Ele é “sobre todos”,
isto é, exalta-o e o coloca em sua real posição de supremacia. Ainda mais,
Paulo o trata como “Deus bendito eternamente”. Esse tratamento é
identificado no AT, quando o salmista precede o nome de Deus com a palavra
“bendito” (Sl 68.35; 72.18). Finalmente, entende-se que Cristo descendeu dos
judeus “segundo a carne” para revelar-se ao mundo todo como o Redentor
de todos os homens (Mt 1.1; Jo 4.22; Rm 1.3; Hb 2.16; Ap 5.5).
CONCLUSÃO
Concluímos que
assim como Deus ama Israel e o escolheu como povo santo e peculiar, também, da
mesma maneira amou os gentios sem nenhuma acepção ou distinção. Não podemos
negar que os judeus são privilegiados por ser o povo eleito para ser o receptor
das bênçãos descritas em Romanos 9; porém, isso não os torna melhores e nem
superiores aos demais povos, pois o Senhor jamais escolhe com parcialidade, e
não faz acepção de pessoas (At 10.34; Rm 2.11; Ef. 6.9; 1Pe 1.17).
REFERÊNCIAS
GILBERTO, et al. Teologia
Sistemática Pentecostal. CPAD.
LOPES, Hernandes
dias. Comentário Exegético de Romanos. HAG
Por Rede Brasil
de Comunicação.
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