Gn
3.17-19; Ec 12.1-7
INTRODUÇÃO
Deus
criou o ser humano para viver em paz e harmonia com Ele, com o próximo, com a
natureza e consigo mesmo. Porém, por causa da Queda, o homem herdou a natureza
caída e pecaminosa, além de uma série de consequências maléficas que lhe
sobreveio por causa de sua transgressão contra o Criador. Nesta lição, veremos
o significado do termo corpo e pecado; explicaremos a origem do pecado, tanto
na esfera angelical como na esfera humana; citaremos algumas consequências do
pecado; e, finalmente, elencaremos o plano de Deus para restauração do homem.
I. DEFINIÇÕES DAS PALAVRAS CORPO E
PECADO
1.
Corpo.
“Do
grego soma, o corpo, como já definido, é a parte material do ser humano,
comumente chamado de invólucro do espírito e da alma” (Queiroz, 2025, p. 25).
“O corpo é o invólucro do espírito e da alma. É a parte física, o homem
exterior, que se corrompe, ou seja, envelhece e é mortal. O homem é carne como
criatura perecível: “porque toda a carne é como erva” (1 Pe 1.24). Rejeitamos a ideia de ser o corpo a prisão da alma e do espírito ou de
ser inerentemente mau e insignificante, pois ele é templo do Espírito Santo e
templo de Deus, um a vez que o Espírito Santo habita em nós. O corpo é
importante, pois Deus o ressuscitará: “Assim também a ressurreição dos
mortos. Semeia-se o corpo em corrupção, ressuscitará em incorrupção” (1
Co 15.42)” (Soares [Org.], 2017, p. 78).
2. Pecado.
“Do
hebraico hattah do grego hamartios e do latim peccatum.
É a transgressão deliberada e consciente das leis estabelecidas por Deus. Errar
o alvo estabelecido pelo Criador ao homem: O pecado mortal é a deliberação
consciente e intencional de se resistir a vontade de Deus. Não se trata de um
simples pecado ou de uma transgressão ordinária; é uma rebeldia movida pelo
orgulho e pelo não reconhecimento da soberania divina” (Andrade, 2019, p. 295).
Há uma lista extensa de palavras na Bíblia para designar o pecado: erro,
iniquidade, transgressão, maldade, impiedade, engano, sedução, rebelião,
violência, perversão, orgulho, malícia, concupiscência, prostituição, injustiça
etc., além dos verbos e adjetivos cognatos. Muitos desses termos, e outros
similares, estão na sombria lista apresentada pelo apóstolo Paulo (Rm 1.29-32;
Gl 5.19-21).
II. A ORIGEM DO PECADO
Ao
menos três verdades devem ser ditas acerca da origem do pecado: a) Deus
não é o autor do pecado; b) o pecado teve origem no reino angelical
quando um querubim ungido rebelou-se e levou após si a terça parte dos seres
angelicais; e, c) o pecado entrou no mundo por conta da desobediência de
Adão, e, consequentemente, passou à toa humanidade, como veremos a seguir:
1.
Deus não é o autor do pecado.
A
Bíblia diz que Deus é Santo e Puro: “Tu és tão puro de olhos, que não
podes ver o mal e a opressão não podes contemplar” (Hc 1.13); Deus é
luz: “Deus é luz, e não há nele treva nenhuma” (1Jo 1.5); Ele é
justo e reto: “Ele é a Rocha, cuja obra é perfeita, porque todos os seus
caminhos juízo são; Deus é a verdade e não há nele injustiça; justo e reto é” (Dt
32.4). Sendo Ele santo, puro, justo e reto, não poderia ser o autor do mal
moral. Além disso, a Bíblia afirma que Deus criou todas as coisas boas e
perfeitas: “Viu Deus tudo quanto fizera, e eis que era muito bom” (Gn
1.31) e criou o homem reto: “Eis o que tão somente achei: que Deus fez o
homem reto, mas ele buscou muitas invenções” (Ec 7.29). Atribuir a Deus
a origem do pecado torna-se uma blasfêmia contra o seu caráter moral, que é
absolutamente perfeito (Dt 32.4; 2Sm 22.31; Jó 34.10; Sl 18.30), sendo um
erro gravíssimo afirmar como fazem alguns, que o Senhor decretou o pecado. Pois
afirma Tiago: “[…] Deus não pode ser tentado pelo mal e ele mesmo a
ninguém tenta” (Tg 1.13).
2.
O pecado no mundo angelical.
De
acordo com a Bíblia um número incontável de anjos foram criados por Deus (Hb
12.22), e estes eram bons por natureza, assim como tudo o que Senhor criou (Gn
1.31). Mas ocorreu uma Queda no mundo angélico, no qual, vários anjos se
apartaram de Deus (Jd 6). Pouco se diz sobre o que ocasionou essa Queda, mas
pelo que encontramos em alguns textos, podemos concluir que foi o orgulho e a
cobiça de desejar ser semelhante a Deus, fez com que Lúcifer (nome
tradicional dado a este arcanjo tirado de Is 14.12, da expressão ‘estrela da
manhã’, na tradução latina da Bíblia – Vulgata Latina) fosse banido e
destinado ao inferno (Is 14.11-23; Ez 28.11-19; Lc 10.18; 1Tm 3.6; Ap 12.9).
Como alguém acertadamente ressalta: “Deus criou Lúcifer, mas, Lúcifer
fez-se Satanás” (Chaves, 2015, p. 133).
3.
O pecado na história da humanidade.
No
que diz respeito à origem do pecado na história da humanidade, a Bíblia nos
informa que se deu pelo ato deliberado, perfeitamente voluntário de Adão e Eva
(Gn 3; Rm 5.12,19). Pelo fato de Adão ser o cabeça e o representante de toda a
raça humana, seu pecado afetou a todos (Rm 3.23; 5.12-19), por
isso que todos possuímos a “natureza pecaminosa”, herança que
recebemos de nossos pais Adão e Eva (Rm 6.6,12, 19; 7.5,18; 2Co 1.17; Gl 5.13;
Ef 2.3; Cl 2.11,18), dessa forma todos somos por natureza, culpados diante de
Deus (Ef 2.1-3). Até um bebê recém-nascido (Sl 51.5), antes mesmo de cometer o
seu primeiro pecado, já é pecador por natureza (Sl 58.3; Pv 22.15); no entanto,
as crianças apesar de nascerem com natureza pecaminosa ainda não conhecem
experimentalmente o pecado. Elas não são responsabilizadas por seus atos antes
de terem condições morais e intelectuais para discernir entre o bem e o mal, o
certo e o errado (Is 7.15; Jn 4.11; Rm 9.11). O sacrifício de Jesus
proveu salvação a todas as pessoas, até mesmo às crianças que falecerem na fase
da inocência (Soares [Org.], 2017, p. 92 – grifo nosso).
III. AS CONSEQUÊNCIA DO PECADO
A
Queda do primeiro homem no Éden legou uma natureza pecaminosa que escravizou
não somente Adão, mas toda humanidade. Vejamos:
1.
O homem herdou a natureza pecaminosa.
Quando
Adão pecou toda humanidade pecou nele (Rm 5.12), pois ele era o representante
de toda raça humana (Rm 3.23; 5.12-19). Logo, a herança que recebemos de nossos
primeiros pais foi a natureza pecaminosa, de forma que todos somos pecadores e
culpados diante de Deus (Sl 51.5; Rm 6.6,12, 19; 7.5,18; 2Co 1.17; Gl 5.13; Ef
2.3; Cl 2.11,18). O que se entende por natureza no contexto desse estudo? É
aquilo que é inato em cada pessoa, isto é, nasce com ela [...]. Portanto, não
há criatura humana neste mundo que não tenha nascido com uma “natureza
corrompida”. Por isso, toda criatura constitui-se pecadora diante de
Deus, visto que o pecado em si é herança comum de todas as criaturas sobre a
terra (Gilberto, 2008, p. 319). Até um bebê recém-nascido (Sl 51.5), antes
mesmo de cometer o seu primeiro pecado, já é pecador (Sl 58.3; Pv 22.15); no
entanto, as crianças apesar de nascerem com natureza pecaminosa ainda não
conhecem experimentalmente o pecado. Elas não são responsabilizadas por seus
atos antes de terem condições morais e intelectuais para discernir entre o bem
e o mal, o certo e o errado (Is 7.15; Jn 4.11; Rm 9.11). O sacrifício
de Jesus proveu salvação a todas as pessoas, até mesmo às crianças que
falecerem na fase da inocência (Soares [Org.], 2017, p. 92 – grifo nosso).
2.
O pecado “manchou” a imagem e semelhança de Deus no homem.
O
homem foi criado reto (Ec. 7.29), porém o pecado maculou essa natureza criada
por Deus de maneira que a “corrupção do gênero humano atingiu o homem em toda a
sua composição: corpo (Rm 8.10), alma (Rm 2.9) e espírito
(2Co 7.1). Isso prejudicou todas as suas faculdades, quais sejam: intelecto
(Is 1.3), emoção (Jr 17.9), vontade (Ef
4.18), consciência (1Co 8.7), razão (Tt 1.15) e liberdade
(Tt 3.3)” (Soares [Org.], 2017, p. 101). Por isso, a Bíblia descreve o
estado do ser humano como: a) mortos em ofensas e pecados (Ef.2.1); b)
andando segundo o curso perverso de mundo (Ef. 2.2); c) entenebrecidos
no entendimento (Ef. 4.18); d) cegos (2 Co 4.4); e) preso pelos
laços do Diabo (2Tm 2.26); e, f) impossibilitado de salva-se pelos seus
próprios esforços (Jo 8.34; Rm 6.16), pois tornou-se escravo do pecado. Esse
triste estado espiritual é retratado pelo profeta Isaías como um corpo todo
ferido com chagas (Is 1.6) e reafirmado pelo apóstolo Paulo quando escreveu aos
Romanos (Rm 3.11-18). Essa é a razão da palavra do Senhor dizer que “não
há nenhum justo sobre a Terra” (Sl 14.2,3), e que “todas as
nossas justiças humanas são consideradas como trapos de imundícias” (Is
64.6). Somente o Senhor Jesus pode retirar o homem desse estado caído e
degradante (Mt 18.11; Mt 20.28; Lc 19.10; 26.26-28; Jo 3.16,17; 15.13).
3.
O pecado afetou todas as áreas da vida do ser humano.
A
Bíblia mostra que o pecado trouxe sérias consequências à humanidade, afetando
todas as áreas da vida: espiritual, física, emocional
e social. Desde a queda de Adão e Eva, o mundo passou a
experimentar os frutos amargos da desobediência (Gn 3.14-24).
A)
O pecado trouxe a morte física, espiritual e eterna.
O
primeiro e mais grave resultado do pecado foi a separação entre o homem e Deus.
Essa morte envolveu tanto a separação espiritual de Deus (Ef 2.1) quanto o
processo da morte física, que passou a ser uma realidade para toda a humanidade
(Gn 3.19; Rm 5.12) e, também, a morte eterna (Dn 12.2; Mt 25.46).
B)
O pecado trouxe enfermidades, dores e sofrimentos.
Ainda
que nem toda enfermidade seja resultado direto de um pecado pessoal (Jo 9.3), a
origem última da doença no mundo está ligada à queda. O corpo humano, criado
para a vida plena, tornou-se sujeito à fraqueza, dor e enfermidade (Gn 3.16).
IV. A RESTAURAÇÃO DO HOMEM A DEUS
Devido
à pecaminosidade do homem, este estava destinado a condenação eterna (Jo 3.18;
Rm 3.23; Ef 2.3). Mas, apesar dessa condição, Deus por sua graça e misericórdia
(Ef 2.4,5) estabeleceu um projeto salvífico para restaurar o homem (Jo 3.16,17;
Rm 5.8). O projeto de restauração do homem, tem como fonte a pessoa de Deus (Is
45.22; Jn 2.9; Tt 2.11). Na condição de pecador, o homem jamais por si só
produziria a sua salvação (Rm 3.10,11; Tt 3.5), por essa razão vemos partindo
sempre de Deus a iniciativa de restauração humana (Gn 3.9;15,21). A Bíblia diz
que “Deus amou”; “Deus deu”; “Deus enviou” (Jo 3.16,17). Paulo
diz ainda que “[...] a graça de Deus se manifestou [...] (Tt
2.11); e que: “tudo isto provém de Deus” (2Co 5.18-a); e ainda: “Deus
estava em Cristo reconciliando consigo o mundo […]” (2Co 5.19). Assim
como a extensão
do pecado (Rm 5.12), a Bíblia também trata sobre o alcance da graça divina “Pois
assim como por uma só ofensa veio o juízo sobre todos os homens para
condenação, assim também por um só ato de justiça veio a graça sobre todos os
homens para justificação de vida” (Rm 5.18). Neste plano da salvação,
Deus em Sua soberania incluiu a responsabilidade do homem em crer no Seu Filho
(Mc 16.15,16; Jo 3.16-18; Rm 10.11-14) para desfrutar de todos os benefícios da
salvação eterna.CONCLUSÃO
Como
pudemos ver, Deus criou todas as coisas boas e perfeitas, inclusive o homem que
foi criado com a capacidade de viver infinitamente em paz e em harmonia com a
criação e o Criador. No entanto, por causa da Queda, o homem teve a sua imagem
e semelhança com o Criador manchada, herdou a natureza pecaminosa e tornou-se
sujeito a dores, sofrimentos, inclusive a morte física, espiritual e eterna.
Mas, Deus, que nunca é pego de surpresa, já havia planejado a salvação da
humanidade (Ap 13.8), através da qual o homem pode ser restaurado em todas as
suas dimensões: física, espiritual, emocional e social.
REFERÊNCIAS
Ø ANDRADE,
Claudionor Correa de. Dicionário Teológico. CPAD.
Ø CHAVES,
Gilmar, Vieira. Temas Centrais da Fé Cristã. CENTRAL GOSPEL.
Ø GILBERTO,
Antônio, et al. Teologia Sistemática Pentecostal. CPAD.
Ø QUEIROZ,
Silas. Corpo, Alma e Espírito. A restauração Integral do Ser Humano. CPAD.
Ø SOARES,
Esequias. Declaração de Fé das Assembleias de Deus. CPAD.
Ø STAMPS,
Donald C. Bíblia de Estudo Pentecostal. RJ: CPAD, 1995.
Por
Rede Brasil de Comunicação.
Nenhum comentário:
Postar um comentário