sábado, 11 de agosto de 2018

LIÇÃO 07 - FOGO ESTRANHO DIANTE DO SENHOR (SUBSÍDIO)






Lv 10.1-11




INTRODUÇÃO
Arão e seus filhos foram separados para o sacerdócio. No entanto, apesar de tamanho privilégio, Nadabe e Abiú cometeram grande pecado contra Deus desonrando-o no exercício do ministério sacerdotal, e, por causa desta atitude profana, eles foram punidos com a morte. Esta história serve como advertência para a igreja nos dias atuais.


I. ARÃO E SEUS FILHOS FORAM CHAMADOS PARA O SACERDÓCIO
Arão e seus quatro filhos foram separados para o ministério sacerdotal (Êx 28.1). O sacerdócio era uma instituição divina (Hb 5.4a); uma grande honra dada por Deus ao homem (Hb 5.4); e, uma grande responsabilidade (Lv 8.35). Abaixo destacaremos alguns detalhes sobre os dois primeiros filhos de Arão. Vejamos:

1. Quem foi Nadabe.
Este foi o filho primogênito de Arão com sua esposa Eliseba (Êx 6.23; Nm 26.60). Seu nome no hebraico significa: “disposto”. Foi chamado para o sacerdócio (Êx 28.1). Teve o privilégio de junto com os anciãos contemplar a glória de Deus (Êx 24.1-9).

2. Quem foi Abiú.
Este foi o segundo filho de Arão com sua esposa (Êx 6.23; Nm 3.2; 1 Cr 6.3; 24.1). Seu nome no hebraico significa: “Deus é Pai”. Foi chamado para o sacerdócio (Êx 28.1). Também teve o privilégio de junto com os anciãos contemplar a glória do Deus de Israel (Êx 24.1-9).


II. O PECADO DE NADABE E ABIÚ
Logo após a consagração de Arão e seus filhos para o sacerdócio (Lv 8.1-36), oito dias depois eles contemplaram a glória de Deus (Lv 9.1-24). No entanto, logo em seguida os filhos de Arão: Nadabe e Abiú cometeram um pecado contra Deus (Lv 10.1-7). Eles “ofereceram fogo estranho perante o SENHOR” (Lv 10.1b). Há vários elementos neste procedimento que violavam todas as instruções para o sacrifício que Moisés recebeu da parte de Deus. Vejamos:

1. Um pecado de ordem litúrgica.
O culto levítico tinha uma liturgia devidamente orientada por Deus. O sacerdote devia comparecer perante o Senhor no tempo aprazado, pela manhã e a tarde, para oferecer incenso (Êx 30.7); apenas um ministro e não dois de uma vez (Êx 30.7; Lc 1.8,9). Nadabe e Abiú erraram porque foram juntos (Lv 10.1).

2. Um pecado de ordem cúltica.
O sacerdote havia sido ordenado a queimar o incenso com brasas tiradas do altar de bronze (Lv 9.24; 16.12), porém Nadabe e Abiú forneceram fogo de outra fonte, e Deus o rejeitou (Lv 10.1). A expressão para “fogo estranho”, no hebraico “esh zarah” significa: “fogo estrangeiro”. Talvez uma possível alusão a um fogo externo que não procedia do altar e que não tinha sido aceso por Deus (Lv 9.24). Portanto, era um fogo não santo, de origem não celestial. Estes sacerdotes também tinha sido advertidos de não oferecem um incenso estranho, ou seja, que não tivesse os ingredientes exigidos por Deus (Êx 30.9,34-38).

3. Um pecado de ordem moral.
Em seguida da punição dada aos sacerdotes Nadabe e Abiú, o registro bíblico nos mostra uma advertência de Moisés para aos sacerdotes quanto a uso do vinho, dando a entender que estes filhos de Arão procederam de forma equivocada no culto a Deus, porque estavam sob a influência do álcool (Lv 10.8-11). Eles não santificaram ao Senhor com o seu procedimento e por isso foram punidos com a morte (Lv 10.2,3).


III. A MORTE DE NADABE E ABIÚ
Apesar da alegria e da honra que assinalaram o início dos serviços sacerdotais descritos em Levítico 9.23,24, por parte de Arão e seus descendentes, estes foram manchados pelo ato imprudente de Nadabe e Abiú, filhos mais velhos de Arão, os quais contaminaram o tabernáculo ao efetuarem um rito que não concordava com as instruções elaboradas dadas por Deus. O ato aos olhos de Deus foi merecedor do castigo da morte. Não se sabe exatamente como o fogo matou Nadabe e Abiú, ou se a palavra “fogo” era um sinônimo para um raio de relâmpago (Êx 9.23; Jó 1.16). O mesmo poder que havia abençoado (Lv 9.23,24) agora tirava a vida (Lv 10.2).

1. Morreram tragicamente.
Quando compareceram perante o Senhor de forma inadequada, Nadabe e Abiú foram mortos tragicamente (Lv 10.2). Arão e seus outros filhos Eleazar e Itamar foram impedidos de fazer luto pelos irmãos falecidos, porque Deus havia advertido que havia fulminado estes dois jovens, por que não honraram o Seu Nome (Lv 10.3). Se chegassem a lamentar assim por seus irmãos mortos, dando a entender que não concordavam com o severo juízo que haviam recebido, também morreriam (Lv 10.6,7).

2. Morreram prematuramente.
Estes jovens sacerdotes tinham toda uma vida para servir ao Senhor na beleza da Sua santidade, visto que o sacerdócio era vitalício, no entanto, eles tiveram sua existência abreviada por causa da rebeldia a Palavra do Senhor (Lv 10.1,2).

3. Morreram sem deixar descendentes.
Nem Nadabe e nem Abiú tinham filhos, pelo que a sucessão sacerdotal continuou através de seus irmãos mais novos: “Mas Nadabe e Abiú morreram perante o SENHOR, quando ofereceram fogo estranho perante o SENHOR no deserto de Sinai, e não tiveram filhos; porém Eleazar e Itamar administraram o sacerdócio diante de Arão, seu pai” (Nm 3.4). Veja também: (1 Cr 24.2).

4. Morreram vergonhosamente.
A morte destes dois filhos de Arão, por causa da desobediência, ficou na memória da sua geração e das gerações posteriores, sendo um ato vergonhoso e de advertência para que outros não caíssem no mesmo erro (Nm 26.60,61; 1 Cr 24.2).
 

IV. UMA ADVERTÊNCIA PARA A IGREJA
Os fatos que ocorreram no Antigo Testamento além de nos fornecer informações, foram escritos para aviso nosso, como afirmou o apóstolo Paulo (1Co 10.11). A palavra “aviso” no grego é “nouthesia”, que significa: “admoestação”, “instrução”, “aviso”, que é utilizada tanto no sentido positivo quanto negativo, ou seja, uma atitude que pode ser reproduzida ou evitada” (CHAMPLIN, 1995, p. 396). Portanto, tanto os bons exemplos quanto os maus exemplos de personagens das Escrituras também foram registrados para nos trazer advertências. Mas, quais as advertências que podemos extrair do caso de Nadabe e Abiú como ensino para a nossa vida? Vejamos:

1. O perigo da falta de santidade no serviço ao Senhor.
Deus exige um comportamento santo de todo aquele que professa o Seu nome (1 Ts 4.7; Tt 2.12; Hb 12.14; 1 Pe 1.15,16). Muito mais se espera daqueles que exercem alguma função na obra de Deus, pois a santidade é um pré-requisito fundamental para o serviço (Êx 18.21; Is 6.5-7; Jr 1.5; At 6.3; 2 Pe 1.21). Portanto, falta de santidade torna qualquer pessoa inapta para cooperar na obra de Deus (Lv 10.1-3; At 1.16-20).

2. Abuso no uso dos dons espirituais.
Infelizmente não são poucas as pessoas que abusam dos dons espirituais, cometendo excessos, ou imitando as manifestações de Deus, apresentando-se com “fogo estranho” diante do Senhor. Por isso, metaforicamente, “fogo estranho passou a indicar aquele fervor, zelo, sistema religioso e práticas místicas e religiosas que são estranhas ao cristianismo bíblico” (CHAMPLIN, 2004, p. 509). Notemos:

2.1 No Antigo Testamento.
Moisés preveniu o povo dizendo que os falsos profetas deveriam receber como punição a morte (Dt 13.1-5). Deus repreendeu severamente os falsos profetas e os sonhadores mentirosos (Jr 23.32; 27.15; 29.9). Pedro nos diz que os profetas verdadeiros não produziram por si mesmos a profecia, mas falaram inspirados pelo Espírito Santo (2 Pd 1.21).

2.2 No Novo Testamento.
A igreja de Corinto era abundante nos dons espirituais (1 Co 1.7). No entanto, havia muitos excessos no uso deles. E, isto levou o apóstolo Paulo a trazer informação e orientação sobre o correto uso dos dons (1 Co 12-14), dizendo que: a) não podemos nos julgar superiores aos outros por causa de alguns dons, pois todos procedem do Espírito e tem a devida utilidade (1 Co 12.12-27); b) que não podemos utilizar os dons sem o fruto do amor, pois os dons são temporais, mas o amor é eterno (1 Co 13.1-13); e, c) que a manifestação dos dons deve estar subordinada a Palavra e não o contrário (1 Co 14.37); e, d) nenhuma pessoa tem o controle dos dons do Espírito Santo, pois Ele é quem dá a cada um como quer (1 Co 12.11); e, manifesta quando quer (1 Co 12.7). Eis algumas outras advertências que devemos procurar praticar no uso dos dons:

Zelar pelos dons – “Portanto, procurai com zelo os melhores dons […]” (1 Co 12.31).
Ter autodisciplina nos dons – “E os espíritos dos profetas estão sujeitos aos profetas” (1 Co 14.32);
Ter decência e ordem no exercício dos dons – “Mas faça-se tudo decentemente e com ordem” (1 Co 14.40).

3. Inovações no culto ou na liturgia.
Deus deu um culto a Israel (Rm 9.4; Hb 9.1); e, este culto tinha uma liturgia divina instruída (Êx 25.9; Lv 1-4). Portanto, proceder de forma diferente consistia numa afronta a Deus (2 Sm 6.3-8; 1 Cr 15.1,2; 2 Cr 26.19; Ml 1.7-8). Paulo orientou que o culto ao Senhor também deveria seguir uma liturgia decente ordeira (1 Co 14.26), pois Deus é Deus de paz e não de confusão (1 Co 14.33).

4. Profanação das coisas sagradas.
Os filhos de Eli tratavam as coisas sagradas como coisa qualquer (1 Sm 2.12-17; 28,29), e por isso foram severamente punidos (1 Sm 2.34). Paulo orientou que os cristãos de Corinto deveriam se comportar na Ceia com a consciência de que o pão e o vinho simbolizavam o corpo e o sangue do Senhor (1 Co 11.20-26). O apóstolo ensinou que comer indignamente, ou seja, não dando a devida consideração ao que é sagrado, resultaria em punições (1 Co 11.27-30). Lembremos que Deus é um fogo consumidor (Hb 12.29); e que o seu juízo começa pela Sua casa (1 Pe 4.17). 


CONCLUSÃO
A trágica morte de dois filhos de Arão, Nadabe e Abiú nos servem de exortação quanto ao cuidado que devemos ter com a nossa vida moral e com o serviço sagrado. Deus não deixará impune aqueles que se portam de maneira leviana, desonrando o Seu santo e bendito Nome.




REFERÊNCIAS
• ANDRADE, Claudionor Corrêa de. Dicionário Teológico. CPAD.
• CHAMPLIN, R. N. Dicionário de Bíblia, Teologia e Filosofia. HAGNOS.
• CHAMPLIN, R. N. O Novo Testamento Interpretado Versículo por Versículo. HAGNOS
• GARDNER, Paul. Quem é quem na Bíblia Sagrada. VIDA.
• HOUAISS, Antônio. Dicionário da Língua Portuguesa. OBJETIVA.
• STAMPS, Donald C. Bíblia de Estudo Pentecostal. CPAD.



Por Rede Brasil de Comunicação.



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