sábado, 7 de agosto de 2021

LIÇÃO 06 – O PROFETA ELIAS E ELISEU, SEU SUCESSOR






2Rs 2.1-15 

 

 

INTRODUÇÃO

Na lição de hoje, veremos quem foi o profeta Eliseu, estudaremos como se deu sua chamada para suceder o profeta Elias, analisaremos sua formação e capacitação para o exercício profético, além de constatar as características que o fizeram ser reconhecido como um homem de Deus. E, por fim, elencaremos quais as lições que podemos extrair do chamado de Eliseu. 


I. QUEM FOI O PROFETA ELISEU
1. Nome.
Eliseu, seu nome hebraico “elisha” significa “Deus é salavação”. Seu nome no grego Elissaios consta em Lucas 4.27. Eliseu era filho de Safate, de Abel-Meolá no Vale do Jordão [...]. Seu Ministério profético cobriu toda a última metade do século IX a.C atravessando os reinados de Jorão, Jéu, Jeoacaz e Joás, do reino do norte. Sua influência estendia-se desde uma viúva endividada (2R 4.1) até um homem rico e proeminente e mesmo até dentro do próprio palácio de Israel (5.8; 6.9, 12,21,22; 6.32-7.2; 8.4; 13.14-19).
 
2. Chamada.
A palavra “chamar” no hebraico é “qãrã” que significa “chamar alguém, convidar, convocar”. O Senhor chama quem Ele quer, inclusive pessoas simples (Am 7.14; I Sm 16.11). Eliseu, por exemplo, trabalhava arando terra (1Rs 19.19a). A escolha de Eliseu foi uma expressão da soberania do Senhor (1Rs 19.16), e ele a fez através de Elias (1Rs 19.19). A Bíblia registra que ao aproximar de Eliseu “...Elias passou por ele, e lançou a sua capa sobre ele” (1Rs 19.19b). [...] Acreditava-se que o poder espiritual era transferido ao profeta por meio do seu manto (II Rs 2.13,14). Naturalmente pensamos que isso era um ato meramente simbólico, mas nos tempos antigos as mantas dos profetas eram consideradas seriamente como objetos de poder (CHAMPLIN, 2001, p. 1445).
 
3. O pedido de Eliseu.
“...Peço-te que haja porção dobrada de teu espírito sobre mim(2 Reis 2:9). Essa frase tem sido muitas vezes mal interpretada como um pedido para receber o dobro do Espírito Santo que estava na vida de Elias, e os maiores milagres que ele realizou foram considerados como indicação dessa assertiva. No entanto, esse pedido estava baseado em Dt 21.15-17, onde a mesma expressão porção dobrada é aplicada àquilo que o primogênito recebia da herança de seu pai. Eliseu se considerava o primogênito de Elias, o “filho do profeta” porque havia sido chamado para sucedê-lo como líder (BEACON, vol. 2, 2005, p. 344).
 
 
II. A FORMAÇÃO E A CAPACITAÇÃO DE ELISEU PARA PROFETA
Não resta dúvidas de que Elias exerceu um ministério extraordinário no Reino do Norte, pois ele foi responsável por ajudar o povo de Deus a manter a sua identidade espiritual, fazendo com que Israel pudesse testemunhar que só o Senhor é Deus. Contudo, assim como todos os homens levantados por Deus, seu ministério estava chegando ao final, por isso necessitava de um substituto. Para isso, Elias não agiu por conta própria, ele só o fez quando e como a voz divina lhe orientou a fazer, quando lhe disse: “...e também a Eliseu, filho de Safate de Abel-Meolá, ungirás profeta em teu lugar(1Rs 19.16). Diante da ordem divina, Elias prontamente se dispôs a cumprir (1Rs 19.19). Este texto nos mostra pelo menos dois aspectos da vocação divina:
 
1. Formação.
Apesar de receber a chamada de Deus, Eliseu não estava pronto. Ele precisava ser formado por Elias. Como podemos ver, Eliseu não demorou para entender isso, pois, receber o chamado prontificou-se a seguir e servir o homem de Deus “...então se levantou e seguiu a Elias, e o servia(1Rs 19.21b). Eliseu se tornou um servo e aprendiz de Elias. Ele tinha servido bem à sua família; agora seria fiel e útil ao profeta. Daquele dia em diante Eliseu passou a andar junto de Elias, acompanhando passo a passo sua maneira de proceder (2 Rs 2.1-6) e servindo-o naquilo que era necessário, de maneira que quando alguém se referiu a Eliseu disse: “...aqui está Eliseu, filho de Safate, que derramava água sobre as mãos de Elias(2 Rs 3.11b).
 
2. Capacitação.
Ao andar junto de Elias, Eliseu percebeu que além da chamada que havia recebido e da formação que estava recebendo do profeta, era necessário algo mais: a capacitação. Por isso, antes de ser tomado num redemoinho aos céus, o profeta Elias perguntou-lhe o que ele queria que lhe fosse dado, e Eliseu respondeu: “...peço-te que haja porção dobrada de teu espírito sobre mim(2 Rs 2.9). Elias, então, disse a Eliseu que isto fora um pedido difícil. No entanto, seria concedido se ele o visse subir ao céu, o que aconteceu em seguida (2 Rs 2.10-12). Agora, o profeta Eliseu, ao pegar a capa de Elias, foi conferir se a capacidade divina de fato estava sobre ele. Então, deu com a capa no rio Jordão, que abriu ao meio imediatamente (2Rs 2.14). Não foi necessário Eliseu dizer que estava capacitado; os filhos dos profetas reconheceram isso: “Vendo-o, pois, os filhos dos profetas que estavam defronte em Jericó, disseram: O espírito de Elias repousa sobre Eliseu.(2 Rs 2.15a).
 
 
II. ELISEU UM HOMEM DE DEUS
Eliseu era conhecido pelo povo de todas as camadas como o homem de Deus. “...Eis que tenho observado que este que passa sempre por nós é um santo homem de Deus…” (2 Rs 4.9), outros textos bíblicos confirmam esse fato (2 Rs 4.16,22,25,27,40; 5.8; 6.6,9,10; 7.18; 8.4,8,11). Notemos as características que conduziram a esse reconhecimento:
 
1. Eliseu tinha uma vida de santidade. “...é um santo homem de Deus”.
Com essa declaração, fica evidente que o profeta Eliseu era homem reconhecidamente santo diante de uma sociedade pecadora. E no sentido de viver uma vida santa e justa, em conformidade com a palavra de Deus e dedicada ao serviço divino, o cristão passa a viver em busca da remoção de qualquer impureza que impossibilite esse serviço. Sendo assim, Deus deu ao seu povo, a nação de Israel, o código de leis de santidade que se acha no livro de Levítico. Entendemos então que o padrão de vida de um povo que busca a santificação é viver uma vida de consagração (2Co 6. 16). A santificação é praticada e aplicada ao viver diário do crente (Pv 4.18; 2Co 3.18; 7.1; 2Pe 3.18), é a santificação vivencial (2Co 7.1; Hb 12.14).
 
2. Eliseu era Servo.
Uma marca dos homens que se tornaram modelo de uma vida santa e justa foi o fato de ser servo, no sentido de servir com um coração puro, abnegado e resignado a Deus e a sua obra. E essa marca era visível em Eliseu, pois o texto bíblico nos constata: “...Aqui está Eliseu, filho de Safate, que era servo de Elias.” (2 Reis 3.11 - NVI). Essa condição de servo também foi expressa por Eliseu quando algumas vezes ele afirmou a Elias: “...Vive o Senhor, e vive a tua alma, que te não deixarei” (2 Reis 2:4). Sendo assim, a partir da vida de Eliseu podemos verificar no Novo Testamento as características esperadas de um servo de Deus: Humilde (At 20.19); Abnegado (1 Cor 9.27); Santo (Êx 28.36; Lv 21.6; Tt 1.8); Sóbrio, justo e controlado (Lv 10.19; Tt 1.8); Puro (Is 52.11; I Tm 3.9); Hospitaleiro (I Tm 3.2; Tt 1.8); Paciente (1Tm 3.2; Tt 1.7); Vigilante (2 Tm 4.5); Voluntário (Is 6.8; 1Pe 5.2); Dedicado à oração (Ef 3.14; Fp 1.4); sem cobiça (2Co 12.14; I Ts 2.6); Afetuoso com o rebanho (Fp 1.7; I Ts 2.8,11); Dedicado (At 20.24; Fp 1.20,21); Forte na fé (2Tm 2.1).
 
4. Eliseu não era materialista.
Uma das marcas distintiva do profeta Eliseu é que ele não era apegado aos bens materiais, isso foi visto logo no início da sua chamada (1 Rs 19.20,21); em outro episódio, Naamã, chefe do exercício do rei da Síria, após ser curado nas águas do rio Jordão, tentou recompensá-lo: “...E agora, por favor, aceite um presente deste seu servo. Porém ele respondeu: — Tão certo como vive o Senhor, em cuja presença estou, não aceitarei nada. Naamã insistiu com ele para que aceitasse, mas ele recusou.” (2 Reis 5:15,16 - NAA). Esses textos demonstram que Eliseu não negociava com os dons e talentos que Deus o havia concedido e nem colocava os bens materiais acima do seu chamado.
 
 
III. O QUE PODEMOS APRENDER COM O CHAMADO DE ELISEU
1. Disponibilidade.
Eliseu não recusou o chamado divino. Quando Elias lhe lançou a capa, ele se mostrou disponível: “e correu após Elias” (1Rs 19.20a). Ao recebermos o chamado divino devemos estar disponíveis seja para o que for. Tal qual o profeta Isaías diante do clamor divino, devemos responder: “Eis-me aqui, envia-me a mim” (Is 6.8b).
 
2. Renúncia.
Apesar de ter um trabalho e de amar a sua família, Eliseu demonstrou estar disposto a renunciar o que fosse preciso para atender a convocação divina “Então deixou ele os bois, e correu após Elias; e disse: Deixa-me beijar a meu pai e a minha mãe, e então te seguirei” (1Rs 19.20a). Tal como os discípulos de Jesus abandonaram suas redes de pescar e puseram-se a segui-lo (Mt 4.20). Esta deve ser uma característica de todo aquele que de modo semelhante recebe o chamado divino. Eliseu se desfez completamente daquilo que exercia antes de receber o chamado divino, mostrando-nos claramente que dali por diante sua tarefa era outra (1Rs 19.21).
 
3. Serviço.
O chamado de Eliseu nos ensina que ao sermos chamados por Deus devemos estar dispostos a servir. Eliseu como aprendiz aprenderia a exercer o seu chamado servindo a Elias (1Rs 19.21). Deus prepara o homem que vai usar através de um homem que já é usado por Ele. A Bíblia cita exemplos dessa verdade, eis alguns: Josué foi preparado por Deus servindo Moisés (Êx 24.13; 33.11; Nm 11.28; Js 1.1); Samuel serviu a Eli (1Sm 2.11; 3.1); Timóteo servia a Paulo, a quem ele chama de filho (1Co 4.17; 1Tm 1.2,18; 2Tm 1.2; 3.14).
 
 
CONCLUSÃO
A chamada de Eliseu para ser o profeta, que sucederia a Elias, nos ensina como devemos proceder ao chamado divino. A disponibilidade, a renúncia e o serviço prestado para Deus no sentido de glorificá-lo e edificar a Igreja Cristo são os requisitos esperados daqueles que são chamados para servir.
 
 
 

REFERÊNCIAS

Ø  BOYER, Orlando. Pequena Enciclopédia Bíblica. Brasil: Editora Vida.
Ø  CHAMPLIN, R.N. Enciclopédia de Bíblia Teologia e Filosofia. HAGNOS.
Ø  BÍBLIA DE ESTUDO CRONOLÓGICA APLICAÇÃO PESSOAL. CPAD
Ø  MULDER, O. Chester, et all. Comentário Bíblico Beacon. CPAD.
Ø  STAMPS, Donald C. Bíblia de Estudo Pentecostal. CPAD.
 
 
Por Rede Brasil de Comunicação.


 

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