sábado, 7 de janeiro de 2017

LIÇÃO 02 – O PROPÓSITO DO FRUTO ESPÍRITO







Mt 7.13-20




INTRODUÇÃO
Graça e Paz do Senhor Amados (as)! Como foi a ministração da primeira lição? Acredito ter sido uma bênção?! Como havia dito, o tema do trimestre é bastante relevante haja vista trata-se de Teologia Prática. Assim, em nossa segundo lição, definiremos alguns termos e ampliaremos outros; em seguida, abordaremos a relação entre os dons e o fruto do espírito; depois, enfatizaremos a relação entre o fruto do Espírito e o caráter Cristão; também mencionaremos o resultado de termos uma vida controlada pelo Espírito; e, por fim, citaremos os propósitos do Espírito na vida do salvo em Jesus. Desejo a todos uma excelente aula!  


I. DEFINIÇÃO DE ALGUNS TERMOS
Diante da presente lição percebi a necessidade de iniciarmos com algumas definições de termos que serão utilizados do decorrer desta aula, e que nos ajudarão na compreensão e aprendizado da mesma. Então, vejamo-los:

1. Fruto.
Na lição anterior vimos que o termo “fruto” é a tradução do original “karpos”, que pode significar “o fruto”, quanto “dar fruto”, “frutificar” ou ser “frutífero” (Mt 12.33; 13.23; At 14.17). Todavia, na frase “Mas o fruto do Espírito é...” da expressão latina: “Fructus utem Spiritusest...”, a palavra ‘fruto’ fala de proveito, rendimento, lucro, gozo e delícias. Mas, no grego a palavra fruto está no nominativo, isto quer dizer que é o sujeito da frase, e o mais interessante é o artigo genitivo: “Karpós toû Pnéumatòsestín...” O Karpós pode ser entendido de modo literal como fruto (Mt 12.33), e também como resultado, ato e produto (Mt 7.16; Gl 5.22; Ef 5.9).

2. Propósito.
O termo “propósito” em grego é “skopós” e significa “alvo, intenção, objetivo, finalidade”. Logo, a alvo do Espírito Santo é produzir no crente frutos (virtudes), não obras, nem apenas qualidades morais. Essas virtudes dão ao crente uma qualidade de vida espiritual que não pode vir do nosso ambiente, da nossa cultura, nem podem ser produzidos por nós mesmos, antes vem do Espírito Santo que deseja que andemos “em novidade de vida” (Rm 6.4; Ef 3.19).

3. Maturidade
Dentre os diversos textos que descrevem a maturidade cristã nas páginas do Novo Testamento, dois vocábulos se destacam na tradução de “maduro” ou “maturidade” dentro do contexto moral, são elas: Perfeito (Mt 5.48; 1 Co 2.6; Fp 3.15; Hb 6.1) e Adulto (1 Co 14.20). Essa duas palavras traduzem o termo grego é “teleios” que significa “completo; perfeito”. Mas, também, pode significar “maduro” ou “plenamente desenvolvido”. Segundo a totalidade do Sermão do Monte, ‘perfeito’ ou ‘maduro’ é aquele que cumpre integralmente cada um dos mandamentos expostos por Cristo. Daí a razão porque ‘perfeito’, tem o sentido de ‘integridade’ e ‘inteireza’ nestas passagens, e não necessariamente ‘sem defeito’ ou ‘sem pecado’. Segundo a epístola de Efésios, o cristão maduro ou o ‘varão perfeito’ (4.13) é aquele que está crescendo ‘à medida da estatura completa de Cristo’, isto é, possui o caráter de Cristo desenvolvendo-se em sua vida. A meta do discípulo, portanto, é identificar-se com o seu Mestre e assemelhar-se ao seu Pai (Mt 5.48).

4. “Cheio do Espírito” ou “Enchei-vos do Espírito”?
Agora, ao invés de tratarmos da questão etimológica, consideramos mais relevante, neste caso, explicar os significados do termo “Cheio do Espírito no Novo Testamento. Dentre as muitas aplicações do referido termo no contexto bíblico, duas se destacam, por isso, trataremos apenas delas. A primeira aplicação ou significado deste termo diz respeito a ser batizado no ou com o Espírito Santo (At 1.5; 2.4; 9.17 cf 1 Co 14.14,15). Assim, neste caso, ser “cheio do Espírito” é ser “revestido de poder” (Lc 24.49; At 1.8), é receber o “batismo de fogo” (Mt 3.11; At 1.5; 2.3) é receber o “dom do Espírito” (At 2.38; 10.44-46). A segunda aplicação ou significado do termo “Cheio do Espírito”, e que considero mais relevante, diz respeito à ordem bíblica: “Enchei-vos do Espírito” (Ef 5.18). Ou seja, trata-se de ser renovado pelo Espirito (At 4.8,31; 6.3-5; 7.55; 11.24; 13.9,52; Rm 12.2; Tt 3.5; Pv 4.18). Assim, ser “cheio do Espírito” pode significar tanto o batismo propriamente dito, como também pode significar o “Enchei-vos”, ou seja, a renovação espiritual por meio do Espírito.
O Dr. Stamps, comentando o assunto, diz que o ser “cheio do Espírito” não ocorreu apenas uma única vez, mas, sim, repetitivas vezes (At 4.8; 6.3-5; 7.55; 11.24; 13.9,52). Segundo Ele: “É teologicamente relevante que todos os crentes, inclusive os apóstolos, anteriormente cheios (At 2.4), foram novamente cheios a fim de enfrentar a oposição continua dos judeus (At 4.29). Novos enchimentos com o Espírito Santo fazem parte da vontade e provisão de Deus para todos os que receberam o batismo no Espírito Santo” (At 2.4 cf 4.8; 13.52; Ef 5.18). Além disso, o Dicionário Wycliffe comentando esse assunto diz: “Ser cheio do Espírito, então, é uma opção ou não faz diferença? Faz muita diferença, porque esta é uma ordem das Escrituras, de que o crente seja continuamente cheio do Espírito Santo (Ef 5.18), e que ele ande no (ou em) Espírito (Gl 5.16-25; Rm 8.5-13). Ao mesmo tempo, os cristãos são advertidos de que não devem entristecer o Espírito (Ef 4.30), nem extingui-lo (1 Ts 5.19)”. Portanto, agora, você sabe que ser ‘cheio do Espírito’ também poder significar ‘enchei-vos do Espírito’ e que para isso faz-se necessário o crente buscar e depender da presença do Espírito, bem como do controle do Espírito (At 5.32; Rm 12.1,2; cf Rm 6.11-13).  


II. O FRUTO E OS DONS DO ESPÍRITO
O termo “fruto”, embora no singular, não significa que o mesmo seja constituído apenas de uma única virtude do Espírito, mas, na verdade, de nove virtudes. Essas virtudes são mais bem representadas pela figura de uma laranja ou tangerina, sendo que cada gomo simboliza uma virtude do Espírito. Assim, o fruto do Espírito implica num todo indispensável e inseparável na vida do crente.
Todavia, cientes do valor e importância do fruto do Espírito em nossas vidas, temos o hábito extremista, a semelhança da igreja de Corinto, de valorizarmos mais os dons espirituais do que o fruto do Espírito Santo. Talvez alguém questione: “O porquê disto?” O Pr. Osiel Gomes, comentarista do trimestre, responde essa indagação apontando-nos o caminho certo a ser seguido: “Historicamente, sabemos que na promoção de muitos avivamentos alguns começaram a dar mais ênfase aos dons do que as virtudes, todavia, se cada cristão realmente seguir a Palavra de Deus, com certeza terá equilíbrio nesse ponto”.
Portanto, não devemos sobrepor um em detrimento do outro, pois, enquanto o fruto é a manifestação das virtudes de Deus na vida do crente, transmitindo a este toda a plenitude de Deus, conforme o grau de entrega desse crente como servo do Senhor (Ef 3.16-19). Os dons, por sua vez, são outorgas especiais de poder divino com o intuito de realizarmos a obra do Senhor (1 Co 12-14). Por isso, nem os dons devem ser exercidos sem o fruto, nem o fruto deve ser valorizado a ponto de se extinguir os dons (1 Co 13.3; 14.1; 1 Ts 5.19-20). Percebe-se, então, que tanto o fruto quanto os dons do Espírito se completam. Vejamos, pois, o quadro abaixo:

DONS DO ESPÍRITO
FRUTO DO ESPÍRITO
Habilita a saber, falar e agir com poder
Habilita a falar, agir e ser como Cristo
Devem ser exercidos com o fruto
Disciplina o uso dos dons
Atestam o recebimento do batismo no Espírito
Evidenciam a habitação do Espírito no crente
Não transforma o caráter à semelhança de Cristo
Transforma o caráter à semelhança de Cristo


III. O FRUTO DO ESPÍRITO E O CARÁTER CRISTÃO
Após compreendermos a relação entre os dons espirituais e o fruto do Espírito, estaremos mais abertos para entendermos também a relação entre o fruto do Espírito e o caráter cristão. O termo “caráter” do grego “kharacktér” significa “marca; sinal de distinção”. O caráter é o conjunto das qualidades boas ou más de uma pessoa que determina sua contunda em relação a Deus, a si mesma e ao próximo. Segundo o Pr. Claudionor de Andrade, “o caráter é a natureza básica do ser humano que o torna responsável por seus atos tanto diante de Deus como diante de seus semelhantes. O caráter moral tem como ressonância elementar a consciência que, como a voz secreta que temos na alma, aprova ou desaprova as ações”. Por isso, o caráter pode ter aspectos positivos ou negativos como descritos abaixo:

ASPECTOS DO CARÁTER
POSITIVO
NEGATIVO
Santo
Iníquo
Justo
Injusto
Honesto
Desonesto
Submisso
Rebelde
Humilde
Soberbo
Verdadeiro
Mentiroso

Todavia, ao aceitar a Cristo como Salvador, o homem recebe da parte de Deus um novo caráter (2 Co 5.17). O Espírito Santo, por meio de suas ministrações (Rm 8.1-17; Gl 5.22-26), aperfeiçoa-o gradualmente (2 Co3.18; 1 Pe 1.2). Assim, o Espírito de Cristo passa a controla-lo por completo, de modo que suas ações passam a ser moldadas por Ele (Rm 8.5-11). Uma vez que a imagem perdida no Éden fora restaurada, o homem passa a experimentar e demonstrar uma vida de integridade (Gn 3.11-13; Rm 5.12; 1 Co 15.22,45; Ef 4.23,24). Eis aí, o porquê, da necessidade do fruto do Espírito em nossas vidas! Compreende-se, então, que o fruto do Espírito é uma graça extraordinária comunicada ao crente por meio do Consolador a fim de que ele tenha uma semelhante qualidade moral e a integridade de Cristo (Ef 4.24; 1 Co 1.30). Portanto, o fruto é a expressão do caráter de Cristo na vida do crente! Vale lembrar que o caráter de uma pessoa não apenas define quem ela é, mas também descreve seu estado moral e a distingue das demais de seu grupo (Pv 11.17; 12.2; 14.14; 20.27). 
Em Mateus 7.15-23, deparamo-nos com declarações notáveis, proferidas pelo Mestre, acerca da importância do caráter. Assim como nós, os falsos profetas são reconhecidos pelo tipo de fruto que produzem (Mt 7.16-19). Jesus acrescentou que algumas pessoas fariam muitas maravilhas, expulsariam demônios em seu nome, porém, Ele jamais as conheceria (Mt 7.22,23). Como é possível? A resposta é encontrada em 2 Tessalonicenses 2.9. Este trecho bíblico comprova ser possível Satanás imitar milagres e dons do Espírito. Contudo, o fruto do Espírito é a marca daqueles que possuem comunhão com o Senhor (Mt 7.17,18; 1Jo 4.8), e jamais poderá ser imitado


IV. A VIDA CONTROLADA PELO ESPÍRITO
Em João 15.1,2, o Senhor Jesus diz: “Eu sou a videira verdadeira, e meu Pai é o agricultor. Todo o ramo em mim que não dá fruto ele o corta, e todo ramo que produz fruto ele o poda, para que produza mais fruto ainda” Neste ensinamento o Senhor, ao usar a metáfora da videira, nos revela a necessidade de um relacionamento intimo e vital entre ele e seu discípulo (o crente), a fim de que este tenha a condição básica para produzir fruto mediante a ação do Espírito em sua vida. O versículo cinco torna mais nítida essa verdade ao afirmar que “Sem mim nada podeis fazer” (Jo 15.5). Assim, vejamos o que acontece com aquele que tem a vida controlada pelo Espírito:

3.1 Uma vida frutífera. 
Quando o crente não se submete ao Espírito Santo, cede aos desejos da natureza pecaminosa. Mas, ao permitir que Ele controle sua vida, torna-se um solo fértil, onde o fruto é produzido. Mediante o Espírito, conseguimos vencer os desejos da carne e viver uma vida frutífera. Para mostrar o quanto é acentuado o contraste entre as obras da carne e o fruto do Espírito, o escritor aos Gálatas alistou-os no mesmo capítulo (Gl 5). Desde que o Espírito Santo dirija e influencie o crente, o fruto se manifestará naturalmente nele (Rm 8.5-10). Da mesma maneira acontece ao ímpio, cuja natureza pecaminosa é quem o governa e a Palavra de Deus é absoluta ao declarar que: “os que cometem tais coisas não herdarão o Reino de Deus” (Gl 5.21b). Estas obras da carne são características dos que vivem em pecado (Rm 7.20).

3.2 Uma vida com maturidade e equilíbrio. 
A Palavra de Deus afirma que o crente é recompensado ao dar toda a liberdade ao Espírito Santo para produzir, em seu interior, as qualidades de Cristo. O capítulo 1 de 2 Pedro trata da necessidade de o crente desenvolver as dimensões espirituais da vida cristã. Com este crescimento, vem a maturidade e a estabilidade fundamentais para uma vida vitoriosa sobre a natureza velha e pecaminosa do homem (2 Pe 1.10b.11). Por isso, lembramos que este amadurecimento não se adquire com o exercício dos dons ou mesmo pelo tempo de conversão (1 Co 14.20; 12.1; 3.1). Nem mesmo em fazer parte de uma igreja há vários anos (Hb 5.12).


V. OS PROPÓSITOS DA FRUTIFICAÇÃO ESPIRITUAL
A terceira pessoa da Santíssima Trindade chama-se Espírito Santo. Assim, em seu próprio nome, é notório o seu principal propósito na vida do crente – a santificação (2 Ts 2.13; 1 Pe 1.2). No entanto, embora a santificação seja o principal propósito do Espírito, contudo, não é o único. Por isso, vejamos a seguir, os demais propósitos do Espírito:

1. Expressar o caráter de Cristo. 
Todo fruto revela sua árvore de origem (Gn 1.11), e da mesma maneira, como membros do corpo de Cristo, devemos refletir naturalmente o seu caráter para que o mundo o veja em nós. Quando as pessoas tomam conhecimento de nossa confissão cristã, podemos vir a ser a única “bíblia” que muitas delas “lerão”. O fruto do Espírito mostra que somos pessoas diferentes em todo o nosso padrão de vida, tais como: modo de viver, agir, pensar, etc. O fruto do Espírito dá resultado de uma transformação total de vida (Fp 4.8,9; Mt 12.33; Rm 12.2).

2. Evidenciar o discipulado. 
Jesus ensinou que devemos dar “muito fruto” a fim de confirmarmos que somos seus discípulos (Jo 15.8). Ele ressaltou que todo discípulo bem instruído será como o seu mestre (Lc 6.40). Isto significa que não é o bastante aceitar Jesus. Ele deseja que produzamos muito fruto. Se assim fizermos, estaremos demonstrando que verdadeiramente somos seus discípulos.

3. Abençoar ao próximo e Glorificar a Deus (Jo 15.8).
A manifestação do fruto abençoa os ímpios que nos cercam e também os crentes que vêem a evidência do fruto espiritual em nós. O apóstolo Paulo enfatizando esta verdade, diz: “Abençoai aos que vos perseguem; abençoai, e não amaldiçoeis” (Rm 12.14). E também: “Se for possível, quanto depender de vós, tende paz com todos os homens” (Rm 12.18). Ora, o fruto do Espírito é o resultado de uma vida abundante em Cristo. Quando permitimos que a imagem dEle seja refletida em nós, as pessoas glorificam a Deus (Mt 5.16).



CONCLUSÃO
Se entregarmos todo o controle de nossa vida ao Espírito Santo, Ele, infalivelmente, vai produzir o seu fruto em nós através de uma ação contínua e abundante. Como cristão, tudo que concerne ao caráter santificado, ou seja, a nossa semelhança com Cristo, é obra do Santo Espírito “até que Cristo seja formado em vós” (Gl 4.19).



REFERÊNCIAS
GOMES, Osiel. As Obras da Carne e o Fruto do Espírito. CPAD.
ARRINGTON, F. L.; STRONSTAD, R. Comentário Bíblico Pentecostal. CPAD.
PFEIFFER, F. Charles; VOS, Howard F; REA John. Dicionário Wycliffe. CPAD.
ANDRADE, Claudionor de. Dicionário Teológico. CPAD.
STAMPS, Donald C. Bíblia de Estudo Pentecostal. CPAD.
GILBERTO, Antônio. Lições Bíblicas. (1º trimestre/2004). CPAD.
GILBERTO, Antônio. Lições Bíblicas. (1º trimestre/2005). CPAD.
SILVA, Eliezer de Lira e. Lições Bíblicas. (3º trimestre/2007). CPAD.

  


Por Amigo da EBD.


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