sexta-feira, 15 de novembro de 2013

LIÇÃO 07 – CONTRAPONDO A ARROGÂNCIA COM A HUMILDADE



Pv 8.13-21 



INTRODUÇÃO
Uma das principais características dos Provérbios de Salomão são os contrastes. Em todo o livro, encontramos as diferenças entre o sábio e o tolo; o prudente e o insensato; o trabalhador e o preguiçoso, dentre outros. Nesta lição, estudaremos um dos principais temas contrastados nos Provérbios: arrogância e humildade, onde veremos as definições das palavras, de acordo com os termos originais; alguns exemplos bíblicos de pessoas arrogantes e de pessoas humildes; e um breve resumo dos ensinos acerca desses dois temas.


I – DEFINIÇÃO DE ARROGÂNCIA E HUMILDADE
1.1 Arrogância. Aurélio define arrogância como: “orgulho que se manifesta por atitudes altivas e desdenhosas”. O termo deriva-se do hebraico zadôn e significa “altivez”, “orgulho” ou “soberba” (Ml 3.15; 4.1; Sl 119.51,69,78,122; Jr 43.2). O orgulho é um pecado (Pv 21.4) e é abominável diante de Deus (Pv 6.16). No NT o termo é alazonia, que é traduzido por “soberba” (I Jo 2.16) ou “orgulho” (I Tm 3.6). O orgulho foi o principal fator na queda de Lúcifer (Is 14.12) e é uma das características dos ímpios nos últimos dias (II Tm 3.2).

1.2 Humildade. Segundo o dicionário Aurélio, humildade significa: “ausência completa de orgulho, rebaixamento voluntário por um sentimento de fraqueza ou respeito; praticar a humildade, modéstia, pobreza”. O termo deriva-se do hebraico ãnãw, que quer dizer “humilde” e ãnãwâ que significa “humildade” (Jó 22.29; Sl 10.12; 138.6; Pv 11.2; 14.21; 15.33; 16.19; 18.12). Nas páginas do Novo Testamento o termo é tapeinos, que significa “humilde” (Mt 11.29; Lc 1.52; Rm 12.16; II Co 7.6; Tg 4.6; I Pe 5.5). A humildade está associada a uma consciência de que tudo que temos ou somos vem do Senhor. Por isso, o livro de Provérbios nos exorta a trilhar o caminho da humildade (Pv 15.33; 18.12; 22.4); e, o apóstolo Pedro diz que devemos nos revestir de humildade (1 Pe 5.5).


II – CONTRAPONDO A ARROGÂNCIA COM A HUMILDADE
A palavra contrapor, segundo Aurélio, significa “confrontar” ou “apresentar em oposição”. Logo, contrapor a arrogância com a humildade significa confrontar esses dois sentimentos com a Palavra de Deus. Quando isto fazemos, percebemos que o primeiro é maléfico (Rm 1.30; II Tm 3.2; Tg 4.6), enquanto o segundo é benéfico (Ef 4.2; Fp 2.3; Cl 3.12); o primeiro nos assemelha ao Diabo (Ez 28.14-19; Is 14.12-15), enquanto o segundo a Cristo (Mt 11.29; Jo 13.1-12;); o primeiro precede a ruína (Pv 11.2; 16.18; 16.5), enquanto o segundo a honra (Pv 15.33; 29.23).


III - EXEMPLOS BÍBLICOS DE ARROGÂNCIA E HUMILDADE
3.1 Exemplos de arrogância.
Ø  Lúcifer. Ele era um querubim ungido, perfeito em seus caminhos e coberto de pedras preciosas (Ez 28.13-15). Mas, elevou-se o seu seu coração por causa de sua formosura (Ez 28.17) e ele desejou ser semelhante ao Altíssimo (Is 14.12-14). Como consequência, ele foi lançado fora do Monte Santo e da presença de Deus (Ez 28.16). Ele era a estrela da manhã (Is 14.12), mas tornou-se o príncipe das trevas (Mt 12.24). Por isso, alguns teólogos costumam afirmar que o orgulho é o “pecado dos pecados”, pois foi ele que transformou um anjo no Diabo (Is 14.12-15).

Ø  Senaqueribe. O exército assírio, depois de conquistar o Reino do Norte, subiu contra as cidades fortes de Judá (II Rs 17.6; 18.13). Senaqueribe, o rei assírio, escreveu cartas ao rei Ezequias e enviou também a Rabsaqué, seu principal oficial, a Jerusalém para persuadir os homens de Judá a desistirem de lutar (II Rs 18.17-36; II Cr 32.9-19; Is 36.2-22). Mas, Deus enviou um anjo que matou 185 mil soldados assírios, e depois, ele foi morto pelos seus próprios filhos (II Rs 18.35-37; II Cr 32.21-23; Is 37.36-38).

Ø  Nabucodonosor. Nos dias de Daniel, Nabucodonosor era o rei do maior império da época. Certa ocasião, quando ele passeava no palácio real de Babilônia, disse: “Não é esta a grande Babilônia que eu edifiquei para a casa real, com a força do meu poder, e para glória da minha magnificência?” (Dn 4.30). Deus, então, o sentenciou e ele foi tirado dentre os homens, passou a comer erva como os bois, o seu corpo recebeu orvalho do céu, cresceu pêlos sobre si e suas unhas cresceram como as das aves (Dn 4.33). Quando ele reconheceu que o poder e a soberania pertence única e exclusivamente a Deus, foi restabelecido o seu reino e sua glória foi acrescentada (Dn 4.35,36).

3.2 Exemplos de humildade.
Ø  Abraão. Quando houve a contenda entre os pastores de gado de Abraão e Ló, o patriarca disse a seu sobrinho: “Ora, não haja contenda entre mim e ti e entre os meus pastores e os teus pastores... Aparta-te de mim; se escolheres a esquerda, irei para a direita; e, se a direita escolheres, eu irei para a esquerda” (Gn 13.7-9). Mesmo sendo o detentor das promessas de Deus e sendo mais velho e superior ao seu sobrinho Ló, ele permitiu que este escolhesse o seu caminho. Além disso, quando intercedeu ao Senhor por seu sobrinho Ló, ele disse que era pó e cinza (Gn 18.27).

Ø  Daniel. Apesar de ser honrado por diversos reis em Babilônia (Dn 2.48,49; 5.29; 6.28), ele nunca se envaideceu, nem se considerou superior aos demais cativos e jamais se esqueceu de suas origens (Dn 6.10). Quando fez a oração de confissão e intercessão (Dn 9.1-22), ele confessou os pecados da nação, como se fossem dele: “Pecamos, e cometemos iniquidade, e procedemos impiamente, e fomos rebeldes, apartando-nos dos teus mandamentos e dos teus juízos e não demos ouvidos aos teus servos, os profetas...” (Dn 9.4-6).

Ø  Jesus. Apesar de ser o próprio Deus, ele abriu mão de suas prerrogativas divinas para tornar-se um homem simples e humilde, limitado pelo tempo e espaço (Fp 2.5-11). Além disso, ele veio ao mundo, não para ser servido, mas, para servir (Mc 10.45) e lavou os pés dos discípulos (Jo 13.1-12). Mas, sua humildade chega ao seu ponto mais alto, quando ele sofreu as mais terríveis afrontas por parte dos escribas e fariseus, bem como dos soldados romanos, sem reagir (Mt 26.66-68; 27.28-35) e morreu como uma ovelha muda (Is 53.7). Por isso, ele pôde dizer: “aprendei de mim que sou manso e humilde de coração” (Mt 11.29).


IV – ENSINOS SOBRE ARROGÂNCIA E HUMILDADE EM PROVÉRBIOS
4.1 Sobre a soberba:
Ø  “Vindo a soberba, virá também a afronta...” (Pv 11.2). A soberba conduz a afronta. A Bíblia está repleta de exemplos: Golias desafiou o exército de Israel (I Sm 17.8-10); Hamã desejou exterminar Mardoqueu e o povo judeu (Et 3.6-15); o rei Belsazar tomou vinho juntamente com seus oficiais, suas mulheres e concubinas nos utensílios da casa de Deus (Dn 5.23).

Ø  “A soberba precede a ruína, e a altivez do espírito precede a queda” (Pv 16.18). O fim do soberbo é sempre trágico. Golias foi morto por Davi, um pastor de ovelhas (I Sm 17.48-54); Hamã conduziu Mardoqueu pelas ruas da cidade, gritando: “assim se fará ao homem cuja honra o rei se agrada”, e, depois, foi morto na forca que preparou para Mardoqueu (Et 6.11; 7.10); e o rei Belsazar foi morto pelos caldeus na mesma noite que bebeu vinho nos utensílios do templo (Dn 5.30).

Ø  “Abominável é para o Senhor todo altivo de coração” (Pv 16.5). A palavra abominar deriva-se do hebraico: nã'ats e significa “desprezar”, “rejeitar”, “abominar”. Também tem o sentido de “aborrecer”, “detestar” e “odiar”. Deus abomina o orgulho porque conduz o homem a uma falsa sensação de independência, auto suficiência e superioridade aos demais; sentimentos estes, condenados na Palavra de Deus (Pv 6.17; 8.13; Ob 1.3; Lc 14.11; At 17.28; Fp 2.3).

4.2 Sobre a humildade:
Ø  “... com os humildes está a sabedoria” (Pv 11.2). A sabedoria, de acordo com a Palavra de Deus, não consiste em palavras e discursos, e sim, no modo de viver e de pensar em conformidade com a vontade de Deus. Por isso, a sabedoria não está, necessariamente, com os filósofos, pensadores e oradores, e sim, com aqueles que praticam a Palavra de Deus, ou seja, os humildes (Pv 15.33; 16.19; 22.4).

Ø  “... diante da honra vai a humildade” (Pv 15.33). Assim como a soberba precede a queda, a humildade precede a honra. Por isso, o Senhor Jesus ensinou que quando formos convidados a uma festa, não deveríamos ocupar os primeiros lugares, para não acontecer de chegar um convidado mais honrado que nós e tivéssemos que ceder o lugar para ele; e sim, que ocupássemos os últimos lugares (Lc 14.7-14). A Palavra de Deus nos exorta a sermos humildes e vivermos em humildade (Mq 6.8; Mt 18.14; Ef 4.2; Fp 2.3; Tg 4.6).

Ø  “... o humilde de espírito obterá honra” (Pv 29.23). Uma das promessas bíblicas para aqueles que são humildes, é que eles obterão honra. A Bíblia está repleta de exemplos. Moisés, Gideão, Saul e Jeremias se sentiram incapazes de atender ao chamado divino; mas, Deus os honrou e os capacitou, e eles se tornaram libertador, juiz, rei e profeta de Israel (Êx 3.11-22; Jz 6.15-40; I Sm 9.21-10.27; Jr 1.6-12). O centurião, que disse que não era digno de receber Jesus debaixo do seu telhado; e a mulher cananeia, que disse a Jesus que “Os cachorrinhos também comem das migalhas” tiveram o seu pedido atendido (Mt 8.8-13; 15.21-28). 


CONCLUSÃO
Como pudemos ver, a soberba, o orgulho e a arrogância são sentimentos que Deus abomina. Lúcifer, Nabucodonosor, Senaqueribe, Golias, Hamã e Belsazar são apenas alguns, dos muitos exemplos bíblicos de pessoas que caíram por causa desse sentimento maléfico. Em contrapartida, encontramos nas páginas da Bíblia o antídoto contra esses sentimentos, que é a humildade. Que possamos, então, aprender com o Mestre, que é manso e humilde de coração (Mt 11.29).



REFERÊNCIAS
ü  CHAMPLIN, R. N. Dicionário de Bíblia, Teologia e Filosofia. HAGNOS.
ü  Harris, r. LAIRD, et al. Dicionário Internacional de Teologia do AT. VIDA NOVA.
ü  KIDNER, Derek. Provérbios, Introdução e Comentário. VIDA NOVA.
ü  STAMPS, Donald C. Bíblia de Estudo Pentecostal. CPAD.
ü  VINE, W.E, et al. Dicionário Vine. CPAD. 


Por Rede Brasil de Comunicação

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