Tt 2.11-14; 1Pe 1.13-16
INTRODUÇÃO
Nesta lição veremos a
definição dos termos “santificação” e “eternidade”; pontuaremos algumas
heresias quanto a existência da alma; relataremos sobre a natureza da
santificação; e por fim; elencaremos algumas características de uma vida
comprometida com a santificação.
I. DEFININDO OS TERMOS: SANTIFICAÇÃO E ETERNIDADE
1. Definição
de santificação.
A expressão
santificação advém do latim “sanctificatio” que quer dizer: “separação
do mal e do pecado, e dedicação ao serviço do Reino de Deus”. É a forma
pela qual o filho de Deus é aperfeiçoado à semelhança do Pai Celeste (Lv 11.44)
(Andrade, 2006, p. 326). No NT o termo usual para santificação é: “hagiasmos”
que significa: “consagração, separação”. Refere-se ao
processo que leva o crente a tornar-se uma pessoa dedicada, santa, separada,
única e exclusivamente para Deus; consiste na transformação moral segundo a
imagem de Cristo (2Co 3.18).
2.
Definição de eternidade.
A expressão “eterno”
vem do grego “aiõnios” que significa: “era, século, idade,
aquilo que não tem fim” (Vine, 2002, p. 628). O Estado eterno é aquilo
que não tem fim, é o estado de bem-aventuranças e inefáveis gozos a ser
desfrutado pelos redimidos logo após a consumação de todas as coisas temporais
e históricas (2Pe 3.13; Ap 21,22). O Estado Eterno, que será inaugurado logo
após o Juízo Final, terá lugar nos Novos Céus e Terra, onde os salvos estarão a
desfrutar do amor de Cristo pelos séculos dos séculos (Andrade, 2006, p. 171).
II. ALGUMAS HERESIAS SOBRE A EXISTÊNCIA DA ALMA
As heresias sobre a
alma surgem como distorções das doutrinas espirituais tradicionais, desafiando
a visão clássica da alma como uma essência imortal e individual. Muitas
correntes modernas tentam reinterpretar ou negar a existência da alma, propondo
conceitos que minimizam sua imortalidade. Vejamos:
1.
Budismo.
O líder do Budismo,
Sidarta Gautama, conhecido como Buda, uma figura que, após uma vida de luxos e
privilégios em seu palácio, foi profundamente impactado pelos “Quatro Sinais”
da vida real. No Budismo, a ideia de “alma” não é reconhecida da forma como é vista
em muitas religiões ocidentais. O conceito de “eu” ou “alma eterna” é
rejeitado, pois os budistas acreditam que não há uma essência permanente ou
imutável. O ser humano é visto como um fluxo constante de mudanças, físicas e
psicológicas, e a noção de um “eu” imutável é uma ilusão, alimentada pela
ignorância. O Budismo não acredita na existência de uma alma que sobrevive de
forma independente após a morte. Em vez disso, acredita-se na reencarnação como
parte de um ciclo contínuo de nascimento e renascimento, dependendo do carma
acumulado. Para o budismo: “[...]a vida consiste de três componentes:
sofrimento, mudança e ausência de uma alma eterna que sobrevive de forma
independente depois da morte” (Bickel; Jantz, 2011, p. 216, grifo
nosso)
2. Testemunhas
de Jéova.
As Testemunhas de Jeová
surgiram no final do século XIX, fundadas por Charles Taze Russell, Em 1931,
adotaram o nome “Testemunhas de Jeová” para destacar sua crença no nome divino
“Jeová”. Elas seguem uma interpretação literal da Bíblia, rejeitando a imortalidade
da alma a Trindade, entre outros. Segundo a crença das Testemunhas de Jeová, a
Bíblia não ensina que a alma seja imortal. Em vez disso, eles acreditam que a
morte é o fim da existência consciente [...] ensina que o homem se acaba quando
morre (Soares; 2003. p. 243). Costumeiramente usam sempre o texto de Sl 115.17:
“Os mortos não louvam ao SENHOR, nem os que descem ao silêncio”. As
Testemunhas de Jeová usam essa passagem fora de seu contexto para dizer que a
morte aniquila completamente o homem e que a alma não sobrevive à morte. Uma
leitura superficial e arrancada de seu contexto dá a impressão de que elas
estão corretas. Mas o salmista está falando do silêncio que a morte impõe ao
ser humano e não da vida além túmulo. Veja o contraste que o salmista faz: “Mas
nós bendiremos ao SENHOR”.
III. A PERSPECTIVA BÍBLICA DA NATUREZA DA ALMA HUMANA
Diante das distorções
apresentadas por diversas correntes religiosas, é essencial retornar ao
testemunho bíblico para compreender a verdadeira natureza da alma humana
segundo as Escrituras. A Bíblia apresenta a alma do hebraico nephesh,
e do grego psyché como a dimensão imaterial que confere vida, personalidade,
consciência e identidade ao ser humano. O ser humano não é reduzido ao
corpo, mas é uma triunidade corpo-alma-espírito, na qual a alma
continua existindo mesmo após a morte física.
1. A
Escritura testemunha repetidamente que a alma não se aniquila com a morte
corporal.
A alma permanece
consciente diante de Deus mesmo depois da morte (Lc 16.19-31; Ap 6.9-10). Jesus
ensina que existe uma distinção clara entre corpo e alma ao afirmar: “Não
temais os que matam o corpo e não podem matar a alma” (Mt 10.28). Aqui,
o Senhor demonstra que a alma possui uma natureza distinta e sobrevivente, não
sujeita ao mesmo tipo de destruição física do corpo, a morte.
2. No
Antigo Testamento, os autores sagrados compreendiam a alma como aquilo que
sobrevive ao Sheol e continua a existir diante de Deus.
Por isso, o salmista
ora dizendo: “O Senhor remirá a minha alma do poder da morte” (Sl
49.15), revelando sua esperança na preservação da vida interior diante do
Criador. Da mesma forma, Elias e Eliseu oraram por crianças falecidas pedindo
que a “alma” voltasse ao corpo (1Rs 17.21-22; 2Rs 4.34-35), evidenciando uma
distinção real entre o corpo morto e a alma viva.
3. O
Novo Testamento aprofunda ainda mais esta concepção, ensinando que a alma do
crente, ao morrer, é imediatamente recebida por Deus.
Paulo afirma que “partir
e estar com Cristo é incomparavelmente melhor” (Fp 1.23), mostrando que
a consciência pessoal continua após a morte. O próprio Jesus assegurou ao
ladrão arrependido: “Hoje estarás comigo no paraíso” (Lc 23.43),
o que indica uma vida consciente e pessoal imediatamente após a morte física.
Portanto, a visão bíblica afirma que a alma humana é: a) Imaterial,
distinta do corpo, mas unida a ele na existência terrena; b) Consciente,
mantendo identidade pessoal mesmo após a morte; c) Responsável,
pois comparece diante de Deus para prestação de contas; e, d) Imortal,
não no sentido de possuir vida independente, mas por continuar existindo pela
vontade soberana de Deus. Dessa forma, ao contrário das heresias que negam ou
distorcem sua existência, a Bíblia revela a alma como realidade central da
pessoa humana, criada por Deus, sustentada por Ele e destinada à eternidade,
seja na presença do Senhor, seja separada dEle.
IV. NATUREZA DA SANTIFICAÇÃO
É importante observar,
que, na Bíblia Sagrada as palavras, “santificação”, “santidade”, e
“consagração” são sinônimas. Santificar é a mesma coisa que fazer santo
ou consagrar. A palavra “santo” tem os seguintes sentidos:
1.
Separação.
O termo “santo” é
uma palavra descritiva da natureza divina. Seu significado primordial é “separação”;
portanto, a santidade representa aquilo que está em Deus, que o torna separado
de tudo quanto seja imundo ou pecaminoso. Quando Ele deseja usar uma pessoa ou
um objeto para seu serviço, ele separa essa pessoa ou aquele objeto do seu uso
comum, e, em virtude dessa separação, a pessoa ou o objeto toma-se “santo”.
Como disse o apóstolo Paulo aos Coríntios: “Não vos prendais a um jugo
desigual com os infiéis; porque, que sociedade tem a justiça com a injustiça? E
que comunhão tem a luz com as trevas? E que concórdia há entre Cristo e Belial?
Ou que parte tem o fiel com o infiel?” (2 Co 6.14,15).
2.
Consagração.
No sentido de viver uma
vida santa e justa, em conformidade com a palavra de Deus e dedicada ao serviço
divino; o cristão passa a viver em busca da remoção de qualquer impureza que
impossibilite esse serviço. Sendo assim, surge, naturalmente, a pergunta: Como
deve viver um povo santo? A fim de responder essa pergunta, Deus dá ao seu
povo, a nação de Israel, o código de leis de santidade que se acham no livro de
Levítico. Entendemos então que o padrão de vida de um povo que busca a
santificação é viver uma vida de consagração: “Porque vós sois o templo
do Deus vivente, como Deus disse: Neles habitarei, e entre eles andarei; e eu
serei o seu Deus e eles serão o meu povo” (2Co 6.16b).
V. CARACTERÍSTICAS DE UMA VIDA COMPROMETIDA COM A SANTIFICAÇÃO
Segundo Pearlman, são
meios divinamente estabelecidos para a santificação do homem: “o sangue
de Cristo (Hb 10.10,14; 13.12; 1Jo 1.7), a Palavra de Deus” (Sl
119.9; Jo 17.17; 15.3; Ef 5.26; Tg 1.23-25; 1Pe 1.23) e, o Espírito Santo
(1Co 6.11; 2Ts 2.13; 1Pe 1.1,2; Rm 15.16) (2009, pp. 255,256 – acréscimo
nosso), que atuam interna e externamente. Notemos algumas características
relacionadas a uma vida santa:
1.
Desprendimento (1Pe 1.13a).
Os povos do oriente
usavam túnicas longas, e quando desejavam andar mais rápido ou sem impedimento,
prendiam a túnica com um cinto (Êx 12.11). A imagem é a de um homem que prende
as pontas do manto a seu cinto, ficando livre, assim, para correr. Aos que desejam
viver uma vida piedosa, devem se abster de tudo que sirva de atrapalho em sua
caminhada: “[…] deixemos todo o embaraço, e o pecado [...]” (Hb
12.1), evitando qualquer distração que impeça a sua conduta (2Tm 2.4), ocupando
a mente com o que de fato é puro (Fp 4.8).
2.
Obediência e reverência (1Pe 1.14,17).
Antes da conversão a
Cristo o homem por natureza, é filho da desobediência (Ef 2.2). O apóstolo
Pedro ressalta que agora, após a experiência da salvação, não podemos mais
viver nas práticas do passado que determinavam o nosso modelo de vida (1Pe
1.14,15); “não vos amoldeis” significa não entrar no esquema, no
modelo. Originalmente, a palavra significava assumir a forma de alguma coisa, a
partir de um molde de encaixe, os cristãos são chamados a “mudar de
forma”, e a assumir o padrão de Deus (Rm 12.2), vivendo respectivamente
de maneira reverente, ou seja, tendo a atitude de quem fala cada palavra,
cumpre cada ação e vive cada momento consciente de Deus tendo consciência de
que nossas atitudes serão julgadas pelo justo juiz (Dt 10.17; Rm 2.11; 1Pe
4.17).
3. Amor sincero (1Pe 1.22).
A vida santa também tem
como marca a prática do amor sincero, e isto Pedro afirma como resultado da
regeneração: “[…] amai-vos, de coração, uns aos outros ardentemente, pois
fostes regenerados […]” (1Pe 1.22,23 – ARA). Esse amor esperado é o
que evidencia que passamos da morte para a vida (1Jo 3.14), e caracteriza o
verdadeiro discípulo de Jesus (Jo 13.35; ver Rm 12.9; 1Jo 3.18). O amor é a
marca do cristão, pois é a evidência da nossa salvação (Lopes, 2012, p. 58).
CONCLUSÃO
A reflexão sobre a
santificação e a eternidade nos leva a encarar uma realidade que vai além das
palavras: a vida após a morte é um destino inevitável para todos. A
santificação, um processo contínuo e necessário, nos prepara para enfrentar
esse futuro com esperança e transformação, para que, ao final, possamos estar
diante de Deus, livres de todo pecado. A maneira como vivemos a nossa fé agora
determina o nosso destino eterno, e a morte não é o fim, mas a transição para
um novo estado. Como o apóstolo Paulo nos alerta: “E, assim, todos nós
seremos transformados, num momento, num abrir e fechar de olhos, na última
trombeta” (1 Co 15:52). Que essa realidade nos mova a viver com mais
comprometimento e seriedade em nossa caminhada com Deus.
REFERÊNCIAS
Ø BICKEL, Bruce; JANTZ, Stan. Guia de Seitas e Religiões: uma
visão panorâmica. CPAD.
Ø PFEIFFER, Charles F. et al. Dicionário Bíblico Wyclliffe.
CPAD.
Ø PEARLMAN, Myer. Conhecendo as Doutrinas da Bíblia. VIDA.
Ø WIERSBE, Warren W. Comentário Bíblico Novo Testamento.
Geográfica Editora.
Ø STAMPS, Donald C. Bíblia de Estudo Pentecostal. CPAD.
Ø LOPES, Hernandes dias. Comentário Expositivo 1 Pedro: Com os
pés no vale e o coração no céu. HAGNO.
Por Rede Brasil de Comunicação.

Nenhum comentário:
Postar um comentário