sábado, 2 de abril de 2022

LIÇÃO 01 – O SERMÃO DO MONTE: O CARÁTER DO REINO DE DEUS






Mt 5.1-12 
 


 
INTRODUÇÃO
Nesta lição veremos o contexto geográfico do sermão do monte apontando para o seu propósito, sua estrutura, e seus destinatários; estudaremos sobre as dimensões das bem-aventuranças; e por fim, notaremos o caminho para as bem-aventuranças.
 
 
I. O CONTEXTO DO SERMÃO DO MONTE
1. O nome do sermão.
O Comentário do Novo Testamento Aplicação Pessoal (2009, p. 36 apud GOMES, 2022, p. 20), que diz: “Mateus 5–7 é chamado de Sermão do Monte porque foi proferido por Jesus sobre um monte perto de Cafarnaum. É provável que esse sermão seja resultado de vários dias de pregação”. O Sermão da Montanha, também conhecido como Sermão do Monte, é o conjunto de ensinamentos principais que Jesus deu aos seus discípulos. Esses ensinamentos são conhecidos por este nome porque Jesus tinha o hábito de ensinar no monte, onde havia mais espaço. Mateus apresenta um relato extenso, que ocupa três capítulos do primeiro evangelho (Mt caps. 5, 6, 7). Já Lucas dá-nos uma sinopse menor (Lc 6.17-49) (BOYER, 2010, pp.395-396).
 
2, O contexto geográfico do sermão.
“Na parte de Lucas 6.20-49, o sermão é suscinto e o nome que recebe é “Sermão da Planície”. Isso se deve à questão da diferente localidade: “E, descendo com eles, parou numa planície...” (Lc 6.17a). Fazendo um paralelo com o “Sermão da Montanha” de Mateus onde está escrito que: “Vendo Jesus as multidões, subiu para a montanha...” (Mt 5.1) [...]. Em relação à aparente discordância existente em Mateus e Lucas, não se pode em momento algum assegurar qualquer desarmonia” (GOMES, 2022, p. 15). “A aparamente contradição desaparece, seja admitindo que Jesus pronunciou seu discurso num planalto ou que, tendo escolhido seus discípulos no cume do monte, desceu com eles para a planície onde curou os enfermos e, em seguida, com os discípulos, voltou para o cume do monte (ver Mc 3.13; Lc 6.17 e Mt 5.1, nessa ordem) [...] tudo indica que na planície ele parou para curar os enfermos; e no alto do monte ele se sentou (Mc 4.1; 9.35; 13.3; Lc 4.20), para pronunciar o sermão. Seja qual for o ponto de vista, é evidente que não há conflito entre Mateus e Lucas” (HENDRIKSEN, apud GOMES, 2022, p. 15).
 
3. O propósito do sermão.
O Sermão do Monte é a síntese do ensino de Cristo para o seu povo. Antes de a Igreja consolidar-se como agente do Reino de Deus na terra (At 8.12; 19.8; 20.25; 28.31), o Senhor tomou a iniciativa de descortinar ao núcleo apostólico, através desta primeira grande explanação pedagógica, as vigas mestras que constituem o modelo de vida cristã trazido pelo Reino de Deus.
 
4. A estrutura do sermão.
O Sermão do Monte é a base ética do Reino de Deus. Toda a estrutura do sermão está baseada em cinco grandes discursos: 1) As Bem-aventuranças (Mt 5.3-12); 2) Sal e luz do mundo (Mt 5.13-16); 3) Jesus é o cumprimento da Lei e dos profetas (Mt 5.17-48); 4) Os atos de justiça (Mt 6 .1-18); e por fim, 5) Declarações de sabedoria (Mt 6.19-7.27).
 
5. O destinatário do sermão.
De modo bem direto podemos dizer que o Sermão do Monte foi destinado tanto para os discípulos de Cristo em particular como também para a multidão que estava em torno dele (Mt 7.28). Pode-se dizer que este grande sermão foi destinado a todos os homens que queiram viver piedosamente. Agora, de maneira bem estrita, a princípio, podemos afirmar que foi direcionado aos primeiramente aos discípulos (Lc 6.20), mas depois também à boa parte da multidão que ouvia Jesus (Mt 7.28; Lc 6.17). Se analisarmos algumas citações dos versos finais do Sermão, entenderemos que Ele desejava que todos tivessem acesso a tais ensinos, razão pela qual faz sua exigência para aqueles que são salvos (Mt 7.13,14,17,21,24,25), para os que não são (Mt 7.13,14,26,27) e incluía também os que fingem ser (Mt 7.15-20, 21-23) (GOMES, 2022, p. 25).
 
6. O sermão e os súditos do reino de Deus.
Estes pronunciamentos de Jesus obtêm o nome da palavra beatitude do latim “beatitudo”, do substantivo relacionado com “beatus”, que é como a Vulgata traduz o termo grego: “makarios” (Mt 5.3-11) (ARINGTON; STRONSTAD, 2003, p. 34 apud GOMES, 2022, p. 27). A expressão “bem-aventurados” é um adjetivo plural grego, “makarios”, que significa: “felizes, afortunado, bem-aventurado”. Essa expressão trata das qualidades presentes na vida dos que dependem de Deus, que estão sob seu domínio e soberania e seguem a Jesus com sinceridade [...]. O Sermão do Monte, Jesus ensina que a verdadeira felicidade nada tem a ver com o que o homem deseja, mas sim, com o que ele precisa (GOMES, 2022, p. 27).
 
 
 II. AS DIMENSÕES DAS BEM-AVENTURANÇAS
“Nas Palavras de Jesus, o conceito de Reino tanto tinha seu aspecto escatológico, para tempos futuros, como também para o aspecto presente (Lc 17.21)” (GOMES, 2022, p. 29). Notemos então:
 
1. A dimensão presente.
Tanto as bem-aventuranças quanto os demais princípios bíblicos do Sermão do Monte podem ser vistos sob dois ângulos: a dimensão presente e a dimensão escatológica. Ambos se interpõem e se completam. Há os que vinculam estes princípios apenas à manifestação futura do Reino de Deus, como se não pudessem ser experimentados aqui e agora. Eles o fazem porque interpretam a expressão “reino dos céus”, utilizada por Mateus, e que aparece no Sermão do Monte, como referente ao reino milenial, o que excluiria a validade desses princípios para a época presente. Mas, na verdade, comparando-se os sinóticos, verifica-se que “reino dos céus”, em determinadas passagens, equivale em Mateus à expressão “Reino de Deus” (Mt 3.1,2 e Mc 1.14,15; Lc 13.18-21). Ora, Jesus deixou claro que a chegada do Reino de Deus é um ato presente na história (Mt 4.17). Se esta manifestação presente é uma verdade escriturística, não há como excluir desta era e situar apenas no futuro os ensinos éticos e as bem-aventuranças.
 
2. A dimensão escatológica.
Todavia, sob o ângulo escatológico, haverá um tempo em que o Reino de Deus manifestar-se-á de forma física, como retrata Apocalipse 11.15, quando então esses princípios e as bênçãos decorrentes serão experimentados de modo perfeito e absoluto. Hoje, conhecemos em parte (1Co 13.9,10) e nos submetemos voluntariamente ao senhorio do “reino do Filho do seu amor” (Cl 1.13), mas, quando as etapas finais do plano de Deus tiverem seu cumprimento, seremos então introduzidos a essa nova dimensão do Reino em que poderemos viver em toda a plenitude e justiça a imagem perfeita de Cristo (1Jo 3.2).
 
 
III. O CAMINHO PARA AS BEM-AVENTURANÇAS
A primeira seção do Sermão do Monte (Mt 5.1-12) destaca oito qualidades que formam o caráter dos súditos do Reino de Deus. Vejamos cada uma resumidamente:
 
1. Bem-aventurados os pobres de espírito (Mt 5.3).
A primeira das bem-aventuranças requer o despojamento de espírito (Sl 34.18). Refere-se à profunda humildade de reconhecer a absoluta falência espiritual de si mesmo quando estamos separados de Deus. Os pobres de espírito exibem uma genuína humildade e são despojados de todo o orgulho (Fp 2.5-8). É não se julgar autossuficiente, mas estar disposto a abrir mão de si mesmo (1Co 4.16-19). Pobres de espírito, é ser como o publicano na parábola de Lucas 18.9-13.
 
2. Bem-aventurados os que choram (Mt 5.4).
A segunda bem-aventurança nos leva ao quebrantamento. Aqui a ideia não é a da autocomiseração em que o indivíduo se entrega a um estado de lamúria pela própria sorte (Mt 26.75; Lc 22.62). Não é o lamento natural por alguma perda, nem a tristeza egocêntrica e invejosa por não ter alcançado o que outros já têm (2Co 7.10).
 
3. Bem-aventurados os mansos (Mt 5.5).
Esta bem-aventurança ressalta a força da mansidão (Mt 11.29). Ela se contrapõe ao ódio, à violência e ao estilo agressivo das conquistas humanas (Ef 4.2; Gl 5.22; Cl 3.12; Tt 3.2). Parece um paradoxo, mas quando os de espírito brando despontam, inibem atitudes que poderiam desaguar em conflitos e tragédias (Nm 12.1-3, 13).  
 
4. Bem-aventurados os que tem fome e sede de justiça (Mt 5.6).
A quarta bem-aventurança revela que a justiça deve ser um profundo anseio de todo crente (Mt 5.20). Tal qual o organismo faminto e sedento, o cristão não desfrutará da verdadeira calma e paz de espírito enquanto não se sentir saciado da presença de Deus, o que implica viver não só em retidão espiritual, mas em não se conformar com as injustiças e opressões no mundo (Sl 85.10,11; Mt 6.1,33).
 
5. Bem-aventurados os misericordiosos (Mt 5.7).
Misericórdia é a generosidade, a ternura de coração e a bondade de alma movidas para aliviar o sofrimento dos outros (Lc 6.36). É uma das características que marcam os filhos de Deus, pois o próprio Deus é “rico em misericórdia” (Ef 2.4 ver 1Pd 1.3). As Escrituras estão cheias de descrições da misericórdia de Deus, cujas “misericórdias não têm fim” (Lm 3.22). Ele se revelou a Moisés como “o Senhor, um Deus compassivo e grande em misericórdia” (Êx 34.6). Misericórdia é o ato de ser compassivo com o próximo em seu estado de carência espiritual, moral e social (Sl 23.6; Mt 18.23-35; Lc 10.33-35).
 
6. Bem-aventurados os limpos de coração (Mt 5.8).
Convém lembrar que pureza de coração não se trata de algo apenas externo e aparente, unicamente com o fim de ser apreciado pelos homens, a exemplo dos fariseus, pois o termo “coração”, na Bíblia, traduz a ideia de centro da personalidade (Sl 51.10; Pv 4.23; Mt 15.19; 1Ts 5.23).
 
7. Bem-aventurados os pacificadores (Mt 5.9).
Deus abomina os que semeiam a contenda (Pv 6.16-19). Aquele que tem o coração purificado de segundas intenções age sempre com espírito pacífico (Gn 13.7-9; Sl 34.14; 133.3; Rm 8.6). Paz é ausência de guerra, conflitos e toda sorte de conturbações (Mc 9.50; Rm 12.18). Na Bíblia o termo paz abrange também o sentido de harmonia (Cl 3.13,15; Tg 3.18; Jd 1.2). Ora, o pecado é a fonte de todas as mazelas e hostilidade entre os homens. O exercício da pacificação é uma qualidade de quem já removeu de seu coração, mediante o sangue de Jesus, a causa de seus males pessoais (Hb 12.14; 1Pd 3.10-11).
 
8. Bem-aventurados os sofrem perseguições (Mt 5.9,10).
Por último, há também uma bem-aventurança para os que são perseguidos por serem fiéis ao Senhor (Mt 5.12; Jo 17.14). O compromisso com o evangelho não admite outra opção (Mt 6.24). Não há como ser amigo do mundo e, ao mesmo tempo, agradar a Deus.
 
 
CONCLUSÃO
O Sermão do Monte é a base ética do Reino de Deus. Nele, constatamos o lado divino de uma atitude amorosa do cristão para com Deus, bem com o para com o próximo. Se cada crente fizesse do Sermão do Monte o seu norte ético de vida, as polêmicas não teriam lugar entre nó, visto que o propósito desse sermão é que cada crente seja como Deus quer que ele seja.
 
 
 
REFERÊNCIAS
Ø  STAMPS, Donald C. Bíblia de Estudo Pentecostal. CPAD.
Ø  COUTO, G. do. Lições Bíblicas Jovens e Adultos. CPAD, 2º Trimestre de 2001, Sermão do Monte: A transparência da vida cristã.
Ø  GOMES, Osiel. Os valores do reino de Deus: A relevância do Sermão do Monte para a igreja de Cristo. CPAD.
 
 
Por Rede Brasil de Comunicação.
 

 

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