sexta-feira, 21 de setembro de 2018

LIÇÃO 12 – OS PÃES DA PROPOSIÇÃO (SUBSÍDIO)






Lv 24.5-9




INTRODUÇÃO
Nesta lição estudaremos sobre mais um elemento presente no Tabernáculo, os pães da proposição; destacaremos a relação desse elemento com a mesa presente no Lugar Santo e suas características; e por fim, pontuaremos significados simbólicos dos pães da proposição à luz das Escrituras.


I. CONSIDERAÇÕES GERAIS SOBRE OS PÃES DA PROPOSIÇÃO
1. Definição.
No hebraico há duas expressões diferentes que se traduz por “pão da proposição”; a primeira significando: “pães do arranjo, pães da fileira”, aludindo à forma em que eram expostos sobre a mesa (1 Cr 9.32; 23.29; Ne 10.33), e uma outra é: “pães da presença ou pães do rosto”. A palavra proposição nesse contexto tem o sentido de “presença”, visto que os pães estavam sempre diante do Senhor” (Êx 25.30; 35.13; 39.36; Nm 4.7; 1Sm. 21:6; 1Rs 7.48; 2Cr 4.19; 13.11; Mt 12.4; Mc 2.26; Lc 6.4; Hb 9.2). As Escrituras utilizam-se de várias expressões para se referir a esse elemento do santuário: a) “pães da proposição” (Êx 25.30), b) “doze pães” (Lv 24.5-7), c) “pão contínuo” (Nm 4.7; 2Cr 2.4), d) “pão sagrado” (1Sm 21.4), e, e) “pão de Deus” (Lv 21.21).

2. Composição.
Os coatitas estavam encarregados da confecção dos pães da proposição e dos cuidados com os mesmos (1Cr 9.32; 23.28,29). Cada pão era feito de farinha finíssima, ou seja, a farinha de trigo da melhor qualidade. Sobre a estrutura dos pães da proposição, se é dito que cada um dos doze pães tinham o peso de dois décimos de um efa de farinha de trigo (isso equivalia a dois quilos), o que significa que os pães eram grandes”. A Bíblia na Nova Versão na Linguagem de Hoje (NTLH) traz muito bem esta informação: “Doze pães, cada um pesando dois quilos, deverão ser feitos da melhor farinha”. “Cada pão tinha cerca de 75 cm de comprimento, metade disso quanto à largura, e cerca de 12,5 cm de altura” (CHAMPLIN, 2001, p. 573 – grifo nosso).

3. Localização. Ao entrar no Lugar Santo, os pães da proposição encontravam-se à direita de quem entra, para o lado norte, sobre uma mesa (Êx 26.35). Os pães eram postos um sobre o outro, formando duas pilhas (colunas) de seis pães cada uma (Êx 25.30; 40.23; Lv 24.6). Os pães ficavam expostos durante uma semana e, então, aos sábados, eram removidos e substituídos, e por fim, consumidos pelos sacerdotes, dentro do santuário (Lv 24.8,9) (CHAMPLIN, 2001, p. 9).

4. Propósito.
Da mesma maneira que o azeite era importante para que o candeeiro produzisse luz, e assim como o incenso era elemento imprescindível para o altar do incenso, assim também, os pães da proposição eram tidos como memorial da provisão divina (Lv 24.7,8), da necessidade diária de pão e a contínua dependência do povo da provisão de Deus para as necessidades espirituais e físicas. Não só a presença contínua de Deus estava assim simbolizada, mas também o fato dessa gloriosa presença ser considerada mais vital do que o próprio pão (Êx 33.15; Dt 8.3).


II. A MESA DA PROPOSIÇÃO
As Escrituras chamam esta mesa por diferentes nomes: a) mesa dos pães da proposição (Êx 25.30); b) mesa de madeira de acácia (Êx 25.23; 37.10); c) mesa pura (Lv 24.6); d) mesa de ouro (1Rs 7.48). Vejamos ainda algumas informações adicionais a respeito desse móvel do santuário:

1. Modelo e estrutura.
O AT declara que o modelo para a construção desta mesa foi concedido por revelação divina (Êx 25.23-30). Nada foi construído pela mente ou imaginação dos construtores. Para a fabricação deste móvel também são destacados os materiais específicos a serem usados e o tamanho exato que a mesa deveria ter. Era feita de madeira de acácia ou cetim revestida de ouro, e tinha dois côvados de comprimento (90 cm), um côvado de largura (45 cm) e, um côvado e meio de altura (70 cm), revestida ao redor com ouro puro e uma moldura de ouro em volta (Êx 37.10-12). Depois de pronta, foi consagrada pela unção com óleo (Êx 30.23-27), e colocada no lado norte do Lugar Santo, de frente ao candelabro de ouro, de modo que a luz do candeeiro iluminava o pão e a mesa (Êx 26.35).

2. Seus utensílios.
Para a ministração na mesa da proposição, Deus estabeleceu a fabricação de alguns utensílios, que deveriam ficar sobre ela: “Também farás os seus pratos, e os recipientes para incenso, e as suas galhetas, e as suas taças em que se hão de oferecer libações; de ouro puro farás” (Êx 25.29 – ARA). Os pratos serviam para colocar os pães; as colheres eram cálices para colocar o incenso sobre os pães, identificando-o como sacrifício (Lv 24.7). As galhetas (tigelas) e as taças (copos), eram para armazenar e despejar o vinho (não alcoólico) em oferta de libação. Todos estes utensílios eram feitos de ouro puro (BEACON, 2010, p. 208 – acréscimo nosso).

3. Seu transporte.
Quando o tabernáculo era transportado durante as jornadas dos israelitas pelo deserto, a mesa dos pães da proposição era levada, com seus pratos, recipientes de incenso, as taças e as galhetas (Nm 4.5-8). A parte superior da mesa descansava sobre uma armação, e em volta dela havia uma coroa ou moldura de ouro, projetando-se sobre a parte de cima para impedir que os objetos caíssem dela. Na mesa havia ainda, uma argola em cada esquina para permitir que ali fossem introduzidas os varais, a fim de transportar a mesa (Êx 25.23-28).


III. OS PÃES DA PROPOSIÇÃO E SUA SIMBOLOGIA
Todos os utensílios do Tabernáculo, como o sistema levítico por inteiro, além de possuir uma realidade presente (aspecto didático), também existiam realidades futuras (aspecto profético) que apontavam para Cristo (Rm 15.4; Cl 2.17; Hb 10.1). Vejamos alguns desses simbolismos dos pães da proposição:

1. A provisão divina.
Esses pães apontam para algumas lições que Deus intentava deixar claro para seu povo sobre depender inteiramente dEle: a) uma lembrança ou um memorial de que Deus habita no meio de seu povo e provê seu pão diário (Sl 136,25; Mt 6.25-33), da mesma forma como proveu o maná para alimentar as doze tribos no deserto (Êx 25.8; 16.11-21; Lv 24.7; Is 63.9); b) sua reposição regular simboliza o compromisso do povo de ser leal a Deus e sua gratidão pela provisão divina constante (Lv 24.8,9); e, c) uma vez que os sacerdotes se alimentavam dos pães substituídos (Lv 24.8,9), fica evidente mais uma vez, o princípio bíblico do sustento do ministro de Deus, que vive para o serviço integral do santuário (Lv 6.26; 7.6; 1Co 9.9-11; 1Tm 5.18; Dt 25.4; Lc 10.7).

2. Consagração a Deus.
Outro simbolismo da mesa com os pães é a consagração total do cristão a Deus, visto que o pão da proposição estava “continuamente na presença do Senhor” (Lv 24.6). O dever do crente é viver continuamente na presença de Deus, para consagrar toda a sua vida ao serviço do Senhor (Lv 24.7; Rm 12.1). Esta consagração resulta de um melhor entendimento do que Jesus Cristo fez pelos pecadores e uma compreensão melhor da grandeza do amor de Deus. Quem se alimenta de Sua Palavra (Jo 6.32-35), melhora sua comunhão com Deus e progride na consagração (1 Co 5.8; 1Pe 2.2).

3. A Palavra de Deus.
A Palavra de Deus é comparada ao pão diário, ao alimento espiritual (1Pd 2.2) sendo ela a provisão para as necessidades espirituais do homem (Mt 4.4; Dt 8.3), dando-nos nutrientes necessários para nosso crescimento espiritual (2 Tm 2.16,17).

4. Uma tipologia de Cristo.
Assim como os demais utensílios do tabernáculo, os pães da proposição também apontam tipologicamente para o Senhor Jesus Cristo. Vejamos:

A) Sua perfeição moral.
Como o pão da proposição não tinha em sua composição o fermento (JOSEFO apud CHAMPLIN, 2001, p. 419), símbolo da corrupção moral (Mt 16.11; Mc 8.15; 1Co 5.6-8; Gl 5.9), serve como figura da pureza de Jesus. Semelhantemente Cristo o pão da vida é perfeito e santo tanto em seu caráter como em seu ser (Lc 1.35), e embora em tudo tenha sido tentado, Ele não conheceu e nem tinha pecado (2Co 5.21; Hb 4.15), e entregou-se a morte como um cordeiro imaculado e incontaminado (1Pe 1.19).

B) Seu sofrimento.
Para a preparação do pão da proposição, foi usada da melhor farinha obtida de grãos inteiros do trigo. Para que esse trigo se tornasse adequado, ele tinha que ser triturado até se tornar pó finíssimo. Por essa razão, o processo pelo qual o trigo foi submetido representa as tribulações, tentações e sofrimentos do Senhor Jesus Cristo, que como trigo, foi moído (Is 53.7,10), sendo Ele o nosso pão da vida (Jo 12.24). Não menos importante, para o pão servir de alimento precisava ser assado (Lv 24.5). Sendo também esse processo uma alusão ao intenso sofrimento do Filho de Deus no Calvário (Mt 3.11; Lc 3.16; Hb 9.14; 12.29).

C) Sua mediação.
O fato de serem doze pães sobre a mesa, todo Israel estava sendo diante de Deus representado. Não importava em que parte do acampamento os israelitas estivessem, deviam lembrar-se de que sua tribo estava representada sobre a mesa de ouro no Lugar Santo. Cristo, como o pão da vida nos representou diante do Pai, como sacrifício expiatório (Is 53.4-6), e diante de Deus o Pai é o nosso Advogado (1Jo 2.1,2), e intercessor (Rm 8.34; Hb 9.24).

D) A provisão da salvação.
Jesus é o Pão da Vida (Jo 6.48), que se fez carne para morrer por nossos pecados (Jo 6.38,51), que sustenta os homens também no âmbito espiritual (1Pd 2.9; Ap 1.6). O pão da proposição prefigura o grão de “trigo” (Jo 12.24), que foi sujeitado ao fogo do julgamento divino em lugar dos homens (Jo 12.32,33). Cristo é o nosso pão espiritual, descido do céu (Jo 6.33,38,50,58), que provisionou a toda humanidade (Jo 3.16) através da fé em sua morte e ressurreição (Ef 2.8; 1Pd 1.21), a vida eterna: “Na verdade, na verdade vos digo que aquele que crê em mim tem a vida eterna” (Jo 6.47; ver 6.54-58).


CONCLUSÃO
O simbolismo dos pães da proposição se cumpre em Cristo e sua Igreja, tanto no aspecto pessoal como coletivo. Ele é o nosso alimento espiritual, nossa porção que nos satisfaz plenamente em todas as áreas da vida da humana.




REFERÊNCIAS
CHAMPLIN, R. N. O Antigo Testamento Interpretado – Gênesis a Números. HAGNOS.
HOWARD, R.E, et al. Comentário Bíblico Beacon. CPAD.
STAMPS, Donald C. Bíblia de Estudo Pentecostal. CPAD




Por Rede Brasil de Comunicação.



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