sábado, 23 de setembro de 2023

LIÇÃO 13 – O MUNDO DE DEUS NO MUNDO DOS HOMENS


 
 

 
Mt 1.21-23; Gl 4.3-7
 
 
 

INTRODUÇÃO
Nesta lição, veremos o conceito do reino e Deus e seus aspectos; notaremos este reino nas Escrituras; pontuaremos as manifestações dele na terra; bem como sua natureza; e por fim; mostraremos o papel dos seguidores de Cristo no reino de Deus.
 
 
I. CONCEITO BÍBLICO DE MUNDO DE DEUS
1. Definição de mundo de Deus.
A expressão “mundo de Deus” aparece algumas vezes no decorrer da Bíblia (também como reino de Deus). A Igreja de Cristo é a expressão visível do Reino de Deus no mundo. Nesse sentido, há um contraste entre os que representam os valores do Reino de Deus e os que representam os valores do mundo. Assim, Deus permanece agindo no mundo por meio da Igreja de Cristo, a expressão visível do Reino de Deus. De acordo com as Sagradas Escrituras, o Reino de Deus apresenta tanto aspectos presentes quanto futuros. Na atualidade, o reino divino está presente na vida dos filhos de Deus, a saber, os salvos em Cristo. Estes foram libertos das trevas e transportados ao “Reino do Filho do seu amor” (Cl 1.13); e o aspecto futuro do Reino de Deus está ligado ao reino milenar de Cristo sobre a terra por ocasião da sua segunda vinda em glória (1Co 15.23-25).
 
 
II. O REINO DE DEUS NAS ESCRITURAS
1. No Antigo Testamento.
Apesar da expressão Reino de Deus não aparecer no AT, o Senhor é apresentado como o Rei de Israel (Is 43.15), da terra e de todo o universo (Sl 24; 47.7,8; 103.19). Estas e outras referências manifestam a prerrogativa soberana de Deus sobre a criação. Ele reina para sempre (Sl 29.10).
 
2. Em o Novo Testamento.
A mensagem central do ensino neotestamentário é o Reino de Deus. Este foi apregoado por João Batista (Mt 3.2) João veio pregando no deserto: “Arrependei-vos porque é chegado o Reino dos céus” (Mt 3.2). O fato de uma pessoa ser israelita e “filho da promessa” (Gl 4.28) não lhe assegurava o direito de entrar no Reino de Deus. Era preciso produzir frutos dignos de arrependimento. Pois, as boas obras são o resultado de um autêntico arrependimento (Lc 3.8), e confirmado pelo ensino de Jesus Cristo (Mt 6.33). A proclamação e a concretização do Reino de Deus foram o propósito central do ministério de ensino de Jesus. O Reino dos Céus foi o tema de sua mensagem e ensino na terra (Mt 4.17). No Sermão da Montanha, Jesus conclamou a multidão que o ouvia a buscar, com diligência e em primeiro lugar, o Reino de Deus (Mt 6.33).
 
3. Reino de Deus ou Reino dos Céus.
Nos evangelhos de Marcos e Lucas a expressão “Reino de Deus” aparece com frequência. Todavia, no Evangelho de Mateus, a expressão mais usada pelo evangelista (aparece cerca de trinta e quatro vezes) é “Reino dos Céus”. A maioria dos eruditos bíblicos concorda que o emprego da expressão “Reino dos Céus” foi aplicado por Mateus devido à rejeição do povo israelita ao uso indiscriminado do nome de Deus. Logo, as expressões “Reino de Deus” e “Reino dos Céus”, quando comparadas entre os Evangelhos sinóticos de Mateus, Marcos e Lucas, são sinônimos e intercambiáveis (Mt 5.3; 13.10,11; Mc 4.10,11; Lc 6.20).

 
III. AS MANIFESTAÇÕES DO REINO DE DEUS
1. No passado.
A nação de Israel era uma monarquia teocrática. O Senhor levantou reis para o povo judeu (Dt 17.14,15; Dt 28.36; cf. 1 Sm 10.1; 1 Sm 16.13) e estabeleceu normas reguladoras de relacionamento político entre o governante e a nação (1 Sm 8.10-22). O objetivo de Deus era preparar o caminho para a salvação da humanidade através da nação de Israel. Contudo, por causa dos desvios do povo judeu e da rejeição de seu Messias, Jesus Cristo, o reino divino foi-lhes retirado, ou seja, Israel na atualidade não tem mais a função de propagar o Reino de Deus (Mt 21.43; Rm 10.21; 11.23). Tal missão cabe agora à Igreja. Israel, porém, será restabelecido espiritualmente no futuro, conforme escreve Paulo (Rm 11.25-27).
 
2. No presente.
O Reino de Deus foi estabelecido de forma invisível na Igreja por intermédio do Rei dos reis. O reino divino pode ser visto nos corações e nas vidas de todos aqueles que se arrependem, creem e vivem o Evangelho (Jo 3.3-5; Cl 1.13). Não se trata de um reino político ou material que, por definição, é transitório e passageiro, mas de uma poderosa, transformadora e eficaz operação da presença de Deus em e através de seu povo (Mc 1.27; 2 Co 3.18; 1 Ts 4.1), refletindo-se em toda a realidade à nossa volta, produzindo transformação.
 
3. No futuro.
As Escrituras revelam que haverá um futuro reino literal, porém, na presente dispensação da graça, esse reino é espiritual: “o Reino de Deus está entre vós” (Lc 17.21). Durante o Milênio, predito pelos profetas do Antigo Testamento (Sl 89.36,37; Is 11.1-9; Dn 7.13,14), Jesus Cristo reinará literalmente na terra durante mil anos (Ap 20.4-6). E a Igreja reinará juntamente com Ele sobre as nações (Mt 25.34; Ap 5.10; 20.6; Dn 7.22). O reino milenial de Cristo dará lugar ao reino eterno de Deus, que será estabelecido na nova terra (Ap 21.1-4; 22.3-5), a Nova Jerusalém (Ap 21.9-11). Os habitantes são os redimidos do Senhor de todos os tempos. Que alegria nos inundará a alma quando estivermos juntos com o Senhor (Dn 7.18).

 
IV. A NATUREZA DO REINO DE DEUS
A mensagem do Reino teve seu início com Jesus: “desde então, começou Jesus a pregar e a dizer: arrependei-vos, porque é chegado o reino dos céus” (Mt 4.17). Aqui, fica claro que a mensagem do Reino de Deus contém um apelo ao arrependimento (Mt 3.2) e abrange o abandono do pecado e o voltar-se para Deus (Lc 24.46,47); compreende uma nova atitude espiritual e moral, bem como uma nova conduta (At 26.20; Ef 4.28). Somente o arrependimento e a fé na obra expiatória e redentora de Cristo podem restaurar o pecador diante de Deus (At 3.19; Rm 3.23-25; 2 Co 7.10). Por conseguinte, é papel da Igreja proclamar a mensagem do Reino em todo o mundo (Mt 24 .14). Dentre muitas características do Reino de Deus no tempo presente, na atual dispensação, podemos destacar a sua espiritualidade:
 
1. A natureza do reino de Deus é espiritual.
Trata-se de um domínio espiritual. Deus começa a dominar a partir do coração dos seus servos (Jo 14.23), e tal domínio se dá através do Seu poder (Mc 9.1). É bom destacarmos que o referido versículo não aponta para o Reino numa perspectiva escatológica, isto é, o Reino Milenial de Cristo, embora reconheçamos que este reino também tenha o aspecto escatológico. Quando Jesus diz que muitos veriam o Reino chegar com poder, estava fazendo alusão ao Pentecostes, em que a Igreja foi inaugurada pelo poder do Espírito (At 1.8; 2.1-4). Não estamos falando de uma teocracia religio-política. O Reino não está vinculado ao domínio social ou político sobre as nações ou reinos deste mundo (Jo 18.36). Deus não pretende na presente era reformar o mundo mediante ativismo social ou político, da força ou de ação violenta (Mt 26.52, 53).
 
2. A natureza do reino de Deus é santa.
Uma marca claríssima do Reino de Deus é a santidade. Desde o Antigo Pacto, o Senhor estabeleceu a santificação como premissa maior para sua dominação (Êx 19.5,6; Lv 11.44). Interessante assinalar que no Novo Pacto, os padrões ético-morais são ampliados pelo nosso Senhor Jesus Cristo.
 
 
V. O REINO DE DEUS ESTÁ ENTRE VÓS
De acordo com Jesus, a natureza do reino de Deus é espiritual, não material ou política. Muitas pessoas perdem os propósitos de Deus para suas vidas porque não dispostas a deixá-lo mudá-las de dentro para fora. O fato de que o Reino de Deus não vem com “aparência exterior” significa que ele não vem como um poder terreno político, e não podemos ganhar um lugar nele pelos nossos próprios bons esforços. Tornar-se parte do reino de Deus exige uma transformação do coração e da mente que somente Deus pode produzir à medida que confiamos a nossa vida a Ele. Assim que os propósitos do reino de Deus começam a se desenvolver dentro de uma pessoa, ela começa a desenvolver um caráter semelhante ao de Cristo, que inclui “justiça, e paz, e alegria no Espírito Santo” (Rm 14.17). Através do poder do Espírito, podemos demonstrar o poder do reino de Deus ao vencermos as forças do pecado, as doenças e Satanás, e não por vencermos reis e conquistarmos nações. Quando Jesus vier à terra pela segunda vez, o reino de Deus será revelado em seu pleno poder e glória (Mt 24.30), triunfando sobre reis, nações e todo o mal (Ap 11.15-18; 19.11-21) (STAMPS, Donald C. Bíblia de Estudo Pentecostal Edição Global, 2022, pp.1806-07).
 
 
VI. O PAPEL DOS SEGUIDORES DE CRISTO NO REINO DE DEUS
O NT tem muito a dizer a respeito do papel do povo fiel de Deus no seu reino. Os seguidores de Cristo têm o privilégio e a responsabilidade de buscar constantemente os propósitos e o modo de vida que agrada a Deus em tudo o que fazem, para que a sua presença e o seu poder sejam evidentes as pessoas que estiverem à sua volta. Isto requer fome e “sede espiritual profunda” pela presença e pelo poder de Deus, tanto em suas próprias vidas como na comunidade cristã (Mt 5.10; 6.33).
 
1. Jesus transmite informações adicionais sobre a natureza e o caráter daqueles que se tornam parte do seu reino
Em Mateus 11.12 Jesus indica que “pela força” as pessoas se apoderam do reino dos céus. Isto se refere às pessoas que estão corajosamente comprometidas a romper com os costumes do mundo, que são pecaminosos e desafiam a Deus, e que buscam intensamente um conhecimento mais profundo de Cristo, da sua Palavra e dos seus perfeitos propósitos (1Jo 2.15-17). Não importa o custo ou a dificuldade, essas pessoas buscam intensamente o reino, com todo o seu poder. Tudo isto quer dizer que vivenciar o reino dos céus e todos os seus benefícios exige um esforço sincero e persistente para crescer na fé e para resistir às más influências de Satanás, do pecado e de uma sociedade corrupta.
 
2. Os benefícios supremos do reino de Deus não se destinam aos que não têm fome sede de justiça.
O reino de Deus não é para os que negligenciam a Palavra de Deus, ou que fazem concessões aos comportamentos ímpios e aos modos de vida do mundo. O reino dos céus é para homens com o José (Gn 39.9), Natã (2Sm 12.7), Elias (1Rs 18.2 1), Daniel e seus três amigos (Dn 1.8; 3.16-18), Mardoqueu (Et 3.4-5), Pedro e João (At 4.19-20), Estêvão (At 6.8; 7.51) e Paulo (Fp 3.13-14); é para mulheres como Débora (Jz 4.9), Rute (Rt 1.16-18), Ester (Et 4.16), Maria (Lc 1.26-35), Ana (Lc 2.36-38) e Lídia (At 16.14-15,40) (STAMPS, Donald C. Bíblia de Estudo Pentecostal. Edição Global, 2022, pp.1639).

  
CONCLUSÃO
Os judeus aguardavam um reino literal para libertá-los da opressão política, social e econômica. Cristo os corrigiu e afirmou que o “Reino de Deus não vem com aparência exterior” (Lc 17.20), isto é, não seria terreno, mas espiritual. O reino literal ainda será implantado. Nesse aspecto, Cristo veio para resgatar o homem do pecado. Isso requer arrependimento e fé no sacrifício da cruz. Os que recusam a ética e a moral do Reino são condenados à morte eterna. Assim, os valores cristãos devem ser observados pela Igreja, cuja missão é anunciar o Reino de Deus num mundo dominado pelo Império do Mal.
 
 


REFERÊNCIAS
Ø  BAPTISTA, Douglas. Valores cristãos. CPAD.
Ø  BAPTISTA, Douglas. A Igreja de Cristo e o Império do Mal. CPAD.
Ø  GEISLER, N. L. B, Peter. Fundamentos inabaláveis. Vida.
Ø  STAMPS, Donald C. Bíblia de Estudo Pentecostal Edição Global. CPAD.
Ø  COUTO, G. A Transparência da Vida Cristã: Comentário Devocional do Sermão do Monte. CPAD.
 
Por Rede Brasil de Comunicação.
 



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