At
4.24-31
INTRODUÇÃO
I.
PNEUMATOLOGIA: A DOUTRINA DO ESPÍRITO SANTO
De
acordo com Gilberto (2008, p. 173), Pneumatologia é a doutrina do Espírito
Santo quanto a sua deidade, seus atributos, obras e operações. O termo vem de pneuma
do grego “ar”, “o vento”, cognato do verbo pnéo,
“respirar”, “soprar”, “inspirar”. Pneuma do hebraico ruach diz
respeito ao Espírito de Deus, a terceira Pessoa da Trindade. Para a igreja, a
doutrina do Espírito Santo é prioritária e indispensável. Analisemos o porquê:
1.
A divindade do Espírito Santo e seus atributos.
De
acordo com Geisler (2010, p. 1141), “o Espirito Santo é chamado “Deus” ou
“Senhor” (At 5.3,4), “Espírito de Deus” (1Co 3.16), “Senhor” (1Co 12.4-6) e
“Espírito eterno” (Hb 9.14)”, trazendo referências do Novo Testamento. Barreto
(2024, pp. 61,65,66,68) atesta que podemos conhecer o Espírito Santo já nos “bastidores
do Antigo Testamento”, havendo aproximadamente cem referências ao Espírito
de Deus (Gn 1.1,2; Gn 2.7; Ex 31.3; Jó 26.13; Sl 33.6,9; Sl 104.30 entre
outras), onde podemos perceber as Suas ações. Quando observamos a atuação do
Espírito Santo, podemos perceber que atributos exclusivos da divindade estão
nEle, tais como os descritos por Gilberto (2008, p.176):
A)
Onipotência. O divino Consolador tem
pleno poder sobre todas as coisas (Sl 104.30). É dEle que flui a vida, em suas
dimensões e sentidos bem como o poder de Deus (Sl 104.30; Ef 3.16; At 1.8).
B)
Onisciência. O Espírito Santo sabe e
conhece todas as coisas (1Co 2.10,11).
C)
Onipresença. O Espírito Santo está
presente em todo lugar (Sl 139.7-10; 1Co 2.10).
D)
Eternidade. Ele é infinito em
existência; sem princípio; sem fim; sem limitação de tempo (Hb 9.14). Ele
estava presente no princípio, quando todas as coisas foram criadas (Gn 1.1,2).
2.
A personalidade do Espírito Santo.
“O
Espírito Santo é uma pessoa divina, um ser inteligente e atuante mesmo antes da
eternidade (Hb 9.14). Quando nos referimos a uma pessoa, dizemos assim por que
cremos e ensinamos que o Espírito Santo possui uma personalidade. A Bíblia
revela todos os elementos constitutivos da personalidade do Espírito Santo,
como: intelecto (Rm 8.27; 1Co 2.10,11), emoção (Ef
4.30) e vontade (At 16.6,7; 1Co 12.11)” (Barreto, 2024, pp.
69,70). Gilberto (2008, pp. 174,175) afirma que “o Espirito de Deus não é
tão-somente uma influência, um poder, uma energia, uma unção — como os
heréticos concluem por si e assim ensinam —, mas uma Pessoa divina e real”.
3.
Atos e operações do Espírito Santo no livro de Atos.
Quanto
aos atos e operações do Espírito Santo no livro de Atos, como o Paracleto
divino prometido pelo Pai, a “palavra grega parakletos, do verbo parakaleo,
“chamar para o lado, com a finalidade de ajudar, exortar, consolar, encorajar”
(Wycliffe, 2007, p. 1463), está claro em diversos versículos:
ATUAÇÃO DO ESPÍRITO SANTO
|
REFERÊNCIAS
|
Sobre
os que aguardavam o cumprimento da promessa
|
At
2.1-4
|
Na
revelação: do que estava oculto; de propósitos; de fatos futuros
|
At
5.1-5; 20.22,23; 21.4,11
|
Na
inspiração da pregação do Evangelho
|
At
7.51,55
|
Na
confirmação e expansão da igreja
|
At
8.14-17,39
|
Na
conversão dos ouvintes
|
At
10.19,20
|
Na
direção da obra missionária
|
At
13.1-4a
|
II.
UMA IGREJA COM CARACTERÍSTICAS QUE DEVEM SER COPIADAS
De
acordo com Wiersbe (2008, pp. 309,310), o capítulo 4 do livro de Atos é o
início da perseguição à igreja, uma vez que os saduceus não criam na
ressurreição e opunham-se à pregação de Pedro, ao mesmo tempo em que os
fariseus odiavam Jesus, porque ele os condenara (Mt 23). Começa então a
perseguição que Cristo havia alertado os apóstolos, conforme João 15.18 – 16.4.
Ao analisar a igreja em Jerusalém diante do cenário de perseguição, podemos
perceber algumas características dessa igreja e que devem ser observadas e
copiadas pelos crentes dos tempos hodiernos. Vejamos:
1.
Prioridade na obediência a Deus.
Ao
serem presos (At 4.3), Pedro e João foram inquiridos pelas principais
autoridades (At 4.5-7), sendo questionados sobre com qual poder ou em nome de
quem realizaram o milagre na vida do coxo. “Pedro, cheio do Espírito
Santo” (At 4.8), faz uma defesa incontestável sobre a pessoa de Cristo.
Como não tinham com o quê os acusar, “chamando-os, disseram-lhes que
absolutamente não falassem, nem ensinassem, no nome de Jesus. Respondendo,
porém, Pedro e João, lhes disseram: Julgai vós se é justo, diante de Deus,
ouvir-vos antes a vós do que a Deus; porque não podemos deixar de falar do que
temos visto e ouvido” (At 4.18-20). A obediência a Deus é a chave para
sermos vitoriosos na caminhada cristã (Dt 5.29; Js 1.8; 1Sm 15.22; Mt 5.19; At
5.29).
2.
Confiança em Deus.
Após
serem soltos, Pedro e João retornaram a presença dos demais discípulos, pois o
texto sagrado diz: “E, soltos eles, foram para os seus e contaram tudo o
que lhes disseram os principais dos sacerdotes e os anciãos. E, ouvindo eles
isto, unânimes levantaram a voz a Deus [...]” (At 4.23,24). A elevação
da voz em oração a Deus simboliza não apenas uma reverência ao Senhor, mas
acima de tudo, um ato de confiança na proteção divina. Essa atitude nos ensina
que em momentos de adversidade, a igreja deve se unir em oração e confiar no
socorro do céu (Sl 46.1).
3.
Crer na soberania de Deus.
Ao
declararem que “levantaram-se os reis da terra, e os príncipes se
ajuntaram à uma contra o Senhor e contra o seu Ungido. [...] o teu santo Filho
Jesus, que tu ungiste, se ajuntaram, [...], para fazerem tudo o que a tua mão e
o teu conselho tinham anteriormente determinado que se havia de fazer”
(At 4.26-28), os discípulos estão expressando que tinha a convicção de que
todas as ações contra eles, por mais malignas que fossem, eram o cumprimento do
plano de Deus para algo maior (Gn 50.20; Sl 76.10; Is 28.29; Is 53.10; At
2.23). Segundo Henry (2008, p. 42), “a mão de Deus, que aponta corretamente
para seu poder executivo, aqui é colocada no lugar do seu propósito e decreto,
porque com Ele dizer e fazer não são duas coisas distintas, como é conosco. A
sua mão e o seu conselho sempre concordam, “pois tudo o que o Senhor
quis, ele o fez” (SI 135.6)”.
III.
UMA IGREJA QUE MANIFESTA O PODER DE DEUS
1.
Prega a Palavra com ousadia e coragem.
Diante
da perseguição que estavam enfrentando, a igreja em Jerusalém não desfaleceu,
muito pelo contrário, pedia ao Senhor, dizendo: “Agora, pois, ó Senhor,
olha para as suas ameaças e concede aos teus servos que falem com toda a
ousadia a tua palavra” (At 4.29). “Eles oraram por ousadia, e Deus
respondeu ao enchê-los com o Espírito” (Wiersbe, 2008, p. 311). De igual forma,
a igreja de hoje deve rogar ao Senhor para que haja um revestimento de coragem,
ousadia e autoridade na proclamação do Evangelho, mesmo diante das
perseguições.
2.
Há manifestação de sinais e prodígios.
Na
continuidade da oração, os discípulos pediram para que Deus estendesse “a
mão para curar, e para que se façam sinais e prodígios pelo nome do teu santo
Filho Jesus” (At 4.30). Henry (2008, p. 43 – acréscimo nosso)
afirma que “a resposta graciosa que Deus deu a oração que os apóstolos e os
seus fizeram – [foi uma] resposta dada não em palavras, mas em poder”. O
livro de Atos registra inúmeras operações sobrenaturais da parte de Deus,
demonstrando o Seu poder e confirmando a pregação da Palavra através dos sinais
e prodígios (At 5.5,12,15,16,19; At 8.6,7,13; At 9.17,18,34,40; At 12.6-10; At
13.11; At 14.3; At 16.25,26; At 19.11,12; At 20.10-12; At 28.5,8,9).
3.
Experimenta o verdadeiro avivamento.
Na
igreja em Jerusalém “... tendo eles orado, moveu-se o lugar em que
estavam reunidos; e todos foram cheios do Espírito Santo” (At 4.31),
demonstrando a ação do movimento do Espírito Santo. Gonçalves (2025, p. 55)
aponta que “em alguns círculos pentecostais, o avivamento é entendido quase que
como sendo o sinônimo de “movimento”. Geralmente, o que se tem em mente quando
se fala de um derramamento do Espírito é a imagem de um ambiente carregado de
emoções. É bem verdade que há em todo avivamento um “movimento” sagrado do
Espírito e que, sem dúvida, as emoções não estão fora dele. O próprio Espírito
é movimento: “O vento sopra onde quer” (Jo 3.8 - NAA). Deve-se
ser observado, contudo, que um avivamento não se resume a um “movimento” nem
tampouco pode ser confundido com mero emocionalismo. Quando o fogo de um
avivamento resume-se a experiências sensoriais, marcadas apenas pela presença de
demonstrações físicas sem, contudo, apontar nenhuma mudança interior ou de
caráter, ele está fadado ao fracasso”.
CONCLUSÃO
A
igreja que estava em Jerusalém foi cheia do poder de Deus e um exemplo de como
se comportar em tempos de perseguição. A ousadia na pregação do Evangelho,
fruto da atuação do Espírito Santo e a manifestação de sinais e prodígios os
fizeram viver o verdadeiro avivamento, mesmo diante de um cenário adverso.
REFERÊNCIAS
Ø GONÇALVES, José. A Igreja em
Jerusalém: Doutrina, Comunhão e Fé. CPAD.
Ø BARRETO, Alessandro. Protopentecostes:
Ações do Espírito Santo no Antigo Testamento. Editora Bereia.
Ø GEISLER, Norman. Teologia
Sistemática. CPAD.
Ø GILBERTO, Antônio et. al. Teologia
Sistemática Pentecostal. CPAD.
Ø PFEIFFER, Charles F. et al. Dicionário
Bíblico Wyclliffe. CPAD.
Ø HENRY, Matthew. Comentário
Bíblico Matthew Henry – Vol. 6. CPAD.
Ø WIERSBE, Warren W. Comentário
Bíblico Novo Testamento. Geográfica Editora.
Por
Rede Brasil de Comunicação.
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