sábado, 2 de agosto de 2025

LIÇÃO 05 – UMA IGREJA CHEIA DE AMOR






At 4.32-37
 
 
 
INTRODUÇÃO
Nesta lição, abordaremos uma igreja marcada pelo amor, evidenciado por três características: comunhão, graça e solidariedade. Veremos que a igreja de Jerusalém demonstrou isso por meio das ações promovidas no dia a dia daquela jovem comunidade cristã.
 
 
I. UMA IGREJA CHEIA DO AMOR FORTALECE A COMUNHÃO CRISTÃ
A Igreja não é um clube, uma empresa nem uma associação, mas sim o conjunto ou a comunhão dos redimidos em Cristo, que compartilham da “unidade do Espírito pelo vínculo da paz” (Ef 4.3). A Igreja é o corpo místico de Cristo, e cada crente, em particular, é membro desse corpo glorioso (1Co 12.12-13). Por conseguinte, a comunhão no Espírito (Fp 2.1) é vital para a unidade e a paz da Igreja. Vejamos, então, as expressões da comunhão da igreja em Cristo:
 
1. Uma igreja cheia do amor demonstra o amor de Deus (1Co 13.1-8).
Nas páginas do NT encontramos as expressões “amor fraternal” (Rm 12.10; 2Pe 1.7) e “caridade fraternal” (1Ts 4.9; Hb 13.1; 1Pe 1.22). Trata-se literalmente do amor e afeição entre irmãos (1Pd 3.8). Em 1Coríntios 13, a Bíblia destaca o amor divino como a virtude que deve reger o relacionamento entre as pessoas. É esse amor que promove a comunhão dos santos (1Co 13.4; Fp 2.1). Esse amor faz-nos acolher e aceitar o próximo como irmão.
 
2. Uma igreja cheia do amor fortalece a unidade cristã (Jo 17.21-12; Ef 4.5,6).
Segundo Efésios 4.3, a comunhão, unidade e paz na igreja, não são produtos dos esforços humanos, mas uma ministração do Espírito Santo. Uma vez que o crente é templo e habitação do Espírito de Deus (Jo 14.16,17; Rm 8.14; 1Co 3.16; 6.19), somos todos “um só corpo” (Ef 4.4), servindo e amando a “um só Senhor”, compartilhando de “uma só fé”, “um só batismo”, “uma só esperança”, “um só Deus e pai de todos” (vv. 5,6). Guardemos, pois, a “unidade do Espírito pelo vínculo da paz” (v. 3).
 
3. Uma igreja cheia do amor fortalece a comunidade cristã (At 2.42).
Assim o doutor Lucas descreveu as características da igreja primitiva: “E perseveravam na doutrina dos apóstolos, e na comunhão, e no partir do pão, e nas orações.” (At 2.42). Os fiéis se reuniam fraternalmente e tinham uma causa comum. A igreja cristã era a comunidade dos remidos. Todos compartilhavam dos mesmos interesses. Ninguém se sentia excluído, pois as diferenças sociais e espirituais não eram superiores à fraternidade comunitária.
 
 
II. UMA IGREJA CHEIA DO AMOR TEM ABUNDANTE A GRAÇA
1. A graça de Deus era abundante na igreja em Jerusalém.
Lucas enfatiza que a graça de Deus era presente na igreja primitiva afirmando que: “[...] em todos eles havia abundante graça” (At 4.33). Lucas usa a palavra grega dynamei, a mesma usada em Atos 1.8, para referir-se ao poder com que os apóstolos davam testemunho da ressurreição de A ideia por trás desse texto é de uma grande demonstração do Espírito mediante milagres, sinais e prodígios. A vida em harmonia na comunidade cristã somada às demonstrações carismáticas eram reflexo da abundante graça na igreja (Gonçalves, 2025, p. 73).
 
2. A graça de Deus promoveu o altruísmo cristão na igreja em Jerusalém.
Altruísmo é a preocupação e dedicação ao bem-estar dos outros, frequentemente com sacrifício dos próprios interesses, motivada por um sentimento de empatia ou preocupação genuína pelo próximo. Isso fica evidente na igreja em Jerusalém. O pastor José Gonçalves destaca: é bastante preciso quando diz que aqueles cristãos formavam uma comunidade de “uso”, e não de “domínio”. Isso significa dizer que eles partilhavam os seus bens à medida que alguém tinha necessidade sem, contudo, serem obrigados a desfazer-se deles. Não há aqui nenhuma indicação de que aqueles crentes deveriam renunciar o seu direito à propriedade privada. Isso fica claro no caso de Maria, mãe de Marcos, que possuía uma casa que não foi vendida, continuando na sua propriedade e servindo como um local onde se faziam reuniões de oração (At 12.12) (Gonçalves, 2025, p. 71).
 
3. A graça de Deus promoveu gratidão na igreja em Jerusalém.
A graça que alcança o pecador (Tt 2.11) e liberta ele do reino das trevas (Cl 1.13-14), é a mesma graça que gera um sentimento de gratidão que o impulsiona para uma vida de generosidade e solidariedade. Os filipenses agiram assim com o apóstolo Paulo: “[...] nenhuma igreja comunicou comigo com respeito a dar e a receber, senão vós somente” (Fl 4.15). A gratidão gera a atitude de cuidado com os irmãos em Cristo. A igreja em Jerusalém vivenciou isso, pois o texto bíblico afirma: “[...]tinham tudo em comum” (At 2.44), esse compartilhamento de bens é somente possível por meio de corações salvos e gratos a Deus.
 
4. A graça de Deus promoveu voluntariedades na igreja em Jerusalém.
O texto bíblico desta essa nobre atitude de voluntariedade como resultado da graça: “[...] os que possuíam herdades ou casas, vendendo-as, traziam o preço do que fora vendido e o depositavam aos pés dos apóstolos” (At 4.34). Três coisas precisam ser destacadas aqui sobre a igreja de Jerusalém: (1) a supervisão dos apóstolos, (2) a voluntariedade e (3) a solidariedade da igreja. Como resposta à abundante graça de Deus dispensada para com a igreja, os crentes logo perceberam que havia pessoas necessitadas no seu meio. A igreja não era nivelada. Houve um movimento voluntário de partilha e doação para atender os mais carentes que passou a ser concentrado nos apóstolos (Gonçalves, 2025, p. 73).
 
 
III. UMA IGREJA CHEIA DO AMOR PRATICA A SOLIDARIEDADE CRISTÃ
A solidariedade praticada pela igreja é o reflexo do amor cristão cultivado entre os irmãos, é o reconhecimento da igreja enquanto corpo de Cristo. No entanto, essa prática é norteada por princípios como tais como: generosidade, mutualidade, responsabilidade e proporcionalidade. Notemos:
 
1. A solidariedade cristã tem como base o princípio da generosidade.
O apóstolo Paulo mostra que a generosidade cristã deve ser evidenciada em nossas vidas, pois o Senhor ama aquele que dá com alegria. (Rm 12:8) Quem contribui receberá a misericórdia de Deus. Citaremos alguns princípios sobre a contribuição, bem como a algumas promessas divinas para quem contribui.
  • Tudo pertence a Deus, o Senhor nos confiou em nossas mãos (2Co 8.5);
  • Precisamos tomar uma decisão firme de servir ao Senhor e não ao dinheiro (Mt 6.24);
  • A contribuição serve para manter a Igreja e suprir as necessidades sociais (2Co 8.14; 9:12; Pv 19.17; Gl 2.10);
  • Promover o reino de Deus (1Co 9:14; Fp 4:15-18);
  • Quando contribuímos acumulamos tesouros no céu (Mt 6.20; Lc 6.32-35);
  • A contribuição é a prova de amor para com Deus (2Co 8:24); deve ser voluntária (2Co 9.7); sacrificial (2Co 8.3);
  • Semeamos a fé, tempo, serviço, e, assim colhemos mais fé e outras bençãos (2Co 8.5; 9.6,10-12).
2. A solidariedade cristã tem como base o princípio da mutualidade.
Significa qualidade ou estado do que é mútuo, reciprocidade, permutação, troca. É uma forma de participação mútua com a finalidade de cooperação dos crentes entre si. O Apóstolo Paulo escrevendo aos romanos ensina: “[...]; o que reparte, faça-o com liberalidade; o que preside, com cuidado; o que exercita misericórdia, com alegria” (Rm 12.8). O repartir é a disposição, capacidade e poder, dados por Deus a quem tem recursos além das necessidades básicas da vida, para contribuir livremente com seus bens pessoais, para suprir necessidades da obra ou do povo de Deus (2Co 8.1-8; Ef 4.28) (Stamps 1995, p. 1722). Isso demonstra que a igreja é um corpo formado por muitos membros que cooperam uns com os outros (1Co 12.20,26).
 
3. A solidariedade cristã tem como base o princípio a responsabilidade.
Qualidade ou condição de responsável. É a forma de contribuir responsavelmente para o desenvolvimento do Reino de Deus (At 6.1-6). O livro de Atos dos apóstolos relata o episódio no qual as viúvas eram desprezadas no ministério cotidiano (At 6.1). Os apóstolos diante desse problema resolveram instituir diáconos para assistir aos irmãos em suas necessidades. Isso revela o princípio da responsabilidade da igreja em Jerusalém em atender a todos; essa atitude enquadra-se na fala do apóstolo dos gentios: “...enquanto temos tempo, façamos o bem a todos, mas principalmente aos domésticos da fé” (Gl 6.10). Todos os cristãos que foram alcançados por Deus devem ter essa mesma atitude responsável de socorrer os domésticos da fé.
 
4. A solidariedade cristã tem como base o princípio da proporcionalidade.
Qualidade ou propriedade de proporcional. Princípio que leva o indivíduo a cooperar em proporções, na medida do possível e com liberalidade em ajudar ao próximo (At 2.44-45; 4.34-37). O livro de Atos destaca esse princípio: “Vendiam suas propriedades e fazendas e repartiam com todos, segundo cada um tinha necessidade” (At 2.44). O apóstolo Paulo lembra aos coríntios esse mesmo princípio: “No primeiro dia da semana cada um de vós ponha de parte o que puder ajuntar, conforme a sua prosperidade, para que não se façam as coletas quando eu chegar” (1Co 16.2). Diante disso o princípio da proporcionalidade presa pela equidade e o equilíbrio na prática de ajuda aos irmãos.
 
5. Solidariedade é um ato de amor (Mt 25.40).
Amor que doa de seu tempo, de seus recursos, de suas energias a fim de amenizar a dor alheia (Lc 10.25-37). Uma simples visita ao enfermo; um cobertor para cobrir o desabrigado; uma sopa quente faz aquecer a alma e acende a esperança de uma nova realidade (At 9.39). Solidariedade é um ato de empatia. Colocar-se no lugar de outrem; sentir a dor do outro como se fosse a sua própria dor (Mt 9.36). Neste tempo em que os homens buscam apenas aquilo que os interessam, preocupar-se com a necessidade de alguém é uma das mais extraordinárias demonstrações do espírito que move o cristianismo (Gl 2.10 ver Dt 15.4; Mt 19.21; Rm 15.26). Fé e caridade, duas grandes virtudes cristãs (1Co 13.13). A primeira relaciona-se ao nosso compromisso com Deus, a segunda, com o próximo (Lv 19.18; Mt 5.43; 19.19; 22.39; Rm 13.9).
 
 
CONCLUSÃO
Diante de tudo o que foi exposto, compreende-se que a solidariedade cristã é um chamado à ação concreta, fundamentada nos princípios bíblicos de mutualidade, responsabilidade e proporcionalidade. Ser solidário vai além de simples gestos ocasionais; é adotar uma postura de vida inspirada pelo amor e compaixão, refletindo o caráter de Cristo nas relações cotidianas.



 
REFERÊNCIAS
Ø  BENTHO, Esdras Costa. Estabelecendo relacionamentos saudáveis: Vivendo e aprendendo a viver. CPAD.
Ø  GONÇALVES, José. A Igreja em Jerusalém: Doutrina, Comunhão e Fé. CPAD.
Ø  KRUSE, Colin. II Coríntios, Introdução e Comentário. VIDA NOVA.
Ø  STAMPS, Donald. Bíblia de Estudo Pentecostal. CPAD.
 
 
Por Rede Brasil de Comunicação.





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