quinta-feira, 26 de dezembro de 2019

LIÇÃO 10 – O PECADO DO HOMEM SEGUNDO O CORAÇÃO DE DEUS (SUBSÍDIO)


  




2 Sm 11.1-18




INTRODUÇÃO
Um das coisas mais importantes da narrativa bíblica é sua imparcialidade ao contar a história dos personagens bíblicos, tanto destacando seus acertos e feitos heroicos quanto seus erros. Nesta lição, introduziremos o assunto definindo a palavra pecado; destacaremos algumas falhas cometidas por Davi, o homem segundo o coração de Deus; elencaremos quais os passos que deu e que o levaram a queda espiritual; pontuaremos as subsequentes atitudes erradas para tentar reparar o seu erro, e, por conseguinte quando confrontado pelo profeta quais as atitudes certas que tomou a fim de se reconciliar com Deus; e por fim, finalizaremos falando a respeito das atitudes de Saul e de Davi ante o seu pecado.


I. DEFINIÇÃO DA PALAVRA PECADO
A palavra “pecado” segundo o dicionário significa: “desobediência a qualquer norma ou preceito” (HOUAISS, 2001, p. 2160). Teologicamente pode ser definido como “transgressão deliberada e consciente das leis estabelecidas por Deus” (ANDRADE, 2006, p. 295). A palavra hebraica “hatah” e a grega “hamartia” originalmente significam: “errar o alvo, falhar no dever” (Rm 3.23). Existem outras várias designações bíblicas para o pecado e cada palavra apresenta a sua contribuição para formar a descrição completa desta ação. Em um sentido básico pecado é: “a falta de conformidade com a lei moral de Deus, quer em ato, disposição ou estado” (CHAVES, 2015, p. 128). Podemos afirmar ainda que: “O pecado é a transgressão da Lei de Deus” (1 Jo 3.4). No grego o termo “hamartia” sugere a ideia de “fracassar”, “errar o alvo” ou “desviar-se do rumo”. Porém, o termo também sugere alguém que erra o alvo propositadamente; ou seja, que atinge outro alvo intencionalmente (CABRAL, 2008, p. 302).


II. A BÍBLIA REGISTRA AS FALHAS DE DAVI
Embora a Bíblia destaque as muitas qualidades de Davi (1Sm 16.18), e acrescente dizendo que ele foi chamado o “homem segundo o coração de Deus” (1Sm 13.14; At 13.22); ela não oculta ou encobre as suas falhas, evidenciando assim sua imparcialidade e também um dos seus objetivos que é de ensinar as gerações futuras através dos erros cometidos pelos personagens bíblicos, até os mais célebres, a fim de que não caiamos na mesma situação (Rm 15.14; 1Co 10.11). Podemos notar algumas destas falhas cometida por Davi: a) Tentou conduzir a arca com animais e não com os levitas (2Sm 6.1-10); b) adulterou com a mulher de Urias (2Sm 11.1-5); c) planejou a morte de Urias (2Sm 11.6-17); e, d) numerou o povo (recenseamento) de maneira puramente orgulhosa (1Cr 21.1 ver ainda 2Sm 24.1).


III. OS PASSOS QUE LEVARAM DAVI AO MAIS HORRENDO PECADO
Davi estava vivendo um dos melhores momentos de sua vida e de seu reinado tais como: a) Tinha um exército respeitado (2 Sm 8-10); b) as fronteiras haviam sido  ampliadas (2Sm 5.6-12); c) tinha uma linda casa nova (2Sm 5.11); e d) planejava para construir o templo do Senhor (2Sm 7). Porém, como acontece geralmente com todas as pessoas, a queda de Davi não foi repentina, mas gradual, pois algumas brechas começaram a se abrir em sua vida espiritual. Vejamos:

1. A ociosidade.
A pessoa que estar ociosa é o mesmo que desocupada; inativa; preguiçosa; indolente; com ausência de disposição; falta de empenho; preguiça. Como o reinado estava consolidado, possivelmente Davi achou que não havia necessidade de ir à batalha com seu exército. Mas, o maior  erro dele não foi ficar em Jerusalém. Além de ficar no palácio desocupadamente, o rei foi passear no terraço da casa real em plena guerra (2Sm 11.1,2). As maiores tentações que o crente enfrenta, não são aquelas que lhe sobrevêm quando ele está à frente da peleja, e sim, quando está vivendo ociososamente e isto o torna vulnerável. A Bíblia exorta a fugir da aparência do mal (1Ts 5.22), e vigiar para não cairmos em tentação (1Co 10.12,13).

2. A cobiça.
A cobiça é o mesmo que ganância; cupidez; avidez; ambição; inveja e desejo desmedido por aquilo que é do outro. Enquanto passeava, Davi viu Bate-Seba que estava se banhando (2Sm 11.2). Ao vê-la, Davi a cobiçou, pois era uma mulher muito formosa (2Sm 11.2,3). O pecado da cobiça leva o homem à perder o domínio próprio e ficar sob o domínio da carne (Tg 1.14,15 ver Jó 31.1). Foi isto que aconteceu com Davi. Ele procurou saber quem era aquela mulher e lhe informaram que era a mulher de Urias, ou seja, era uma mulher casada, e não era lícito possuí-la. Mas ele não se conteve e mandou trazê-la. O décimo mandamento: “não cobiçarás” (Êx 20.17), vai contra a própria raiz do pecado, o coração pecaminoso e o desejo perverso. Cristo aborda a responsabilidade sobre o pecado do pensamento, pois toda ação humana começa no seu coração, inclusive comparou o desejo de pecar ao próprio ato em si (Mt 5.28; Mc 7.21-23).

3. O adultério.
Mesmo sabendo que aquela mulher era casada, Davi a possuiu e adulterou com ela, sem pensar nas consequências do seu erro (2Sm 11.4). Davi ficou “cego” e transgrediu o mandamento de Deus ao tomar a mulher de outro homem (Êx 20.14,17). A palavra adultério vem do latim, adulterium, que tem o sentido de “dormir na cama alheia”. É a relação sexual entre pessoa casada, com outra que não é o seu cônjuge” (RENOVATO, 2013, p. 69).  O sétimo mandamento: “Não adulterarás” (Êx 20.7), tem como objetivo a abstenção de toda impureza da carne e ainda exorta para conservação do leito sem mácula, isto é, o amor conjugal e a coabitação. Ele visa proteger o matrimônio por ser uma instituição sagrada instituída por Deus. Esta prática nociva se constitui num pecado contra Deus, contra si mesmo e contra o próximo (Gn 39.9; 1Co 6.18; Rm 13.9).


IV. TENTATIVAS ERRADAS DE RESOLVER O PECADO
1. Ocultando o pecado.
Ocultar é o mesmo que esconder; encobrir; disfaçar; dissimular. Assim que Davi pecou, procurou encobrir o seu erro. No entanto, sua atitude pecaminosa embora feita as ocultas foi vista pelo Senhor: “esta coisa que Davi fez pareceu mal aos olhos do SENHOR” (2Sm 11.27) e no devido tempo viria à luz: “Porque tu o fizeste em oculto, mas eu farei este negócio perante todo o Israel e perante” (2Sm 12.12). O pecado é mal, e ocultá-lo é mais mal ainda (Sl 32.1-5; Pv 28.13).

2. Enganando seu leal escudeiro.
Enganar é iludir; induzir ao erro; lograr; calotear; engrolar. A primeira tentativa de Davi foi mandar buscar Urias. Após saber como estava a guerra e o exército, mandou que Urias fosse para sua casa e coabitasse com a sua mulher. Seu intento era que ele deitasse com Bate-Seba, para que ele não descobrisse que foi traído. Porém, Urias era tão leal ao rei e aos seus companheiros que não quis se dar ao luxo de estar em casa com sua esposa, enquanto os homens estavam à frente da peleja. Por isso, ele se deitou à porta da casa real com os servos do rei, e não foi para sua casa (2Sm 11.6-11). Dessa forma, o primeiro plano de Davi foi frustrado e ele partiu para o segundo plano cumprindo o que a Bíblia nos diz que um pecado gera outro (Sl 42.7). Quando soube que Urias não havia ido para sua casa, Davi o convidou para o palácio e juntos comeram e beberam; e Davi, propositalmente o embebedou, para que ele se esquecesse de suas responsabilidades militares, pelo menos por uma noite. A estratégia de Davi falhou mais uma vez, pois, mesmo embriagado, Urias não foi para sua casa, mas permaneceu na corte dormindo com os servos do rei (2Sm 11.12,13).

3. Planejando a morte do marido traído.
Planejar é esboçar; projetar; desenhar; preconceber algo; traçar; arquitetar. Como Davi não conseguiu consumar seu intento, fazendo com que Urias fosse para casa para dormir com Bate-Seba, para encobrir o pecado de adultério, Davi tomou uma medida ainda mais drástica. Escreveu uma carta para Joabe chefe do seu exército pelas mãos do próprio Urias, para que Joabe colocasse Urias à frente da peleja, para que morresse (2Sm 11.14,15). Joabe, então cumpriu o mandado do rei, colocou Urias à frente da peleja e ele morreu. Este plano funcionou! Ao saber da morte de Urias, Davi trouxe Bate-Seba para o palácio e a tomou por mulher.  A Palavra de Deus nos diz que: “... esta coisa que Davi fez pareceu mal aos olhos do Senhor” (2Sm 11.27).


V. TOMANDO A DECISÃO CORRETA ANTE O PECADO
Deus enviou o profeta Natã para repreender a Davi. O profeta contou uma história que fez com que o rei reconhecesse o seu erro (2 Sm 12.1,4). Ao ouvir a parábola, Davi lhe interrompeu dizendo: “Vive o Senhor, que digno de morte é o homem que fez isso” (2 Sm 12.5). Nessa ocasião, o profeta lhe diz: “Tu és este homem” (2 Sm 12.7). Aquelas palavras fizeram com que a ira de Davi se transformasse em pesar. Notemos suas reações:

1. Confissão (2 Sm 12.13).
Quando confrontado pelo profeta Natã por causa do seu pecado, Davi com sinceridade confessou: “Pequei contra o SENHOR” (2 Sm 12.13). No salmo 51 encontramos a oração de Davi diante do Senhor confessando o seu pecado: “Contra ti, contra ti somente pequei [...]” (Sl 51.3).

2. Quebrantamento.
Quando reconheceu o seu pecado, Davi se quebrantou diante do Senhor: “e jejuou Davi, e entrou, e passou a noite prostrado sobre a terra” (2 Sm 12.16). No salmo 51 vemos ele quebrantado dizendo: “os sacrifícios para Deus são o espírito quebrantado; a um coração quebrantado e contrito não desprezarás, ó Deus” (Sl 51.17).

3. Arrependimento.
Davi arrependeu-se amargamente da sua iniquidade e pediu a Deus que lavasse os seus pecados, e o purificasse (Sl 51.2), que lhe desse um coração puro e um espírito reto: “Cria em mim, ó Deus, um coração puro e renova em mim um espírito reto” (Sl 51.10).


VI. DIFERENÇAS ENTRE SAUL E DAVI ANTE O PECADO
Alguém pode perguntar por que Deus não perdoou o pecado de Saul e perdoou o de Davi. A resposta para este questionamento encontra-se na forma como cada um dos personagens reagiu quando confrontado pela palavra de Deus. Notemos:

SAUL
DAVI
Pecou e tentou justificar o seu erro (1Sm 13.11,12).
  Pecou e confessou o seu erro (Sl 51.1-4).
Tentou aplacar a ira de Deus com sacrifícios (1Sm 15.20-22).
Reconheceu que o quebrantamento e não os sacrifícios agradavam a Deus (Sl 51.16,17).
 Entristeceu o Espírito Santo e não procurou se consertar, antes se apostatou (1Sm 16.23).
 Entristeceu o Espírito Santo e buscou a renovação e pediu misericórdia (Sl 51.10,11).


CONCLUSÃO
A queda de Davi em pecado nos ensina que devemos ter cuidado com a nossa vida moral e espiritual a fim de não cairmos na mesma situação. Deus espera que não pequemos, mas se isto acontecer, devemos com sinceridade buscar o Seu perdão e a consequente restauração.




REFERÊNCIAS
Ø  ANDRADE, Claudionor Corrêa de. Dicionário Teológico. CPAD.
Ø  SWINDOLL, Charles, R. Davi, um homem segundo o coração de Deus. MC.
Ø  HOUAISS, Antônio. Dicionário da Língua Portuguesa. OBJETIVA.
Ø  STAMPS, Donald C. Bíblia de Estudo Pentecostal. CPAD.



Por Rede Brasil de Comunicação.



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