segunda-feira, 17 de agosto de 2020

LIÇÃO 07 – O POVO DE DEUS DEVE SEPARAR-SE DO MAL (SUBSÍDIO)


  


Ed 2.59-62; 4.2,3; 6.2-4



INTRODUÇÃO
Nesta lição estudaremos o momento histórico que exigiu dos repatriados judeus uma postura de separação dos samaritanos para não comprometerem a sua vida espiritual; destacaremos também, o que a Bíblia diz sobre a doutrina da santidade; e por fim, veremos a necessidade do cristão viver uma vida santa.


I. A ORIGEM DOS SAMARITANOS NA BÍBLIA
1. A origem dos samaritanos.
Depois do reinado de Salomão, o povo de Israel, ou seja, as doze tribos, se dividiu em duas nações: Israel e Judá (1R 12.20). Em Judá, no sul, o povo continuou a adorar a Deus em Jerusalém, mas em Israel, no norte, o povo se virou para a idolatria e misturou a adoração a Deus com outras religiões. A primeira vez que o termo samaritanos aparece nas Escrituras é no período monárquico de Israel (2Rs 17.29). A expressão é advinda do termo hebraico: “shomeroni”, que quer dizer: “habitantes de Samaria”. Já a expressão Samaria tem o significado de: “um posto de vigia” derivado do fato de que a cidade de Samaria era edificada sobre um morro (1Rs 13.32) (CHAMPLIN, 2001, p. 5228 – acréscimo nosso). Quando os assírios conquistaram o reino do Norte (as dez tribos), misturaram intencionalmente as nações que haviam derrotado, o que levou a uma mistura étnica e religiosa (2Rs 17.23-41; Ed 4.10). Desse modo, surgiram os samaritanos, que além de cultivarem o casamento misto, aceitavam parcialmente o Antigo Testamento como Palavra de Deus (consideravam apenas a Torá como Escritura), e que na prática viviam uma espécie de sincretismo religioso, visto que: “[…] ao Senhor temiam e também a seus deuses serviam” (2Rs 17.33; ver Jo 4.22).

2. A cidade dos samaritanos.
Os samaritanos eram um povo mestiço, formado da mistura de israelitas com outros povos (miscigenação). Samaria inicialmente tratava-se de um monte em Israel que Onri, sexto rei de Israel, pai do rei Acabe o qual reinava sobre dez tribos do norte, que se apartaram de Jerusalém (1Rs 12.19,20). O rei Onri comprou este monte por dois talentos de prata de um homem chamado Semer, de onde vem o nome “Samaria” ou “Samária” fundou uma cidade a qual deu o nome em homenagem ao dono anterior, e fez dela a capital do seu reino (1Rs 16.24). No período romano, a cidade era conhecida pelo nome de Sebaste (venerável), nome dado por Herodes, o Grande. A mistura étnico-religiosa dos moradores da região começou a se dar a partir de 722 a.C, quando os assírios levaram as dez tribos do Norte para o cativeiro (2Rs 17.26,29,33).

3. A natureza dos samaritanos.
O escritor sagrado ao se referir aos samaritanos neste contexto os chama de “adversários” (Ed 4.1) do hebraico: “tsare” que significa: “dificuldades, inimigo, opressor, pedra dura”, o que retrata tanto a natureza quanto aos propósitos dos samaritanos, a saber, ser um problema, uma pedra de tropeço, se opor ao povo de Deus na restauração da nação. Ao ouvir que Jerusalém era reconstruída e o Templo restaurado, os adversários perturbaram-se. Eles temiam que, se permitissem que os judeus se estabelecessem em Jerusalém, representaria uma ameaça à sua primazia e ao seu poder político, comercial e econômico (Ed 4.13-16).

4 A proposta dos samaritanos.
A oferta de ajuda na reconstrução por parte dos samaritanos, tinha aparentemente uma aparência de piedade (Ed 4.2); o que os judeus rejeitaram firmemente (Ed 4.3). Os repatriados já haviam rejeitado alguns que se diziam judeus e não provaram (Ed 2.59-63), de modo que não estavam dispostos a transigir com os princípios divinos. O que havia de tão perigoso na oferta dos samaritanos? Se esse povo começasse a se misturar com o remanescente judeu enquanto ajudavam a reconstruir o Templo, não tardaria para que os dois grupos começassem a se tornar mais íntimos e realizar casamentos mistos, o que era contrário à lei de Moisés (Êx 34.10-17; Dt 7.1-11; 12.1-3), pois Israel era uma nação separada das outras (Nm 23.9). O povo de Deus, na atualidade, deve manter-se igualmente separado e não se envolver com qualquer coisa que o leve a transigir em seu testemunho ou servir de empecilho para a obra de Deus (Am 3.3; 2Co 6.14-7.1; 2Tm 2.3-5). Porém, essa separação não deve ser entendida, em momento algum, como um isolamento (1Co 5.9,10), pois Deus tem uma missão para os cristãos cumprirem neste mundo (Mt 5.13-16; Jo 17.14-18; Fp 2.15). O povo de Deus se separa do mundo a fim de poder testemunhar para o mundo (Hb 7.26; ver Lc 15.1,2; Mt 9.10,11; 11.19).


II. MOTIVOS DA SEPARAÇÃO ENTRE SAMARITANOS E JUDEUS
1. A separação foi por motivos étnicos.
Em primeiro lugar, podemos dizer que os judeus não se davam com os samaritanos por causa de sua mistura com outros povos (2Rs 17.6,24; Jo 4.9). Os judeus consideravam que os samaritanos não tinham sangue puro; pois eram israelitas que se misturaram com outros povos. Quando a Assíria tomou Samaria, o rei assírio deportou muitos israelitas para outras terras de seu império; e também importou pessoas de outros povos subjugados pela Assíria para viver em Samaria. Os israelitas que continuaram vivendo em Samaria acabaram se misturando com os estrangeiros e assimilando os costumes desses povos.

2. A separação foi por motivos religiosos.
Em segundo lugar, os judeus não se davam com os samaritanos por causa de diferenças no aspecto religioso (2R 17.7-12,29-34,41). De fato após a queda de Samaria muitos samaritanos misturaram o monoteísmo hebreu com o politeísmo dos povos pagãos que ocuparam aquela região. Mas depois houve um esforço para que os samaritanos fossem instruídos na Lei de Deus; embora muitos deles continuassem a incorporar a adoração ao Senhor em suas práticas idólatras (2R 17.24-41). Com o tempo os samaritanos edificaram seu próprio templo de adoração no Monte Gerizim e tiveram seus próprios sacerdotes. Eles também passaram a considerar a adoração no Templo em Jerusalém inapropriada, alegando, inclusive, que o Monte Gerizim era o único local correto de adoração designado por Deus a Moisés; ao invés do Monte Sião (Jo 4.20-24).

3. A separação foi por motivos políticos.
Quando os judeus voltaram do cativeiro babilônico, eles receberam permissão para reconstruir o Templo e os muros da cidade de Jerusalém (Ed 1.1-11). Inicialmente os samaritanos se apresentaram a Zorobabel querendo ajudar os judeus na reconstrução do Templo (Ed 4.2). Mas quando tiveram sua ajuda negada, tão logo eles começaram a fazer grande oposição contra os judeus e atrasaram a obra (Ed 4.1-5). Também quando Neemias começou a reconstruir os muros de Jerusalém, um de seus maiores opositores foi Sambalate, o governador de Samaria à época (Ne 2.10,19; 4.1; 6.1).

4. A separação foi por motivos morais.
A rivalidade entre judeus e samaritanos aumentou ainda mais quando Esdras e Neemias procuraram enfatizar o zelo pela pureza do povo judeu remanescente do cativeiro. Também naquele tempo o neto do sumo sacerdote se casou com a filha de Sambalate, e Neemias o expulsou. Neemias queria limpar o povo de toda influência estrangeira que pudesse perverter a adoração a Deus (Ne 13.28-30). Flávio Josefo ainda destaca que os samaritanos recebiam de braços abertos os judeus que quebravam as leis judaicas. Isto obviamente fazia por aumentar o ódio dos demais judeus (Lc 9.52-56).


III. A SEPARAÇÃO ENTRE SAMARITANOS E JUDEUS E A ILUSTRAÇÃO DE SANTIDADE
De acordo com Andrade (2006, p. 326), santidade nas Escrituras tem dois sentidos básicos: “separação do mal e do pecado; e ainda, a dedicação completa ao serviço do Reino de Deus”. Basicamente, santidade é um “corte”, ou seja, a “separação” daquilo que é impuro e uma consagração ao que é puro (TYNDALE, 2015, p. 1656). Viver em santidade é uma necessidade para quem quer viver separado da corrupção do pecado e deseja viver única e exclusivamente para Deus, como o fez o apóstolo Paulo (At 27.23). Então notemos alguns aspectos da santidade:

1. Santidade é uma ordem divina.
Sendo Deus Santo exige dos seus filhos a santificação (Lv 11.44; Lv 19.1,2; 20.6; 1Pe 1.16). Santidade é o alvo e o propósito da nossa eleição em Cristo (Ef 1.4); significa ser semelhante a Deus, ser dedicado a Deus e viver para agradar a Deus (Rm 12.1,2; Ef 1.4; 2.10). A perfeita obra de Deus realiza uma santidade real que conforma ao padrão de Deus (Rm 8.3-4; 1Pd 1.15-16).

2. Santidade é separação.
A palavra descritiva da natureza divina é santidade, e seu significado primordial é “separação” (Lv 20.24,26; Is 52.11; Ml 3.18); portanto, a santidade representa aquilo que está em Deus, que o torna separado de tudo quanto seja imundo ou pecaminoso. Quando Ele deseja usar uma pessoa ou um objeto para seu serviço, ele separa essa pessoa ou objeto e em virtude dessa separação tomam-se “santo” (2Co 6.14,15; 2Tm 2.21).

3. Santidade é consagração.
No sentido de viver uma vida santa e justa, em conformidade com a palavra de Deus ededicada ao serviço divino; o cristão passa a viver em busca da remoção de qualquer impureza que impossibilite esse serviço. Sendo assim, Deus deu ao seu povo, a nação de Israel, o código de leis de santidade que se acham no livro de Levítico. O padrão de vida de um povo que busca a santificação é viver uma vida de consagração (2Co 6.16b). A santificação é praticada e aplicada ao viver diário do crente (Pv 4.18; 2Co 3.18; 7.1; 2Pd 3.18; 2Co 7.1; Hb 12.14).

4. Santidade é dedicação.
Santificação inclui tanto a separação de”, como dedicação a” alguma coisa; essa é a condição dos crentes ao serem separados do pecado e do mundo e feitos participantes da natureza divina, e consagrados à comunhão e ao serviço de Deus por meio do Mediador. Israel é uma nação santa, por ser dedicada ao serviço de Jeová (Êx 19.6); os levitas são santos por serem especialmente dedicados aos serviços do tabernáculo (Nm 8.6-26). A palavra “santo” quando referente aos homens ou objetos, expressa o pensamento de que esses são usados no serviço divino e dedicados a Deus, no sentido especial de serem sua propriedade (2Co 6.17,18).

5. Santidade é purificação.
Embora o sentimento primordial de “santo” seja separação para serviço, inclui também a ideia de purificação. O caráter de Deus age sobre tudo que lhe é consagrado. Portanto, os homens consagrados a ele participam de Sua natureza. As coisas que lhe são dedicadas devem ser limpas e puras (2Co 7.1) Sendo assim, entendemos que pureza é uma condição de santidade (1Jo 3.3). A santidade é a marca característica de um verdadeiro servo de Deus, tanto no AT, pois, o caráter santo de Deus deveria ser refletido na vida de Israel (Lv 11.44; Nm 15.40), como no NT, onde nos é dito que a nossa santificação é a vontade direta e perfeita de Deus para nós (1Ts 4.3).


CONCLUSÃO
Para um cristão cuja vida é consagrada a Deus, a divisão entre “secular” e “sagrado” é algo essencial. Ao viver para a glória de Deus, a vida do servo de Deus em todos os aspectos deve ser marcada pela santidade . Nenhum aspecto da nossa vida está excluído desse imperativo divino, mesmo atividades comuns devem ser realizadas para a glória de Deus.




REFERÊNCIAS
Ø  CHAMPLIN, R. N. Dicionário de Bíblia, Teologia e Filosofia. HAGNOS.
Ø  JONES, Landon. O Deus de Israel: na teologia do Antigo Testamento. HAGNOS.
Ø  WIERSBE, Warren W. Comentario Biblico Espositivo do Antigo Testamento. GEGRÁFICA.
Ø  STAMPS, Donald C. Biblia de Estudo Pentecostal. CPAD.
Ø  JOSEFO, Flávio. História dos Hebreus. CPAD.
Ø  SCHULTZ, Samuel J. A história de Israel no Antigo Testamento. Vida Nova.


Por Rede Brasil de Comunicação.



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