domingo, 29 de março de 2020

LIÇÃO 10 – SÓ O EVANGELHO MUDA A CULTURA HUMANA (SUBSÍDIO)






1Ts 1.1-10



INTRODUÇÃO
Nesta lição, veremos uma definição de cultura; pontuaremos algumas características da cultura humana marcada pelo pecado; estudaremos algumas considerações gerais sobre a cultura humana à luz das Escrituras Sagradas; notaremos como o cristão deve se relacionar com a cultura; e por fim, mostraremos o evangelho influenciando a cultura humana.


I. DEFINIÇÃO DO TERMO CULTURA
1. Conceito da palavra cultura.
A palavra “cultura” significa: “o conjunto de comportamentos e ideias característicos de um povo, que se transmite de uma geração a outra e que resulta da socialização e aculturação verificadas no decorrer de sua história (BURNS, 1995, p. 15). Segundo o dicionarista Houaiss (2001, p. 888) cultura é: “conjunto de padrões de comportamento, crenças, conhecimentos e costumes que distinguem um grupo social; forma ou etapa evolutiva das tradições e valores intelectuais, morais, espirituais de um lugar ou período específico”. Portanto, podemos dizer que, fazem parte da cultura de um povo as seguintes atividades e manifestações: música, teatro, rituais religiosos, língua falada e escrita, mitos, hábitos alimentares, danças, arquitetura, invenções, pensamentos, formas de organização social, etc. A cultura resume todos os costumes ligados à família, à nacionalidade, ao trabalho e ao modo do ser humano encarar a vida.


II. CARACTERÍSTICAS DA CULTURA HUMANA MARCADA PELO PECADO
1. Relativista.
Relativismo é o ensino que faz a verdade depender do indivíduo ou do grupo, do tempo ou do lugar. Ou seja, aquilo que é visto como correto para um, pode ser visto como errado para outro (Jz 21.25; Is 5.20). A palavra de Deus, no entanto, como “regra de fé e prática” do cristão, não admite posições relativistas, no que concerne a moral ou a ética. Nela encontramos princípios divinos que direcionam e guiam a vida do cristão, independente de sua cultura, status ou época (Sl 119.9,11,105; Jo 17.17; 1 Co 6.12; 10.23). Numa sociedade corrompida e perversa (Fp 2.15) em que o “mundo jaz no maligno” (1 Jo 5.19), não é de se estranhar que a humanidade viva no seu dia-a-dia, “uma inversão dos valores e dos padrões morais” (Is 5.20).

2. Materialista.
A cultura humana tem sido marcada pelo materialismo, onde se tira totalmente a ideia do espiritual, tudo se limita ao físico, ao terreno, ao transitório (1 Tm 6.7; Jó 1.21). Cultura que se valoriza, pelo que se tem, em detrimento da vida espiritual e da vindoura (Lc 12.20,21). Paulo se contrapõem a esse pensamento ao dizer: “Se esperamos em Cristo só nesta vida, somos os mais miseráveis de todos os homens” (1 Co 15.19). A cultura cristã embora não anule a realidade física da existência com suas necessidades mais pessoais (Mt 6.31-33), enfatiza a realidade espiritual como sendo o ideal de quem passou pelo novo nascimento (Mt 6.19,20; Cl 3.1-3). Devemos fazer a diferença em nossa cultura como nos ensina a Bíblia (Fp 1.27 ver ainda Rm 12.2; 1 Co 10.32), seguindo o exemplo dos nossos pais: “Segundo a tradição que de nós recebeu” (2 Ts 3.6).

3. Antropocêntrica.
O antropocentrismo tem sido outra marca da cultura atual marcada pelo pecado. É uma Ideologia ou doutrina, de acordo com a qual o ser humano é o centro de tudo, sendo ele rodeado por todas as outras coisas; dentro dessa perspectiva tudo converge para o homem (Dn 4.30; Lc 12.17-19). Esta ideia, porém, choca-se frontalmente com o teocentrismo ensinado nas Escrituras, ou seja, Deus é o centro de todas as coisas: “Porque dele, e por ele, e para ele são todas as coisas; glória, pois, a ele eternamente. Amém!” (Rm 11.36).


III. CONSIDERAÇÕES GERAIS SOBRE A CULTURA HUMANA À LUZ DAS ESCRITURAS
1. Quando a cultura contradiz as Escrituras, deve ser rejeitada e combatida.
Podemos ver no AT que os costumes dos povos deveriam ser rejeitados pelos israelitas porque estavam ligados a uma religião idólatra e cruel (Lv 18.24-29). Estes costumes incluíam práticas que abrangiam as diversas áreas da vida como a família, a vestimenta, a religião, a arquitetura, direito, etc (Dt 2.5). Em certas situações toda a cultura de um povo deveria ser completamente destruída (Dt 25.17-19; 1Sm 15.2-3). Os filhos de Israel deveriam cumprir o mandamento de não cortar o cabelo em redondo, nem danificar as extremidades da barba (Lv 19.27). É provável que aquele costume cultural identificasse a pessoa com o paganismo e por isso deveria ser rejeitado (Rm 12.2). É a Igreja que influencia os padrões de vida e costumes do mundo, porque ela é “o sal da terra” e “a luz do mundo” (Mt 5.13,14). O povo de Deus é um povo diferente no mundo, no sentido espiritual, moral e social (1 Co 10.32). A Igreja é um grupo social, dentro de um contexto maior, chamado sociedade, repleto de padrões culturais antibíblicos, onde quer que a Igreja se encontre e por isso precisa fazer a diferença (1 Co 6.20; Tt 2.10).

2. O que da cultura não contradiz as Escrituras, deve ser utilizada com sabedoria.
Apesar da cultura estar contaminada pelo pecado, ela pode ser uma fonte da verdade, se não vier a contradizer os princípios bíblicos. Daniel e seus amigos na corte babilônica é um grande exemplo. Eles foram dotados por Deus com o conhecimento e inteligência em toda literatura e sabedoria (Dn 1.17-21). Isto quer dizer que ele tinha conteúdo cultural e sabia usar aquele conhecimento com equilíbrio e sabedoria. Apesar deste conhecimento Daniel e seus companheiros não permitiram que, no que a cultura babilônica feria os princípios divinos comprometessem sua fé (Dn 1.8). Quando o costume cultural está de acordo com a verdade bíblica, ele deve ser preservado e seguido; porém, quando contraria os princípios estabelecidos na Palavra de Deus, deve ser rejeitado e combatido pela Igreja de Cristo (At 5.29; Fp 4.8). Logo, a cultura até certo ponto não é nociva, desde que não venha a ferir os princípios da Palavra de Deus. Quando uma respectiva nação praticava um costume fora da vontade de Deus, a Bíblia é bem clara: “E não andeis nos costumes das nações que eu expulso de diante de vós, porque fizeram todas estas coisas; portanto fui enfadado deles” (Lv 20.23 ver ainda Dt 22.5).


IV. COMO O CRISTÃO DEVE SE RELACIONAR COM A CULTURA
1. O exemplo do apóstolo Paulo.
Ele também foi um cristão que entrou em contato com a cultura do seu tempo, mas não deixou se corromper por nenhuma prática cultural. Seus escritos revelam conhecimentos razoáveis em variadas áreas da cultura (At 17.15-34). Paulo podia levar os princípios eternos da revelação especial que ele recebia a sua prática? Sim! Porque conhecia bem os costumes judaicos em que ele fora criado, bem como os costumes dos povos que ele estava evangelizando (1 Co 11.1-16). Apesar deste conhecimento cultural, o apóstolo Paulo não negociava com a cultura de sua época se esta prejudicasse a Palavra que ele pregava. Para Paulo, o meio de salvação dos perdidos era a pregação do evangelho. Ele rejeitou a retórica dos gregos para que a fé daqueles irmãos não repousasse sobre a sabedoria humana, mas sobre o poder de Deus (1 Co 2.1-5).

2. Jesus Cristo, o mais sublime de todos os exemplos.
O Senhor Jesus é o maior e melhor exemplo de alguém que não deixou ser influenciado pela cultura prevalecente de seus dias. Ele veio ao mundo como homem (Jo 1.14; Fp 2.5-11), foi circuncidado e apresentado no templo (Lc 2.21-38), participou das festas judaicas (Lc 2.39-43), demonstrando estar em contato com sua cultura. Porém, não se rendeu a ela para ir de encontro aos princípios da Palavra de Deus (Mc 7.1-16). Os cristãos devem ser agentes transformadores da sociedade. Nossa responsabilidade de transmitir e viver adequadamente o evangelho em qualquer cultura é bíblica. Escrevendo aos coríntios o apóstolo Paulo diz: “Portanto, quer comais quer bebais, ou façais outra qualquer coisa, fazei tudo para glória de Deus” (1 Co 10.31). Significa dizer que tudo o que fazemos na vida, até as coisas mais instintivas, como o comer e o beber, devem ser feito com a plena conscientização da glorificação a Deus. Não podemos, portanto, simplesmente aceitar uma cultura como ela é sem ter a visão clara do que ela tem contrário à Palavra de Deus.


V. O EVANGELHO INFLUENCIANDO A CULTURA HUMANA
1. A igreja e a pregação do Evangelho.
Uma das principais atribuições da igreja é a de influenciar a cultura e a sociedade onde ela está inserida (Mt 5.13-16; Mc 9.49; Lc 14.34-35; Mc 4.21; Lc 8.16; 1 Pe 2.12). E como ela pode fazer isto? Priorizando os princípios da Palavra de Deus, independente do modelo cultural da sociedade. Na prática, significa combater o pecado, mesmo que este seja visto como uma questão cultural. É ensinar sobre a fidelidade conjugal (Hb 13.4), mesmo quando a infidelidade já se tornou comum; combater a mentira e o engano (Ef 4.25; Rm 12.17), ainda que sejam vistas como coisas normais ou naturais; pregar contra o paganismo e a idolatria (Rm 2.22; 1 Jo 5.21), mesmo quando ela é vista como mera religiosidade, etc. Recebemos do Senhor Jesus uma responsabilidade para produzir uma cultura debaixo do Senhorio de Cristo (2 Co 10.4,5), ou seja, promover a cosmovisão cristã em um mundo pluralista (Rm 12.1,2), onde as culturas estão afetadas em suas estruturas e práticas do pecado, necessitando assim, que a Igreja exerça sua função profética (1 Pe 2.9,10), mostrando o caminho que Deus planejou para vivermos como seres humanos, julgando nossas vidas por essas normas.

2. O evangelho na cidade de Éfeso.
Esta era a capital da província romana da Ásia. A cultura era extremamente influenciada pelo paganismo e hedonismo (busca desenfreada pelo prazer) ali estava o foco de adoração da deusa da fertilidade, Ártemis ou Diana (At 19.27) que possuía um templo (At 19.28) que foi considerado uma das sete maravilhas do mundo antigo. Historiadores calculam que a população da cidade de Éfeso no primeiro século era cerca de 250 a 500 mil habitantes. Paulo na unção do Espírito Santo (At 19.11,12), começou a pregar nesta cidade e o impacto do evangelismo foi tão grande que agitou a cidade, provocando muitas conversões até mesmo de pessoas ligadas ao ocultismo (At 19.18); de modo que Lucas relata: “assim a palavra do Senhor crescia poderosamente e prevalecia” (At 19.19). Durante o tempo que ali passou, Deus operou poderosamente através do apóstolo (At 19.11), em Éfeso houve várias conversões (At 19.18,19), batismo no Espírito Santo (At 19.6,7), curas divinas e expulsão de demônios (At 19.12), e a propagação do evangelho (At 19.10,20,26), resultando no temor a Deus e a glorificação do nome do Senhor Jesus (At 19.17).

3. O evangelho na cidade de Corinto.
O apóstolo Paulo escrevendo aos coríntios deixou muito claro que a cultura não está acima das Escrituras (1 Co 10.12,23,31). Tudo o que o crente fizer deve objetivar a glória de Deus, pois para isto é que fomos criados (Ef 1.12). A Bíblia adverte-nos: “Tende cuidado para que ninguém vos faça presa sua, por meio de filosofias e vãs sutilezas [...]” (Cl 2.8). Um dos maiores desafios da igreja nestes últimos dias é lutar contra os enganos e os ardis do Inimigo na nossa cultura. Os costumes e cultura nunca têm o peso de doutrina, porém, a doutrina bíblica é que gera os bons costumes nas culturas (Dt 7.6). Paulo ensinou que há coisas que em si mesmas não são pecado, mas são moldadoras, dominadoras, controladoras e por isso, devem ser evitadas: “Nem todas as coisas me convêm” (1 Co 6.12a), por este motivo a recomendação bíblica: “Não me deixarei dominar por nenhuma” (1 Co 6.12b). Há coisas que em si mesmas não são pecado, mas são embaraçosas (Hb 12.1). Há coisas que em si mesmas não são pecado, mas dão a aparência de pecado (1Ts 5.2). Nossos usos e costumes não devem provocar escândalos (1 Pe 3.3-5).


CONCLUSÃO
Vimos que cultura é a atividade humana que intenciona o uso, o prazer e o desenvolvimento da raça humana. A Bíblia nos fala a respeito da cultura. Ela diz que, quando a cultura contradiz a verdade revelada, ela deve ser combatida; ensina também que, quando um costume cultural está de acordo com os princípios eternos, ele deve ser seguido. E, acima de tudo ela relata diversos exemplos de pessoas que, mesmo estando inseridas em diversas culturas, elas permaneceram fiéis a Deus. 



REFERÊNCIAS
· HOUAISS, Antônio. Dicionário da Língua Portuguesa. OBJETIVA.
· STAMPS, Donald C. Bíblia de Estudo Pentecostal. CPAD.
· BURNS, Bárbara. Costumes e Culturas: uma introdução à Antropologia Missionária. VIDA NOVA


Por Rede Brasil de Comunicação.


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