segunda-feira, 3 de dezembro de 2018

LIÇÃO 09 – ENCONTRANDO O NOSSO PRÓXIMO (SUBSÍDIO)


   



Lc 10.25-37 




INTRODUÇÃO
Nesta lição veremos o contexto e o objetivo que o Mestre amado contou esta parábola; pontuaremos seus personagens e quem eles representam; analisaremos qual o contraste entre os dois filhos; e por fim, estudaremos o que Jesus quis ensinar com esta parábola.


I. UMA PARÁBOLA DISTINTA
Em Mateus 21.28-32 encontramos a “parábola dos dois filhos”. Esta parábola possui as seguintes características: a) Ela consta somente no evangelho conforme Mateus; b) têm apenas três versículos; c) foi pronunciada na última visita de Cristo a Jerusalém, antes de Sua morte; e, d) tem o intuito de enfatizar que Deus chama a todos os homens para a salvação, no entanto, cabe aos homens aceitarem tal chamado (Mt 21.32). Vejamos algumas outras informações sobre esta parábola:

1. Contexto.
Em Mateus 21 encontramos o registro da entrada triunfal de Jesus sobre um jumentinho, na famosa cidade de Jerusalém, para cumprir o que dele estava escrito (Zc 9.9; Mt 21.4,5). A multidão louvou ao Mestre trazendo consigo ramos de árvores que espalhavam pelo chão junto com as suas próprias vestes e diziam: “[…] Hosana ao Filho de Davi; bendito o que vem em nome do Senhor. Hosana nas alturas!” (Mt 21.9b). Esta parábola está estreitamente conectada com o relato imediatamente precedente em relação a atitude das autoridades para com João Batista (Mt 21.23-27). Jesus questionou porque eles não reagiram a mensagem de arrependimento pregada pelo profeta (Mt 21.32).

2. Objetivo.
O principal objetivo da parábola é mostrar como os publicanos e as meretrizes, que não professavam crê no Messias e do Seu reino, ainda assim aceitavam a doutrina e se sujeitavam à disciplina de João Batista, o precursor de Jesus (Mt 3.5,6), ao passo que os sacerdotes e os anciãos, que estavam cheios de expectativas do Messias, e pareciam muito dispostos a estar de acordo com o que Ele determinava, desprezaram João Batista, e foram contrários aos desígnios da missão de Jesus (Mt 3.7-10; 21.32; Mc 1.5). A parábola tem um outro alcance; os gentios, que eram desobedientes, tendo sido, por muito tempo, filhos da ira (Ef 2.3); porém, quando o Evangelho lhes foi pregado, eles se tornaram obedientes à fé, enquanto os judeus, que diziam: “eu vou, Senhor”, faziam boas promessas (Êx 24.7; Js 24.24), mas não iam; eles somente “lisonjeavam a Deus com os seus lábios” (Sl 78.36,37).


II. OS PERSONAGENS DA PARÁBOLA
1. O Pai (Mt 21.28).
O pai desta parábola é uma representação perfeita da pessoa de Deus como nosso amado Pai (Sl 103.13; Ef 1.5; Gl 4.4,5; Rm 8.15-17; Jo 1.12; 2 Co 6. 18; Rm 8.15; 23; Gl 4.6; Hb 12.6; Hb 6.12; 1Pe 1.3,4; Hb 1.14). O status de filhos traz-nos privilégios como: a) tratar a Deus como Pai nas nossas orações: “Pai nosso, que estás nos céus […]” (Mt 6.9); b) ter o testemunho do Espírito acerca da nossa salvação, o qual clama “Aba, Pai” (Rm 8.15,16); e, c) sermos amados por ele: “Vede quão grande amor nos tem concedido o Pai: que fôssemos chamados filhos de Deus […]” (1Jo 3.1); “Amados, agora somos filhos de Deus…” (1Jo 3.2).

2. O primeiro filho (Mt 21.28,29).
Os publicanos e as meretrizes de quem se esperava pouca religiosidade são representados pelo primeiro filho na parábola (Mt 21.31,32). Eles não prometiam nenhum bem, e aqueles que os conheciam não esperavam deles nada de bom; ainda assim, muitos deles foram transformados: “Mas, depois, arrependendo-se, foi” (Mt 21.29-b ver ainda Lc 7.29,30). Estes impuros representavam também o mundo gentílico; pois, os judeus, em geral, classificavam os publicanos junto com os pagãos; e os pagãos eram representados, pelos judeus, como meretrizes, e homens nascidos de prostituição (Jo 8.41).

3. O segundo filho (Mt 21.30).
O segundo filho é representado por muitos da nação judaica quando ao ser proclamada a Lei no monte Sinai, pela voz de Deus, se comprometeu a obedecer e disseram: “Tudo o que o Senhor tem falado faremos […]”, porém não fizeram (Êx 19.8; 24.3,7; Dt 5.27). Eles faziam uma profissão especial da religião; ainda assim, quando o reino do Messias lhes foi trazido, pelo batismo de João, eles o desprezaram (Mt 3.7-10), deram-lhe as costas e lhe rejeitaram (Jo 1.11; Lc 19.14; At 13.46). Por causa do seu orgulho, eles não procuravam seguir a Deus e a Cristo. Por isso, o filho que disse: “Eu vou, senhor”, e não foi, revelou perfeitamente o caráter dos judeus fariseus (Lv 26.41; Dt 10.16; Jr 4.4; 6.10; Ez 44.9; At 7.51; Hb 4.7).


III. CONTRASTES ENTRE OS DOIS FILHOS
É digno de nota, nesse contexto, que esses publicanos e prostitutas arrependidos haviam dito: “não queremos”, mas depois se arrependeram, e então creram. Ao contrário, os líderes religiosos dos judeus, homens considerados como bem familiarizados com a Lei de Deus e que exteriormente se conduziam de uma forma tal como se estivessem dizendo constantemente: “sim, Senhor, fazemos tudo quanto requeres de nós, e faremos tudo quanto queres que façamos”, porém não faziam. Era acerca deles que Jesus declararia: “Dizem sim, e não fazem” (Mt 23.3 ver Êx 19.8; 32.1; Is 29.13). Notemos então alguns aspectos representados por estes dois filhos. Vejamos:


O PRIMEIRO FILHO
O SEGUNDO FILHO
Foi convocado pelo pai para trabalhar (Mt 21.28)
Foi convocado pelo pai para trabalhar (Mt 21.30a)
Disse ao pai que não ia, mas foi (Mt 21.29)
Disse ao pai que ia, mas não foi (Mt 21.30b)
Mostrou-se rude, mas foi sincero (Mt 21.29b)
Mostrou-se flexível, mas foi falso (Mt 21.30b)
Mostrou arrependimento (Mt 21.29c)
Não mostrou arrependimento (Mt 21.32)



IV. O QUE JESUS QUIS ENSINAR COM ESTA PARÁBOLA
1. Dizer “não” e viver o “sim” é uma prova de arrependimento (Mt 21.29).
Quanto ao primeiro filho as suas ações foram melhores que as suas palavras, e o seu final, melhor que o seu começo. Vemos aqui a feliz mudança de ideia, e da conduta do primeiro filho, depois de pensar um pouco: “Mas, depois, arrependendo-se, foi”. Observemos que há muitas pessoas que no início dizem “não”, são teimosas, e pouco promissoras, mas que posteriormente se arrependem e se corrigem, “e caem em si” (Lc 15.15.17), como diz o provérbio popular: “Antes tarde do que nunca”. Observemos que quando ele se arrependeu, ele foi; este é um “fruto digno de arrependimento” (Mt 3.8). A única evidência do arrependimento da nossa resistência anterior é concordar imediatamente e partir para o contrário; e então, o que passou será perdoado, e tudo ficará bem. Aquele que disse ao seu pai, face a face, que “não faria o que ele lhe pedia”, merecia ser atirado para fora de casa e deserdado; mas o nosso Pai “espera para ter misericórdia”, e, apesar das nossas antigas tolices, se nos arrependermos e nos corrigirmos, Ele irá nos aceitar de uma forma bastante favorável (Pv 28.13). É muito melhor lidar com alguém que, na prática, será melhor que a sua palavra, do que com alguém que não será capaz de cumprir o que prometeu.

2. Dizer “sim” e viver o “não” é uma prova de hipocrisia (Mt 21.30).
É impressionante a quantidade de pessoas que dizem “sim” e vive o “não” (Tt 1.16). Existe uma abissal distância entre o discurso e a prática: “Não procedais em conformidade com as suas obras, porque dizem e não praticam” (Mt 23.3). O segundo filho mencionado disse melhor do que fez, prometeu ser melhor do que provou ser; a sua resposta foi boa, mas as suas ações, más. Ele professou uma obediência imediata: “eu vou”; ele não disse: “eu irei daqui a pouco”, mas infelizmente ele ficou apenas na teoria e não partiu para prática. Existem muitos que proferem boas palavras, e fazem boas promessas, que se originam de boas motivações; porém, ficam apenas nisso, não vão mais além. Dizer e fazer são duas coisas diametralmente diferentes e distintas, e há muitos que dizem e nunca fazem o que prometem (Is 29.13; Ez 33.31). Muitos, com a sua boca, até confessam, mas os seus corações vão em outra direção (Mt 15.8; Mc 7.6). A prova de sinceridade não está nas palavras, mas nos atos (Mt 7.21). As palavras não são de valor algum se não forem acompanhadas de atos equivalentes: “Se sabeis essas coisas, bem-aventurados sois se as fizerdes” (Jo 13.17). Existe uma diferença categórica entre arrependimento (2 Co 7.9), e remorso como no caso de Judas (Mt 27.3).

3. O “sim” e o “não” é uma prova do nosso caráter.
O tempo vai dizer quem é quem e revelará se o que dissemos condiz com o que somos. Às vezes o “não” honesto hoje pode colocar o homem em uma posição de reflexão, de arrependimento e mais tarde gerar mudanças movendo-o a prática de atitudes coerente com o “sim”. O verdadeiro “sim” é aquele marcado pela consciência profunda do pecado, arrependimento e conversão (Mt 21.31-32). Os publicanos e as meretrizes eram os que inicialmente haviam virado as costas para Deus, mas se arrependeram e creram; ao passo que os judeus fariseus que haviam pretensamente crido, no fundo endureceram o coração e rejeitaram a oferta do Evangelho. Intenções precisam ser acompanhadas por ações, pois a fé sem obras é morta (Tg 2.26), e o arrependimento sem frutos não agrada a Deus (Mt 3.8).

4. O “sim” e o “não” é uma questão de livre-arbítrio.
Na história, os dois filhos mudaram de ideia, um para pior e outro para melhor. O pecador pode se arrepender e ser perdoado, e o justo pode se desviar e ser condenado (Ez 18.21-24). Por isso, é imprescindível permanecer firmes até ao fim (Hb 3.12-13; 4.11). O chamado do Evangelho, é, na realidade, o mesmo para todos, e nos é transmitido com o mesmo teor. Na parábola, o pai falou a mesma coisa para os dois filhos e sua vontade para os dois foi a mesma. Deus deseja a salvação de todos (1Tm 2.3-4). Como cada filho na parábola tomou sua própria decisão, nós decidimos obedecer a Deus ou não. Os dois filhos receberam a mesma oportunidade: “[…] Filho, vai trabalhar […] E, dirigindo-se ao segundo, falou-lhe de igual modo” (Mt 21.28,29). Jesus não lhes disse: “vós não podeis entrar no reino do céu”; porém, mostrou que eles mesmos criavam o obstáculo que lhes embargava a entrada (Mt 23.37-38). A porta ainda estava aberta para esses guias judeus; o convite ainda era mantido. 


CONCLUSÃO
Reino de Deus é formado por pessoas que vão além das palavras, que entenderam seu pecado, sua inadequação, arrependeram-se e se colocaram na direção do caminho correto. De pessoas que aprenderam que o “não” não é o melhor caminho e se prontificaram a viver o “sim”. Gente que aprendeu que o que agrada a Deus de verdade é vida e não discurso; é ação e não promessas; é verdade prática e não mentira poética: “A minha comida é fazer a vontade daquele que me enviou e realizar a Sua obra” (Jo 4.34), assim devemos servir ao Senhor.



REFERÊNCIAS
Ø  GILBERTO, Antônio. Lições Bíblicas Maturidade Cristã. CPAD
Ø  HOWARD, R.E, et al. Comentário Bíblico Beacon. CPAD.
Ø  LOCKYER, Herbert. Todas as Parábolas da Bíblia. VIDA
Ø  STAMPS, Donald C. Bíblia de Estudo Pentecostal. CPAD.
Ø  WIERSBE, Warren W. Comentário Bíblico Expositivo Novo Testamento. GEOGRÁFICA.



Por Rede Brasil de Comunicação.



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