sábado, 18 de janeiro de 2020

LIÇÃO 03 – A NATUREZA DO SER HUMANO (SUBSÍDIO)






Gn 1.26-28; 2.7



INTRODUÇÃO
Nesta lição estudaremos sobre a natureza do ser humano, veremos que o homem é formado por corpo, alma e espírito como nos assegura a palavra de Deus (1Ts 5.23). Analisaremos a natureza moral concedida ao homem no momento da sua criação, pois fomos criados conforme a imagem e semelhança de Deus. Pontuaremos que essa natureza moral implica em responsabilidades diante do Senhor e dos homens, e que mesmo após a queda no Jardim do Éden é possível o homem responder positivamente a Deus por meio de Cristo e ter sua natureza moral restaurada em santidade.


I. A NATUREZA DO HOMEM
O homem, segundo Gênesis 2.7, compõe-se de duas substâncias: a substância material, o corpo, e a substância imaterial, [...], contudo, o homem, de acordo com 1 Tessalonicenses 5.23 e Hebreus 4.12, compõe-se de três substâncias: espírito, alma e corpo (PERMALN, 2009, p. 106). Essa concepção chama-se tricotomia, pois ensina que a constituição da natureza do homem é tríplice. Em 1 Coríntios 2.14-16; 3.1-4, o apóstolo Paulo mostra o homem “natural”, termo que literalmente quer dizer “pertencente à alma” o homem carnal e o homem “espiritual”. Por essas passagens do Novo Testamento, a natureza humana consiste numa parte externa, o corpo ou a carne, chamado “homem exterior” e uma parte interna, denominada “homem interior”, composta do espírito e da alma (SILVA, 2017, p. 78). Dessa forma a tricotomia é visão que mais se harmoniza as Escrituras Sagradas.


II. A NATUREZA TRICOTÔMICA DO SER HUMANO
1. O corpo.
No hebraico, a palavra corpo é “basar” e no grego a palavra é “soma”. O corpo é apenas a parte tangível, visível e temporal do homem (Lv 4.11; 1Rs 21.27; Sl 38.4; Pv 4.22; Sl 119.120; Gn 2.24; 1Co 15.47-49; 2Co 4.7). O corpo é a parte que se separa na morte física. A Bíblia relata a criação do corpo do ser humano (Gn 1.26-28; 2.18-25), e a estrutura humana revela uma complexidade que a teoria da evolução jamais explica (RENOVATO, 2019, p. 22). O corpo é o invólucro do espírito e da alma. (Gn 35.18; Dn 7.15) É a parte física, o homem exterior, que se corrompe, ou seja, envelhece e é mortal. O homem é carne como criatura perecível: “porque toda a carne é como erva” (1Pe 1.24). Rejeitamos a ideia de ser o corpo a prisão da alma e do espírito ou de ser inerentemente mau e insignificante, pois ele é templo do Espírito Santo e templo de Deus, um a vez que o Espírito Santo habita em nós. (1Co 3.16,17;6.19) O corpo é importante, pois Deus o ressuscitará: “Assim também a ressurreição dos mortos. Semeia-se o corpo em corrupção, ressuscitará em incorrupção” (1Co 15.42) (SILVA, 2017, p. 78).

2. A Alma.
A expressão alma em hebraico é: “néfesh”, ocorre por 754 vezes no AT. Conforme Gn 2.7 deixa claro, seu significado primário é “possuidora da vida”. Biblicamente entende-se que a alma é: a sede do apetite físico (Nm 21.5), das emoções (Sl 86.4), dos desejos tanto bons quanto ruins (Ec 6.2; Pv 21.10), das paixões (Jó 30.25), do intelecto (Sl 139.4), é o centro afetivo (Ct 1.7), volitivo (Jó 7.15) e, moral (Gn 49.6) da vida humana (SILVA (Org), 2017, p. 80 – grifo nosso). A palavra alma é um termo que está no grupo de palavras conhecidas como polissêmicas, ou seja, uma mesma palavra que possui vários significados de acordo com o contexto em que ela aparece. Por esse motivo é aplicada frequentemente a: a) animais (Gn 1.20,24,30; 9.12,15,16; Ez 47.9), b) o sangue como algo que é essencial à existência física (Gn 9.4; Lv 17.10-14; Dt 12.22-24) c) a sede do apetite físico (Nm 21.5; Dt 12.15,20,21; 23.24; Jó 33.20; Sl 78.18; 107.18; Ec 2.24; Mq 7.1); d) origem das emoções (Jó 30.25; Sl 86. 4; 107.26; Ct 1.7; Is 1.14); e) associada com a vontade e com a ação moral (Gn 49.6; Dt 4.29; Jó 7.15; Sl 24.4; 25.1; 119.129,167), f) um indivíduo ou pessoa (Lv 7.21; 17.12; Ez 18.4), ou então é usada com um sufixo pronominal para denotar o próprio “eu” (Jz 16.16; Sl 120.6; Ez 4.14) (DOUGLAS, 2007, p. 39). No NT o termo equivalente é: “psiché” possuindo o mesmo significado e características (Ef 6.6; Fp 1.27; Cl 3.23; Rm 11.3; 16.4; 1Co 15.45; 2Co 1.23; Fp 2.30; 1Ts 2.8), se referindo a parte imaterial do ser humano, sendo ela tanto cognitiva quanto emotiva, podendo tanto relacionar-se com o sagrado (Rm 7.25), quanto com as impurezas do pecado (Rm 8.7 – ARA) (BRUNELLI, 2016, p. 52 – acréscimo nosso).

3. O Espírito humano.
Cerca de 400 vezes o AT usa a palavra: “ruah”, que é derivada de um verbo que significa: “respirar” ou “soprar”. O substantivo pode ser traduzido como: “sopro” (Sl 18.15), “vento" (Gn 8.1) ou “espirito”. No NT a palavra grega “pneuma”, ligada ao verbo que quer dizer: “soprar” ou “respirar”, pode significar: “sopro” (2Ts 2.8), ou “vento” (Jo 3.8), porém mais frequentemente como “espírito”, associado a Deus ou ao homem ou a outros seres espirituais (TENNEY, 2008, p. 534). Sobre o espírito como sendo a parte imaterial do homem a Bíblia no diz que: a) o espírito do homem é despertado (Ed 1.1,5) ou perturbado (Gn 41.8); b) ele se alegra (Lc 1.47) ou é quebrantado (Êx 6.9); c) prontifica-se (Mt 26.41) ou é endurecido (Dt 2.30), d) o homem pode ser paciente em espírito (Ec 7.8), soberbo ou humilde de espírito (Mt 5.3), e) há necessidade de ter autodomínio (Pv 25.28) e, f) é por meio dele que se adora ao Senhor (Jo 4.23,24) é o centro da devoção a Deus (1Co 14.15).


III. A NATUREZA MORAL DO SER HUMANO
O homem foi criado a imagem e semelhança de Deus como diz as Escrituras Sagradas (Gn.1,26,27). Isso já demonstra que nossa natureza é uma natureza moral. E essa natureza moral e espiritual presente no homem, reflete, mesmo de forma bastante inadequada, o caráter moral de um Criador santo e perfeito (Rm 2.11-15).

1. A consciência humana evidencia a natureza moral.
Certo teólogo definiu a “consciência” como: “faculdade humana que torna o homem instintivamente cônscio das regras universais e obrigatórias de conduta” (CHAMPLIN apud JERÔNIMO, 2004, p. 870). Isso evidencia a natureza moral implantada em cada ser humano. Esta consciência fundamental do bem e do mal, que lhes foi concedida no ato da criação, quando Deus os fez a Sua imagem e semelhança (Gn 1.26; Rm 2.14,15) torna o homem um ser moral, responsável pelos seus atos diante de Deus e dos homens (Rm 2.1)

2. A natureza moral diferencia o homem dos animais.
Os animais foram criados por uma ordem divina conforme a espécie de cada um, já o homem é uma criação especial; coroado de honra e glória e constituído sobre as obras de Deus. (Hb.2.7). Somente isso é suficiente para distingui-lo dos animais. No entanto, o aspecto moral que torno o homem responsável pelos seus atos, é algo único, pertencente a Ele. As questões morais pertencem aos homens, não aos animais. Por isso, que um dia todos serão julgados perante o Senhor (Ec 12.14; 1Co 4.5; 2Co 5.10).

3. A natureza moral foi corrompida pelo pecado.
Quando o homem pecou, aquela natureza moral santa, pois a Bíblia diz que o homem foi feito reto (Ec 7.29) foi afetada e corrompida de tal forma que o homem passou a ser pecador e afastado de Deus (Rm 3.23; 5.12-19). O homem passou a ter uma mente entenebrecida pelo pecado (Ef 2.2,3; 4.18) dando ao homem uma moral corrompida. Porém, essa condição não isenta o ser humano de responsabilidades diante de Deus, pois, até mesmo os que se acham alienados de Deus por causa do pecado não estão destituídos da consciência moral e dos impulsos que refletem as normas de conduta. “Porque, quando os gentios, que não têm lei, fazem naturalmente as coisas que são da lei, não tendo eles lei, para si mesmos são lei; Os quais mostram a obra da lei escrita em seus corações, testificando juntamente a sua consciência, e os seus pensamentos, quer acusando-os, quer defendendo-os” (Rm 2.14,15). Por esta razão a palavra de Deus revela que o homem pode tanto aceitar ou rejeitar Deus conscientemente (Mc 16.15,16; Jo 3.16-18; Rm 10.11-14). É a responsabilidade moral que permite essa decisão.


IV. A RESTAURAÇÃO DA NATUREZA MORAL
1. A restauração da natureza moral é possível a todos os homens.
Assim como a extensão do pecado (Rm 5.12), a Bíblia também trata sobre o alcance da graça divina “Pois assim como por uma só ofensa veio o juízo sobre todos os homens para condenação, assim também por um só ato de justiça veio a graça sobre todos os homens para justificação de vida” (Rm 5.18). A graça salvífica não é apresentada de forma limitada nas Escrituras, mas sim, que se revela a todos os homens “[...] para exercer misericórdia para com todos” (Rm 11.32; ver Is 45.22; Mt 11.28; Tt 2.11; Jo 1.7,9; 1Jo 2.2), até mesmo àqueles que a rejeitam “Veio para o que era seu, mas os seus não o receberam” (Jo 1.11). Essa restauração da natureza moral é possível a todos os homens por intermédio único de Cristo Jesus.

2. A restauração devolve a nossa filiação divina.
Após a queda, todos por natureza são filhos da ira (Ef 2.3), sob a influência do mundo e escravos dos desejos da carne (Ef 2.2), tendo como pai o diabo (Jo 8.40,41,44). No entanto, no momento em que cremos no Evangelho e confessamos a Cristo como Senhor das nossas vidas, fomos selados com o Espírito Santo (Ef 1.13,14), e esse nos introduziu à família de Deus (Ef 2.19), testificando com nosso espírito que somos filhos de Deus e co-herdeiro com Cristo (Rm 8.14-17; 1 Pd 1.3,23; 2 Pd 1.4; 1Jo 3.9; 5.18).

3. A restauração em Cristo nos concede uma nova natureza moral.
Quando o homem aceita Jesus e obtenção a salvação ele passa a ter a mente de Cristo: “.... Nós, porém, temos a mente de Cristo” (1Co 2.16). Logo, os seus padrões morais serão pautados pela palavra de Deus. Todas as definições de certo e errado se adéquam ao padrão moral de santidade de Deus (1Co 1.2; 6.11; Hb 10.10; 12.14; 1Pd 1.15,16; Ap 22.11), pois a sua mente é renovada no senhor (Rm 12.2), busca as coisas que são de cima (Cl.3.1) e passa a ser guiado pelo Espirito Santo (Jo 14.26). Sendo assim, a natureza moral do cristão é baseada na santidade ao Senhor, diferentemente do mundo do pecado (Ef 4.17). 


CONCLUSÃO
A natureza do ser humana é uma natureza moral, pois fomos criados a imagem e semelhança de Deus. Com o pecado de Adão, o primeiro homem, essa natureza foi corrompida; no entanto, mesmo assim, existe a certeza de que em Cristo pode ser restaurada em santidade a natureza moral do pecador.

  

REFERÊNCIAS
Ø  CHAMPLIN, R. N. Dicionário de Bíblia, Teologia e Filosofia. HAGNOS.
Ø  DOUGLAS, J. D. O Novo Dicionário da Bíblia - Edição Revisada. VIDA NOVA.
Ø  PEARLMAN, M. Conhecendo as doutrinas da Bíblia. VIDA.
Ø  RENOVATO, Elinaldo. Tempo, Bens e Talentos. CPAD.
Ø  SILVA, E. S. da. Declaração de Fé das Assembleias de Deus. CPAD.
Ø  TENNEY, Merril C. Enciclopédia da Bíblia. Vol.2  - CULTURA CRISTÃ.


Por Rede Brasil de Comunicação.


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