terça-feira, 3 de maio de 2016

LIÇÃO 01 - A EPÍSTOLA AOS ROMANOS





Rm 1.1-7 



INTRODUÇÃO
Embora já tenhamos estudado a Epístola aos Romanos em dois trimestres anteriores (1998/2006), é sempre um grande prazer e também uma grande honra estudar esta magnifica carta. Assim, neste 2º trimestre de 2016, teremos como tema dos nossos estudos em Lições Bíblicas: “Maravilhosa Graça – O Evangelho de Jesus Cristo revelado na carta aos Romanos”, onde teremos a oportunidade de estudar, mais uma vez, a carta mais teológica e sistemática do Apóstolo Paulo que fora denominada de: O Evangelho da Justiça de Deus. Nesta primeira lição, destacaremos as informações gerais de Romanos, tais como: autoria, local, data, destinatário, tema, dentre outras; abordaremos também a estrutura literária de Romanos; e, por fim, veremos ainda a importância desta carta do ponto de vista: teológico, antropológico, histórico e ético. Desejo a todos um excelente trimestre!!

I. INFORMAÇÕES GERAIS SOBRE ROMANOS
Dentre as informações gerais que podemos destacar desta magnifica carta, temos:

1. Autor.
A Carta aos Romanos tem início com a identificação do nome de seu autor, Paulo (Rm 1.1). Em seus escritos, o Apóstolo geralmente segue este padrão (I Co 1.1; II Co 1.1; Gl 1.1; Ef 1.1; Fp 1.1; Cl 1.1; I Ts 1.1; II Ts 1.1; I Tm 1.1; II Tm 1.1; Tt 1.1; Fm 1.1). Ainda assim, alguns intérpretes questionam sua autoria. No entanto, as evidências internas (estilo, conteúdo, circunstâncias do autor) e externas (Eusébio, Irineu, Orígenes, Tertuliano e Clemente) atestam a autoria paulina.
Não há como negar a importância e a louvável contribuição deste servo de Deus para com causa do evangelho de Cristo, como o próprio Senhor revelara: “Vai! Este é para mim um vaso escolhido...” (At 9.15). A esse respeito, O Dr. Broadus Hale comenta: “Paulo é o autor de cerca da metade do Novo Testamento. Dos vinte e sete livros do Novo Testamento, pelo menos treze foram escritos por este único homem, e quanto aos quatorzes livros restantes, Paulo tem grande influência sobre Lucas (que escreveu os dois volumes de Lucas-Atos) e de algum modo está por trás da Epístola aos Hebreus”.
Realmente, depois de nosso Amado e Divino Mestre Jesus, o Apóstolo dos gentios aparece como o segundo maior doutrinador do Novo Testamento. Assim, acrescenta Hale: “Quando se reconhece que a maioria de suas cartas foram escritas antes de qualquer um de nossos Evangelhos canônicos, pode-se prontamente ver que Paulo, através de suas cartas, exerceu grande influência sobre o movimento cristão primitivo inteiro. Embora suas cartas tenham sido escritas para localidades e pessoas específicas, os problemas de que ele tratou eram universais em caráter e em princípio. O conselho que ele dava e suas interpretações teológicas e éticas dos ensinos do Senhor Jesus Cristo tornaram-se doutrinas básicas do cristia­nismo. Embora tenha havido outros homens de grande influência na formação da direção do cristianismo, nenhum exerceu maior influência que Paulo de Tarso”. É tão notória e verdadeiramente irrefutável a influência que o Apóstolo Paulo exerce no Novo Testamento que ele mesmo asseverou: “Sede meus imitadores, como também eu sou de Cristo” (I Co 11.1). Só sendo mesmo um ‘vaso escolhido’ para ter tanta autoridade assim! Logo, como duvidar de sua autoria?   

2. Local e Data.
Com base em Romanos 16.1, sabemos que o apóstolo encontrava-se em Corinto, quando escreveu a epístola, pois Cencréia era a cidade portuária vizinha de Corinto. Paulo estava hospedado na casa de Gaio (Rm 16.23), amigo a quem ele batizou em Corinto (1 Co 1.14). O apóstolo precisava ir a Jerusalém para levar os donativos levantados na Macedônia e na Acaia, para os irmãos pobres da Judeia. Pretendia depois ir para a Espanha, passando a Roma (Rm 15.22-30). À luz destes dados, os expositores do Novo Testamento são unânimes em afirmar que a epístola foi escrita em Corinto entre 57 e 58 d.C.

3. Destinatário.
Quanto ao seu endereçamento, o mesmo é bastante patente e notório nos versículos 7 e 15 do primeiro capítulo de Romanos. Em ambos, Paulo enfatiza que escrevera “a todos que estais em Roma” (1.5), e “a vós que estais em Roma” (1.15). Embora alguns questionem: Quem seria, pois, esses queestais em Roma?” Uns para afirmar que se trata dos judeus radicados, outros para afirmar que se trata dos cristãos gentílicos. O Apóstolo deixa claro que “o evangelho é o poder de Deus para a salvação de todo aquele que crê; primeiro do judeu, e também do grego” (Rm 1.16). Portanto, a carta foi destinada aos crentes, judeus e gentios, que constituíam a igreja de Roma (1.5,6; 2.14; 4.1; 7.1). Algo que é tanto óbvio como notório na referida carta!
Mas, você sabe dizer como surgiu à igreja de Roma? Bem, antes vamos conhecer um pouco da referida cidade! A cidade-reino de Roma foi fundada em 753 a.C, na re­gião do Lácio, e, após conquistar toda a Itália, veio a ser se­nhora do mundo. Passou a república em 509 a.C. Tornou-se império em 31 a.C. Os li­mites do império compreendiam 4.800km de leste a oeste, e 3.200km de norte a sul. População total: 120.000.000 de habitantes. Ia do Atlântico ao Eufrates, e, do mar do Norte ao Deserto Africano. Assim, a capital do Império Romano justificava sua prerrogativa de ser a cidade principal, maior que Atenas, Alexandria e Antioquia. Embora situada na parte ocidental do mundo romano, ela mantinha ligações íntimas com as áreas mais remotas de seu domínio. Roma era a figura dominante em todas as questões imperiais: políticas, sociais, militares, comerciais e religiosas.
Por causa de suas conquistas e empreendimentos comerciais, Roma era uma cidade de imensa riqueza. Pessoas de todas as partes do Império vinham a Roma para participar da vida extravagante na capital. Durante o primeiro século da era crista, acima de 1.500.000 pessoas habitavam em Roma, das quais 800.000 eram escravos. A riqueza e a cultura romanas exigiam uma multidão de escravos domésticos. As pessoas que vinham a Roma, fossem livres ou escravas, traziam com elas sua base cultural e religião próprios. Grande parte dessa cultura e religião foi assimilada na cultura romana, mas grande parte também permaneceu separada e distinta. Embora o latim fosse a língua oficial, a língua comumente falada em Roma e no Império era o grego, a língua universal do comércio e das nações, a língua franca da época. Só pelo terceiro e quarto séculos é que o latim substituiu o grego como a língua comum do Império.
Agora, sim, vejamos como surgiu a igreja de Roma. De modo contrário à tradição católica romana, a igreja de Roma não foi fundada por Pedro, nem por qualquer outro apóstolo. Logo, sua origem é desconhecida. No entanto, há um consenso entre os estudiosos de que nos dias do Novo Testamento, judeus devotos, bem como gentios prosélitos de todas as partes do Império Romano, compareciam a Jerusalém para a celebração da Festa de Pentecostes (At 2.1,10; 20.16). É possível que alguns dos convertidos, quando da descida do Espírito Santo no dia de Pentecostes, tenham levado, num trabalho pioneiro, o Evangelho de Cristo a Roma (At 2.1,10,37-41). Desse modo, podemos concluir que a igreja de Roma foi fundada por missionários anônimos. O Dr. Broadus Hale assim assevera: “a melhor solução para o problema acerca da fundação da igreja em Roma é que discípulos não identificados, aqueles que se converteram no Pentecostes (At 2), retornaram a Roma com os elementos básicos do evangelho, formando o núcleo de uma igreja”. Portanto, ainda que haja quem afirme que o casal Áquila e Priscila, que moravam em Roma (At 18.2; Rm 16.3), tenham começado o trabalho nessa cidade. Todavia, acerca disso não há nada de concreto.

4. Tema.
Em Romanos 1.16,17 está escrito: “Não me envergonho do evangelho, pois é o poder de Deus para salvação de todo aquele que crê; primeiro do judeu, e também do grego. Pois nele se descobre a justiça de Deus de fé em fé, como está escrito: Mas o justo viverá da fé”. Paulo faz notório o tema da carta mostrando aos Romanos que no Senhor Jesus a Justiça de Deus é revelada como solução à sua justa ira contra o pecado. Tal “justiça” aqui não é a justiça pessoal nem legal, mas a justiça com que Deus justifica os pecadores pela fé (Rm 3.21,22).
Esse plano de Deus para a salvação não é pelas obras, mas pela fé (Rm 3.24-26). “De fé em fé” significa sola fides — a fé somente. Não é de “fé em obras” ou “de obras em fé” nem tampouco “de obras em obras”. Toda a Epístola de Paulo aos Romanos gira em torno da “salvação pela fé”, pois “o justo viverá da fé” (1.17). Essa expressão significa que a salvação é pela fé (Ef 2.8,9; Tt 3.5). Esse é o tema da epístola.
Embora a referida carta seja a única na Bíblia a ter vários títulos, tais como: Evangelho Segundo Paulo, Evangelho do Cristo Ressurreto, Tratado Teológico Paulino, Mais Puro Evangelho, Principal das Epístolas Paulinas, etc. O título que o melhor define ao seu tema é: “O Evangelho da Justiça de Deus”.

5. Versículo-Chave.
Esta magnifica carta tem como versículo-chave o texto de Romanos 5.1, que diz: “Sendo, pois, justificados pela fé, temos paz com Deus por nosso Senhor Jesus Cristo”. Todos os crentes precisam compreender que, diante de Deus, são justificados mediante a obra de reconciliação efetuada por Jesus Cristo em seu favor. Agora, portanto, o crente tem nova vida segundo o Espírito e, andando em santificação, é conduzido à glorificação.

6. Resumo.
A Carta aos Romanos pode ser resumida através de seus elementos fundamentais, a saber: a justiça necessária, 1.18-3.20; a justiça providenciada, 3.21-8:39; a justiça vindicada, 9.1-11:36; a justiça praticada, 12:1-15.13. Em Romanos, Paulo nos diz sobre Deus, quem Ele é e o que tem feito. Ele nos fala de Jesus Cristo, o que sua morte alcançou. Ele nos diz sobre nós mesmos, o que éramos sem Cristo e quem somos depois de termos confiado em Cristo. Paulo recorda que Deus não exige que os homens endireitem suas vidas antes de virem a Cristo. Enquanto éramos ainda pecadores, Cristo morreu na cruz por nossos pecados.

7. Esboço.

INTRODUÇÃO
1. Saudações (1.1-7)
2. Compartilhar (1.8-15)
3. O tema (1.16,17)

I. A NECESSIDADE DE JUSTIÇA (1.18-3.20)
1. A rejeição histórica de Deus (1.18-32)
2. Os princípios do julgamento (2.1-16)
3. A culpa de todos (2.17-3.8)
4. A prova (3.9-20)

II. O DOM DA JUSTIÇA (3.21-5.21)
1. As bases do dom (3.21-26)
2. A função da fé (3.27-31)
3. A fé no Antigo Testamento (4.1-25)
4. A natureza do dom (5.1-11)
5. Os efeitos do dom (5.12-21)

III. JUSTIÇA VERDADEIRA CONCEDIDA (6.1-8.39)
1. Através da união com Cristo (6.1-23)
2. Liberto do pecado (7.1-6)
3. O relacionamento entre a lei e o pecado (7.7-25)
4. O fortalecimento pelo Espírito (8.1-11)
5. O Ministério adicional do Espírito (8.12-27)
6. Garantido pelo compromisso de Deus (8.28-39)

IV. A JUSTIÇA DE DEUS DEMONSTRADA NA HISTÓRIA (9.1-11.36)
1. No procedimento de Deus para com Israel (9.1-29)
2. No fracasso da fé de Israel (9.30-10.21)
3. No compromisso contínuo de Deus para com Israel (11.1-36)

V. A EXPRESSÃO DA JUSTIÇA DE DEUS NA PRÁTICA CRISTÃ (12.1-15.13)
1. Os relacionamentos do organismo (12.1-21)
2. Os relacionamentos civis (13.1-7)
3. Em expressão de amor (13.8-14)
4. No exercício da consciência (14.1-15.13)
a) Sem julgamento (14.1-13)
b) Sem ofensa (14.14-23)
c) Sem divisão (15.1-13)

CONCLUSÃO (15.14-16.27)
1. Os planos de Paulo (15.14-33)
2. Saudações pessoais (16.1-27)


II. ESTRUTURA LITERÁRIA DE ROMANOS
A Carta aos Romanos segue o modelo de outros documentos do primeiro século da era cristã. O Dr. Hale assim explica a estrutura de uma carta da época de Paulo: “A carta usual começaria com o nome do remetente e um título que o identificaria ao receptor, cujo nome também apareceria na saudação introdutória. Então seguiria a saudação normal de "alegria" ou "graça" (os judeus usavam o termo "paz"). Uma oração de graças e petição pelo receptor seria então escrita. Depois do corpo da carta, as saudações finais seriam escritas pela mão do remetente, se possível”. Se esta é a estrutura de uma carta da época, então por que chamamo-la de epístola? Ou, qual a diferença entre uma carta e uma epístola? É o que veremos agora!

1. Carta ou Epístola?
A escrita de cartas há muito fora usada como um meio de comunicação. Contudo, foi durante a época da Pax Romana que a escrita de cartas se tornou uma importante forma de comunicação. Elas não somente eram usadas para a comunicação oficial, comercial ou particular. A carta era também usada para fins de propaganda. "Cartas abertas" eram escritas para informar o público acerca de certos itens dignos de nota. Algumas dessas tinham o efeito dos modernos "boletins públicos." Cícero, um dos escritores romanos de cartas mais prolíficos (106 a.C.), fazia uma distinção entre as cartas que escrevia para uso particular e aquelas para uma leitura mais pública. Ele escreveu: "Vocês vêem, eu tenho uma maneira de escrever o que acho que será lido por aqueles a quem envio minha carta, e outra maneira de escrever o que acho que será lido por muitos".
Adolf Deissmann (Teológo Amelão) usou as palavras de Cícero, para demonstrar uma diferença definida entre as formas de uma "carta genuína" e uma "epístola". Ele procurou mostrar que uma "carta genuína" era pessoal e dirigida a uma pessoa referente a um problema da situação específica. Não haveria abso­lutamente nenhum pensamento acerca de ser feita uma leitura mais extensiva, a não ser por aqueles a quem a carta estava endereçada. "Epístolas", contudo, eram dispositivos literários com uma audiência maior de leitores em mente. A "epístola" era escrita sob o pretexto de ser uma "carta" pessoal, com a finalidade expressa de ser publicada. Isto quer dizer que o autor, enquanto endereçava a carta a uma pessoa ou entidade específica, não estava tanto escrevendo para essa pessoa ou entidade quanto estava usando a forma para fazer conhecido ao mundo seu argumento. Este gênero de escrita ou composição literária é deno­minado "epistolar".
Deissmann, com esta teoria, procurou mostrar que as "Epístolas" do Novo Testamento, e especial as de Paulo, eram, na verdade, "cartas particulares", e não "epístolas". É de maneira geral aceito hoje que Paulo não escreveu conscientemente neste sentido técnico. Ele escreveu para pessoas ou igrejas específicas, com problemas especí­ficos. Contudo, vê-se facilmente que as "cartas" de Paulo demonstram a autoridade apostólica consciente, que torna os conteúdos normativos para igrejas e pessoas de outras áreas e épocas. As "cartas" são bem construí­das, para demonstrarem um plano cuidadosamente elaborado. Elas são "cartas particulares" quanto ao tom, ao espírito e ao propósito; contudo, ao mesmo tempo, elas são obras-primas de composição. A extensão média das cartas particulares naquela época era de cerca de 90 palavras, e a epístola tinha a média de 200 palavras. A carta mais curta de Paulo, Filemom, tem 335 palavras, e a mais extensa, Romanos, 7.101. A média de Paulo é de cerca de 1.300 palavras para todas as suas cartas. Neste sentido, as cartas de Paulo não podem incidir dentro da categoria normal de uma carta regular. Os teores de suas cartas pressupõem algo além de uma carta particular normal. Deve ser acrescentado que os escritos de Paulo têm toda característica de uma "carta particular", mas a universalidade dos conteúdos fez com que eles fossem classificados sob o termo técnico de composições literárias conhecidas como "epístolas".

2. Recurso Literário.
Em Romanos, o modelo ou forma literária utilizada por Paulo é o Diatribes, que é um recurso literário onde o autor da carta faz uma exposição crítica a respeito de alguma obra. Segundo o Dicionário Online, o Diatribes é uma Crítica excessivamente rigorosa, severa e mordaz”. E ainda: “Discurso oral ou escrito que busca de modo violento afrontar, injuriar ou atacar”. Esse era um recurso usado pelos filósofos gregos tanto os estoicos como os cínicos. Desse modo, Paulo ao usá-lo busca dialogar com seus leitores sobre a salvação pela fé, agregando a esse recurso à oratória e a retórica (Ex. Rm 2.1-4). Todavia, além do recurso literário utilizado por Paulo, ele também se valeu de um amanuense chamado Tércio. Embora a autoria da carta seja de Paulo (Rm 1.1) foi Tércio quem a escreveu (Rm 16.22). Mas, o que é um amanuense? O Dr. Hale assim explica: “O secretário profissional entrou em proeminência durante a época do elevado interesse nas comunicações pessoais e comerciais. Nas famílias mais abastadas e em casas comerciais, provavelmente um escravo bem instruído seria o "secretário particular". Normalmente, contudo, a maior parte das cartas era escrita por um escriba profissional, chamado amanuense. Se a carta era um tanto extensa, o amanuense provavelmente colocaria o ditado numa forma de taquigrafia e posteriormente o transcre­veria numa forma mais requintada. O remetente então colocaria sua assinatura e encarregaria um mensageiro, através de quem a carta seria enviada. Se o mensageiro fosse um amigo de confiança, talvez o remetente lhe daria alguma outra informação ou instrução para entrega oral pessoal (ver Ef. 6:21,22; Cl. 4:7,8).
Como o secretário público era comumente pago pelo número de linhas, consistindo de dezesseis a vinte letras, a maioria das cartas eram bem curtas. A tinta era geralmente de tipo inferior e tinha que ser molhada constantemente. O papel era de papiro, numa forma enrolada. O amanuense escrevia no rolo de papiro e o cortaria no número de "páginas" necessárias. As cartas de uma página seriam, então, enroladas e dobradas, depois amarradas e seladas com cera”.

3. Conteúdo.
Romanos é a Epístola de Paulo mais longa, mais teológica e mais influente. Talvez por essa razões foi colocada em primeiro lugar entre as do apóstolo. Desse modo, Paulo trata de temas bem específicos, como: A pecaminosidade do homem, A salvação de Deus, A justificação pela fé, A graça divina, entre outros temas. Vejamos, então, como Paulo aborda o conteúdo desta sublime carta: Primeiro, o Apóstolo destaca o fato de que o problema do pecado e a necessidade humana da justificação são universais (1.18-3.20); assim, ninguém será justificado à parte do dom da justiça, mas mediante a fé em Jesus Cristo (3.21-4.25). Paulo deixa patente que tanto judeus como gentios são justificados generosamente pela graça de Deus (5), e o crente demonstra que recebeu o dom divino da justificação, ao morrer com Cristo para o pecado (6). Somente assim, é liberto da luta com a justiça da lei (7), e é adotado como filho de Deus, recebendo nova vida segundo o Espírito, o que o conduz à glorificação (8.18-30). O Apóstolo revela que Deus está levando a efeito o seu plano da redenção, a despeito da incredulidade de Israel (9-11). E conclui declarando que uma vida transformada em Cristo resulta na prática da retidão e do amor em todos os aspectos da vida social, civil e moral da pessoa (12-14). Finaliza, então, expondo seus planos pessoais (15), e uma longa lista de saudações pessoais, uma última admoestação e uma doxologia (16). Em suma, podemos assim resumir o conteúdo da carta aos Romanos:

ü  A manifestação da justiça de Deus mediante a fé (Rm 1.18-4.25);
ü  A ação santificadora do Espírito Santo no processo da salvação (Rm 5.1-8.39);
ü  A teologia paulina sobre o tratamento de Deus com Israel (9-11);
ü  O lado prático do Evangelho na transformação de vidas (12-15.13);
ü  As recomendações finais (15.14-16.27).

4. Propósito.
Embora os estudiosos apontem não apenas um único propósito, mas vários na epístola em estudo. A maioria deles, contudo, concordam que há pelo menos dois propósitos principais: 1) Missionário – O Apóstolo se apresentaria à igreja para remover suspeitas contra ele levantadas pelo partido judaico de Jerusalém a fim de impedi-lo a chegar à Europa, na Espanha (15.15-24). 2) Doutrinário – Expor os direitos e privilégios da salvação tanto dos judeus quanto dos gentios, pois, em Cristo, não haveria mais judeu nem grego, mas uma pessoa somente nascida de novo em Jesus Cristo (1.11,12; 14.1-10). Portanto, segundo o Dr. Hale, todas as declarações do propósito estão ligadas, de algum modo, com a situação histórica. Paulo tem que ir a Jerusalém, antes de poder, possi­velmente, chegar a Roma e ser enviado a caminho da Espanha. Assim, ele escreveu esta epístola para preparar os cristãos de Roma para uma visita posterior, esclarecer sua posição em suas mentes e lançar o alicerce para uma discussão das áreas problemáticas, quando de sua chegada.


III. A IMPORTÂNCIA DE ROMANOS
A Epístola aos Romanos é de tão sublime relevância que no decorrer da história influenciou muitas vidas. Dentre as muitas vidas influenciadas podemos citar: Jonh Wesley – Grande avivalista britânico do século XVIII, fundador da Igreja Metodista, afirma que tudo começou com Romanos; Agostinho de Hipona – Este testemunhou, em 386 d.C. que Romanos 13.13 mudou sua vida; Martinho Lutero – “Fundador da civilização protestante”. Disse que se apenas o Evangelho de João e a Epístola aos Romanos tivessem sobrevivido seriam o suficiente para preservar o Cristianismo. Este fez uma exposição de Romanos aos seus alunos, de novembro de 1515 a setembro de 1516. Para ele, Romanos é a epístola da Reforma Protestante. Assim, qualquer cristão que compreender Romanos jamais será a mesma pessoa.
Além desses testemunhos que evidenciam a importância e relevância de Romanos, observemos também alguns aspectos principais na Epístola aos Romanos. A doutrina da salvação é apresentada dentro de quatro itens essenciais: o teológico (1.18-5.11); o antropológico (5.12-8.39); o histórico (9.1-11.36) e o ético (12.1-15.33). Esse plano alcança toda a obra e contém verdades incontestáveis e irremovíveis.   

1. Na esfera Teológica (1.18-5.11). Paulo apresenta a condição perdida dos homens, sem a mínima possibilidade de salvação por méritos próprios. Logo depois, Cristo é a solução, visto que, por meio de sua morte, todos podem ser justificados da condenação. O pecador é justificado mediante a obra expiatória de Cristo Jesus.

2. Na esfera Antropológica (5.12-8.39). Nestes textos a vida assume nova perspectiva. A ilustração do primeiro e segundo Adão coloca o crente de frente a uma nova realidade espiritual. O primeiro Adão foi vencido pelo pecado, mas o segundo o venceu por todos os homens. Em Cristo, o homem assume um novo regime de vida sob a orientação do Espírito Santo.

3. Na esfera Histórica (9.1-11.36). Paulo destaca a questão da rejeição de Israel ao plano divino. A doutrina da salvação é apresentada de forma explícita. Um grupo de judeus cristãos, ainda amarrado às exigências da religião judaica, queria impor sobre os gentios convertidos os mesmos requisitos exigidos pela lei mosaica. Entretanto, Paulo apresentou a obra salvadora de Cristo com sentido universal, extensiva a todos os homens.

4. Na esfera Ética (12.1-15.33). Paulo apresenta algumas implicações do Evangelho para a vida diária. Responsabilidades éticas para com a igreja, a família e a vida material são colocadas em destaque.


CONCLUSÃO
Nesta primeira lição, sendo a mesma uma lição introdutória, tivemos oportunamente uma visão panorâmica da Epístola aos Romanos. Na qual, a Justiça de Deus é a revelação fundamental do Evangelho. Através de Romanos, o cristão pode compreender melhor o que Deus fez em seu favor mediante Jesus Cristo. Por isso, você deve, em primeiro lugar, ler a referida epístola repetida vezes, com oração e humildade, para adquirir o entendimento do que o apóstolo quer dizer com lei, graça, fé, justiça, carne, espírito, etc. Aliás, esses temas serão abordados nas próximas lições! Deus abençoe!!



REFERÊNCIAS
Ø  HALE, Broadus David. Introdução ao Estudo do Novo Testamento. JUERP.
Ø  CABRAL, Elienai. Romanos: O Evangelho da Justiça de Deus. CPAD.
Ø  STAMPS, Donald. Bíblia de Estudo Pentecostal. CPAD.
Ø  GILBERTO, Antônio. A Bíblia Através dos Séculos. CPAD.
Ø  GONÇALVES, José. Lições Bíblicas. (2º Trimestre/2016). CPAD.
Ø  LIRA, Eliezer. Lições Bíblicas. (1º Trimestre/2006). CPAD.
Ø  SOARES, Esequias. Lições Bíblicas. (2º Trimestre/1998). CPAD.
Ø  Ensinador Cristão. nº 66. CPAD.
Ø  SITES: http://www.dicio.com.br/diatribe/ 

Por Amigo da EBD.


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