domingo, 4 de agosto de 2013

LIÇÃO 05 – AS VIRTUDES DOS SALVOS EM CRISTO



Fp 2.12-18



INTRODUÇÃO
Na lição passada, tratamos de um assunto bem teológico chamado Cristologia. Estudamos sobre o mistério da união das naturezas de Cristo: a humana e a divina. Também abordamos sua exaltação sob a temática da sua grandíssima humildade. Na aula de hoje, estudaremos também como na lição passada, um tema também teológico que é a Soteriologia. Falaremos sobre justificação, santificação e glorificação, além de abordarmos a postura de um salvo e as virtudes de uma nova criatura. Boa aula para todos!!



I. A DINÂMICA DA SALVAÇÃO (2.12,13)
Antes de prosseguirmos em nosso estudo, quero enfatizar que não temos a pretensão de catalogar um assunto tão profundo que é o mistério da salvação. Por isso, a palavra “dinâmica”, que segundo a psicologia social, é o conjunto de leis do comportamento do grupo do ponto de vista dos objetivos reais e específicos desse grupo, é aqui relacionada à salvação apenas para fins didáticos; porquanto, o Pai concebeu o plano salvífico (Jo 3.16; Ef 3.9,11; Cl 1.26; 1 Pe 1.20), o Filho encarnou-se e consumou o plano salvífico (Mt 1.21; Jo 1.14; 19.30) e o Espírito Santo oferece e aplica este plano redentor na vida dos pecadores (Jo 16.8-11). Visto que nem o homem, nem ninguém poderiam exigir de Deus esta grande salvação, pois ela é fruto da graça e misericórdia do Senhor (Lm 3.22; Jo 1.18; 3.16; At 17.30; Ef 2.8,9; Tt 2.11). No entanto, mesmo pela graça, esta salvação só pode ser alcançada por meio da fé em Cristo (Mc 16.15,16; Rm 10.9-13; Gl 2.15,16; Ef 2.8,9). A salvação é, sem dúvida nenhuma, a maior dádiva outorgada por Deus à humanidade (Jo 3.16; Ef 2.5-8). O termo “salvação” vem do grego “soteria”, e significa “libertação de um perigo iminente”.
Paulo que utilizou o grandioso exemplo da humildade de Cristo para tratar do assunto da ‘unidade’ dos irmãos, reutiliza o mesmo exemplo para abordar outro assunto: o desenvolvimento da salvação dos crentes de Filipos. Assim, Paulo exorta aos filipenses: “De sorte que, meus amados, assim como sempre obedecestes, não só na minha presença, mas muito mais agora na minha ausência, assim também operai a vossa salvação com temor e tremor” (Fp 2.12). A primeira coisa que observamos neste versículo é a ênfase de Paulo sobre a obediência dos irmãos de Filipos: “como sempre obedecestes”. A igreja de Filipos era uma igreja de muitas virtudes (virtude - disposição constante de praticar o bem e evitar o mal), prova disto é que Paulo já havia mencionado o amor e a generosidade dos irmãos filipenses (Fp 19,16; 4.15,16), e agora menciona sua obediência. O Apóstolo desejava que eles utilizassem esta obediência no desenvolvimento da salvação deles, por isso disse: “assim também operai a vossa salvação”. Paulo sabia que, embora a salvação fosse algo de origem divina, o homem não está passivo ante a sua salvação (Mt 24.13; Jo 3.16-18; Hb 2.3; 1 Jo 1.9). O Apóstolo Pedro, tendo o mesmo entendimento de Paulo, disse: “Portanto, irmãos, procurai fazer cada vez mais firme a vossa vocação e eleição. Pois fazendo isto, nunca jamais tropeçareis” (2 Pe 1.10). O Apóstolo Pedro está ratificando a palavra de Paulo afirmando que, o processo de salvação é tanto responsabilidade humana, como ação divina. Portanto, dentro deste processo que abrange cinco aspectos, destacaremos apenas três: Justificação, Santificação e Glorificação. Vejamos:

Justificação – esta palavra é oriunda do hebraico tsadik e do grego dikaios. E significa “ato de declarar justo”. Processo judicial que se dá junto ao Tribunal de Deus, através do qual o pecador que aceita a Cristo é declarado justo (Rm 5.1). Ou seja: passa a ser visto por Deus como se jamais tivera cometido qualquer pecado (Rm 5.1).

Santificação – esta palavra é oriunda do hebraico qõdesh e do grego hagiazõ. E significa “separação do mal e do pecado, e dedicação para o serviço de Deus”. É a forma pela qual o filho de Deus aperfeiçoa-se à semelhança do Pai Celeste (Lv 11.44). A santificação só é possível através da Palavra de Deus e mediante o sangue de Cristo (Jo 17.17; 1 Jo 1.7).

Glorificação - esta palavra é oriunda do grego doxologia. E significa “louvor; elogio”. No Plano de Salvação, a glorificação é a etapa final a ser atingida por aquele que recebe a Cristo como Salvador e Senhor de sua vida (Rm 8.17). Portanto, para chegarmos até esta etapa ou fase do plano salvífico, é imprescindível atentarmos para o que diz o autor da Carta aos Hebreus: “Segui a paz com todos, e a santificação; sem a santificação ninguém verá o Senhor” (Hb 12.14). Infielmente, esta é uma da Doutrinas Biblicas mais negligenciadas de nossos dias!

No verso 13, diz o Apóstolo Paulo: “Porque Deus é o que opera em vós tanto o querer como o efetuar, segundo a sua boa vontade”. Muitos utilizam esta referência para afirmar que a salvação é seletiva; porém, não é isto que Paulo está dizendo, pois ao escrever para seu filho na fé, disse: “o qual deseja que todos os homens se salvem, e venham ao conhecimento da verdade. Porque há um só Deus, e um só Mediador entre Deus e os homens, Cristo Jesus, homem, o qual se deu a si mesmo em resgate por todos, para servir de testemunho a seu tempo” (1 Tm 2.4-6). O Apóstolo João ratifica Paulo ao dizer: “Ele é a propiciação pelos nossos pecados, e não somente pelos nossos, mas também pelos de todo mundo” (1 Jo 2.2). Mas, deixemos o Dr. F. Davison, explicar este versículo: “A base da admoestação está inspiradamente afirmada na frase Porque Deus é o que opera em vós (13), isto é, "habilita-vos". A ênfase, portanto, recai sobre a palavra Deus. No grego ela vem colocada em primeiro lugar. Não é Paulo quem é dinâmico, nem qualquer ideal elevado deles mesmos, que podem operar e completar a salvação. É Deus apenas. A graça divina interior procede para com ambas a vontade e a ação, de modo semelhante. Deste modo, tanto o querer como o efetuar são operações da graça divina, produzidas pela boa vontade de Deus (13). O apóstolo emprega o mesmo vocábulo grego eudokia, em Fp 1.15, para descrever a atitude de outros para com ele mesmo.

Aqui ele o emprega, como em Ef 1.5,9; 2Ts 1.11, para significar o beneplácito da vontade de Deus. O propósito da exortação aos filipenses para que operem sua própria salvação é no sentido de que vos torneis irrepreensíveis e sinceros filhos de Deus inculpáveis (15). Este deve ser o desígnio deles e o alvo da Providência divina. A vida dos filipenses na sociedade dos santos deve ser unificante, trazendo unidos cada indivíduo, família ou grupo, e não dispersiva, devido às ofensas”. Portanto, é Deus quem nos concede a salvação e deseja que todos receba-a, porém, não nos força a aceitá-la. Pois Ele, diz as Escrituras: “Pois para Deus não há acepção de pessoas” (Rm 2.11). Quem disse isto foi Paulo! E Pedro confirmou em Atos 10.34!


II. OPERANDO A SALVAÇÃO COM TEMOR E TREMOR (2.12-16)
Depois de exortar aos irmãos de Filipos a “operai a vossa salvação”, Paulo assevera a eles que o façam com “temor e tremor”. E acrescenta: “Fazei todas as coisas sem murmurações nem contendas” (Fp 2.14). Observemos que o problema da falta de unidade da igreja de Filipos (de alguns membros), por causa do sectarismo e do individualismo era grave (como vimos na lição 03). Por isso, Paulo adverte a esses irmãos a evitarem a murmuração e a contenda. O termo “murmuração” vem do grego “goggusmos” e significa “queixume, desprazer, sussurros de descontentamento. Paulo era ciente do mal que a murmuração significava para comunhão da igreja, pois além de causar descontentamento e desajustes, ela geralmente culminava em rebelião contra a liderança da igreja. Por essa razão, Paulo condena tal prática exortando aos irmãos que sejam “irrepreensíveis e sinceros”, que tenham um comportamento de “filhos de Deus”. De forma que o testemunho de vida deles possa resplandecer como “astros no mundo” (Mt 5.16). Assim, Paulo reprova aqueles que estavam portando-se como os da sua época (geração), a quem Paulo denomina de “corrompida e incrédula”. Portanto, como salvos em Cristo, devemos ter uma postura completamente diferente da do mundo (Rm 12.2; Ef 5.7-12; Tg 4.4; 1 Jo 2.17). O comportamento requerido por Paulo deles é esse: “retendo a Palavra”. Isto é, vivendo os ensinamentos de Cristo por Paulo ministrado a igreja. Nas palavras do Apóstolo Tiago: “E sede cumpridores da Palavra, e não somente ouvintes, enganando-vos a vós mesmos” (Tg 1.22). É nosso dever, como filhos de Deus, como enfatiza Paulo, aprendermos a vivermos em união, a perdoarmos aos nossos ofensores, a amarmos aos que nos odeiam, a respeitarmo-nos uns aos outros (Sl 133; Mt 5.43-48; Lc 6.27,28; Mc 11.25,26; 2 Co 13.11). Essa é forma em que Paulo deseja ver desenvolvida a salvação daqueles irmãos, para que não aconteça o que eles mais se receia: “não ter corrido nem trabalhado em vão”. Viver a Palavra é nosso dever de filhos (as)!


III. A SALVAÇÃO OPERA O CONTENTAMENTO (2.17,18)
Agora, Paulo assevera aos irmãos de Filipos: “E, ainda que seja oferecido por libação sobre o sacrifício e serviço da vossa fé, folgo e me regozijo com todos vos”. Paulo faz notória aquela igreja, lembrando-a, tudo que ele padeceu por ela (At 16). De forma que, todo sofrimento que Paulo padeceu para que existisse a igreja de Filipos, lhe traz um forte sentimento de contentamento. Mas, que é contentamento? Segundo Aurélio, o contentamento é um sentimento de prazer; de alegria. Por isso, se for preciso, Paulo diz que: “ainda que seja oferecido por libação”. A libação era o derramamento de vinho, sangue ou um licor em honra de qualquer nome ou divindade (Êx 25.29; 29.40). Logo, Paulo estava dizendo que estava pronto para derramar a sua vida em prol do “sacrifício e serviço da vossa fé”, e que o fará com muito prazer, com muita alegria: “folgo e me regozijo com todos vos”. Vemos neste gesto do Apóstolo, que ele de fato estava imitando a Cristo (Fp 2.17 cf Ef 5.25-17), e demonstrando o quanto amava aquela igreja. Assim, Paulo preocupa-se em que sua disposição motivada por seu contentamento, gere nos irmãos filipenses algum tipo de tristeza. Por isso, estimula e, ao mesmo tempo, convida-os a que este ato de Paulo seja também motivo de alegria para a igreja de Filipos. Diz o Apóstolo: “E vos também regozijai-vos e alegrai-vos comigo por isto mesmo”. Sua morte, se ocorresse, deveria ser motivo de alegria para os filipenses. Tal contentamento de Paulo é tão contagiante que nos leva a refletir nossas ações! Estamos desenvolvendo a nossa salvação? Como anda o nosso contentamento? Estamos motivados por tal contentamento, a ponto de padecermos em prol do Reino de Deus? Se a resposta não for positiva, então, está na hora de orarmos como o salmista: “Torna a dar-me a alegria da tua salvação, e sustém-me com um espírito voluntário” (Sl 51.12). A alegria é a segunda virtude das nove que formam o fruto do Espírito, que cultivemos essas virtudes em nossas vidas (Gl 5.22,23), pois elas revelam que tipo de árvore nós somos! Amém!


CONCLUSÃO
Diante do exposto, só nos resta aplicar em nossas vidas as muitas lições aprendidas nesta aula. Que não descuidemos da nossa salvação, mas antes, que sigamos a exortação de Paulo e desenvolvamos a mesma exercitando as virtudes dela advindas. O fruto do Espírito é a marca daquele que, de fato, é nova criatura. Por isso, cultivemos esse fruto através do estudo e meditação da Palavra de Deus, da oração, da comunhão, etc. As murmurações e contendas em nosso meio na atualidade são provas de que não estamos retendo a Palavra. Sem a Palavra em nossas vidas, não há como haver virtudes cristãs em nossas vidas! Reflita! E que Deus em Cristo abençoe a todos!!



REFERENCIAS 
ANDRADE, Claudionor Corrêa de. Dicionário Teológico. CPAD.
ANDRADE, Claudionor Corrêa. Lições Biblicas (4º trimestre/ 2006) CPAD.
 DAVISON, Francis. O novo comentário da Bíblia. VIDA NOVA.


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