sexta-feira, 22 de março de 2013

LIÇÃO 12 – ELISEU E A ESCOLA DE PROFETAS


2 Rs 6.1-7


INTRODUÇÃO
Entender os princípios que fundamentavam a escola de profetas é de suma importância para a educação cristã do século XXI, pois através deles é possível fazer um contraste entre o ensino bíblico e o paradigma educacional emergente. O que a escola de profetas, liderada pelo profeta Eliseu, tem a nos ensinar? A escola é uma fábrica de cultura, isto é, como uma instituição que cuida da formação do homem em sociedade, e que para ela realizar essa função, deve ter em vista o cultivo do homem. Como isso acontecia no antigo Israel? Quais ensinamentos podemos extrair da escola de profetas no AT?


I – DEFINIÇÃO DE ENSINO
O discipulado é o relacionamento entre um mestre e um aluno onde o mestre reproduz no aluno o conteúdo do aprendizado, capacitando-o a treinar outros para que também ensinem novos discípulos. Nas páginas das Escrituras encontramos vários termos equivalentes ao ato de ensinar. Vejamos: Paideuõ “instruir, treinar”, Didasko “dar instrução”, Didaktos “aquilo que pode ser ensinado”, Didaké “ensino”, Didaskalia “instrução”, Didaskalós “mestre, professor”, Didaskein “ensino”, Theodidaktos “ensinado por Deus”.


II – CONCEITOS E DEFINIÇÃO DE PROFETA E PROFECIA
As Escolas de Profetas realmente existiram, mas há pouca informação sobre essas instituições. Muito do que ensamos não passa de suposições, já que as passagens bíblicas não apontam de forma direta o propósito dessas escolas. Na verdade, é muito difícil responder sobre os objetivos, conteúdo e a formação delas. Não há elementos para uma explicação detalhada. Há até teólogos que acham que “escolas de profetas” é linguagem figurada, mas não que tenha sido uma organização. Apesar disso, os textos das Sagradas Escrituras nos dão algumas informações sobre o assunto. Para uma melhor compreensão dessa lição, enumeramos alguns conceitos e definições:

Ø  Profecia. É a revelação inspirada, sobrenatural e única da vontade de Deus. A profecia não é, necessariamente, uma previsão do futuro, e sim, a revelação do conhecimento de Deus à humanidade (Am 3.7; Jr 36.1-3; Ez 2.3-8; 3.4-11).
Ø  Profeta. A palavra profeta deriva-se do termo hebraico nabbi que significa “falar” ou “dizer”, e do termo grego prophete, que significa “falar de antemão”. Portanto, o profeta é um mensageiro de Deus. Sua principal função é tornar conhecidas as revelações divinas e transmitir os oráculos de Deus ao povo (Êx 7.1; Nm 12.6; I Sm 3.20; Hb 1.1,2).
Ø  Ministério Profético. A palavra ministério significa “ofício”, “cargo, “função”, etc. Nas Sagradas Escrituras esse termo é coletivo e aponta para vários oficiais e autoridades religiosas e civis, bem como denota ofícios específicos, tais como ministério cristão, ministério dos anjos, etc. Assim, podemos afirmar que o termo Ministério Profético refere-se ao ofício ou função exercida pelos profetas de Deus.


III - A ESCOLA DOS PROFETAS
As escolas de profetas eram “instituições” de ensino do AT cujo objetivo era a transmissão dos valores morais e espirituais que Deus havia entregado a Israel através de sua Palavra. Não tinham como propósito ensinar os alunos a profetizarem. A profecia é um dom divino, por isso, somente o Senhor pode ensinar os seus servos quanto ao profetizar. Todavia, um dos objetivos desta escola era passar às gerações mais jovens a herança cultural e espiritual da nação. Os estudiosos acreditam que as escolas de profetas surgiram com o profeta Samuel (1Sm 10.5,10; 19.20) “E todos os profetas desde Samuel, todos quantos depois falaram, também anunciaram estes dias” (At 3.24 cf. 13.20; Hb 11.32) e, posteriormente, consolidaram-se com os profetas Elias e Eliseu (2Rs 6. 1-2). As escolas de profetas forneciam instrução e encorajamento aos alunos a fim de que eles buscassem uma melhor compreensão da Palavra de Deus. Eliseu não era apenas um homem com dons sobrenaturais, mas também um profeta que possuía uma “missão pedagógica” (2 Rs 2.15, 19-22; 4.1-7, 42-44).


IV – EXEMPLOS DE ESCOLAS DE PROFETAS
Ao que parece, como foi dito acima, as primeiras “escolas teológicas” foram organizadas pelo profeta Samuel (1Sm 10.5; 19.20), e então foram mais firmemente estabelecidas pelos profetas Elias e Eliseu, no Reino do Norte ou reino de Samaria (2Rs 2.3; 4.38; 6.1). Essas escolas seguiam o modelo do ideal hebreu de relação entre o professor e o aluno. Eles viviam em comunidades e o ensinamento era bíblico e também através do exemplo pessoal. Vejamos alguns exemplos:

Ø  Escolas de profetas de Ramá e Gibeá (1Sm 19.20; 10.5, 10);
Ø  Escolas de profetas de Gilgal, Betel e Jericó (2Rs 4.38; 2.3,5,7,15; 4.1; 9.1);
Ø  Cerca de 100 alunos, isto é, discípulos dos profetas acompanhavam Eliseu (2Rs 4.38, 42-44);
Ø  Cerca de 50 desses discípulos achavam-se com Elias e Eliseu quando eles foram até ao Jordão (2Rs 2.7, 16-17);
Ø  Viviam em casas comuns, na companhia dos profetas (2Rs 6.1);
Ø  Alguns deles eram casados, e tinham suas próprias casas (2Rs 4.1);
Ø  Há alguma indicação de que havia música e poesia envolvida no “currículo escolar” (1Sm 10.5).


V – A ESCOLA DOS PROFETAS E O ENSINO
As escolas de profetas eram centros de vida religiosa, onde se buscava a comunhão com Deus mediante a oração e meditação. É evidente que estudavam as profecias, inquirindo sobre o tempo de seu cumprimento (1 Pd 1.10-12), além de recordarem os grandes feitos de Deus no passado. Através dessas escolas, cresceu em Israel uma ordem profética reconhecida (2 Rs 2.3,5). No contexto do AT temos uma relação de homens usados por Deus para ensinar Seu povo: Samuel (1 Sm 12.23), Josafá (2 Cr 17.7-12), Esdras e Neemias (Ne 8.17), Davi (Sl 51.13 cf. Sl 25.4; 27.11) e Isaías (Is 28.10). Analisemos como funcionava o ensino na escola dos profetas:

Ø  Através do treinamento. O texto de 2 Reis 2.15,16, mostra que fazia parte desse treinamento trabalhar sob as ordens do líder, obtendo assim permissão para a execução de determinadas tarefas;
Ø  Através do encorajamento. Os expositores bíblicos observam que o profeta Eliseu não limitava o seu ministério à pregação itinerante e à operação de milagres, mas agia também como um supervisor de várias escolas de profetas nos seus dias;
Ø  Através das Escrituras. Quando fazemos um acompanhamento do ministério do profeta Elias, vemos que a Palavra de Deus fazia parte do conteúdo ensinado nas Escolas de Profetas;
Ø  Através da sua experiência. Tanto Elias como Eliseu eram homens experientes e compartilhavam com os outros aquilo que haviam aprendido (2 Rs 2.15; 2.19-22; 4.1-7,42-44);
Ø  Através do exemplo. Os estudiosos estão de acordo que essas Escolas de Profetas seguiam o idealismo hebreu concernente à educação. Havia uma relação entre professor e aluno na comunidade onde viviam;
Ø  Através da Palavra. Eliseu não deixou nada escrito. O que sabemos dele é através do cronista bíblico. Mas esse fato não significa que esse profeta não usasse a Palavra de Deus em sua vida devocional e também como instrumento de instrução na Escola de Profetas.


VI – A PRÁTICA DO ENSINO NAS ESCRITURAS
Vemos diversas vezes a expressão “filhos dos profetas” do hebraico “bene ba-nabiim” aparecer nos livros de 1 e 2 Reis. Observamos pelas Escrituras que os filhos dos profetas estavam radicados em locais como Betel, Jericó e Gilgal (1Rs 20.35; 2Rs 2.3,5,7,15; 4.1,38; 6.1). O contexto dessas passagens não deixa dúvidas de que esta expressão pode ser entendida como sendo sinônimo para “Escola de Profetas”. Esse fato serve para nos mostrar que a educação religiosa ou formal já recebia destaque no Antigo Israel. Todavia a Escola de Profetas é um testemunho vivo de que o povo de Deus em um passado tão distante se preocupava em passar às gerações posteriores sua herança cultural e espiritual. Sempre pesou sobre o povo de Deus a responsabilidade de ensinar a Palavra de Deus. Vejamos como se desenvolveu a instrução religiosa nos tempos bíblicos:

Ø  Nos dias de Moisés. Examinando o Pentateuco, vemos que no princípio, entre o povo de Deus, eram os próprios pais os responsáveis pelo ensino da revelação divina no lar. O lar, então, era de fato uma escola onde os filhos aprendiam a temer e amar a Deus (Dt 6.5-9; 11.18,19);
Ø  Na época dos Reis e Sacerdotes. Os sacerdotes eram mediadores entre Deus e o homem. Além do culto divino, eles tinham o encargo do ensino da Lei (Dt 24.8; I Sm 12.23; II Cr 15.3; Jr 18.18). Já os reis de Israel, quando piedosos e tementes a Deus, tinham a preocupação com a leitura e o ensino da Palavra de Deus para a nação (II Cr 17.7-9);
Ø  Durante o Cativeiro Babilônico. Nessa época, os judeus no exílio, privados do seu grandioso templo em Jerusalém, instituíram as sinagogas, que eram usadas como “escola bíblica”, casa de cultos e escola pública.
Ø  No pós-cativeiro. Nos dias de Esdras e Neemias, quando o povo retornou do cativeiro, houve um grande avivamento espiritual, originado pela leitura e ensino das Escrituras, como podemos observar nos capítulos 8 e 9 do livro de Neemias;
Ø  Durante o Ministério de Jesus. Jesus exerceu um tríplice ministério de cura, pregação e ensino da palavra de Deus (Mt 4.23; 9.35; Lc 20.1). Esse mesmo ministério tríplice foi ordenado e confiado à Igreja (Mt 28.19; Mc 16.15-18);
Ø  Nos dias da Igreja. Após a ascensão do Senhor, os apóstolos e discípulos continuaram a ensinar. A igreja dos dias primitivos dava muita importância a esse ministério (At 5.41,42). Paulo e Barnabé, por exemplo, passaram um ano todo ensinando na igreja de Antioquia (At 11.26). Em Éfeso, Paulo ficou três anos ensinando (At 20.20,31) e em Corinto, ficou um ano e seis meses (At 18.11). Seus últimos dias em Roma foram ocupados com o ensino da Palavra de Deus (At 28.31).

  
CONCLUSÃO
Observamos nesta lição que através do ministério do profeta Eliseu os filhos dos profetas pertenciam a uma escola dedicada ao ensino formal. Vimos também que ali era ensinado a Palavra de Deus tanto na sua forma oral como escrita. Esse fato é por si só de grande relevância para nós porque demonstra a preocupação desse homem de Deus em passar a outros o conhecimento correto sobre Deus.



REFERÊNCIAS
  Ø  ELISSEN, Stanley. Conheça melhor o Antigo Testamento. VIDA.
  Ø  SOARES, Esequias. Visão Panorâmica do Antigo Testamento. CPAD.
  Ø  SOARES, Esequias. O Ministério Profético na Bíblia. CPAD.
  Ø  STAMPS, Donald C. Bíblia de Estudo Pentecostal. CPAD. 
   
   
Por Rede Brasil de Comunicação


Um comentário:

  1. Venho agradecer aos irmãos que registraram a lição 12 ultima
    do primeiro trimestre de 2013. agora nos serviu, para compreender o III topico da lição 7 15/08/2021.
    Deus abençoe.

    ResponderExcluir