segunda-feira, 30 de novembro de 2020

LIÇÃO 09 – JÓ E A INESCRUTÁVEL SABEDORIA DE DEUS (SUBSÍDIO)

 




Jó 28.1-28 
 
 
 
INTRODUÇÃO

Estudaremos na lição de hoje a inescrutável sabedoria de Deus presente no Livro de Jó, para isso veremos a definição da palavra sabedoria, tanto no antigo quanto no Novo Testamento, analisaremos os tipos de sabedoria e por fim, pontuaremos que o temor ao Senhor conduz à verdadeira sabedoria.
 
 
I. DEFINIÇÃO DA PALAVRA SABEDORIA
1. Definição exegética.
Do hebraico “chochmá” ser sábio, tomar-se sábio, agir sabiamente; instruir, tomar sábio, instruído, conhecedor, mostrar-se sábio, demonstrar sabedoria, fingir-se sábio, ser sábio, tomar-se sábio [...]. O significado básico do vocábulo é sugerido tornar-se sábio; obter sabedoria. Vários provérbios encorajam o leitor a buscar e a adquirir sabedoria por meio do estudo, da experiência, e da associação com os sábios: “Sê sábio, filho meu...” (Pv 27.11). Por meio da instrução adequada: “o simples obtém sabedoria (Pv 21.11; 8.32-33), e até o sábio: “se fará mais sábio ainda” (Pv 9.9). A possibilidade de adquirir sabedoria é o interesse de inúmeras passagens que empregam o vocábulo (Dt. 32.29; l Rs 4.31 5.11; Jó 32.9; Pv 6.6; 9.12; 13.20; 19.20; 20.1; 23.15, 19; Ec 2.15, 19; 7.23; Zc 9.2) (VANGEMEREN, 2011, pp.127-128).
 
2. Sabedoria no Antigo Testamento.
No AT, a sabedoria é profundamente prática, é a arte de ser bem-sucedido e de traçar o plano correto para obter os resultados desejados. Os líderes especialmente necessitavam dela, e alguns a receberam (Dt 34.9; 2Sm 14.20; lRs 3-9). Era um atributo do Messias prometido (Is 11.2). Uma classe especial de sábios parece ter-se desenvolvido na época dos reis de Israel (Jr 18.18). Entretanto, a sabedoria em seu sentido mais pleno pertence a Deus (Dn 2.20) e compreende conhecimento (Pv 15.2) e controle completos dos processos naturais (Is 28.23) e históricos (Is 31.2). Pela sabedoria, Deus criou as pessoas (Sl 104.24) e as julga com justiça (SI 73). A verdadeira sabedoria humana brota do Senhor (Pv 1.7) e se aplica à vida diária; os profetas associaram essa combinação de percepção e obediência ao conhecimento de Deus (Os 4.1,6) (WILLIAMS, 2000, p. 324).
 
3. Sabedoria no Novo Testamento.
A sabedoria tem a mesma natureza prática que no AT e em geral é dada por Deus [...]. Divorciada de Deus, é empobrecida (1Co 2.4) ou toma-se perversa (Tg 3.l4). Jesus prometeu sua sabedoria para quando seus seguidores estivessem em julgamento (Lc 21.15). Era necessária não só para os líderes (At 6.3), mas também para se demonstrar especialmente na vida e morte de Cristo (Rm 11.33) e se manifestar na igreja (Ef 3.10). Jesus afirmou ter sabedoria (Mt 12.42) e surpreendeu multidões com ela (Mt 13-54). Paulo chama Jesus “sabedoria de Deus” (1Co 1.24, 30), talvez vendo em sua nova revelação um reflexo da relação entre a lei antiga e a sabedoria (Dt 4.6). Jesus é cultuado no céu por sua sabedoria completa (Ap 5.12; cf. Cl 2.3) (WILLIAMS, 2000, p. 324).
 
 
II. OS TIPOS DE SABEDORIA
1. A sabedoria que não vem do alto (Tg 3.15).
Esta sabedoria não procede de Deus e possui três características principais: é terrena, animal e diabólica. É a sabedoria que produz maus frutos e não promovem a paz e a comunhão. Vejamos:

  • É terrena. O termo deriva-se do grego “epigeios” e significa “da terra”, “terrestre”. É a sabedoria deste mundo, em contraste com a que procede do céu (Jo 3.12; 1Co 1.20,21; Tg 1.5). É uma sabedoria limitada, egocêntrica, como a dos inimigos da cruz de Cristo, que só pensam nas coisas terrenas (Fp 3.19). 
  • É animal. Ou seja, não é espiritual. A palavra grega para animal é “psykikos” e é traduzida por natural em contraste com a sobrenatural ou espiritual (1Co 2.14; 15.44,46). É uma sabedoria totalmente à parte do Espírito de Deus. 
  • É diabólica. O termo grego é “daemon” e significa “demoníaca” ou “diabólica”. Essa foi a sabedoria usada pela serpente para enganar Eva, induzindo-a a querer ser igual a Deus e fazendo-a descrer de Deus para crer nas mentiras do diabo (Gn 3.1-5). O diabo tenta os homens de várias formas: pela cobiça (Lc 22.3); pelo ódio (Jo 8.44) e pelo engano e pela malícia (2Co 11.3). 
 
2. A sabedoria que vem do alto (Tg 3.17).
“A verdadeira sabedoria vem de Deus, do alto, visto que ela é fruto de oração (Tg 1.5), ela é dom de Deus (Tg 1.17). Essa sabedoria está em Cristo: Ele é a nossa sabedoria (1Co 1.30). Em Jesus temos todos os tesouros da sabedoria (Cl 2.3). Essa sabedoria está na Palavra, visto que ela nos torna sábios para a salvação (2Tm 3.15). Ela nos é dada como resposta de oração” (Ef 1.17; Tg 1.5) (LOPES, 2006, p. 77). Notemos: 

  • É pura. A sabedoria de Deus é incontaminada, sem qualquer defeito moral e livre de impureza. O termo deriva-se do grego “hagnos” e pode ser traduzido por “limpo”, “puro”, “inocente”. A sabedoria que vem do alto não pode conduzir o homem ao pecado e impureza (Pv 2.7; 4.11). 
  • É pacífica. A palavra deriva-se de dois termos gregos “eirene”, que significa “paz” e “poeiõ”, que quer dizer “fazer” e pode ser traduzida por “pacificador” ou “fazer a paz”. A sabedoria divina não é contenciosa, nem facciosa (Pv 3.17; Mt 5.9). Logo, aquele que é sábio não vive em contendas e dissenções (Tg 3.14). 
  • É moderada. O termo grego traduzido por moderada é “piekes”, e significa: “cheio de consideração”, “gentil”, qualidades essas que os homens facciosos e ambiciosos não possuem (Tg 3.14,16). Essa característica da sabedoria do alto trata da atitude de não criar conflitos nem comprometer a verdade para manter a paz. 
  • É tratável. A palavra grega é eupeithes e significa “facilmente persuadido” ou “contrário de obstinado”. Essa sabedoria é aberta à razão. É ser uma pessoa comunicável, de fácil acesso, que é capaz de mudar de opinião quando necessário (Fp 3.7). 
  • É cheia de misericórdia. A palavra misericórdia significa lançar o coração na miséria do outro. É inclinar-se para socorrer o aflito e sentir ternura pelo necessitado e estender-lhe a mão, ainda que ele nada mereça. A verdadeira sabedoria produz profundo sentimento de misericórdia no homem interior (Rm 12.30; Cl 2.12). 
  • É cheia de bons frutos. A sabedoria de Deus é prática. Ela muda a vida e produz bons frutos para a glória de Deus. Nesse texto, os bons frutos têm o sentido de boas obras (Gl 5.22; Ef 5.8; Fp 1.11). Uma das principais características da epístola de Tiago é o ensino sobre a teoria e a prática. Ele já havia ensinado sobre a necessidade de ouvir e praticar a Palavra (Tg 1.19-27); e entre a fé e as obras (Tg 2.14-16). Agora ele fala da necessidade de demonstrar a sabedoria pelas obras (Tg 3.13-18). 
 
III. O TEMOR AO SENHOR É O PRINCÍPIO DA SABEDORIA
Os amigos de Jó em vários de seus discursos não somente falaram sobre a Sabedoria, mas alegaram que eram sábios. Jó, por sua vez, chegou à conclusão de que a sabedoria não estava com os seus amigos, e sim com Deus. Em Jó 28.28 encontramos este texto: Eis que o temor do Senhor é a sabedoria, e apartar-se do mal é a inteligência”. Isto remete ao clímax da argumentação de Jó sobre a sabedoria e a sua origem: Ela é divina! Não apenas divina, mas também relacional. Jó mostra não apenas a origem da sabedoria, de onde ela vem, mas também delineia o caminho que nos conduzirá até ela. (GONÇALVES, 2020, p.160). Vejamos:
 
1. O Temor ao Senhor.
O temor de Deus e a reverência por Ele são fundamentais no relacionamento do crente com Deus (Sl 61.5; Pv 1.7). O temor do Senhor nos torna cuidadosos e alertas para não ofendermos nosso Deus santo. Sem esse fundamento, não existe sabedoria genuína, e nenhuma experiência salvífica resistirá às provas do tempo e da tentação. O real temor de Deus e a real sabedoria bíblica fazem o crente abster-se do mal, e produzem “consolação do Espírito Santo”. Temer a Deus e continuar em pecado é uma impossibilidade moral. (STAMPS, 2018, p. 797).
 
2. As Recompensas para quem teme a Deus.
É abençoado por Deus (Dt 28.1-2); Tem os seus pecados perdoados (Mt 9.2); Foge do pecado e da tentação (Gn 39. 7-12); Não ama as coisas do mundo (1Jo 2.15-17); É protegido pelo anjo do Senhor (Sl 34.7); É sábio (Sl 111.10); Aborrece o mal (Pv 8.13); O Senhor confirma as promessas feitas (Sl 119.38); Aumenta os nossos dias de vida (Pv 10.27); Tem paz (At 9.31) e quem teme a Deus procura levar as pessoas à fé em Cristo (2Co 5.11).
 
3. Apartar- se do Mal.
A pessoa que apregoa a majestade de Deus e a sua oposição ao mal será notada por seu esforço sincero, decisivo e total de separar-se do pecado (Sl 4.4; Pv 3.7; 8.13; 16.6; Is 1.16) e de obedecer a Palavra de Deus (Sl 112.1; 119.63; Pv 14.2,16; 2Co 7.1; Ef 5.21; 1Pe 1.17. O Aparta-se do Mal implica em santidade; e esta, é tão vital que a palavra professa: “Segui a paz com todos, e a santificação, sem a qual ninguém verá o Senhor(Hb 12.14).
 
 
CONCLUSÃO
Os Amigo de Jó apresentaram-se com sábios, a sabedoria deles era fruto das especulações e curiosidades humanas; o patriarca Jó, por sua vez, apresentou uma sabedoria que não se consegue através de acúmulo de informações, mas sim, por meio do temor a Deus.
 
 
 
 
REFERÊNCIAS

Ø  WILLIAMS, Dereck. Dicionário Bíblico Vida Nova. São Paulo: VIDA NOVA, 2000

Ø  VANGEMEREN, Willem A. Novo dicionário internacional de teologia e exegese. São Paulo: Cultura Cristã, 2011

Ø  GONÇALVES, Josué. A Fragilidade Humana e a Soberania Divina: o sofrimento e a restauração de Jó. Rio de Janeiro: CPAD, 2020.

Ø  STAMPS, Donald. Bíblia de Estudo Pentecostal para Juventude. Rio de Janeiro: CPAD, 2018

Ø  LOPES, Hernandes Dias. Tiago - transformando provas em triunfo. HAGNOS. 2015.

 
 

Por Rede Brasil de Comunicação.



sexta-feira, 27 de novembro de 2020

LIÇÃO 09 - JÓ E A INESCRUTÁVEL SABEDORIA DE DEUS (VÍDEO AULA)

 




QUESTIONÁRIOS DO 4° TRIMESTRE DE 2020





 
OS BONS E MAUS EXEMPLOS –
Aprendendo com Homens e Mulheres de Deus.
  

 






Lição 08
 
Hora da Revisão
A respeito de “A Sunamita: Quando a Fé faz a Diferença em Atitudes”, responda:
 
 
1. Onde estava localizada Suném?
Suném era uma localidade situada no território destinado à tribo de Issacar, no sul da Galileia e ao norte de Samaria.
 
2. O que fez a Sunamita em favor de Eliseu?
Ela construiu um quarto para ele se hospedar.
 
3. De acordo com 2 Reis 4.10, quais eram os objetos do quarto de Eliseu?
Uma cama, uma mesa e um candeeiro.
 
4. O que faltava à mulher Sunamita segundo Geazi?
Ela não tinha filhos.
 
5. Segundo a lição, como deve ser vista a verdadeira profecia?
A profecia depende exclusivamente da revelação divina, e sem a revelação, sem o desejo de Deus revelar o que está acontecendo, não se pode dizer que há profecia.



QUESTIONÁRIOS DO 4° TRIMESTRE DE 2020





 
A FRAGILIDADE HUMANA E A SOBERANIA DIVINA –
O Sofrimento e a Restauração de Jó.
 

 
 
 




Lição 08

Para Refletir
A respeito de “A Teologia de Zofar: O Justo não Passa por Tribulação?”, responda:

 
 
O que Zofar defende?
Zofar defende que o sofrimento de Jó fazia parte de um sábio julgamento divino, pois, para ele, Deus demonstra grande sabedoria em reprimir os maus.
 
De que Jó estava certo?
O patriarca estava certo de que havia uma sabedoria do alto, que seus amigos desconheciam por completo, e, quando revelada, ficaria ao seu lado (cf. cap.28).
 
Quais os três passos que Zofar enumera para que Jó supostamente se arrependesse e convertesse?
Ele enumera três passos para que isso aconteça: conduta correta (v.13); oração (v.13) e renúncia ao pecado (11.14).
 
Que sinais o patriarca Jó dá diante das acusações dos amigos e do silêncio de Deus?
Diante das insistentes acusações dos amigos e do silêncio de Deus, Jó dá sinais de desânimo (cap.12-13).
 
O que Jó havia constatado em relação aos ímpios?
Jó havia constatado que os ímpios pareciam gozar de longevidade e prosperidade (Jó 21.8).



sábado, 21 de novembro de 2020

LIÇÃO 08 – A TEOLOGIA DE ZOFAR: O JUSTO NÃO PASSA POR TRIBULAÇÃO? (SUBSÍDIO)


 



Jó 11.1-10; 20.1-10  
  



INTRODUÇÃO

Nesta lição veremos informações sobre que foi o terceiro amigo de Jó; sua origem, o lugar de origem, sua teologia e sua cosmovisão; pontuaremos as acusações de Zofar contar Jó; e por fim, notaremos como o patriarca Jó e o próprio Deus refutou as acusações do naamatita Zofar.
 
 
I. INFORMAÇÕES SOBRE ZOFAR
1. Quem foi Zofar.
O nome Zofar em hebraico é “Tsofar” em algumas versões da Bíblia, como na Septuaginta, o nome é traduzido para “Sophar”. Segundo Champlin (2001, vol. 3, p. 1912) o nome Zofar significa: “áspero” e, na verdade, seus discursos eram exatamente isso. Seu nome ocorre por quatro vezes no livro de Jó 2.11; 11.1; 20.1, e 42.9. Os três amigos de Jó eram homens de idade, mas Zofar devia ser o mais jovem, uma vez que falou por último. Mas de qualquer forma, os três homens já eram idosos, inclusive eram mais velhos que Jó (Jó 15.10; 32.6). Era dos três amigos de Jó o mais dogmático e seu lema era: “Porventura, não sabes tu que desde todos os tempos [...] o júbilo dos perversos é breve, e a alegria dos ímpios, momentânea?” (Jó 20.4,5) (ANDRADE, 2006, p. 159 - acréscimo nosso).
 
2. Lugar de origem de Zofar.
Não temos muitas informações acerca deste terceiro amigo de Jó. Sabemos apenas que era naamatita (Jó 2.11; 11.1; 20.1; 42.9). Zofar é chamado de “o naamatita” e alguns estudiosos acreditam que talvez essa expressão esteja relacionada a alguma cidade da região de Edom. Este adjetivo revela que Zofar era originário de Naamá, um pequeno reino que se achava, provavelmente, no território da moderna Arábia Saudita tem sido apresentado como o possível lugar onde Zofar morava. O nome “Naamá” na Bíblia, ocorre em Josué 15.41, como uma das cidades que couberam por herança à tribo de Judá. Mas, visto que muitos creem que Jó viveu antes de Abraão, não podemos pensar que Zofar fosse de Judá, mas antes, alguma outra Naamá (CHAMPLIN, 2001, vol. 7, p. 5550). Naamá era o nome de uma descendente de Caim, filha de Lameque e Zilá, e irmã de Tubalcaim (Gn 4.22). Talvez Zofar, “o naamatita”, fosse descendente distante dessa linhagem (CHAMPLIN, 2001, vol 3, p. 1912).
 
3. A Teologia de Zofar.
O último dos amigos de Jó a falar foi Zofar e ele é o mais duro e impiedoso na acusação contra Jó, mas de forma geral ele seguiu a mesma linha de perseguição contra Jó. Parece que ele não acreditava no sofrimento do justo, o que obviamente representava mais uma acusação de que Jó estava em pecado (Jó 11.2,3). Zofar chegou a afirmar que Jó estava sofrendo menos do que de fato merecia (Jó 11.1-6). Repreendeu Jó ao afirmar que Jó desejava descobrir os caminhos ocultos de Deus (Jó 11.7-12), e para Zofar a restauração de Jó dependia do arrependimento e confissão do pecado (Jó 11.13-20). A teologia de Zofar (Jó 11.13-15) é a mesma que Satanás usou: a teologia da prosperidade e da retribuição terrena (Jó 1.8-11; 2.4-6). A tese que Zofar defende é a de que o justo não passa por tribulação. Ou seja, para ele, se houver tribulação é porque não há justiça na vida da vítima (Jó 20,4,5,29) (CHAPMAN; PURKISER; WOLF (et al), 2014, p. 64).
 
4. A cosmovisão deísta de Zofar.
Zofar foi o mais impetuoso e dogmático dos três amigos de Jó. Como qualquer filósofo, possuía Zofar sua própria concepção deísta de Deus. De acordo com a sua cosmovisão, achava-se Deus tão distante do ser humano, e de tal forma distante dos homens, que a estes era impossível qualquer contato com Ele. O deísmo é uma doutrina, segundo a qual Deus realmente existe, mas não interfere na história humana nem se interessa por relacionar-se com as suas criaturas. Houve um momento, na história de Israel, que os judeus se fizeram deístas (Sf 1.12). Os magos de Babilônia eram, além de politeístas, também eram deístas (Dn 2.11) (ANDRADE, 2006, pp. 159,160 - acréscimo nosso).
 
 
II. AS ACUSAÇÕES DE ZOFAR CONTRA JÓ
1. Primeira acusação: Jó era culpado (Jó 11.1-4).
Assim como Bildade (Jó 8.2), Zofar iniciou seu discurso chamando Jó de tagarela: “Será o caso de as tuas parolas fazerem calar os homens?” (Jó 11.3). Zofar estava certo de que algum pecado cometido por Jó era a raiz da sua condição e que o sofrimento de Jó resulta desse pecado (Jó 11.13-20). Ele continua dizendo que o discurso de Jó não apenas era tagarelice como também não passava de conversa fiada “parolas” e de “zombaria” (Jó 11.3). Segundo Zofar, as palavras de Jó a respeito de Deus não seriam verdadeiras e só poderiam ser comparadas ao parlatório daqueles que falam sem pensar: “Pois dizes: A minha doutrina é pura” (Jó 11.4). Além disso, para Zofar, as afirmações de Jó a respeito de si mesmo eram falaciosas, pois ele não era puro diante de Deus (WIERSBE, 2010, p. 26 – acréscimo nosso).
 
2. Segunda acusação: Jó não tinha conhecimento de Deus (Jó 11.5-12).
Zofar desejava que Jó compreendesse a altura, a profundidade e a extensão da sabedoria de Deus (Jó 11.8, 9). Com isso, ele estava insinuando que ele próprio conhecia a grandeza da sabedoria de Deus e poderia ensiná-la a Jó se ele lhe desse ouvido. Zofar encerrou essa acusação citando um provérbio para mostrar a falta de entendimento de Jó (WIERSBE, 2010, p. 26). O asno selvagem era considerado o mais estúpido dos animais, daí a metáfora usada por Zofar (Jó 11.12). A linguagem de Jó nada era senão o zurro de um animal irracional. O asno do deserto não se deixava amansar e era estúpido (ver Jó 39.5-8; Jr 2.24; Gn 16.12). Jó era um homem tipo asno, na estimativa de Zofar e o seu desejo era que o próprio Deus corrigisse Jó: “Oh! Falasse Deus e abrisse os seus lábios contra ti e te revelasse os segredos da sabedoria” (Jó 11.5,6) (CHAMPLIN, 2001, vol 3, p. 1912).
 
3. Terceira acusação: Jó era obstinado e devia se arrepender (Jó 11.13-20).
Zofar dá conselhos a Jó que se arrependa e volte a buscar a Deus (Jó 11.13-19). Para este amigo de Jó, a combinação feita por arrependimento, oração e reparação operaria a ordem da restauração. Disse Zofar a fim de repreender Jó: “[...] porque haverá esperança” (Jó 11.18) e descreveu o que Jó poderia ser capaz de “levantar a cabeça”, viver com confiança e saúde. Caso Jó se arrependesse de seus erros e confessar seus pecados então Deus o abençoaria abundantemente e seus problemas terminariam. Poderia erguer a cabeça outra vez, e seus medos passariam: “Então levantarás o teu rosto sem mácula” (Jó 11.15). Jó esqueceria sua desgraça como águas passadas: “Pois te esquecerás dos teus sofrimentos” (Jó 11.16). Deus lhe daria uma vida longa e seria o início de um novo dia para ele: “A tua vida será mais clara que o meio-dia” (Jó 11.17). Jó não habitaria nas trevas do Sheol, mas sim na luz (Jó 10.20-22), e a proteção de Deus daria cabo de todos os seus temores (Jó 11.19,20) (WIERSBE, 2010, p. 27).
 
4. Quarta acusação: Jó era perverso e o seu triunfo seria transitório (Jó 20.4-11).
De acordo com Zofar, quanto mais o homem perverso elevar-se em seu sucesso, maior será sua queda quando lhe sobrevier o julgamento. Quando isso ocorrer, seguirá esgoto abaixo como seu próprio esterco: “Como o seu próprio esterco apodrecerá para sempre” (Jó 20.7), “Desaparecerá como um sonho esquecido ou como uma visão noturna que não pode ser evocada” (Jó 20.8). E ainda continua dizendo que: “Os olhos que o viram jamais o verão” (Jó 20.9). Os olhos, que antes tinham observado Jó, não o veriam mais, e até as pessoas que costumavam vê-lo em breve desapareceriam. Para Zofar, o perverso e seu nome desaparecerão, como também sua riqueza se perderá (Jó 20.11). Depois de sua morte, a verdade sobre seus crimes virá à tona, e seus filhos terão de usar sua herança para ressarcir as pessoas de quem seu pai roubou: “Os seus filhos procurarão aplacar aos pobres” (Jó 20.10). Zofar e seus dois amigos estavam certos de que Jó era um hipócrita e de que sua vida de piedade era superficial e servia apenas para encobrir seus pecados secretos (WIERSBE, 2010, p. 44).
 
5. Quinta acusação: Jó teve um prazer temporário por causa do seu pecado (Jó 20.12-19). Ao usar a imagem de uma pessoa comendo, Zofar deixa duas coisas claras: aquilo que o perverso engolir o fará adoecer e também tirará dele o desejo pelas coisas boas da vida. Além disso, em Jó 20.18 e 19 ele afirma que esse indivíduo não será capaz de desfrutar (engolir) algumas das coisas pelas quais trabalhou. Zofar também argumenta que Jó era muito rico porque: “oprimiu e desamparou os pobres, roubou casas que não edificou” (Jó 20.19) então não poderia continuar na prosperidade (Jó 20.15-18). Convicto disto, ele deseja toda sorte de castigos para Jó (Jó 20.20-28), dizendo que: “tal é, da parte de Deus, a sorte do homem perverso, tal a herança decretada por Deus” (Jó 20.29) (WIERSBE, 2010, p. 44).
 
6. Sexta acusação: Jó teria uma morte dolorosa (Jó 20.20-29).
Para Zofar nem mesmo as riquezas do perverso poderão evitar que a morte lhe sobrevenha (Jó 20.20). Enquanto desfruta sua prosperidade, o perverso sentirá aflições, tribulações e a ira consumidora de Deus: mandará sobre ele o furor da sua ira” (Jó 20.23). O perverso tentará fugir, mas Deus o atacará com uma espada e o traspassará com uma flecha com a ponta de bronze. Para Zofar mesmo que Jó tentasse escapar do julgamento de Deus, as flechas viriam em sua direção, enquanto ele corresse na escuridão, e o fogo cairia ao seu redor. Então, ele seria pego por uma inundação que destrói tudo. Mas esse ainda não era o fim: Jó seria levado para o tribunal em que o céu e a terra testemunhariam contra ele e o declarariam culpado (Jó 20.23-27) (WIERSBE, 2010, p. 44).
 
 
III. A TEOLOGIA DE ZOFAR REFUTADA
1. Jó reprovou seus amigos.
Jó refuta Zofar mostrando que a vida do perverso pode ser longa e abençoada (Jó 21.8-16), e que as tendas dos tiranos gozam paz. Os ímpios, e até os criminosos, prosperam. Até aqueles que provocam a Deus estão a salvo de Sua ira. Ademais, Ele permitiria para que prosperem: “As tendas dos tiranos gozam paz [...] Os que provocam a Deus estão seguros” (Jó 12.6). Ele argumenta que também tinha conhecimento como seus amigos: “Também eu tenho entendimento como vós” (Jó 12.3). Jó pergunta: “Como é, pois, que vivem os perversos, envelhecem e ainda se tornam mais poderosos?” (Jó 21.7). E ainda continua: Os perversos são cercados de proteção: seus filhos e lares estão em segurança (Jó 21.8,9,11,12), seus negócios prosperam (v. 10) e eles têm uma longa vida para desfrutar sua prosperidade (v. 13). Além disso, têm muitos descendentes que compartilham e desfrutam a riqueza da família.
 
2. Deus reprovou os amigos de Jó.
O próprio Deus reprovou os amigos de Jó porque eles não foram “sensatos” na explanação da causa das suas calamidades e da posição divina quanto a elas. Porque em vez de o consolarem no estado de vida em que se encontrava, eles presumiram baseados na sabedoria popular da época que o causador principal das calamidades era “Jó”. É interessante notar que, em todos os discursos, os amigos de Jó não acusaram a Deus, mas a Jó. Eles acharam que quem é o culpado do sofrimento é Jó e que Deus é justo. Porém, Deus disse no final: “não dissestes de mim o que era reto, como o meu servo Jó” (Jó 42.7). O Senhor considerou as acusações equivocadas dos amigos de Jó como acusações diretas a Ele mesmo e, portanto, acusou deles de terem falado mal.
 
 
 CONCLUSÃO
Aprendemos nesta lição que os amigos de Jó, por desconhecerem as razões de seu sofrimento, o acusam de forma impiedosa; e o patriarca, por desconhecer a ação de Deus nesse episódio, chega ao limite do desespero e desesperança. Todavia, como das outras vezes, mesmo angustiado e não sabendo como Deus permite tudo isso, Jó não diz palavras blasfematórias contra o seu Criador, mas permanece fiel, mesmo sem entender o porquê de tudo que estava passando.
 
 
 
 

REFERÊNCIAS

Ø  ANDRADE, Claudionor de. Dicionário Teológico. CPAD, 2006.

Ø  GILBERTO, Antônio, et al. Teologia Sistemática Pentecostal. CPAD, 2010.

Ø  HOUAISS, Antônio. Dicionário da Língua Portuguesa. OBJETIVA, 2011.

Ø  STAMPS, Donald C. Bíblia de Estudo Pentecostal. CPAD, 1999.

Ø  CHAPMAN, Milo L. (et al). Comentário Bíblico Beacon: Jó a Cantares de Salomão. CPAD, 2014.

 

 

Por Rede Brasil de Comunicação.




quarta-feira, 18 de novembro de 2020

LIÇÃO 08 - A TEOLOGIA DE ZOFAR: O JUSTO NÃO PASSA POR TRIBULAÇÃO?

 




QUESTIONÁRIOS DO 4° TRIMESTRE DE 2020


 



   OS BONS E MAUS EXEMPLOS –
Aprendendo com Homens e Mulheres de Deus.
  

 






Lição 07
 
Hora da Revisão
A respeito de “Jezabel: Fazendo a Diferença para o Mal”, responda:
 
 
1. Segundo a lição, quantos reis ímpios governaram o reino do Norte?
O reino do Norte foi governado por vários reis ímpios.
 
2. Quantos capítulos os livros dos Reis dedicaram para falar da maldade de Acabe e Jezabel?
Os livros dos Reis dedicam 8 capítulos.
 
3. Qual era a origem de Jezabel?
Jezabel tinha origem fenícia.
 
4. Qual o nome do deus dos fenícios?
Baal.
 
5. Quantas vezes Deus decretou a morte de Jezabel e quais são as referências que atestam essa verdade?
Deus decretou a morte de Jezabel duas vezes (1Rs 21.31; 2Rs 9.7).



QUESTIONÁRIOS DO 4° TRIMESTRE DE 2020

 




   A FRAGILIDADE HUMANA E A SOBERANIA DIVINA –
O Sofrimento e a Restauração de Jó.
  

 
 
 




Lição 07

Para Refletir
A respeito de “A Teologia de Bildade: Se há Sofrimento, há Pecado Oculto?”, responda:

 
 
Como a teologia de Bildade pode ser classificada?
A teologia de Bildade pode ser classificada em duas esferas: a dos maus e a dos bons.
 
O que Deus já havia testemunhado de Jó?
Deus já havia testemunhado acerca da integridade e da justiça de Jó.
 
Para Bildade, por que desgraças se abateram sobre Jó?
Para ele as desgraças sofridas por Jó ocorreram por causa da quebra da moralidade estabelecida.
 
Segundo a lição, qual o significado da palavra “redentor”?
A palavra “redentor” traduz o hebraico goel e significa alguém que defendia um familiar quando este não podia fazer sua própria defesa.
  
Como Deus deve ser visto conforme as Escrituras?
Deus não deve ser visto apenas em sua força, mas, sobretudo, por seu amor. Ele nunca exaltou seu poder e grandeza acima do seu amor. Ele não disciplina simplesmente porque é grande, forte e soberano, mas porque ama.