domingo, 14 de junho de 2020

LIÇÃO 11 – ATRIBUTOS DA UNIDADE DA FÉ: HUMILDADE, MANSIDÃO E LONGANIMIDADE (SUBSÍDIO)


  



Ef 4.1-4; Cl 1.9-12



INTRODUÇÃO
Nesta lição aprenderemos sobre três virtudes que são imprescindíveis para os relacionamentos interpessoais, a saber: humildade, mansidão e a longanimidade; veremos os significados desses termos à luz das Escrituras; e, por fim, a importância dessas qualidades para a conservação da unidade cristã.


I. UM APELO A UMA CONDUTA DIGNA
Com o capítulo 4, o apóstolo, seguindo o plano de Gálatas, Romanos e Colossenses, depois de analisar as grandes verdades de redenção reveladas por Deus, passa à exortação e instrução ética. Os três primeiros capítulos tratam de doutrina, de nossas riquezas em Cristo, enquanto os três últimos capítulos explicam os deveres, nossas responsabilidades em Cristo. A palavra-chave da última metade é andar (Ef 4.1,17; 5.2,8,15). Nestes três capítulos, Paulo nos admoesta a andar em unidade (Ef 4.1-16), pureza (Ef 4.17 – 5.1 7), harmonia (Ef 5.18 – 6.9) e vitória (Ef 6.10-24).

1. O andar digno.
Dois termos importantes são usados pelo apóstolo em Efésio 4.1: “rogo e pois”. O termo rogar indica que Deus, em seu amor, nos insta a viver para sua glória. Não segue mais o padrão do Antigo Testamento, no qual ele dizia: “se me seguir, eu o abençoarei”. Agora, Deus diz: “Eu já o abençoei; agora, obedeça-me em resposta a meu amor e a minha graça”. Ele nos chamou de modo maravilhoso em Cristo; nossa responsabilidade é viver à altura desse chamado. O termo, pois indica que Paulo baseia suas exortações ao dever nas doutrinas ensinadas nos três primeiros capítulos. Sua intenção é provocar nos leitores reflexão séria sobre o modo em que vivem a vida. Ele os exorta a andar como é digno da vocação para a qual foram chamados (cf. Fp 1.27; Cl 1.10; 1Ts 2.12). A expressão “andeis” do grego: “peripateo”, no Novo Testamento, significa: “conduzir a vida”, “conduzir- se”, “comportar-se”. A vida é consequência da doutrina e a doutrina é a base da vida. Neste caso, o apelo inicial é para viver de modo “digno” em grego: “axios”, ou seja, “condizente, apropriadamente” à vocação ou “chamado”. O que cremos determina como vivemos. Paulo ensina que o nosso andar precisa refletir a vida de Deus. A vocação com que fostes chamados não se refere ao chamado divinamente dado para o ministério, mas diz respeito ao chamado para a salvação, um relacionamento resultante da conversão.


II. UM APELO A PRESERVAÇÃO DA UNIDADE DA IGREJA
O apelo de Paulo quanto a conduta do cristão de acordo com os padrões divinos nesta passagem, tem como alvo a preservação da unidade na igreja: “procurando guardar a unidade do Espírito pelo vínculo da paz” (Ef 4.3). Esta unidade foi um dos propósitos pelos quais o Senhor Jesus orou ao Pai, na oração chamada de oração sacerdotal (Jo 17.20-23). E a base para esta unidade, afirma Paulo é que: “há um só corpo e um só Espírito […] uma só esperança, um só Senhor, uma só fé, um só batismo, um só Deus” (Ef 4.4-6). A unidade dos cristãos em Cristo já é uma realidade espiritual, dos dois povos Ele fez um (Ef 2.14); nossa responsabilidade, portanto, é guardar, proteger e preservar essa unidade. Para isso, precisamos entender que, o apóstolo destaca algumas virtudes pelas quais, a unidade na igreja é preservada.


III. ANDANDO EM HUMILDADE
1. Definição do termo.
A expressão humildade advém do grego: “tapeinophrosune” que quer dizer: “ter uma opinião humilde de si mesmo; senso profundo de insignificância (moral); modéstia, submissão de mente”. De acordo com Houaiss (2001, p. 1555) a palavra humildade significa: “qualidade de humilde; virtude caracterizada pela consciência das próprias limitações; modéstia, simplicidade; sentimento de fraqueza”. É o mesmo que ausência de orgulho, soberba ou vaidade. De forma prática é: “um sentimento de gratidão pela dependência a Deus”, é o antônimo de orgulho e vaidade. A postura da humildade é da pessoa que olha para cima”. Ser humilde significa colocar Cristo em primeiro lugar, os outros em segundo e a si mesmo em último.

2. Sua importância para a conservação da unidade na igreja.
A humildade é necessária para quem deseja servir a Deus (Mq 6.8), pois, é uma das principais virtudes dos santos (Sl 34.2; Pv 16.19; Mt 5.3; Ef 4.1,2), e ela precede a honra (Pv 15.33; 22.4). Entre o povo de Deus, a humildade é um imperativo (Pv 3.34; Tg 4.6; 1Pe 5.6), é a virtude que promove a unidade, é o remédio para prevenir e combater os males que atacam a unidade da igreja. O apóstolo Paulo para tratar de problemas interpessoais na igreja em Filipos entre irmãos (Fp 4.2), se reporta para a virtude da humildade personificada em Cristo, para motivar a resolução de toda querela entre irmãos e conservar a união na igreja (Fp 2.1-7).


IV. ANDANDO EM MANSIDÃO
1. Definição do termo.
A palavra grega traduzida por mansidão é: “prautes” que segundo Barclay (1988, p. 105) significa: “suavidade”. O adjetivo “manso” quer dizer: “de gênio brando ou índole pacífica; bondoso; pacato; sereno, sossegado, tranquilo”, sendo assim, pode-se dizer que a mansidão é o antônimo de aspereza ou rispidez.

2. Uma característica do fruto do Espírito.
Mansidão é a oitava virtude elencada por Paulo pertencente ao Fruto do Espírito (Gl 5.22). A mansidão como fruto do Espírito, trata-se da virtude gerada por Ele no crente, proporcionando a habilidade de ser “gentil, humilde, cortês, amável, suave, tolerante” (1Co 4.21; Gl 5.22,23; Ef 4.2; Cl 3.12; Tt 3.2; 1Pe 3.15). Matthew Henry (2008, p. 45) diz que os mansos: “podem suportar provocações sem se irritar, sem se deixar levar a qualquer indecência; que conseguem ficar tranquilos quando os outros estão acalorados, que preferem perdoar vinte ofensas a vingar uma”. Na Bíblia, metaforicamente, os servos do Senhor são comparados com a ovelha por causa da mansidão (Sl 95.7; 100.3; Jr 23.3; Jo 10.14,15).

3. Um antídoto contra as pelejas.
A palavra “peleja” significa: “combate, luta, batalha”. A palavra no grego é “erithéia” que quer dizer: “rivalidade, ambição egoísta, discórdias, espírito partidário que se fundamenta no egoísmo” (GOMES, 2016, p.128). A Bíblia nos exorta a agirmos com mansidão nas seguintes situações: a) para ensinar os resistentes (2Tm 2.23-26); b) para corrigir os faltosos (Gl 6.1); c) da esposa para com o cônjuge não crente (1Pe 3.1-4); e, d) no uso da apologética (1Pe 3.15; 2Tm 2.23; Tt 3.9).


V. ANDANDO EM LONGANIMIDADE
1. Definição do termo.
A palavra longanimidade advém da expressão grega: “makrothumia” também traduzida por “paciênica”. É a junção de: “makros” que significa: “grande ou longo” e: “thumos” que quer dizer: “ânimo ou disposição” (BARCLAY, 1988 p. 88). De acordo com Champlin (2004, p. 904), há catorze ocorrências dessa palavra no NT (Rm 2.4; 9.22; 2Co 6.6; Gl 5.22; Ef 4.2; Cl 1.11; 3.12; 1Tm 1.16; 2Tm 3.10; 4.2; Hb 6.12; Tg 5.10; 1Pe 3.20; 2Pe 3.15). Essa palavra grega aponta para a grande paciência, para a grande tolerância, para a persistência em não se deixar arrebatar pelas emoções fortes. Longanimidade seria a disposição de ânimo de pacientemente suportar o sofrimento e os maus tratos com a forte esperança de melhoria (cf. Rm 2.4; 1Pe 3.20). O oposto desta virtude é “a irritabilidade, a irascibilidade”.

2. Uma característica do fruto do Espírito.
A paciência ou longanimidade é o quarto aspecto ou característica, das relacionadas por Paulo como sendo o fruto do Espírito (Gl 5.22); trata-se da virtude gerada por Ele no crente, proporcionando a habilidade de suportar, de forma graciosa, uma situação insuportável e resistir, com paciência, o irresistível (2Co 6.6). Segundo Gilberto (2004, p. 46): “A paciência como fruto do Espírito, capacita o crente a exercer o autodomínio (conter-se ou refrear-se) diante da prova. Não é precipitado em acertar as contas ou punir […] Todos estes aspectos da longanimidade são parte do processo que nos conforma à imagem de Cristo” (2Co 3.18; Cl 3.10; 2Pe 1.5-8). Por meio dessa virtude, o cristão tem condições de manter o equilíbrio em meios as provações e diante das afrontas, sem alimentar o sentimento de vingança, antes entregando tudo nas mãos do Senhor (Rm 12.19). “[...] Longanimidade é o amor sofrendo ou suportando” (OLIVEIRA, 1987, p. 140).

3. A sua importância para a unidade na Igreja.
O que tem longanimidade é longânimo, do hebraico: “erekappayim”, que quer dizer: “lento em irar-se”, e literalmente, essa expressão significa: “comprido de nariz ou comprido de rosto”, e veio a ser associada à ideia de irar-se com dificuldade (talvez devido ao fato de que é no rosto que a pessoa mostra suas emoções fortes, pelo que, a fisionomia seria indicadora dessas emoções) ou então, como outros têm sugerido, o nariz é um indicador da ira, visto que a pessoa respira forte quando excitada pela ira (CHAMPLIN, 2004, p. 904). Vejamos a importância de possuir a paciência:

A) No relacionamento interpessoal.
As primeiras qualidades do fruto do Espírito – amor, alegria e paz – são ingredientes essenciais de nossa vida espiritual interior, de nossa relação pessoal com Deus; os três seguintes começando com a paciência ou longanimidade, são manifestações exteriores do amor, da alegria e da paz em nossas relações com as pessoas à nossa volta (GILBERTO, 2004, p. 76). Sobre a importância da longanimidade destacamos: a) O apóstolo Paulo expressa aos Colossenses o desejo de que eles tenham essa qualidade (Cl 1.9-11); b) uma das características do autêntico cristão (Cl 3.12); c) deve ser exercitada com todos (1Ts 5.14); d) virtude imprescindível para o ministério do ensino (2 Tm 4.2); e, e) pacifica as intrigas (Pv 15.18; (Rm 12.18). Fomos conclamados a seguir a paz e, na medida do possível, ter paz com todos os homens (Sl 34.14; 133.1; Mt 5.9; Ef 4.1-3; 1Co 7.15; Hb 12.14; 1Pe 3.11), lembrando que: “E ao servo do Senhor não convém contender [...]” (2Tm 2.24,25 ver Tt 3.2).

B) Prevenindo contra a dissensão.
Sobre a dissenção, já temos visto ser uma das obras da carne listadas pelo apóstolo Paulo aos gálatas. Do grego: “dichostasia”, significa: “sedição, rebelião”, e também: “posicionar-se uns contra os outros”; trata-se daquele sentimento que só pensa no que é seu, e não também no que é dos outros. Na igreja que estava em Corinto, Paulo faz uma incisiva advertência sobre esse sentimento presente entre os irmãos; apesar de ser uma igreja fervorosa onde havia manifestações diversas dos dons espirituais (1Co 1.7) contudo, o apóstolo os chama de crentes carnais e não de espirituais (1Co 3.1). “Aqui, Paulo não está falando de diferenças fundamentadas em crenças sinceras; ele está preocupado com divisões ocasionadas por motivos errados, cuja procedência é determinada pela natureza pecaminosa” (BEACON, 2006, p.72). Uma vez que havia dissensões no seio da igreja trazendo partidarismo (1Co 1.10-12; 3.1-4) como também prejuízo à liturgia do culto (1Co 11.17-21); para corrigir esses e outros erros, o apóstolo reafirma a necessidade de possuir o “Fruto do Espírito” caracterizado pela sua principal virtude o amor (1Co 13.1-7). Todas as nossas atitudes se não estiverem fundamentadas no verdadeiro amor, não tem valor algum, pois ele é vínculo da perfeição (Cl 3.14); uma dívida que temos para com o próximo (Rm 13.8a); e quem exercita o amor como fruto do Espírito cumpre a lei (Rm 13.8,10).


CONCLUSÃO
Concluímos que ter humildade, mansidão e longanimidade em amor, é uma necessidade de todo cristão, diante das diversas situações a que estão submetidos, como também nos tornar capazes de suportar e saber agir pacientemente, para conservação da unidade cristã evitando as divisões.




REFERÊNCIAS
Ø  BARCLAY, William. As obras da carne e o fruto do Espírito. VIDA NOVA.
Ø  CHAMPLIN, R. N. Dicionário de Bíblia, Teologia e Filosofia. HAGNOS
Ø  GILBERTO, Antonio. O Fruto do Espírito: a plenitude de Cristo na vida do crente. CPAD.
Ø  GOMES, Oziel. As Obras da Carne e o Fruto do Espírito Santo. CPAD.
Ø  HENRY, Matthew. Comentário Bíblico Novo Testamento. CPAD.
Ø  OLIVEIRA, Raimundo. As Grandes Doutrinas da Bíblia. CPAD



Por Rede Brasil de Comunicação.



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