sexta-feira, 2 de outubro de 2020

LIÇÃO 01 - O LIVRO DE JÓ (SUBSÍDIO)

 




2 Tm 3.16; Ez 14.14,19; Tg 5.11 

 

 


INTRODUÇÃO
Nesta primeira lição do quarto trimestre de 2020, veremos importantes informações sobre o livro de Jó; estudaremos sobre quem foi o principal personagem real e histórico deste livro; e por fim, analisaremos quais as principais lições que podemos extrair deste maravilhoso livro inspirado por Deus.
 
 
I. INFORMAÇÕES SOBRE O LIVRO DE JÓ
1. Autoria.
Em nenhuma parte do livro existe qualquer tipo de indicação quanto à identidade do homem que escreveu esse livro. Inúmeras sugestões têm sido feitas quanto a possíveis autores desse livro. Entre elas estão o próprio Jó, Moisés e uma variedade de pessoas anônimas, dentre elas um dos amigos de Jó, cujo nome foi Eliú. Tal hipótese é levantada pelo fato de ser ele o único amigo que o livro detalha a genealogia (Jó 32.2,6). O cristianismo histórico e conservador não tem o livro de Jó como uma ficção religiosa, mas como uma narrativa poética inspirada por Deus e redigida por um único autor. Certas partes do livro vieram evidentemente da revelação direta de Deus (Jó 1.1-2.10) (STAMPS, 1995, p.767).
 
2. Data.
A época da composição desse livro permanece um problema tão complicado quanto o da autoria. De acordo com a descrição do livro, o homem Jó mostra um tipo de vida e cultura que mais se aproxima do período patriarcal. Notemos: a) o livro afirma que Jó viveu mais 140 anos depois da restauração da sua saúde e riqueza, além dos anos que ele tinha vivido antes do seu infortúnio. Essa era a expectativa de vida comum ao período patriarcal, conforme o relato bíblico (Gn 24.1); b) a riqueza de Jó consistia basicamente em rebanhos e manadas, como ocorria com os patriarcas (Gn 13.2); e, c) o próprio Jó oferece sacrifícios pela sua família, como era o costume dos patriarcas. No entanto, ele parece desconhecer a oferta pelo pecado e outras práticas mosaicas (Jó 1.5; Gn 12.8).
 
3. Propósitos.
O livro inteiro trata do problema da dor e do sofrimento e nos ajuda a entender que Satanás não pode nos afligir com destruição física e financeira sem a permissão de Deus, ou seja, o Senhor tem poder sobre o que Satanás pode e não pode fazer. Também aprendemos que os ímpios vão receber o pagamento por suas ações. O sofrimento, às vezes, pode ser permitido em nossas vidas para purificar, testar, ensinar ou fortalecer a nossa alma, e que Deus continua a ser suficiente e merecedor do nosso amor e louvor em todas as circunstâncias da nossa vida.
 
4. Disposição e gênero literário.
Na Bíblia hebraica, o livro de Jó faz parte da terceira divisão do cânon hebraico, o Kethubim, ou seja, os Escritos. Na nossa Bíblia, o livro de Jó encabeça os livros poéticos ou sapienciais. Jó foi uma pessoa histórica, as localidades e os nomes são reais e não fictícios. O Livro de Jó é uma das partes mais grandiosas das Escrituras, um armazém celestial de conforto e instrução, um precioso monumento da teologia primitiva.
 
5. Citações no AT e no NT.
Jó é citado no próprio AT no livro de Ezequiel que faz referência a sua vida de piedade e intercessão (Ez 14.14,20). Jó no Novo Testamento é citado por Tiago, o irmão do Senhor, como exemplo de um homem paciente e que foi recompensado pelo Senhor por isso (Tg 5.10,11). O livro tem apenas uma citação no NT por outro apóstolo, com a forma habitual de mencionar a Escritura: “está escrito” em 1 Coríntios 3.19. Vide (Jó 5.13). 
 
 
II. INFORMAÇÕES SOBRE O PERSONAGEM JÓ  
1. Sua existência histórica.
O Livro de Jó não é uma ficção judaica. Jó não foi um personagem imaginário, mas sim uma pessoa real. Tanto a citação veterotestamentária de Ezequiel (Ez 14.14,20), quanto a neotestamentária de Tiago dão testemunho desse fato (Tg 5.11).
 
2. Seu nome.
A etimologia do nome Jó no hebraico “iyyobh” não é clara, a forma arábica do nome parece vir da raiz que significa “retornar ou arrepender-se”, o penitente ou, pela ampliação da ideia, o piedoso.
 
3. Sua terra.
A terra natal de Jó, é geralmente identificada com a tribo aramaica de Uz. Embora Uz não possa ser localizada com precisão, ela provavelmente estava situada no deserto da Arábia ou da Síria, a leste da Palestina. Esse local atende aos requisitos da narrativa bíblica ao indicar que Uz estava a uma assustadora distância dos sabeus e caldeus (Jó 1.15,17). Era provavelmente adjacente à rota comercial da Transjordânia na metade da Idade do Bronze I (2100-1900 а. C.), rota que foi seguida pelos quatro reis de Gênesis 14. Parece que Jó esteve em contato com mercadores e viajantes que iam e vinham da Mesopotâmia, Egito e Arábia (Jó 6.18,19; 31.32; 28.19).
 
4. Sua fé e caráter.
A descrição do autor a respeito de Jó era de que ele era um servo de Deus de caráter santo. Não havia falta em Jó. Ele preenchia todos os requisitos dos seus dias de um homem exemplar. Na narrativa, essas qualidades em Jó não constituem a avaliação de homens, mas sim, a avaliação do próprio Deus: “E disse o SENHOR a Satanás: Observaste tu a meu servo Jó? Porque ninguém há na terra semelhante a ele, homem sincero, e reto, e temente a Deus, e desviando-se do mal” (Jó 1.8).
 
5. Seu patrimônio.
Naquele tempo, em que a riqueza era medida principalmente em termos quantidade de filhos, de terras, animais e servos; e Jó possuía os três em abundância. Notemos: a) tinha dez filhos, sendo sete homens e três mulheres (Jó 1.2); b) seu gado era sete mil ovelhas, três mil camelos e quinhentos bois e quinhentas jumentas (Jó 1.3a). Ele também possuía muitíssimos empregados (Jó 1.3b). O autor conclui dizendo que Jó não era apenas um grande empresário, senão que era “maior do que todos os do Oriente” (Jó 1.3). No entanto, sua riqueza não o afastou de Deus, pois tinha um caráter ilibado (Jó 1.1). Ele reconheceu que o Senhor havia lhe dado todos os seus recursos (Jó 1.21) e usou sua riqueza com generosidade para beneficiar a outros (Jó 4.1- 4; 29.12-17; 31.16-32).
 
 
III. O QUE APRENDEMOS COM O LIVRO DE JÓ  
1. Que o justo sofre.
Às vezes somos tentados a pensar como os amigos de Jó que os sofrimentos são apenas punitivos. No entanto, o Livro de Jó, nos mostra o contrário. O patriarca vivia de acordo com a vontade de Deus, no entanto, passou por sofrimentos intensos, que consistiram numa provação com um tríplice propósito: glorificar a Deus (Jó 1.21); envergonhar o adversário (Jó 2.3); e, aperfeiçoar o caráter do santo Jó, para que fosse mais santo (Jó 2.22; 19.25; 42.1-6).
 
2. Que o “ser” vale mais que o “ter”.
Antes de descrever a riqueza material de Jó (Jó 1.3), o escritor do Livro constata seu caráter (Jó 1.1), mostrando que “o ser” vale mais que “o ter”. Isto não foi somente destacado pelo escritor, mas também pelo próprio Deus, por duas vezes (Jó 1.8; 2.3)
 
3. Que é possível ser crente e rico.
Jesus explicou que é difícil entrar um rico no Reino dos céus (não impossível, mas difícil). Usando um provérbio judeu comum de um camelo ser incapaz de passar pelo fundo de uma agulha para descrever a dificuldade da entrada dos ricos no reino de Deus. O mesmo Jesus que disse ser muito difícil um rico entrar no reino do céu (Lc 18.24,25), acrescentou que “[...] as coisas que são impossíveis aos homens são possíveis a Deus” (Lc 18.27). De forma interessante, Lucas registrou em Lc 18.18-24, um rico que se aproximou de Jesus, mas rejeitou segui-lo quando exortado a vender tudo o que tinha. Em contrapartida, em Lc 19-1-10, encontramos a narração do encontro de Jesus com Zaqueu, que também era muito rico, porém diferente do primeiro, abraçou a fé em Cristo e recebeu a salvação. Logo, entendemos que riqueza não é sinal de condenação. Pois, independente da condição social, o homem é pecador e carente da graça de Deus para que possa entrar no céu (Rm 3.23; Ef 2.8,9; Tt 2.11).
 
4. Que o sofrimento tem um fim.
Por mais que Jó tenha sofrido, o seu sofrimento teve um fim. Deus lhe restituiu tudo o que havia perdido e lhe acrescentou filhos e vida longa (Jó 42.10-17). Nesta vida poderemos passar por sofrimento inimagináveis, no entanto, Deus nos dará graça para vencer (2 Co 12.9,10), e, por mais que Ele nos abençoe aqui, haverá um dia em que todo sofrimento terá um fim, e Ele enxugará dos nossos olhos toda a lágrima (Ap 21.4).
 
5. Que devemos ser gratos a Deus independente das circunstâncias.
O Livro de Jó nos ensina a confiar em Deus em todas as circunstâncias (Jó 1.21,22). Devemos confiar no Senhor não apenas quando não entendemos, mas porque não entendemos. O salmista nos diz: “O caminho de Deus é perfeito” (Sl 18.30), e se os caminhos de Deus são “perfeitos”, então podemos confiar que tudo o que Ele faz e tudo o que Ele permite também é perfeito. Isso pode não nos parecer possível, mas nossas mentes não são a mente de Deus. É verdade que não devemos antecipar que entenderemos a sua mente perfeitamente (Is 55.8-9). No entanto, a nossa responsabilidade para com Deus é obedecer e confiar nEle, submetendo-nos à sua vontade, quer entendamos ou não.
 
 
CONCLUSÃO
Nesta lição apresentamos algumas informações básicas sobre o contexto histórico e literário de Jó. Quanto ao seu gênero o livro é de natureza poética. Isso é importante para a compreensão da própria estrutura como o livro foi organizado. Vimos que o livro apresenta princípios teológicos que transcendem o espaço e o tempo. Esses princípios são para todas as épocas e culturas. O que é demonstrado é que o conhecimento de Deus é o anseio de todo ser humano.

 

 

 

 

REFERÊNCIAS

Ø  ANDRADE, Claudionor de. Dicionário Teológico. CPAD.

Ø  APLICAÇÃO PESSOAL. Comentário do Novo Testamento. CPAD.

Ø  CHAPMAN, Milo L, et al. Comentário Bíblico Beacon. PCAD

Ø  GONÇALVES, José. A prosperidade à luz da Bíblia. CPAD.

Ø  HOUAISS, Antônio. Dicionário da Língua Portuguesa. OBJETIVA.

Ø  STAMPS, Donald C. Bíblia de Estudo Pentecostal. CPAD.

 

 

 

Por Rede Brasil de Comunicação.




Nenhum comentário:

Postar um comentário