sexta-feira, 12 de dezembro de 2014

LIÇÃO 11 – O HOMEM VESTIDO DE LINHO




Dn 10.1-6; 9,10,14




INTRODUÇÃO
Veremos que os três últimos capítulos de Daniel constituem “uma unidade profética”, pois, não anunciam novos oráculos. Estes últimos capítulos (Dn 10 a 12), preenche os detalhes do futuro de Israel, concentrando-se no período do Anticristo e na questão relacionada com "as últimas coisas" a saber: a Grande Tribulação, a ressurreição dos mortos, as recompensas e os castigos finais. Estudaremos também a visão do homem vestido de linho, que é uma aparição de Cristo no Antigo Testamento.


I – INFORMAÇÕES SOBRE A VISÃO DE DANIEL CAPÍTULO 10
Os capítulos 10, 11 e 12 de Daniel faz parte da “última visão” do profeta Daniel. Como vimos em lições passadas, Daniel viveu tempo suficiente para ver a profecia de Jeremias se cumprir e o primeiro grupo de judeus exilados voltar para a terra e começar a reconstruir o templo. Se o profeta, como já estudamos em lições passadas, estava entre 14 a 17 anos quando foi levado para a Babilônia. Então na época desta visão, ele estava entre seus 80 e 87 anos, alguns sugerem 90. A visão foi dada no ano terceiro de Ciro (Dn 10.1), “dois anos após o retorno dos judeus à Palestina”. Ora, Ciro decretou o regresso dos judeus do Exílio no “primeiro ano do seu reinado” (Ed 1.1-5). Então o “terceiro ano de Ciro”, rei da Pérsia era (c. 536 a.C.). A restauração e a reconstrução do templo já começara (Ed caps. 1 ao 3), mas foi interrompido por pressão dos inimigos (Ed 4.4-5). Tais notícias devem ter ferido o coração de Daniel estimulando-o a buscar a face de Deus uma vez mais. “Naqueles dias eu, Daniel, estive triste por três semanas...” (Dn 10.2,3) (ADEYEMO et al, 2012, p. 1034).


II – ANALISANDO A REVELAÇÃO DE DANIEL
O fato de Daniel estar junto ao rio Hidéquel (rio Tigre) oferece-nos a razão dele não ter voltado a Jerusalém com os demais peregrinos. Aparentemente, esse retorno era impossível para Daniel, primeiro devido à sua idade, segundo por causa de suas ocupações como um dos administradores do império (Dn 6.1-3). É possível que sua presença no rio Tigre se devesse a negócios do governo, e aí o profeta vê em visão o próprio Filho de Deus na sua preencarnação (GILBERTO, 1984, p. 53), através de uma teofania, do grego “theos” Deus e “phania” manifestação em forma humana (cap. 10) (ANDRADE, 2006, p. 339). Daniel registrou o momento em que recebeu esta visão: “No dia vinte e quatro do primeiro mês, estando eu à borda do grande rio Tigre” (Dn 10.4). Analisemos esta visão:

2.1 A preocupação do profeta Daniel (Dn 10.1-3). Daniel havia jejuado, orado e não se ungiu com óleo durante três semanas enquanto buscava o Senhor. Um dos motivos para isso era, provavelmente, sua preocupação com os quase cinquenta mil judeus que haviam saído da Babilônia e viajado para sua terra natal a fim reconstruir o templo. Uma vez que Daniel tinha acesso a relatórios oficiais, sem dúvida ficou sabendo que o remanescente havia chegado em segurança em Jerusalém e que todos os tesouros do templo estavam intactos. Também deve ter ouvido que os homens haviam lançado os alicerces do templo, mas que o trabalho havia sofrido oposição e, por fim, parado (Ed 4). Sabia que seu povo estava sofrendo privações na cidade arruinada de Jerusalém e perguntou-se se Deus iria deixar de cumprir as promessas que havia feito a Jeremias (Jr 25.11, 12; 29.10-14) (WIERSBE, 2010, p. 368).

2.2 O duplo sentido dos 70 anos. É possível que Daniel não tivesse compreendido que a profecia dos setenta anos tinha uma aplicação dupla, primeiro para o povo e depois para o templo. Os primeiros judeus foram deportados para a Babilônia em 605 a.C., e os primeiros cativos voltaram em 535 a.C., exatamente setenta anos depois. O templo foi destruído pelo exército babilônio em 586 a.C., e o segundo templo foi completado e consagrado em 516 a.C., outro período de exatamente setenta anos. Daniel estava aflito para que a Casa do Senhor fosse reconstruída o quanto antes, mas não percebeu que Deus estava realizando seus planos com perfeição. As obras foram interrompidas em 536 a.C., continuaram em 520 a.C. e foram completadas em 516 a.C. Esse adiamento de dezesseis anos manteve tudo dentro do cronograma. (WIERSBE, 2010, p. 368).



III - UMA VISÃO EXTRAORDINÁRIA
3.1 O MOTIVO DO JEJUM DE DANIEL. “Naqueles dias eu, Daniel, estive triste por três semanas completas” (Dn 10.2). A razão do seu lamento e tristeza acompanhada de jejum é certamente explicada pela data mencionada no versículo 1: "No terceiro ano de Ciro". É que por volta do terceiro ano de Ciro, a obra iniciada da reconstrução do templo, fora embargada (Ed 1-3; 4.4,5). Daniel, como patriota e membro da nação eleita, preocupava-se com o futuro de sua nação; como já vimos este exemplo na sua oração do capítulo 9. Contudo, havia ainda outro motivo para Daniel jejuar e orar: desejava entender melhor as visões e profecias que já havia recebido e ansiava por mais revelações do Senhor sobre o futuro de israel.

3.2 A DURAÇÃO DO JEJUM DE DANIEL. “Alimento desejável não comi, nem carne nem vinho entraram na minha boca... até que se cumpriram as três semanas” (Dn 10.3). O presente versículo apresenta um jejum intensivo feito por Daniel por 21 dias. A perseverança do profeta na oração e no jejum por três semanas pela situação do povo em Jerusalém ocasionou a resposta divina (Dn 10.12). O israelita jejua quando está de luto (1Sm 31.13; 2Sm 1.12; 3.35), ou quando está em graves dificuldades e espera de Deus o auxílio de que necessita (2Sm 12.16; 1Rs 21.27; Sl 35.13). Também se jejua em preparação para receber a revelação de Deus, como bem pode ser depreendido do texto de Êx 34.28 e do presente texto, ou antes de um empreendimento difícil (Ed 8.21-23; Et 4.16) (SILVA, 1986, p. 187).

3.3 O TEMPO DO JEJUM DE DANIEL. “E no dia vinte e quatro do primeiro mês...” (Dn 10.4). Alguns pesquisadores defendem que três dias depois do fim de seu jejum de três semanas, Daniel teve uma visão assustadora quando estava à beira do rio. Já outros dizem que a expressão “no dia vinte e quatro do primeiro mês” quer dizer que Daniel iniciou esta abstinência no terceiro dia do mês e concluiu no 24º dia. O rio Hidéquel traz este nome que em assírio e grego corresponde ao rio Tigre. Era um dos rios que assinalavam a localização do jardim do Éden (Gn 4.2,14) (SILVA, 1986, p. 187).

3.4 A RESPOSTA DO JEJUM. "[…] o príncipe do reino da Pérsia". (Dn 10.13). Esse “príncipe” não era de origem terrena, tratava-se de um anjo diabólico tão forte, que a vitória só foi decidida quando Miguel, o poderoso arcanjo, entrou em ação e assim a resposta da oração chegou a Daniel (Dn 10.13). Assim como Deus tem anjos que protegem nações, Satanás também tem os dele, que operam, mas a seu modo. Ao que parece, há anjos perversos específicos incumbidos nas diversas nações; que alguns estudiosos de angelologia chamam esses seres de "espíritos territoriais". Esse anjo mau da Pérsia controlava os destinos desse país, mas foi desbancado pelos anjos de Deus. “E eu obtive vitória sobre os reis da Pérsia” (v. 13) (GILBERTO, 1984, p. 55).

3.5 GABRIEL E MIGUEL: DOIS MENSAGEIROS DO SENHOR. "[…] e eis que Miguel, um dos primeiros príncipes, veio para ajudar-me..." (v.13). A expressão "primeiros" é literalmente "principais". Isto mostra que os anjos dividem-se em categorias, já a palavra "príncipe", no hebraico "sor", corresponde a “chefe; aquele que domina”. O arcanjo Miguel é anjo guardião de Israel (Dn 10.21; 12.1). A palavra “arcanjo” do grego “archangelos” significa “anjo principal”. O prefixo “arch” sugere tratar-se de um anjo chefe, principal ou poderoso. Na Bíblia Sagrada, mais precisamente em Judas v.9 e I Tessalonicenses 4.16, aparece a menção de apenas um arcanjo: Miguel. Seu nome em hebraico significa: “Quem é como Deus”. Nas Escrituras, Miguel é descrito como: o arcanjo (Jd v.9); o líder das hostes angélicas no conflito com Satanás e os seus anjos maus (Ap 12.7); um dos primeiros príncipes (Dn 10.13); “vosso Príncipe” (Dn 10.21); e o grande príncipe, “defensor dos filhos do teu povo” (Dn I2.I). Gabriel, cujo nome quer dizer “homem de Deus” ou “herói de Deus”. Significa, também, “o poderoso”, evidenciando o que o nome sugere (GILBERTO et al, 2008, p. 454,455).


IV - A DESCRIÇÃO DO HOMEM VESTIDO DE LINHO
Se considerarmos como dizem alguns teólogos que esse “homem vestido de linho” dos versículos 5 ao 9 é o mesmo ser que tocou e falou com Daniel nos versículos 10 a 15, então, teríamos de optar por Gabriel ou algum outro anjo, pois é impossível que Jesus precisasse da ajuda de Miguel para derrotar um anjo perverso como está escrito no versículo 13. Contudo, o ser que tocou Daniel e que falou com ele nos versos 10 a 15, não foi o mesmo “homem vestido de linho” que lhe apareceu na visão anterior. A descrição do “homem vestido de linho” assemelha-se a descrição do Cristo glorificado que encontramos em (Ap 1.12-16), e a reação de João frente a este homem “E, eu, quando vi, caí a seus pés como morto...” (Ap. 1.17) foi a mesma de Daniel “... e não ficou força em mim; e transmudou-se em mim a minha formosura em desmaio, e não retive força alguma” (Dn 10.5). Esse homem em ambas referências era o Cristo pré-encarmado, pois a linguagem é semelhante nestes dois livros e as características também são as mesmas (Dn 10.5-9; comparar com (Ap 1.12-20). O ponto de vista da maioria dos estudiosos da escatologia bíblica, é que de fato, é a pessoa de Jesus no livro de Daniel. A vestimenta de linho fino, a veste celeste, os lombos cingidos de ouro puro, o seu corpo luzente como berilo, o rosto como um relâmpago, os olhos como tochas de fogo, os braços e os pés luzentes e como se fossem de bronze polido, e a voz como a voz de muitas águas, são características INERENTES EXCLUSIVAMENTE ao Filho de Deus e não de algum anjo seu.


CONCLUSÃO
Vimos que apesar de ter vivido durante oito décadas numa terra pagã, Daniel manteve seu coração e sua vida puros diante de Deus. Orava para que o remanescente que habitava em Jerusalém fosse um povo santo para o Senhor, a fim de que fossem abençoados em seu trabalho. 



REFERÊNCIAS
   Ø  ADEYEMO, Tokunboh. Comentário Bíblico Africano. Mundo Cristão.
   Ø  GILBERTO, Antonio. Daniel & Apocalipse. CPAD.
   Ø  _______________. et al. Teologia Sistemática. CPAD.
   Ø  SILVA, Severino Pedro da. Daniel versículo por versículo. CPAD.
   Ø  STAMPS, Donald C. Bíblia de Estudo Pentecostal. CPAD.
   Ø  WIERSBE, Warren W. Comentário Bíblico Expositivo: Antigo Testamento. Vol. IV. Geográfica.


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