Is
53.1-5; Mt 8.14-17; Tg 5.14,15
INTRODUÇÃO
Nesta
lição enfatizaremos em que acreditamos no que diz respeito à cura divina;
destacaremos o que é ensinado sobre esse assunto à luz do Antigo e do Novo
Testamento; pontuaremos as principais causas das enfermidades na humanidade;
veremos por que nem todos são curados; e por fim, quais os principais
propósitos da cura divina, e está como uma realidade para nossos dias.
I. NO QUE CREMOS SOBRE A CURA DIVINA
Na
Declaração de Fé das Assembleias de Deus nos é dito: cremos, professamos e
ensinamos que a cura divina é um ato da soberania, graça e misericórdia
divina (Mt 14.14; Mc 1.40,41) que, através do poder do Espírito
Santo (Lc 4.18,19; At 10.38) restaura física e/ou emocionalmente
aqueles que demonstram fé em Jesus Cristo (At 3.16; 14.8-10). Deus fez
o homem um ser integral, formado por uma parte material e outra imaterial (Gn
2.7). A parte material, o corpo, é tão importante quanto a imaterial, a alma e
o espírito (1Co 6.19,20; 1Ts 5.23). A Bíblia mostra que a obra redentora de
Cristo incluiu também o corpo: “Gememos em nós mesmos, esperando a
adoção, a saber, a redenção do nosso corpo” (Rm 8.23). A vontade de
Deus é, portanto, curar tanto a alma como o corpo: “É ele que perdoa
todas as tuas iniquidades e sara todas as tuas enfermidades” (Sl 103.3).
Faz parte da natureza divina curar os enfermos, e Deus assim o faz para
demonstrar o seu poder e amor pelos afligidos (SOARES Org, 2017, p.179 – grifo
nosso).
II. A CURA DIVINA À LUZ DAS
ESCRITURAS
1.
No Antigo Testamento.
O
grande título veterotestamentário para descrever o aspecto da natureza de Deus
em curar, acha-se em Êxodo 15.26: “[...] Eu sou o Senhor que te sara”.
O hebraico diz: “Ani Yahweh raphah”, que também poderia ser
traduzido por: “Eu sou o Senhor, teu Médico” (Jr 8.22). Visto que
na antiga aliança a cura faz parte do pacto que Deus fez com o seu povo (Êx
23.25) de modo que a obediência às exigências da aliança produzia cura (Êx
15.26), enquanto a não observância de seus preceitos trazia doenças (Dt
28.15,22). Em vários momentos da história relatada no AT, mostram pessoas sendo
curadas entre elas: a) Abimeleque e esposa, curados da esterilidade (Gn
20.17); b) Naamã o siro, e Miriã irmã de Moisés, foram curados de lepra
(Nm 12.10-15; 2Rs 5.10-14; Lc 4.27); e, (c) Israelitas curados do efeito
do veneno das serpentes (Nm 21.5-9), ficando evidente que, no AT sempre foi de
sua natureza divina realizar curas, até hoje assim permanece; pois, Deus não
muda (Ml 3.6).
2.
No Novo Testamento.
São
vários os relatos de milagres curas e maravilhas no Novo Testamento em momentos
importantes, vejamos:
A)
No ministério terreno de Jesus.
A
cura divina foi parte fundamental no ministério terreno de Jesus (Mt 4.23-25;
8.16; At 10.38). que foi marcado, principalmente, por pregação, ensino e cura
(Mt 4.23). Os evangelistas registraram diversas curas realizadas pelo Senhor, e
estas, foram um dos sinais de autenticação da sua messianidade apresentados por
ocasião da pergunta feita por João o batista (Mt 11.2,3,5 ver Is 35.5,6; 61.1).
O NT relata que pessoas foram curadas por Jesus de: a) febre (Mc 1.29-31);
b) cegueira (Mt 21.14; Jo 9.1-5); c) paralisia (Mc 2.1-12; Jo
5.5-9; d) surdez, gagueira (Mc 7.32-35); e) lepra (Lc 5.12,13);
e, f) hemorragia (Mc 5.25-29), entre outras moléstias, uma vez que Ele: “curou
muitos que se achavam enfermos de diversas enfermidades […]” (Mc 1.34).
B)
Na igreja primitiva.
Aos
seus discípulos o Senhor Jesus delegou autoridade para curar os enfermos (Mt
10.1,8; Lc 10.9) e garantiu a possibilidade da cura divina, aos que cressem (Mc
16.17,18). O livro de Atos, o segundo tratado de Lucas, nos mostra que Pedro,
Filipe, Estevão e Paulo, foram tremendamente usados por Deus com como um canal
de cura (At 3.6-8; 6.8; 8.6-8; 19.11,12; 28.7,8; Rm 15.19; 1Co 2.4; 2Co 12.12).
Após o Pentecostes, muitas curas foram realizadas por intermédio dos apóstolos,
de modo que encontramos dezenas de curas, realizadas pelo intermédio da igreja
primitiva (At 3.6-10; 5.15,16; 8.5-8; 14.8-10; 19.11,12). O apóstolo Paulo,
escrevendo aos coríntios acerca dos dons espirituais, enumera nove dons, dentre
eles, os “dons de curar” (1Co 12.9). Deixando claro que a cura
divina sempre fez parte da realidade da igreja desde o seu nascedouro.
IV. AS CAUSAS DAS ENFERMIDADES NA
HUMANIDADE
1.
Consequência do pecado.
As
enfermidades e a morte entraram à experiência humana por causa do pecado.
Através da queda, no jardim do Éden, o pecado e a morte passaram a todos os
seres humanos (Rm 5.12). Parte da maldição ocasionada pela queda foi a sujeição
do corpo humano às enfermidades e à morte física. A morte é considerada
maldição, conceito este claramente ensinado nas Escrituras (Gn 3.19; Pv 11.19;
Tg 1.15). Deus, porém, prometeu livrar o seu povo da maldição das enfermidades
do Egito, se eles o servissem (Êx 15.26; Dt 28.15-68). A enfermidade e sua
consequência, a morte, sem dúvida são uma penalidade por causa do pecado (Gn
2.17), mas, devemos evitar supor que todas as enfermidades e morte sejam
consequência direta de um pecado imediato. A enfermidade está no mundo
por causa do pecado, mas, deve-se considerar também, que a maldição é geral e aflige
as pessoas independente de retidão pessoal ou de pecados pontuais (Lc 13.1-4;
ver Jó 1.1; 2.7).
2.
Ação de satanás.
Deus
não deve ser acusado pelas tragédias e misérias que ocorrem na humanidade (Tg
1.17). Antes, nas Escrituras nos é dito que o diabo causa muitos dos males aos
homens (At 10.38). Que Satanás, o adversário, é o responsável pela escravidão,
tanto física quanto espiritual, na qual pessoas se encontram, fica claro na
Bíblia (Lc 13.11-17; Hb 2.14,16; 1Jo 3.8). O Novo Testamento reconhece que os
demônios podem causar enfermidades às pessoas, e atormentá-las cruelmente (Mt
9.32,33; 12.22; 17.14-16; Mc 9.20-22), um erro, no entanto, é achar que
toda enfermidade é causada pelos demônios.
3.
Descuido quanto ao cuidado do corpo.
Tal
fato pode acontecer de várias maneiras: descuido nos hábitos alimentares, sono
e repouso insuficiente, falta de higiene pessoal, uso exagerado de
medicamentos, dietas inadequadas etc. Nossa fé em Cristo jamais deve ser
utilizada como argumento para justificar atitudes irresponsáveis ou de
descuidado para com nossa saúde. Proporcionar bem-estar ao corpo é também um
modo de glorificar e exaltar a Deus; por isso, em textos como as Epístolas
vemos Paulo orientando seus amigos a terem atenção a sua saúde (1Tm 5.23; 2Tm
4.20; Fp 2.25-30). Nossa mordomia do corpo deve estar ligada a um ideal de vida
saudável e equilibrada.
V. PROPÓSITOS DA CURA DIVINA
Deus
não faz milagres apenas por fazer. Sempre que ele realiza algo sobrenatural e
extraordinário tem em mente alguns propósitos, entre os quais podemos citar:
1.
Restauração da saúde.
Todos
os textos narrando os milagres realizados deixam bem claro que os mesmos
ocorreram em resposta a uma necessidade humana e em resposta ao sofrimento
humano (Mt 8.23-27; Lc 7.11-17).
2.
Atesto da veracidade da mensagem do evangelho.
Os
milagres operados pelos servos de Deus são uma clara demonstração do poder
divino. Todos eles tiveram como propósito específico despertar a fé no único
Deus verdadeiro, que demonstra a sua graça e glória nas mais diferentes
situações na vida (1Rs 18.36-39; Jo 20.31).
3.
Glorificação do nome do Senhor Jesus.
Os
milagres narrados nas Escrituras, tanto no Antigo como em o Novo Testamento, objetivam
a glória de Deus (Jo 9.3). Em nenhum momento encontramos os profetas e
apóstolos, buscando chamar a atenção para si (2Rs 5.15,16; At 3.8,12; 14.14,15)
antes, o que dever ser glorificado nunca são os instrumentos da cura divina,
mas sim, a fonte que é o Senhor (Rm 11.36).
VI. POR QUE NEM TODOS SÃO CURADOS?
Vejamos
algumas razões por que algumas pessoas não são curadas:
1.
Falta de fé (Tg 1.6,7).
A
falta de fé é uma das causas pelas quais muitas pessoas não são curadas. O
apóstolo Tiago nos exorta dizendo que, o que pedimos ao Senhor devemos fazer
com fé, sem duvidar. Várias pessoas foram curadas pelos Senhor Jesus porque foram
a Ele, movidas pela fé (Mt 8.10; 9.1-8; 15.21-28; Lc 9.43-48). No entanto,
outros não receberam a intervenção divina por incredulidade (Mc 6.5,6; Mt
13.58).
2.
Pecado oculto (Tg 5.16).
Outra
razão que impede que algumas pessoas sejam curadas é o pecado oculto (1Co
11.30). É bem verdade que Deus espera que confessemos nossos pecados, estando
bem ou mal de saúde, pois a confissão de pecados não deve ser feita por interesses
na cura do corpo, e sim, na cura espiritual (Pv 28.13).
3.
Propósito divino (2Co 12.7-9).
Não
podemos negar esta realidade que nem todos são curados como as Escrituras
mostram: a) O profeta Daniel esteve enfermo por alguns dias (Dn 8.27); b)
Quando Jesus chegou ao tanque de Betesda, havia muitos enfermos naquele lugar,
porém, somente um foi curado (Jo 5.1-15); c) Deus operou muitos milagres
através do apóstolo Paulo (At 19.11,12), porém, ele escreve a Timóteo dizendo
que deixou Trófimo doente em Mileto (2Tm 4.20); e, d) Timóteo e
Epafrodito, companheiros de Paulo, também estiveram enfermos (1Tm 5.23; Fp
2.25-27). Ficando claro, quem nem sempre a cura acontece, não porque Deus não
possa, mas, por razões que pertencem à soberania divina.
VII. A CURA DIVINA UMA REALIDADE PARA
NOSSOS DIAS
Como
corpo de Cristo, a igreja realiza a missão que Cristo estabeleceu: pregar o
evangelho a toda criatura (Mc 16.15; At 1.8) sendo esta missão acompanhada
também por curas (Mc 16.16,17). Portanto, os milagres são atuais, sendo
orientado as seguintes recomendações:
1.
A oração pelos enfermos.
A
oração em favor dos enfermos é uma prática presente tanto no Antigo como no
Novo Testamento. A primeira oração de cura registrada no Antigo Testamento é
feita por Abraão (Gn 20.17). Moisés orou pela cura de Miriã, sua irmã (Nm 12.10,13).
O Novo Testamento registra que a oração em favor dos enfermos era uma prática
constante na igreja primitiva e ensinada pelos apóstolos (Tg 5.14,15). A
oração pelos enfermos não entra em conflito com o tratamento médico. O
rei Ezequias foi curado de uma úlcera após ter uma pasta de figos posta sobre a
sua enfermidade (Is 38.21). O Senhor Jesus reconheceu o valor dos médicos (Mt 9.12),
já Paulo, o apóstolo, aconselhou Timóteo a beber vinho misturado na água com
fins terapêuticos (1Tm 5.18), e tinha entre seus colaboradores Lucas, que era
médico (Cl 4.14).
2.
A unção com óleo.
Os
apóstolos foram direcionados a ungirem os enfermos (Mc 6.13); na sua epístola
Tiago exorta a igreja para que, estando alguém doente, chamassem os presbíteros
para que orassem e os ungissem com azeite em nome do Senhor (Tg 5.14). Isto não
é uma sugestão de que Deus sempre atende a oração do crente com um sim. Toda
oração, inclusive a oração pela cura, fica sujeita à vontade de Deus (2Co
12.8,9; 1Jo 5.14). Deve-se destacar também que a prática de ungir a
cabeça do enfermo, não indica que o óleo possui poder curador. Embora
na cultura judaica o azeite de oliveira era considerado com propriedades
medicinais (Lc 10.34). A ideia original é que esse óleo fosse usado como um
sinal visível e tangível do poder de Deus representando a unção do Espírito
Santo. Biblicamente, o que pode proporcionar cura é o nome do Senhor conforme
as Escrituras (Mc 16.17,18; At 3.6,7; Tg 5.14,15).
CONCLUSÃO
Sinais,
curas e milagres ocuparam parte importante do ministério de Cristo Jesus e dos
seus santos apóstolos, com a finalidade de confirmar a mensagem do evangelho
que pregaram. Este mesmo poder, permanece com a Igreja nos dias de hoje, a fim
de que ela se desenvolva espiritualmente e possa conduzir muitas vidas a
experiência da salvação.
REFERÊNCIAS
Ø Menzies, William W; Horton, Stanley
M. Doutrinas Bíblicas: Uma perspectiva Pentecostal. RJ: CPAD,
1999.
Ø STAMPS, Donald C. Bíblia de
Estudo Pentecostal. RJ: CPAD, 2018.
Ø SOARES, E. (Org.). Declaração
de Fé das Assembleias de Deus. RJ: CPAD, 2017.
Por
Rede Brasil de Comunicação.
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