domingo, 10 de agosto de 2025

LIÇÃO 06 – UMA IGREJA NÃO CONIVENTE COM A MENTIRA






At 5.1-11
 
 
 
INTRODUÇÃO
Nesta lição, estudaremos o capítulo 5 de Atos dos Apóstolos, onde o médico Lucas registra a mentira de Ananias e Safira e o consequente juízo divino. Veremos a definição dos termos “conivente” e “mentira”; descreveremos o que a Bíblia ensina sobre a mentira; explicaremos sobre a mentira de Ananias e Safira e suas consequências; e, finalmente, elencaremos o que devemos fazer para vencer a mentira.
 
 
I. DEFINIÇÃO DOS TERMOS “CONIVENTE” E “MENTIRA”
1. Definição do termo “conivente”.
O dicionarista Antônio Houaiss (2011, p. 803) define “conivente” como “aquele que tolera, consente ou finge não ver uma falta, erro ou crime cometido por outrem; cúmplice, complacente”. Embora o termo não se encontre na Bíblia, seu exemplo está. Vejamos: a) O sacerdote Eli, que tolerou os pecados de Hofni e Fineias “Porque já eu lhe fiz saber que julgarei a sua casa para sempre, pela iniquidade que ele bem conhecia, porque, fazendo-se os seus filhos execráveis, não os repreendeu(1Sm 3.13); b) Pilatos reconheceu que Jesus era inocente, mas, por pressão da multidão, ele lavou as mãos, tentando se isentar da culpa, mas foi conivente com a injustiça, mandando crucificar a Jesus (Mt 27.26); c) Ananias e Safira venderam uma propriedade, retiveram parte do valor e trouxeram apenas uma parte do dinheiro, como se fosse o valor total. Quando Pedro perguntou a Safira por quanto eles tinham vendido a propriedade, ela foi conivente com o erro do marido e mentiu para o apóstolo, sofrendo a mesma consequência do marido (At 5.1-10). Escrevendo acerca da depravação dos gentios, o apóstolo Paulo diz: “os quais, conhecendo a justiça de Deus (que são dignos de morte os que tais coisas praticam), não somente as fazem, mas também consentem aos que as fazem(Rm 1.32). E, na carta aos filipenses, ele adverte, dizendo: “E não sejais cúmplices nas obras infrutíferas das trevas; antes, porém, reprovai-as” (Ef 5.11 - ARA).
 
2. Definição do termo “mentira”.
Segundo o dicionarista Antônio Houaiss (2011, p. 1895), mentira é: “ato ou efeito de mentir, engano, falsidade, fraude, afirmação contrária a verdade a fim de induzir ao erro, aquilo que ilude, pensamento, opinião ou juízo falso, aquilo que ilude, ludibriar”. A mentira pode apresentar pelo menos três aspectos que são: morais (Pv 6.16-19; Rm 1.25), espirituais (Sl 15.1-3; 101.7; Jo 8.44; 1Tm 4.1-2;) e patológicos (mitomanias) (Pv 14.25; Ap 22.15). No AT aparece a expressão “sheqer” que significa: “mentira, engano, desapontamento, falsidade, fraude, erro, falso juramento”. Já no NT empregam-se em grego dois grupos diferentes de palavras para a mentira que são: “hypokrino” que tem sua origem no mundo do teatro. [....]. Daí surgirem os significados de “representar, disfarce hipocrisia”. Já a segunda palavra é: “pseudos” que expressa o oposto de “aletheia” que significa: “verdade” (Brown; Coenem, 2000, p. 1275).
 
 
II. O QUE A BÍBLIA ENSINA SOBRE A MENTIRA
  • A Bíblia proíbe a mentira: “Não dirás falso testemunho contra o teu próximo (Êx 20.16); “Não furtareis, nem mentireis, nem usareis de falsidade cada um com o seu próximo”. (Lv 19.11); “Guarda a tua língua do mal e os teus lábios, de falarem enganosamente” (Sl 34.13);
  • O justo não pode compactuar com ela: “O justo aborrece a palavra de mentira, mas o ímpio é abominável e se confunde” (Pv 13.5); “A testemunha verdadeira não mentirá, mas a testemunha falsa se desboca em mentiras(Pv 14.5; 20.17; 21.6);
  • O castigo virá sobre os que proferem mentira: “A falsa testemunha não ficará impune; e o que profere mentiras perecerá” (Pv 19.9);
  • Deus destruirá os mentirosos: “Destruirás aqueles que proferem a mentira; o Senhor aborrecerá o homem sanguinário e fraudulento” (Sl 5.6);
  • A mentira traz dias maus: Porque quem quer amar a vida e ver os dias bons, refreie a sua língua do mal, e os seus lábios não falem engano; aparte-se do mal e faça o bem; busque a paz e siga-a” (1Pd 3.10-11);
  • A mentira destrói as amizades: “O homem perverso levanta a contenda, e o difamador separa os maiores amigos” (Pv 16.28);
  • Jesus disse que o diabo é o pai da mentira: “Vós tendes por pai ao diabo e quereis satisfazer os desejos de vosso pai; ele foi homicida desde o princípio e não se firmou na verdade, porque não há verdade nele; quando ele profere mentira, fala do que lhe é próprio, porque é mentiroso e pai da mentira(Jo 8.44);
  • Paulo advertiu a igreja em colossos sobre este terrível pecado: “Mas, agora, despojai-vos também de tudo: da ira, da cólera, da malícia, da maledicência, das palavras torpes da vossa boca. Não mintais uns aos outros, pois que já vos despistes do velho homem com os seus feitos” (Cl 3.7-9);
  • O destino final dos mentirosos é a condenação eterna: “Ficarão de fora os cães e os feiticeiros, e os que se prostituem, e os homicidas, e os idólatras, e qualquer que ama e comete a mentira(Ap 22.15).
 
III. A MENTIRA DE ANANIAS E SAFIRA
Após o Pentecoste, a igreja cresceu, tornou-se forte e atuante, cumprindo o Ide de Jesus, na unção e direção do Espírito Santo (At 5.28). Porém, ela não estava imune aos problemas, que, à medida que ela ia crescendo, logo começaram a surgir (At 6.1-5). Dentre os problemas que surgiram naquela época, destacamos o incidente que envolveu Ananias e Safira. Notemos:
 
1. A igreja Primitiva, uma igreja generosa.
Uma das características mais marcantes dos crentes primitivos era a generosidade e desprendimento. Lucas nos informa que eles “tinham tudo em comum”, que eles “vendiam suas propriedades e fazendas e repartiam com todos” e que “não havia entre eles necessitado algum” (At 2.44,45; 4.32-37). Apesar dessa prontidão de socorrer e ajudar ao próximo se deva, em grande parte, à ardente expectativa do regresso imediato de Jesus, não podemos deixar de mencionar como uma virtude, pois, o forte senso de responsabilidade social daqueles cristãos demonstra uma preocupação intensa com bem-estar de todos (Rm 15.25-27; I Co 16.1-4; 2Co 8; 9; Fp 4.18,19).
 
2. O bom exemplo de generosidade de Barnabé.
Dentre os muitos exemplos de generosidade, uma delas repercutiu entre os cristãos, que foi o exemplo de Barnabé. Em Atos 4.36,37 Lucas diz: “Então José, cognominado pelos apóstolos, Barnabé (que, traduzido, é Filho da consolação), levita, natural de Chipre, possuindo uma herdade, vendeu-a, e trouxe o preço, e o depositou aos pés dos apóstolos”. Esta atitude de Barnabé não era o cumprimento de um mandamento, pois, ninguém era obrigado a vender seus bens e doar aos pobres; e sim, uma atitude voluntária, que demonstrava fé, amor e generosidade para com os necessitados.
 
3. O mau exemplo de Ananias e Safira.
Aparentemente, Barnabé e Ananias praticaram a mesma ação: ambos venderam uma propriedade e trouxeram o dinheiro da venda e depositaram “aos pés dos apóstolos” para que eles administrassem. Porém, Lucas diz que Ananias, juntamente com a sua mulher, “reteve parte do preço” da venda e levou apenas uma parte para entregar aos apóstolos utilizando-se assim da mentira e engano (At 5.1,2). “O texto deixa claro que o casal não era obrigado a doar tudo o que tinha, nem mesmo era solicitado a que doassem alguma coisa. As doações, tanto em dinheiro como em outros bens, foram feitas de forma voluntária. Quem podia dar dava; quem não podia não era cobrado por isso. O objetivo do casal, no entanto, era obter lucro, fama e status com aquela aparente ação generosa. Há, sem dúvida, um ardil diabólico nisso tudo. Geralmente, a pessoa tentada só enxerga o que vai ganhar ou como vai ser recompensa da com o objeto da tentação. Nunca pensa nas consequências. O casal, evidentemente, mesmo participando de uma igreja pentecostal, onde os seus obreiros curavam até mesmo paralíticos, não pensou que seria descoberto — mas foi” (Gonçalves, 2025, pp. 79,80).
 
 
IV. O QUE DEVEMOS FAZER PARA VENCER A MENTIRA
  • Agir com sinceridade: “Por isso, deixai a mentira, e falai a verdade cada um com o seu próximo; porque somos membros uns dos outros” (Ef 4.25); “Meus filhinhos, não amemos de palavra, nem de língua, mas por obra e em verdade” (1Jo 3.18);
  • Conhecer a verdade: “Não escrevo a vocês porque não conhecem a verdade, mas porque a conhecem e porque nenhuma mentira procede da verdade(1Jo 2.21); “E conhecereis a verdade, e a verdade os libertará” (Jo 8.32);
  • Seguindo o exemplo de Jesus: Não mintais uns aos outros, pois que já vos despistes do homem velho com os seus feitos, e vos vestistes do novo, que se renova para o pleno conhecimento, segundo a imagem daquele que o criou(Cl 3.9-10);
  • Ter firmeza com as palavras: Seja, porém, o vosso falar: Sim, sim; não, não; porque o que passa disto é procedente do maligno” (Mt 5.37);
  • Buscar agradar a Deus: “Os lábios mentirosos são abomináveis ao Senhor; mas os que praticam a verdade são o seu deleite(Pv 12.22);
  • Afastar-se da aparência mal: “Abstende-vos de toda aparência do mal(1Ts 5.22);
  • Imitar a Jesus: “Respondeu Jesus: "Eu sou o caminho, a verdade e a vida [...]” (Jo 14.6); “Sede meus imitadores, como também eu sou de Cristo(1Co 11.1);
  • Não dar lugar ao Diabo: “[...] porque encheu Satanás o teu coração?” (At 5.3); “Não deis lugar ao Diabo(Ef 4.26); “Entrou, porém, Satanás em Judas [...]” (Lc 22.3); “Ele, porém, voltando-se, disse a Pedro: Para trás de mim, Satanás que me serves de escândalo [...]” (Mt 16.23).
 
 
CONCLUSÃO
Por certo, há quem fique estarrecido ao ler que Deus matou duas pessoas só porque mentiram sobre uma transação comercial e sobre sua oferta à igreja. Mas quando consideramos os elementos relacionados a esse pecado, devemos concordar que Deus os julgou retamente. “Para nós fica o alerta e a lição: não podemos usar de engano na casa do Senhor, nem tampouco acreditar que nos beneficiaremos com a mentira. Falar a verdade é uma virtude que o cristão deve sempre exercitar. Por outro lado, reconhecer a mentira quando se valeu dela também o é. E uma demonstração de caráter. Muitos crentes evitariam o juízo divino se simplesmente reconhecessem e confessassem o seu erro. Quando isso não acontece, são julgados por Deus. Nunca vi um mentiroso terminar bem. Assim, falemos a verdade uns com os outros” (Gonçalves, 2025, p. 80).
     
 
 
 
REFERÊNCIAS
Ø  GONÇALVES, José. A Igreja em Jerusalém: Doutrina, Comunhão e Fé. CPAD.
Ø  MARSHALL, I. Howard. Atos: Introdução e Comentário. VIDA NOVA.
Ø  PEARLMAN, Myer. Atos: A Igreja Primitiva na força e na unção do Espírito Santo. CPAD.
Ø  STAMPS, Donald. Bíblia de Estudo Pentecostal. CPAD.
 
 
Por Rede Brasil de Comunicação.




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