Dn
8.1,3-11
INTRODUÇÃO
O livro de Daniel é um tratado de
Escatologia histórica e profética. Nele encontramos diversas profecias acerca do
“tempo do fim” (Dn 8.17,19; 11.6,13,27,35,40; 12.4,9). No capítulo 2 a Pérsia e
a Grécia são simbolizadas pelos braços de prata e ventre de cobre; no capítulo
7 elas são simbolizadas por um urso com três costelas em sua boca e um leopardo
com quatro asas e quatro cabeças; já no capítulo 8, ele descreve uma visão de
um carneiro e um bode, que representam também essas duas potências. Nesta
visão, estes dois animais domésticos, exibem de forma precisa o surgimento,
ascensão e queda destes impérios como veremos a seguir.
I
– A VISÃO DE UM CARNEIRO: O IMPÉRIO MEDO-PERSA
1.1 A Época e local da visão (Dn
8.1,2). Cronologicamente,
este capítulo vem antes do 5. O capítulo 8 tem lugar no ano terceiro de
Belsazar, ao passo que o capítulo 5, como já vimos, marcou o final do governo
de Belsazar (Dn 5.30). Portanto, quando esta visão
ocorreu a Daniel, o seu povo continuava exilado em Babilônia. A visão ocorreu
em Susã, que era a capital de Elão e a residência de inverno dos reis persas.
Aí tem lugar a história de Neemias e Ester. A visão ocorreu próximo ao rio
Ulai, que é modernamente chamado de Chapur (GILBERTO, 2010, p. 41).
1.2 “E levantei os meus olhos
e vi, e eis que um carneiro estava diante do rio...” (8.3). Esse carneiro representa a segunda
potência mundial, a saber, o Império Medo-persa (Dn 8.20). Ele tinha dois
chifres (Almeida Revista e Atualizada), ou pontas (Almeida Revista e
Corrigida), que representavam, exatamente, a união dos dois povos, a saber, os medos
e os persas. O chifre que subiu por último representa a Pérsia, a qual se
tornou o reino dominante com a subida de Ciro ao trono. “Daniel contempla na
sua visão da noite, que o audacioso carneiro se encontrava “diante do
rio”. Isso descreve o momento em que o general Ciro, comandando seus
exércitos medo-persas já se encontrava as margens do rio Ulai preparando-se
para o “assalto” a Babilônia” (SILVA, 1986, p. 150).
1.3 “Vi que o carneiro dava
marradas para o ocidente, e para o norte e para o meio dia; e nenhum dos
animais lhe podiam estar diante dele... ” (Dn 8.4). A expressão “dar marradas” significa
bater forte com a cabeça. Esta profecia anuncia as conquistas do império
medo-persa, que guerreou fortemente contra o ocidente (Babilônia); contra o
norte (Lídia) e contra o sul, descrito no texto como “meio dia” referindo-se ao
(Egito). Essa é também a interpretação das três costelas na boca do urso (Dn
7.5). “Ciro, não só conquistou as potências acima mencionadas, mas ainda todas
as demais nações daqueles dias. Foi, realmente o que diz e representa a visão
contemplada: “Nenhuns dos animais [povos e reinos] podiam estar diante
dele” (SILVA, 1986, p. 151 – acréscimo nosso).
1.4 “... e ele fazia conforme
a sua vontade e se engrandecia” (Dn 8.4b). Em 550 a.C., Ciro, o persa, se
rebelou contra os medos, que até então detinha o poder e se tornou cabeça dos
dois povos; esse acontecimento fez com que a Pérsia se elevasse sobre a Média.
Esse também é o significado das passagens registradas em Daniel 7.5, onde lemos
que o urso “se levantou sobre um dos seus lados”; e de Daniel 8.3
onde lemos que um chifre era “mais alto que o outro; e o mais alto subiu
por último”.
II
– A VISÃO DE UM BODE: O IMPÉRIO GREGO
2.1 “E, estando eu
considerando, eis que um bode vinha do ocidente sobre toda a terra, mas sem
tocar no chão; e aquele bode tinha um chifre notável entre os olhos” (Dn
8.5). Este bode
representa o reino da Grécia (Dn 8.5-8,21). Daniel descreveu que ele vinha “sem
tocar no chão”. Isso significa que não houve dificuldade ou barreira
durante o rápido processo de conquistas realizadas pelo Império Grego. O “chifre
notável entre os olhos” representava Alexandre o Grande. A história diz
que Alexandre, quando jovem, educou-se aos pês de Aristóteles, como Paulo aos
pés de Gamaliel (At 22.3). Aristóteles foi discípulo de Platão. Juntos, esses
dois filósofos eram chamados de “os dois olhos da Grécia” (SILVA,
1986, p. 152 – acréscimo nosso).
2.2 “Dirigiu-se ao carneiro
que tinha as duas pontas, ao qual eu tinha visto diante do rio; e correu contra
ele com todo o ímpeto da sua força. [...] e feriu o carneiro e lhe
quebrou as duas pontas [...] e o lançou por terra e o pisou aos pés; não houve
quem pudesse livrar o carneiro da sua mão” (Dn 8.6,7). Daniel descreve uma profecia que
já teve seu cumprimento na história, a saber, o império Grego simbolizado pelo
bode, guerreando contra o império Persa, simbolizado por um carneiro. O
poderoso bode não apenas feriu o carneiro como também lhe quebrou ambos os
chifres. “O presente versículo foi escrito antes de seu cumprimento (talvez 200
anos antes). Alexandre combateu, de fato, o Império Medo-persa, mais ou menos
em 331 a.C. E esta profecia foi escrita por Daniel, mais ou menos em 539 a.C. É
uma predição notável o choque de dois Impérios mundiais” (SILVA, 1986,
p. 153 – acréscimo nosso).
2.3 “E o bode se engrandeceu
em grande maneira; mas, estando na sua maior força, aquela grande ponta foi quebrada;
e subiram no seu lugar quatro também notáveis, para os quatro ventos do céu” (Dn
8.8). A grande
ponta, como já vimos, diz respeito a Alexandre, o Grande, “um dos guerreiros
mais brilhantes dos tempos antigos. Ele foi rei da Macedônia, fundador do
helenismo, gênio militar e propagador da cultura grega e grande imperador
grego. Em doze anos de reinado Alexandre tinha o mundo a seus pés. Morreu em
323 a.C., em Babilônia, aos 33 anos de idade. As quatro pontas notáveis que
surgiram em seu lugar diz respeito a seus quatro generais que assumiram o
império grego depois de sua morte: Cassandro ficou com a Macedônia; Lisímaco
com a Trácia e quase toda a Ásia Menor; Selêuco ficou com a Síria,
Babilônia e Palestina; Ptolomeu ficou com o Egito. Essas divisões
correspondem hoje à Grécia, Turquia, Síria, Iraque e Egito” (GILBERTO, 2010, p.
41).
2.4 “E de uma delas saiu uma
ponta mui pequena, a qual cresceu muito para o meio dia, e para o oriente, e
para a terra formosa” (Dn 8.9). “Trata-se
do rei selêucida Antíoco Epifânio, o opressor de Israel no AT, o qual procedeu
da Síria, uma das divisões do império grego, de que já falamos. Ele é conhecido
como o "Anticristo do Antigo Testamento", tal a perseguição
que infligiu ao povo judeu no século II a.C., durante o chamado Período
Inter-bíblico (período que vai de Malaquias a Mateus - cerca de 400 anos).
Antíoco reinou de 175 a 167 a.C. Ele decidiu exterminar o povo judeu e sua religião.
Chegou a proibir o culto a Deus. Recorreu a todo tipo de torturas para forçar
os judeus a renunciarem à sua fé em Deus. Isto deu lugar à famosa Revolta dos
Macabeus, uma das páginas mais heroicas da história de Israel. Epifânio quer dizer
o magnífico. Ele era assim chamado por seus amigos. Seus inimigos o chamavam
"Epimânio", que quer dizer “louco” (GILBERTO, 2010, p. 41).
III – GRÁFICO
COMPARATIVO DOS DOIS IMPÉRIOS NAS PROFECIAS DE DANIEL
IMPÉRIO
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CAPÍTULO 2
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CAPÍTULO 7
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CAPÍTULO 8
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O império medo persa é representado
pelo peito e braços de prata da estátua (Dn 2.32b,39); pelo urso com três costelas
entre os dentes (Dn 7.5); e pelo carneiro com duas pontas (Dn 8.3,4,20).
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O império grego está
representado pelo ventre e coxas de cobre (Dn 2.32c, 39b), pelo leopardo com
4 asas e 4 cabeças (Dn 7.6); e pelo bode peludo (Dn 8.5,21).
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IV
– A INTERPRETAÇÃO DAS VISÕES DE DANIEL
Em Dn 8.15-22 diz que o profeta
procurou entender a visão, e se apresentou diante dele um ser semelhante a um homem.
Ele ouviu também uma voz nas margens do rio Ulai, que disse àquele ser: “Gabriel,
dá a entender a este a visão” (Dn 8.16). Quando o anjo
aproximou-se do profeta, ele ficou assombrado e caiu sobre o seu rosto. E ele
lhe disse: “Entende, filho do homem, porque esta visão se realizará no
fim do tempo” (Dn 8.17). O anjo Gabriel, então, deu a interpretação da
visão. Vejamos: O carneiro com duas pontas são os reis da Média e da Pérsia (Dn
8.20); o bode peludo é o rei da Grécia; e a ponta grande que tinha entre os
olhos é o primeiro rei, referindo-se a Alexandre, o Grande (Dn 8.21). No fim do
seu reinado se levantará um rei feroz, e será entendido em adivinhações,
referindo-se a Antíoco Epifânio (Dn 8.23). Quanto a profecia de Daniel 8.23-26,
muitas interpretações tem sido dadas pelos teólogos e comentaristas das profecias
bíblicas: (1) que ela já se cumpriu no passado, pois refere-se a Antíoco
Epifânio; (2) que ela refere-se a um tempo futuro, pois diz respeito ao
Anticristo. Mas, podemos dizer que ela tem um dupla referência, pois, apesar de
haver se cumprido no passado, na pessoa de Antíoco Epifânio, também refere-se
ao líder mundial, o Anticristo, que surgirá no futuro, e dominará sobre todo o
mundo, após o arrebatamento da Igreja (Dn 9.26,27; 11.36-45; II Ts 2.3-10; Ap
13.1-10).
CONCLUSÃO
Como pudemos ver, Deus mostrou ao
profeta Daniel, em visões, um carneiro e um bode, que representavam os impérios
que surgiriam depois da Babilônia, ou seja: o império medo-persa e o império
grego, bem como o surgimento de Alexandre, o grande e de Antíoco Epifânio, um
tipo do Anticristo.
REFERÊNCIAS
Ø GILBERTO,
Antônio. Daniel e Apocalipse. CPAD.
Ø SILVA, Severino
Pedro da. Daniel Versículo por Versículo. CPAD.
Ø STAMPS, Donald
C. Bíblia de Estudo Pentecostal. CPAD.
Ø WALVOORD,
John F. Todas as Profecias da Bíblia. VIDA.
Por Rede Brasil de
Comunicação