domingo, 19 de julho de 2020

LIÇÃO 03 – O DESPERTAMENTO RENOVA O ALTAR (SUBSÍDIO)







Ed 3.2-5;10-13




INTRODUÇÃO
Nesta lição veremos uma definição etimológica do termo “altar”; pontuaremos o altar como uma prioridade na vida dos judeus pós-exílio; notaremos quais foram às atitudes condizentes com o despertamento espiritual na vida dos exilados e que também devemos ter como crentes; e, por fim, comentaremos sobre a importância do altar na vida do cristão.


I. DEFINIÇÃO DO TERMO ALTAR
1. Conceito do termo.
A palavra altar vem do hebraico “mizbeah” substantivo masculino que significa: “altar, o lugar de sacrifício”. É uma palavra bastante comum no AT onde ocorre cerca de 396 vezes, a primeira ocorrência se encontra em Gênesis 8.20 “[...] E edificou Noé um altar ao Senhor”. “O altar, de acordo com as Escrituras, era um lugar construído para nele se oferecerem sacrifícios e holocaustos de animais. Era um testemunho perpétuo, um favor; sentia-se nele a manifestação divina, significava a presença de Deus, santificava as ofertas, e era o lugar onde se realizava a comunhão com o Senhor e por tais razões o altar era respeitado” (CONDE, 1983, pp. 45-46).


II. O ALTAR COMO UMA PRIORIDADE PÓS-EXÍLIO
1. A construção do altar (Ed 3.2).
Após o despertamento divino e o retorno à terra prometida, o remanescente judaico estava diante de um desafio: a renovação do culto e a reconstrução do Templo em Jerusalém. É importante destacar, que eles não começaram reconstruindo o Templo ou os muros da cidade, mas reedificando o altar: “[…] e edificaram o altar do Deus de Israel” (Ed 3.2). Mais importante que construir o Templo era restabelecer a verdadeira adoração a Deus e lhes oferecer sacrifícios: “[…] para sobre ele oferecerem holocaustos” (Ed 3.2). Abraão tinha marcado sua chegada naquela terra exatamente do mesmo modo, estabelecendo seu altar ao Deus que lhe fez promessas (Gn 12.7). Quando há despertamento espiritual na vida de um crente, o seu maior desejo e prioridade será aproximar-se do altar de Deus (Tg 4.8). O crente pode até viver sem o templo; mas nunca sem altar (1Rs 18.30).

2. Em busca do favor de Deus (Ed 3.3).
O altar simbolizava a presença e a proteção de Deus para os judeus. De acordo com Stamps (2012, p. 713 – acréscimo nosso) a restauração do altar foi prioridade por duas razões: a) O povo foi motivado, pelo menos em parte, a edificar o altar, por causa do perigo representado pelos ‘povos da terra’ (v.3). Esses israelitas sabiam que Deus os protegeria do mal, somente à medida que se achegassem a Ele, com fé e obediência (Êx 19.5; 29.43); e, b) Demonstrava também o propósito primordial deles como reino sacerdotal de oferecer sacrifícios ao Senhor como fora determinado na lei por Moisés (Ed 3.2; Êx 19.6; 27.1; Dt 12.4-7). Sempre que buscamos ao Senhor, alcançamos o seu favor e misericórdia (Hb 4.16).


III. ATITUDES CONDIZENTES COM O DESPERTAMENTO ESPIRITUAL
1. A unidade do povo.
O texto relata que a comunidade inteira tinha uma só mente, ou seja, havia unanimidade naquele projeto: “o povo se ajuntou como um só homem” (Ed 3.1). Este ajuntamento se deu na praça diante da “Porta das Águas” (Ne 8.1). A unidade do povo foi de fundamental importância para que o altar, o Templo, e a cidade fossem reconstruídos. Este exemplo do passado nos ensina que a unidade de propósitos torna possível a bênção de Deus e nos capacita a realizar sua obra mesmo em tempos de crises como vivenciado pelos judeus pós-exílio. Quando vivemos em união o óleo e o orvalho, símbolos do Espírito Santo são derramados sobre nós trazendo bênção e vida: “[…] porque ali o Senhor ordena a bênção e a vida para sempre” (Sl 133.3).

2. A presença de Deus era prioridade.
A decisão de construir primeiro o altar é uma demonstração do quanto estavam preocupados em colocar Deus em primeiro plano (Ed 3.2). Onde se tem altar, tem adoração e a presença de Deus é manifestada. Às vezes se faz necessário uma limpeza na nossa vida para que a presença de Deus seja manifesta. Assim foi com Jacó quando Deus o apareceu e lhe disse: “levanta-te, sobe a Betel e habita ali; faze ali um altar ao Deus que te apareceu quando fugiste diante da face de Esaú, teu irmão” (Gn 35.1). Todavia, para Jacó experimentar uma renovação espiritual em sua vida, foi necessário uma mudança radical na sua casa: “tirai os deuses estranhos que há no meio de vós, e purificai-vos, e mudai as vossas vestes” (Gn 35.2). Ao edificar o altar, Jacó chama aquele lugar de El-Betel que significa o “Deus da casa de Deus” (Gn 35.7). Quando Deus é prioridade na vida do crente, não há espaço para deuses estranhos (Jz 6.24-26; 1Rs 18.21; Mt 6.24).

3. Consagração total.
Com o altar edificado, agora se podia oferecer holocaustos ao Senhor: “[…] e ofereceram sobre ele holocaustos ao Senhor, holocaustos de manhã e de tarde” (Ed 3.3). A palavra hebraica traduzida como holocausto é: “olah”, e significa literalmente: “aquilo que vai para cima”. O dicionário Vine (2002, p. 692), lembra que no grego o termo advém de: “holokautõma” (Mc 12.33; Hb 10.6,8) e que denota: “oferta queimada por inteiro”, formado de “holos”, “inteiro”, e “kautos”, em lugar de “kaustos”, adjetivo verbal de “kaiõ”, que quer dizer: “queimar”. Também chamada de oferta queimada, era inteiramente consumida sobre o altar com exceção da pele e entranhas dos animais (Lv 1.9;1.16; 6.9; 7.8). Era o único sacrifício regularmente estabelecido para o culto no santuário e era oferecido diariamente, de manhã e à tarde por isso era chamado de o sacrifício “tãmíd”, ou seja, perpétuo, contínuo (Ed 2.3-5; Êx 29.38-42). Vejamos duas verdades sobre o holocausto que se aplica a vida cristã:

A) Holocausto fala da nossa entrega total a Deus.
Na oferta de holocausto o adorador deveria colocar a mão sobre o animal a ser sacrificado (Lv 1.4) gesto que simbolizava duas coisas: a) a identificação do ofertante com o sacrifício; e, b) a transferência de algo para o sacrifício. No caso do holocausto, o ofertante estava dizendo: “Assim como esse animal é entregue inteiramente a Deus no altar, também eu me entrego inteiramente ao Senhor”. Devemos entregar por completo a nossa vida no altar de Deus como sacrifício vivo, santo e agradável a Deus (Rm 12.1).

B) Holocausto fala de um ato contínuo.
Como já vimos, o holocausto era um sacrifício contínuo (Nm 28.6) e deveria ser apresentado de manhã e à tarde (Ed 3.3; Êx 29.39). Os judeus construíram o altar para ser usado, e assim, o fizeram (Ed 3.3-5). Altar sem sacrifício, não tem valor. O apóstolo Pedro nos exorta a: “oferecer sacrifícios espirituais, agradáveis a Deus, por Jesus Cristo” (1Pe 2.5). Diariamente o crente deve se preocupar com a manutenção do seu altar (Lv 6.10-13;), e oferecer seu sacrifício a Deus, somente assim: “O fogo arderá continuadamente sobre o altar, não se apagará” (Lv 6.13).

4. Consciência da dependência divina.
O momento de renovação que os judeus estavam vivendo incluía o reinício da celebração das antigas festas, que faziam de Israel um povo distinto. E assim aconteceu com a celebração da festa dos tabernáculos (Ed 3.4). Esta festa era um ajuntamento anual quando os judeus habitavam em cabanas (tendas) por sete dias para rememorar sua libertação do Egito, e peregrinação pelo deserto até a terra prometida num tempo em que não tinham habitação permanente (Lv 23.33-44). Assim como a festa dos tabernáculos lembrava os judeus a sua dependência de Deus, devemos reconhecer a nossa dependência constante do Senhor Jesus: “[…] porque sem mim nada podereis fazer” (Jo 15.5).


IV. A IMPORTÂNCIA DO ALTAR NA VIDA DO CRENTE
Os judeus quando retornaram do cativeiro babilônico entenderam que sua maior necessidade era restabelecer a sua comunhão com Deus, e para isto, imediatamente reconstruíram o altar colocando-o em suas bases, retomando desta forma as ofertas de holocausto ao Senhor. Esta atitude nos ensina que o altar deve ser uma prioridade em nossas vidas. Observemos algumas verdades sobre o altar na vida do crente:

1. O altar é um lugar de oração.
Vários personagens da Bíblia edificaram “altares” ao Senhor com o propósito de invocar o nome do Senhor como por exemplos: a) Abraão (Gn 12.8; 13.4); b) Isaque (Gn 26.25); e, c) Jacó (Gn 35.1,7). O altar da oração jamais deve ser negligenciado pelo crente. Quando falta oração, falta também unção, graça, temor de Deus e o crente se torna presa fácil para o diabo (Mt 26.41; Lc 22. 31-38). O sacerdote todos os dias deveria oferecer holocaustos no altar, assim também deve ser a nossa vida de oração (Lc 18.1; Ef 6.18; 1Ts 5.17).

2. O altar é o lugar do encontro com Deus.
O altar do holocausto era um lugar de encontro de Deus com o homem: “[…] onde vos encontrarei para falar contigo ali” (Êx 29.42). Não há privilégio maior para o salvo de que desfrutar da comunhão com Deus. Se houver em nós disposição para “oferecer sacrifícios espirituais” (1Pe 2.5), Deus sempre virá ao nosso encontro. Neste encontro ouvimos a sua voz: “[…] vos encontrarei para falar contigo ali” (Êx 29.42) e recebemos a sua bênção: “[…] virei a ti e te abençoarei” (Êx 20.24).

3. O altar é um lugar de santidade e devoção a Deus.
Deus exigia dos sacerdotes santidade diante do altar (Êx 29.44). Uma das orientações que Moisés recebeu de Deus sobre o altar, era que nele não deveria existir degraus (Êx 20.26). Esta orientação visava proteger os sacerdotes de expor sua nudez aos olhos do povo. O Senhor quando apareceu a Gideão exigiu dele que antes de construir um altar a Deus, deveria primeiro derribar o altar de Baal que pertencia a seu pai (Jz 6.25,26). O altar é um lugar de santidade e devoção ao Senhor (Rm 12.1). Deus nunca receberá o sacrifício de um altar imundo e profano, é necessário separar o precioso do vil (Jr 15.19; Is 1.11-16; Ml 1.6-14; 2Co 6.14-18).


CONCLUSÃO
Aprendemos com esta lição que todos os despertamentos genuínos que a Bíblia apresenta começaram com a restauração do altar (1Rs 18.16-40; 2Cr 29.3,27-28; 2Rs 16.10-12). Quando os judeus voltaram do cativeiro, construíram o altar sobre as suas antigas bases, do modo como manda a lei (Ed 3.3) e sacrificaram holocaustos ao Senhor mostrando assim, um verdadeiro despertamento espiritual. A alegria foi grande entre os judeus, pois podiam de novo sacrificar a Deus, e celebrar a festa dos tabernáculos.




REFERÊNCIAS
Ø  STAMPS, Donald C. Bíblia de Estudo Pentecostal. Rio de Janeiro: CPAD. 1997.
Ø  LOPES, Hernandes Dias. Neemias o líder que restaurou uma nação. São Paulo: Hagnos, 2006.
Ø  RENOVATO, Elinaldo. Neemias integridade e coragem em tempos de crise. Rio de Janeiro: CPAD, 2011.
Ø  PACKER, J. I. Neemias paixão pela fidelidade. Rio de Janeiro: CPAD, 2010.
Ø  HOUAISS, Antônio. Dicionário da Língua Portuguesa. São Paulo: OBJETIVA. 2001.
Ø  VINE, W.E, et al. Dicionário Vine. Rio de Janeiro: CPAD. 2002.
Ø  WIERSBE, Warren W. Comentário Bíblico Expositivo do Antigo Testamento. PDF.



Por Rede Brasil de Comunicação.



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